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Diário da República, 1º série Nº 164 – 26 de Agosto de 2008 5975

“O que é o Direito?” – Existem centenas de respostas a esta A justiça não é o único fim do Direito: com ela é preciso
questão., devido a todas as tentativas de definição de Direito combinar os imperativos de Segurança: a segurança
serem incompletas. Para subsistirem, as sociedades humanas internacional, segurança pública interna, a segurança
necessitam de regras que definam o que cada um deve ou individual, a segurança económico-social, e a segurança
não fazer. A ideia de sociedade implica a de ordem e esta a jurídica
de regra. Por isso, a relação entre Direito e sociedade é
insolúvel. Artigo 26º
Utilização dos recursos hídricos
Artigo 22º
Tutela graciosa e contenciosa A Justiça e a Segurança não causa problemas: a justa
punição de um homicida com uma adequada pena de prisão
O Direito é um fenómeno humano e social, criado pelo e é, ao mesmo tempo, um ato de justiça e uma garantia de
para o Homem para regular as suas relações interpessoais. segurança. Mas, por vezes, elas entram em conflito. ex.: a
Regulando, assim, a convivência social, o Direito tem como prisão preventiva de um suspeito da prática de um crime,
fim atribuir a cada um o que é seu, ou seja, alcançar a imposta por razões de segurança (impedir a continuação da
Justiça. A Justiça surge, assim, como principal finalidade do actividade criminosa, impedir a fuga do suspeito, ou impedir
Direito (embora não seja a única e por vezes seja sacrificada a destruição da prova ainda não recolhida pela polícia), pode
em nome de outros valores, como os da segurança): o vir a revelar-se injusta se o arguido for, no final do
Direito não existe sem Justiça, ou sem a tentativa de julgamento, absolvido em tribunal
alcançar a Justiça. A protecção dos direitos humanos também pode conflituar
com a segurança, (como aconteceu, nos EUA e no mundo,
Artigo 23º na sequência dos atentados terroristas de 11 de Setembro de
Consulta entre estados membros da União Europeia 2001), imediatamente os governantes propõem, os
parlamentos aprovam e as opiniões públicas aceitam
A forma de vida em sociedade é uma forma de vida algumas restrições às liberdades individuais para garantir
necessária por natureza ao Homem, essencial à constituição maiores condições de segurança.
da humanidade do Homem. Esta tendência natural do
Homem em viver em sociedade tem várias causas. a Artigo 27º
necessidade vital e psicológica, necessidade de segurança, Apresentação de documentos
necessidade económica, necessidade política para isso tende
em agrupar-se em comunidades, comunidade familiar, A divisão do direito nacional: a summa divisio Direito
comunidade local, comunidade estadual nas quais a Público e Direito Privado
autoridade social, a qual tem um poder directivo estabelece Direito Público e Direito Privado assentam em princípios
regras (poder normativo ) tomam decisões (poder decisório), fundamentais diferentes, que influenciam a interpretação e a
e aplicam sanções (poder sancionatório) a quem aplicação das suas normas. Ate a “escolha” do tribunais esta
desobedecer. dependente desta divisão. Contudo, ainda hoje não existe
O surgimento do Direito em sociedade é, pois, antes de tudo, consenso quanto ao critério de distinção que serve de base a
uma questão de coesão social, de segurança jurídica e de esta summa divisio, revelando-se os critérios existentes
garantia de direitos. imperfeitos, insuficientes.
Em sentido objectivo pode dizer-se que o Direito consiste no A fronteira entre Direito Público e Privado é difusa, sendo
conjunto das regras de conduta social aplicáveis aos nalguns casos difícil determinar se uma norma se enquadra
indivíduos em cada sociedade humana. no âmbito do Direito Público ou Privado, havendo ramos do
Em sentido subjectivo (ou direito subjectivo), encontra-se o Direito que ficam na fronteira entre ambos.
direito individual de cada um. (ex.: direito à vida, à São de Direito Público as normas que visam a
integridade física, à liberdade, à propriedade, direito de tutela/proteção de interesses públicos (Ex.: a norma que
voto). proíbe que alguém se aproprie de um bem alheio não cuida
O direito apresenta um carácter sistemático, tem diversos apenas do interesse da vítima, mas, do interesse social,
fins e apresenta um caracter obrigatório. sendo, por isso, de Direito Público/Penal).
Em suma o direito pode definir-se como sistema de regras
de conduta social, obrigatórias para todos os membros de Artigo 28º
uma certa comunidade, a fim de garantir no seu seio a Relatório único
Justiça, a Segurança e os Direitos Humanos, sob a ameaça
das sanções estabelecidas para quem violar tais regras. E de Direito Privado as normas que visam a tutela/proteção
CAPITULO III de interesses privados.
Articulação com outros regimes (Ex contrato de compra e venda entre particulares é regulado
pelas normas do direito privado).
Artigo 24º Em outros termos: se o interesse considerado é um interesse
Os fins do direito público, do Estado ou de um ente público menor, é de
qualificar como de Direito Público;
Os fins do direito são a Justiça, a Segurança e protecção dos
Direitos Humanos. Artigo 29º
A Justiça constitui, a principal finalidade do Direito: o Validação de informação a apresentar pelos operadores
Direito não existe sem Justiça, ou sem a tentativa de
alcançar a Justiça. A Justiça é anterior e superior ao Direito, Se o interesse considerado é um interesse privado, de
devendo orientar a criação do Direito, permitindo aos indivíduos ou entidades particulares, é de qualificar a norma
cidadãos criticá-las e, eventualmente, desobedecê-las: as como de Direito Privado.
leis, as decisões administrativas. Apesar do critério de intresse ser correcto, não serve todos
os casos, existem exemplos de normas de Direito Público
que visam a proteção de interesses privados e vice-versa.
Artigo 25º
Um outro critério é o critério dos sujeitos: assim, são
Comercio Europeu de licença de emissão de gases com
normas de Direito Público as que regulam relações jurídicas
efeito de estufa
em que ambos os sujeitos, ou pelo menos um deles, são
sujeitos públicos e de Direito Privado as normas em que
As sentenças devem ser justas, sob pena de poderem ser
ambos os sujeitos da relação jurídica são sujeitos privados.
postas em causa através de determinados meios que o
próprio Direito reconhece, cria e regula.
Artigo 30º
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Taxas O relatório de consulta publica é um elemento que poderá


ajudar na fase decisória.
Finalmente, o critério da qualidade dos sujeitos sendo que o
Direito Público é o sistema de normas jurídicas que, tendo Artigo 34º
em vista a prossecução de um interesse colectivo, conferem Comercio Europeu de licença de emissão de gases com
para esse efeito a um dos sujeitos da relação jurídica poderes efeito de estufa
de autoridade sobre o outro.
E Direito Privado é o sistema de normas jurídicas que, Quais são as fases do procedimento RJAIA?
visando regular a vida privada das pessoas, não conferem a O procedimento de RJAIA inicia-se com a apresentação
nenhuma delas poderes de autoridade sobre as outras, do estudo de impacto ambiental pelo proponente á Entidade
mesmo quando pretendem proteger um interesse público licenciadora ou competente para a autorização (art. 12 ; nº1 )
considerado relevante. RJAIA.
A fórmula que parece mais adequada a estabelecer a
distinção entre Direito Público e Direito Privado é a da Artigo 35º
combinação do critério do interesse e o critério da qualidade Regime transitório
dos sujeitos.
Artigo 31º No lugar de entregar o EIA completo, segundo o art. 11, o
Fiscalização e regime sancionatório proponente pode apresentar preliminarmente uma proposta
Em que consiste RLA .De que forma concretiza o principio de definição do âmbito do EIA.
da prevenção? De seguida a entidade licenciadora encaminha o EIA e toda
A licença ambiental é uma autorização necessária que uma a documentação relevante para a AIA art. 13º, nº1 RJAIA.
entidade pública/privada terá que possuir antes de iniciar Após receber toda a documentação a autoridade AIA,
qualquer atividade de caracter poluente ou perigosa para o nomeia a comissão de avaliação a qual fará a apreciação
meio ambiente . Em caracterização do principio de técnica do EIA (art.3, nº3) RJAIA. Esta comissão deverá no
prevenção o RLA atua de duas formas , a curto e longo prazo máximo de 30 dias a contam da sua receção deverá
prazo. A curto prazo o dar a sua decisão relativamente á conformidade do EIA (art.
13º, nº 4 RJAIA).
Caso exista desconformidade no EIA, esta terá que ser
Artigo 32º
fundamentada e assim termina o procedimento AIA (art. 13º
Classificação das contra – ordenações
, nº 8 RJAIA). Dada a conformidade de EIA , este é enviado
para a entidade coordenadora e apoio técnico (APA ou
RLA emite a licença prévia ambiental onde fixa as
CCDR conforme o tipo de projeto) dando-se assim o inicio
condições iniciais do projeto e as condicionantes. Contudo
e consulta pública: O periodo de consulta publicamente é
existe a possibilidade a longo prazo de alterar as condições
fixado pela autoridade de AIA e segundo o art.14º,nº2 este
iniciais da exploração da atividade pelas entidades
varia conforme o tipo de projecto.
competentes introduzindo novos deveres . Esta situação
acontece sempre que o meio ambiente exija ou se verifique a
introdução no mercado de tecnologias mais avançadas e
melhores do ponto de vista de protecção ambiental
“MTD”(artigo 2º RLA)
Artigo 35º
De que forma se encontra caracterizado na lei o principio da
Normal revogatória
participação consagrado no art. 66 º nº2 da CRP? (para o
que devem socorrer-se do regime jurídico da informação
O publico interessado é então titular do direito de
ambiental , do RJAIA e do RLA)
participação art 14º nº3 RJAIA. Aqui o manifesto será
O principio da participação está consagrado no art 66 º, nº2
registado em ata (art. 15º , RJAIA ) , num relatório de
da CRP na medida em que o estado está responsabilizado
consulta publica (artº 16º RJAIA ) e na própria DIA (art.
pela criação de meios e medidas (desde o controlo da
17º-1c) Após o termo de consulta publica o envio do
poluição e os seus efeitos nocivos, desenvolvimento de
relatório de consulta publica a AIA tem o prazo de 15 dias
parques e reservas naturais e até mesmo um ensinamento
para o envio do relatório de consulta publica ao presidente
para um melhor aproveitamento dos recursos naturais, isto
da comissão de avaliação (art. 14 º ,-5).
como exemplo) que asseguram um desenvolvimento
Por fim temos a fase decisória que está dividida em 3
sustentável, através de organismos próprios e com a
momentos . No 1º momento a comissão de avaliação tem o
participação e envolvimento da população e,
prazo de 25 dias a contar da recepção do relatório de
consequentemente com os diferentes organismos que
consulta publica para emitir o parecer final do
compõem a própria unidade do Estado, dado que todos têm
procedimento de AIA á cautoridade de DIA (art. 16º -1).
dever de cuidar e preservar o meio ambiente. Para tal, o
No 2º momento a autoridade AIA deve remeter a proposta
cidadão comum deve estar devidamente informado, para
DIA (art16º -2 )ao ministro responsável pela área do
isso foi criada uma lei de acesso à informação ambiental
Ambiente (MAMAOT), no prazo previsto no art.16º n 1 .
(LAIA) onde são enunciadas as formas como devem ser
No 3º momento o ministro responsável deve no prazo de
presente aos cidadãos os organismos responsáveis pela
15 dias a contar da data de receção da proposta da
divulgação da informação ambiental , tal como auxiliar o
autoridade AIA proferir a DIA final(art 18º 1 ) .
público desse direito .
Finalmente a DIA é notificada de imediato quer ao
proponente quer á entidade licenciadora.
Artigo 33º
Sanções acessórias e apreensão calcular
Artigo 36º
Em que consiste a AIA? De que forma concretiza o
É através da criação destas leis /artigos que é possível a
princípio da prevenção?
participação ativa do publico nos procedimentos de
avaliação de impacto ambiental e licenciamento ambiental.
Antes de tudo pode-se dizer que a AIA se trata de um
Nestes dois procedimentos a participação publica encontra-
estudo, de um procedimento decisório, ou seja, uma
se presente nos artigos 14º e 15º do RJAIA e artigo 15º do
sequência juridicamente ordenada de atos e formalidades
RLA.
tendentes à preparação da prática de um ato administrativo.
Aí constam os deveres das autoridades responsáveis assim
O procedimento surge como um método decisório comum a
como os prazos de consulta pública e posteriormente o
todas as formas de atuação administrativa (sejam eles atos,
registo da opinião de cada participante.
contratos, regulamentos, atuações técnicas ou materiais)
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devendo ser organizado quanto maior o nº de sujeitos ou Relativamente à imparcialidade e boa fé, dois princípios
mais complexa for a matéria em causa. Só assim será fulcrais em que a própria administração terá de tomar as
possível apurar e avaliar, de forma completa, a totalidade suas decisões com base de critérios próprios e que não sejam
dos interesses envolvidos, públicos e privados, assim como modificáveis em função de outros elementos e que impedem
ponderar a diversidade de soluções possíveis. comportamentos desleais e incorretos no relacionamento
Sendo que os recursos naturais não podem ser agredidos ou entre a administração e particulares.
usados para além de certos limites (princípio do Entre os princípios fundamentais do ambiente, pode-se
aproveitamento racional de recursos, artigo 66º, nº2, b) da destacar o princípio da prevenção (art.66º, d) CRP) e art.3º,
CRP), já que esses danos podem ser irreversíveis, a AIA tem a)LBA), sendo este talvez o mais importante, pois o seu
um papel importante, pois este procedimento destina-se a objetivo é antecipar e evitar lesões no meio ambiente,
verificar as consequências ecológicas de um determinado corrigindo situações potencialmente perigosas ou
projeto (avaliando as vantagens e desvantagens para o meio minimizando qualquer dano que possa colocar em causa a
ambiente a curto, médio e longo prazo). estabilidade ecológica e a sua capacidade de regeneração.
Este é um procedimento avaliativo que visa concretizar o Outro princípio é o do desenvolvimento sustentável. Este
princípio da prevenção (artgs 66º, nº 2 da CRP e artg 3º, a) implica a preservação da qualidade do ambiente possuindo
da LBA). Os objetivos deste procedimento estão descritos por critério e limite a possibilidade de utilização duradoura
no artigo 4º do RJAIA, que diz essencialmente, que antes de pelo Homem, que permita a auto-regeneração ou, pelo
colocar em prática qualquer projeto, devem ser avaliados os menos, a máxima delação possível da sua exaustão.
possíveis danos sobre o meio ambiente, tal como, admitindo A sustentabilidade do desenvolvimento pode ser analisada
a impossibilidade de evitar a totalidade dos danos, deve-se segundo 2 perspectivas, a perspectiva sincrónica e a
pensar antecipadamente quais as medidas a pôr em prática perspectiva diacrónica. Na sincrónica, ou seja, quando uma
para minimizar ou compensar tais impactes negativos. aplicação é considerada no tempo atual, este princípio
O mesmo artigo, na sua alínea c) fala que deve ser garantida
a participação pública e a consulta dos interessados na Artigo 40º
formação de uma decisão (artg 14º e 15º RJAIA, explicar), Pedido de exclusão
de forma a haver um consenso de ambas as partes
permitindo chegar também a uma decisão justa. traduz a ideia de justiça espacial; já a diacrónica considera
uma aplicação ao longo do tempo, ou seja, é um princípio de
justiça intergeracional, isto é, de responsabilidade das
Artigo 37º
gerações actuais em relação às gerações futuras.
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Outro dos princípios é o do aproveitamento racional dos
efeito de estufa
recursos (art. 66º d) CRP). Este principio chama à atenção
para a fragilidade, escassez e finitude dos bens ambientais,
Os princípios do Direito do Ambiente, são de facto muito
intercedendo para uma gestão racional dos recursos naturais
importantes para esta matéria pois conduzem a um
tentando encontrar um equilíbrio entre a necessidade de
desenvolvimento sustentável, criando um equilíbrio entre o
continuar a utilizar o recurso e a necessidade da sua
desenvolvimento económico e a preservação do meio
prevenção.
ambiente de forma a evitar um desenfreado crescimento
económico que provoque a degradação da natureza
Artigo 41º
(principio do equilíbrio art.3º, b) LBA).
Obrigações do operador
Artigo 38º
Quando os princípios anteriores cujo principal objetivo
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principal é a prevenção falham e os danos no meio ambiente
efeito de estufa
acontecem surgem os princípios do poluidor pagador e o da
responsabilização por dano ecológico. Estes princípios
O primeiro princípio do Direito do Ambiente são os
ditam que os poluidores devem responsabilizar-se pelos seus
princípios gerais da atividade administrativa que se
atos. No caso do princípio do poluidor pagador (art.66º h)
encontram nos artgs 266º, 267º e 268º da CRP. Estes podem
CRP) e art.3º a) LBA) o poluidor é obrigado a corrigir ou a
ser diferenciados em princípios gerais da atividade
recuperar o ambiente, suportando os encargos e custos e daí
administrativa, onde se destacam a nível ambiental o
resultam.
principio da igualdade, da proporcionalidade, justiça, da
O princípio da responsabilização por dano ecológico, está
participação dos interessados (artg 267º, nº5 da CRP) e o
consagrado no art.3º, h) LBA, no art. 48º nº1, LBA e no art.
principio do direito à informação procedimental; a outra
52º nº3, CRP, visa recompor/reconstruir a situação tal como
parte são os princípios orientadores da organização
estaria se nunca tivesse ocorrido qualquer dano ecológico.
administrativa, onde se destacam o princípio da
desburocratização, da aproximação dos serviços públicos
Artigo 42º
das populações, da descentralização e da desconcentração.
Que fontes do Direito conhece? De que forma se
Quanto aos dois primeiros princípios, toda a atividade
relacionam?
administrativa deve funcionar de modo igualitário face a
A expressão “fontes do Direito” é factos, expressões, raízes
todas as situações com que se depara não podendo assim
de onde provêm as normas jurídicas. As fontes do Direito
existir entre diversas situações idênticas resultados
são as seguintes: constituição, de onde provêm os princípios
completamente dispares, por conseguinte, o aspecto do
fundamentais do Direito; Os princípios gerais do Direito,
ambiente não é exceção a este princípio no qual a atividade
onde estes t~em que respeitar os princípios fundamentais do
administrativa se rege, quanto à proporcionalidade, aludindo
Direito (constituição); As Leis, onde existe três tipos de
ao conceito deste princípio, tanto como a decisão e as
legislação: as leis (emanadas pela Assembleia da
medidas aplicadas não devem ser desproporcionais ao caso,
Republica), os decretos de lei (emanados pelo Governo) e os
assim a administração não poderá ir além nem ficar aquém
decretos legislativos regionais (emanados pelas Assembleias
quanto à resposta do facto em concreto.
Legislativas Regionais – Regiões Autónomas); os
Quanto ao princípio da justiça, aqui é permitido à
Costumes, sendo uma fonte não voluntária do Direito pois
administração invalidar actos que não caibam nas
nasce no meio da sociedade mas não tem uma força jurídica;
determinadas condicionantes jurídicas da sua atividade,
a Doutrina, onde os teóricos do Direito reflectem sobre
apesar de se considerar tal feito uma afronta aos valores
determinados assuntos do Direito, podendo ou não, ser
elementares da ordem jurídica.
levado a cabo pelos juristas; a Jurisprudência, que é a ordem
dos tribunais. Não é necessariamente uma fonte do Direito,
Artigo 39º
mas existem normas que os tribunais ditam que têm que ser
Regiões autónomas
levadas a cabo pelos juristas.
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Artigo 45º
Artigo 42º Diferença entre Direito Internacional e Direito da União
Surgimento do Direito Europeia:
O Direito Internacional do Ambiente é “Soft Law”, é Direito
De que forma explica o surgimento do Direito do Ambiente? leve. São recomendações, conselhos, sem força vinculativa.
Caracterize este ramo do Direito, explicando os desafios que Quem não cumprir não será sancionado. É o caso da matéria
o mesmo coloca para o Direito.  ambiental, e também da Declaração Universal dos Direitos
O Direito do Ambiente é um Direito jovem que surgiu pelo do Homem. Não há vontade política de cumprir isto, por
piores motivos: as pessoas tiveram consciência sobre o fim isso o tribunal não actua. O Direito da UE do Ambiente é
dos recursos naturais (mau aproveitamento durante a tudo menos recomendações, é “Hard Law”, é um Direito
Revolução Industrial), e a fragilidade do meio ambiente duro. Sanciona, e há tribunal e instrumentos para garantir o
devido a acidentes com petroleiros, seguido da crise do cumprimento das Directivas do Tratado da União Europeia
petróleo, por exemplo. Então, por estas razões, surge em (TUE) ou do Tratado sobre o Funcionamento da União
1968, o “Clube de Roma” que publicou documentos a Europeia (TFUE). Inclusive, um cidadão pode queixar-se ao
alertar sobre os problemas do crescimento da população, da Tribunal de Justiça da UE, de um Estado não ter cumprido
poluição, da industrialização e do esgotamento dos recursos uma Directiva do TUE ou do TFUE. O Estado Português já
naturais, que punham em causa o meio ambiente. O que foi condenado, por motivos ambientais, como Resíduos e
levou á Conferência de Estocolmo (1972). Na década de 70 Comboios (CP), pelo Tribunal de Justiça da UE, visto que é
surgem os chamados Partidos Verdes ou Ecologistas, que dever de um Estado garantir a protecção ambiental.
eram muito radicais, violentos e extremistas. A matéria ambiental é transversal ao nível da União, pois
Na Europa as primeiras referências ao ambiente surgem em está presente em todas as políticas. Por exemplo, existem
1986, mas já actuavam há mais de 10 anos. Mas a taxas fiscais por causa da poluição.
Constituição da República Portuguesa inclui matéria
ambiental desde o inicio (1976). Artigo 46º
Artigo 42º Explicar o conteúdo de um artigo (Exemplo: Artigo 66º
Continuação da CRP):
O artigo 66º numa primeira parte diz que “Todos têm o
O ambiente aparece como problema, porque a Alemanha direito a um ambiente de vida humana, sadio e
começou a ser “Amiga do Ambiente”, com isto alterou-se a ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.” (os
economia, o que levou a que outras comunidades se direitos); numa segunda parte refere-se aos deveres face ao
tornassem “Amigas do Ambiente”. Tudo por razões ambiente. Baseando-me no artigo 52º da CRP, que incide
económicas, ou seja, para os produtos custarem mais ou sobre a acção popular, consigo explicar o artigo 66º do
menos o mesmo em todo o lado, evitando, assim, barreiras seguinte modo: o direito que cada um de nós tem para actuar
verdes. ao nível da protecção do ambiente, e de participar na
O ambiente é algo sem fronteiras, um problema aqui pode avaliação do impacte ambiental, para isto podemos pedir
afectar o outro lado do Mundo (Ex: Chernobil). O ambiente informações ás autoridades e ás Câmaras, e se recusarem
implica diálogo entre países/ sociedades distintas, e entre podemos apresentar queixa; o dever de não fazer mal ao
gerações de agora e do futuro (longinquas), mas o Homem, ambiente, e adoptar determinadas medidas para não
por muito bem intencionado que seja, nunca irá substituir o prejudicar o ambiente, ou seja, agir alterando
seu bem-estar, pelo daqueles que nunca vai conhecer. Existe comportamentos. Quem não respeitar será sancionado
muita dificuldade política na tomada de decisões em matéria (imposição da UE, e não Internacional ou Nacional).
ambiental, pois não sabem as consequências futuras da sua O Ambiente é de todos e para todos, não nos podemos
decisão. apropriar de uma parte e fazer dela o que queremos.
.
Artigo 44º 4 — Uma vez emitido o título pela ARH, o mesmo
Desafios é remetido à APA para efeitos de ser anexado à licença
ambiental, não podendo a referida licença ser emitida sem
Por isto, é que o Direito do Ambiente tem muitos desafios/ aquele título.
problemas: os juristas têm de trabalhar com os cientistas (o 5 — Os títulos de utilização de recursos hídricos, não
Direito do Ambiente envolve várias Ciências), existem obstante serem anexados à licença ambiental, mantêm -se
dicionários para cientistas e juristas falarem a mesma língua, em vigor, como títulos autónomos e independentes da
a ciência e a tecnologia avançam muito rápido, consoante referida licença, regendo -se pelas normas constantes do
isto, os diplomas em matéria ambiental estão sempre a ser Decreto -Lei n.º 226 -A/2007, de 31 de Maio, e da Lei da
alterados, o que leva muito tempo e dinheiro, e, por fim, o Água, aprovada pela Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro.
ambiente exige rapidez aos juristas. Por causa disto, o 6 — O disposto nos números anteriores em relação
Direito do Ambiente baseia-se em Principíos, não existe às ARH é igualmente aplicável às entidades públicas ou
Código do Ambiente, mas sim Diplomas. privadas nas quais seja delegada, nos termos previstos na
Artigo 44º Lei da Água, aprovada pela Lei n.º 58/2005, de 29 de
Fontes do Direito do Ambiente Dezembro, a competência para a fiscalização e
licenciamento
Que fontes do Direito do Ambiente conhece? De que forma da utilização dos recursos hídricos.
se relacionam?
O Direito do Ambiente baseia-se em várias fontes, que se CAPÍTULO IV
organizam por planos: planos constitucionais, plano Apresentação de documentos ou informações e taxas
Europeu, plano Internacional, entre outros. Artigo 27.º
As fontes do Direito do Ambiente são: Direito Internacional, Apresentação de documentos
onde visa regular as condutas da gestão de bens comuns 1 — O formulário PCIP, bem como os outros documentos
(publico e privados); Direito Europeu, que ocorreu na exigidos no âmbito do presente decreto -lei, são
Cimeira em Paris, de Outubro de 1972 onde se apresentados pelo operador em suporte informático e por
manifestaram questões ambientais pelos Chefes de Estado e meios electrónicos, com excepção das peças desenhadas,
Governo; Direito Interno, Direito Constitucional e a as quais são apresentadas em suporte papel.
legislação ordinária. 2 — Os documentos a que se refere o número anterior

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