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FORMAS DE
GOVERNO
Na aula de hoje veremos sobre quais poderes atuam no Estado, de forma mais
específica trabalharemos com o poder político, sabendo que o poder jurídico também atua
com ele.
Analisaremos o poder político pois dele derivam as formas de governo que serão
analisadas, as formas de governo foram classificadas a partir de sua relação entre o
Executivo e Legislativo.
Contudo, antes de tratarmos dessas formas de governo, olharemos para outros
poderes que atuam no Estado e a separação deles em poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
2. O PODER DO ESTADO
Quando tratamos sobre o poder do Estado, assim como todas as questões que
envolvem o Estado, não há consenso entre a doutrina sobre como surge o poder do Estado.
Acompanhando as lições de Dalmo de Abreu Dallari (2016) vamos trabalhar algumas
linhas teóricas sobre o poder do Estado.
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Teorias das formas de Governo
A maioria da doutrina concorda que o Estado possui uma personalidade jurídica,
da mesma forma que entendemos que a Constituição regula o papel do Estado
estabelecendo limites a ele.
Ocorre que, nem todos os
doutrinadores entendem dessa forma, o
primeiro que podemos citar que
trabalha o poder do Estado de forma
diferente é o filósofo francês Pierre
Bourdieu, que entende o Estado com a
institucionalização do poder. Ou seja, o
Estado pode obrigar aqueles que estão
Fonte: UNSPLASH, 2022 sob a sua tutela, contudo, este poder é
abstrato e, por isso, não é afetado pela alternância dos seus agentes. “Enfim, ele se dura
tanto, a despeito das contingências históricas, é porque encarna uma ideia, a imagem de
ordem que é próprio fundamento do poder” (DALLARI, 2016, p. 112). Nesse sentido, o
poder é o próprio Estado como expressão ordenada da ideia de convivência que
prepondera no grupo.
Tem-se certo consenso acerca de que o poder é um elemento essencial do Estado,
uma vez que a sociedade não pode existir sem um poder, porém o poder estatal tem certas
peculiaridades que o diferem da própria soberania.
Ao tratar o poder como algo distinto da soberania, o jusfilósofo alemão Georg
Jellinek diferencia o poder em duas espécies: o poder dominante e o poder não
dominante. O poder não dominante é aquele que se encontra em sociedades que não são
estatais. As pessoas se submetem ao poder não dominante voluntariamente.
Já no caso do poder dominante apresenta duas características muito peculiares, ele
é um poder originário e irresistível, não há como não estar debaixo dele. Estas
características de poder do Estado são específicas do Estado Moderno. Poder do Estado
Moderno é originário pois afirma a si mesmo, não há, em tese, algum outro poder que lhe
confira esta prerrogativa. Ele também é irresistível pois é um poder dominante.
Ao caracterizar essas duas formas de poder, o próprio Jellinek buscou atenuá-lo,
afirmando que em um Estado plenamente desenvolvido, ou em uma situação normal, o
poder dominante deverá ter o caráter de poder jurídico.
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Teorias das formas de Governo
Embora em sua concepção o Estado seja uma realidade normativa, observa ele
que, não raro, o “ordenado” desloca a ordenação, e o objeto desta se torna
autônomo perante a própria ordem. Foi por esse caminho que o Estado deixou
de ser concebido como uma ordem da conduta humana, uma ordenação de
homens, para ser visto como os próprios homens que coexistem, submetidos a
certa regulação. Dessa forma o Estado foi deslocado do reino do normativo
para o do natural e causal, surgindo uma conceituação que permite falar-se em
elementos constitutivos. Embora contrário a esta orientação, Kelsen reconhece
e ela é absolutamente predominante, procurando, então, através dela,
demonstrar a permanente presença do jurídico nos três elementos constitutivos
geralmente enumerados, que são: o território, o povo e o poder (autoridade).
(DALLARI, 2016, p. 114)
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Teorias das formas de Governo
A crítica fundamental a visão de Kelsen sobre o poder do Estado está ligada a
ideia de que mesmo que no início, sob aparência de poder de fato e como vontade diretora
da comunidade, o poder do Estado está ligado a uma ordem jurídica. A questão que se
coloca é, de onde deriva essa ordem jurídica? Se todo ordenamento jurídico parte de uma
outra norma que lhe autoriza haverá um regresso ao infinito.
A explicação de Kelsen se encontra na “Teoria Pura do Direito” que se baseia em
uma norma hipotética fundamental que tem um caráter jurídico que só pode ser suposto
pois não foi posto por ninguém. Ocorre que esta afirmação é bastante frágil, pois é
necessário um argumento para fora do próprio direito para sustentá-lo.
O jurista Miguel Reale foi quem demonstrou, através de várias análises das
posições entre o direito e poder, que as características do poder do Estado e de sua origem
não são apenas políticas nem exclusivamente jurídicas. Para este autor, o poder não pode
ser organizado sem a presença do direito, não há poder que não seja jurídico, ou seja, não
há poder insuscetível de qualificação jurídica. Isso não quer dizer que o poder advenha
somente do Direito, ele também é político e para isso, há graus de juridicidade que
demonstram a evolução do Direito. De acordo com Reale (2000, p. 143).
A expressão poder de direito é o resultado de uma comparação entre os
diversos graus de juridicidade do exercício do poder. Não significa — como
pensam alguns — que o poder se torna todo substancialmente jurídico (o que
equivaleria a identificar Estado e Direito), mas que o poder, em regra, se
subordina às normas jurídicas cuja positividade foi por ele mesmo declarada.
Em outras palavras:
Assim, quando se diz que o poder é jurídico isso está relacionado a uma
graduação de juridicidade, que vai de um mínimo, representado pela força
ordenadamente exercida como um meio para atingir certos fins, até a um
máximo, que é a força empregada exclusivamente como um meio de realização
do direito e segundo normas jurídicas. Dessa maneira, mesmo que o poder se
apresente com a aparência de mero poder político, procurando ser eficaz na
consecução de objetivos sociais, sem preocupação com o direito, ele já
participa, ainda que em grau mínimo, da natureza jurídica. E mesmo quando
tiver atingido o grau máximo de juridicidade, tendo sua legitimidade
reconhecida pela ordem jurídica e objetivando fins jurídicos, ele continuará a
ser, igualmente, poder político, capaz de agir com plena eficácia e
independência para a consecução de objetivos não jurídicos (DALLARI, 2016,
p. 116).
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Teorias das formas de Governo
Foi o filósofo John Locke quem afirmou que o poder derivava de um contrato
social, em consequência do estado de natureza do ser humano e da relação entre
governante e governado. Para Locke, os poderes que atuavam na sociedade e no Estado
deveriam ser divididos para que pudessem agir em equilíbrio. O executivo zelaria pelo
cumprimento das leis, o Legislativo zelaria pelo bem público através da lei e às vezes, até
mesmo contra ela.
O Poder Executivo apresentaria atividade contínua com a finalidade de
conduzir os assuntos internos e externos dos Estados e de julgar e aplicar penas
àqueles que descumprissem as leis. O Legislativo deveria trabalhar na busca
por legislar em observância ao princípio da legalidade. O Poder Federativo
seria o poder conferido ao Estado de relacionar-se com outras pessoas e
comunidades alheias à república. Já a prerrogativa seria a permissão concedida
pelo povo aos seus governantes, para que, no caos do silêncio da lei sobre
determinados temas, realizassem ações de livre eleição, mesmo que fossem
contrários ao texto legal (SCALABRIN; MELO, 2017, p. 99).
Quando Locke desenvolveu sua teria, o atual poder Judiciário era exercido pelo
próprio poder Executivo. Além disso, em seu livro Segundo Tratado sobre o Governo,
Locke afirma que os fins da sociedade política e do governo são garantir a mútua
conservação da vida, da liberdade e da propriedade.
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Teorias das formas de Governo
Apenas com Montesquieu, na obra O espírito das leis, publicada em 1748, que
houve a menção de um poder judicial e um poder Executivo independentes que até hoje
é utilizada pelos Estados.
Para Montesquieu, a divisão jurídica das funções dos poderes poderia limitar-se
ao uso ilegal do poder a fim de garantir a liberdade e os direitos das pessoas, além de
julgar crimes e conflitos entre as pessoas e o Estado. O Legislativo deveria representar a
vontade do povo através da criação de leis. Além disso, o Legislativo também estaria
autorizado a apreciar as ações do Executivo e de seus membros. Já o Executivo teria como
função cumprir as normas elaboradas pelo Legislativo e vetar leis.
Não obstante, a concepção de liberdade política em Montesquieu, extraída de sua
obra O Espírito da Leis, é apresentada de forma literal: “liberdade é o direito de fazer tudo
o que as leis permitem”. Significa que os homens, ao renunciarem à sua independência
natural (liberdade filosófica), passaram a viver sob a égide de leis políticas (liberdade
política).
Por fim, de acordo com:
Para o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau (1712–1778), autor do célebre
livro Contrato social, o Poder Legislativo pertence somente ao povo, visto que
o Poder Executivo consistiria em atos particulares. Dessa forma, para
Rousseau, não seria certo que o órgão responsável por elaborar a lei fosse
responsável pela sua execução — por isso, era necessário um governo
soberano, pois a monarquia não era a única forma de governo, mais bem a
soberania popular.
Vimos que o poder do Estado envolve no mínimo dois poderes que atuam de
forma conjunta: o poder jurídico e o poder político. Para trabalhar com as questões do
poder político, vamos nos voltar para a análise das formas de governo que podem existir
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Teorias das formas de Governo
no Estado. Para nos auxiliar nessa jornada, utilizaremos as lições da professora Nina
Ranieri (2019)
O Estado pode ter formas variadas, como também, pode ter distribuições de
poderes políticos diversos. Quando falamos sobre as formas de governo, estamos tratando
sobre “às maneiras pelas quais o poder político é distribuído entre os poderes do Estado”
(RANIERI, p. 161). Entende-se por governo, o conjunto de pessoas que exercem poder
político e determinam as escolhas políticas de uma sociedade.
As formas de governo podem ser classificadas a partir de duas maneiras
distintas, tanto em relação a sua dinâmica com o Poder Executivo (monarquia e
república), quanto com a sua dinâmica em relação ao poder Legislativo (parlamentarismo
e presidencialismo). Do ponto de vista das relações entre o Executivo e o Legislativo os
dois conjuntos podem se influenciar mutualmente, até mesmo criando formas mistas de
governo.
Formas de governo
Dinâmica do Dinâmica do
poder executivo poder legislativo
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Teorias das formas de Governo
Na Idade Média não houve muitas modificações em relação ao que já havia sido
analisado pelos filósofos anteriormente, somente na modernidade é que os autores
passaram a refinar os conceitos de formas de governo a partir de Maquiavel, Montesquieu,
Rousseau e já no século XX, Norberto Bobbio.
Feito este breve comentário, analisaremos as formas de governo segundo a
composição e a estrutura do poder executivo.
4.1 Monarquia
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Teorias das formas de Governo
contemporâneas incluíram nesses compromissos históricos os direitos humanos. No que
diz respeito a legitimação das monarquias, Nina Ranieri (2019, p. 171) adverte:
É interessante observar que a legitimação e dominação nas monarquias
absolutas – assim como nas ditaduras autocráticas – revelam uma ideia
racional: a de que, em sociedades políticas nas quais não há ou não são efetivas
as regras de aquisição pacífica do poder, as dissensões e a luta pelo poder são
prevenidas pelo fato de o chefe de governo ser identificado em virtude de seu
nascimento.
4.2 República
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Teorias das formas de Governo
elemento central para aquisição do bem comum; c) governo misto, de caráter republicano,
como forma adequada de governo.
Foi na modernidade que a República passou a ter outros elementos que em alguns
pontos se confundiam com a própria democracia.
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Teorias das formas de Governo
5.1 Parlamentarismo
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Teorias das formas de Governo
acabam funcionando de forma integrada e colaborativa. Ocorre que, na prática, muitas
vezes é difícil manter esse equilíbrio. Por fim, deve-se ressaltar que os cidadãos
manifestam sua vontade e participam do governo apenas na escolha dos representantes
do Parlamento.
5.2 Presidencialismo
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Teorias das formas de Governo
5.3 Forma mista ou semipresidencial
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Teorias das formas de Governo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 33ª edição. São
Paulo: Saraiva, 2016.
REALE, Miguel. Teoria do direito e do Estado. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
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