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Temos um código subjetivo, e, subjetivo porque tem a ver com o sujeito, e quem quer

que seja comercial ou comerciante, ou industrial.

Em contraposição a objetividade caracteriza-se no seguinte:

O código prevê uma série de contratos e quem celebrar esses contratos


independentemente da sua profissão, seja ou não industrial, seja ou não comerciante,
ou seja, não seja nada disso, quem realizar aqueles contratos que estão previstos no
Código, a eles se aplica o código comercial, é um código objetivo, aqui temos a
objetividade.

Depois, ora meus senhores e minhas senhoras, este código comercial francês de 1807,
é marcado pela objetividade, ou seja, o código estabelece uma série de contratos, e
quem quer que venha a celebrar um desses contratos previstos no código comercial, é
designado pelo código comercial dessa matéria.

Isto vem de França, vem do código francês comercial de 1807, e aqui temos senhoras e
senhores a influência clara do código francês do código comercial português de 1833.

Méritos e Deméritos

DEFEITOS.: aponta-se o uso e abuso de definições, código define muitas coisas, ora a
definição é uma atividade da ciência jurídica não é do legislador, é uma atividade
típica, do pensamento jurídico da ciência jurídica dogmática, e não do legislador, por
isso, mal andou o legislador em fazer as definições que fez no código comercial, não é
matéria sua.

Por outro lado, misturou o direito substantivo com o direito processual, ou seja, o
direito que resolve os problemas ou o direito que regulamenta a tramitação dos
processos nos Tribunais, este direito é o processual, e mistura a matéria do direito
substantivo, com matéria do direito processual.

MÉRITOS.: Contribuiu senhoras e senhores, para a autonomização do direito comercial


em Portugal, e o que é que isto significa? Que o direito comercial que até ai estava
misturado com o direito civil, separou-se, autonomizou-se, e, foi importante para essa
separação, para essa autonomia, o Código Comercial de 1833.

A autonomia que se mantém nos nossos dias, porque uma coisa é o direito comercial e
outra coisa é direito civil, e por isso, os senhores terão um dia oportunidade de estudar
também o direito comercial como disciplina própria.

Volvidos vários anos, 1833 a 1888, volvidos 55 anos, esse código comercial, está
naturalmente gasto, ou seja, desatualizado, é o destino dos códigos, sofrem as suas
desatualizações, e quando assim é, há que fazer um novo código atualizado, e foi o que
se fez em 1888, ano do nosso segundo código.
Quem é que o fez?

Conjunto de juristas, mas este código, contrariamente ao primeiro Ferreira Borges, o


nome porque é conhecido, não é do seu autor de quem o fez, é de quem o mandou
fazer, e quem o mandou fazer foi o melhor jurista da altura, chamado, Veiga Beirão.

E o doutor Veiga Beirão, Ministro da Justiça, mandou fazer o segundo código


comercial, que ficou exatamente conhecido pelo nome do Ministro, Veiga Beirão, em
1888, que é o código que ainda está em vigor.

CARACTERISTICAS.: Nem é subjetivo nem é objetivo, é misto, tem um bocadinho de


objetividade e de subjetividade, pergunta-se, código de 1888, façamos as contas,
desde 1822, e, já passaram 134 anos. É claro que ele está profundamente
desatualizado, e logo na área do comércio onde há na indústria uma dinâmica enorme,
onde há sempre problemas que reclamam sempre de novas soluções, e este código de
134, é claro que está naturalmente, fortemente desatualizado, a ponte de ser maior a
matéria comercial e industrial que estão fora do código do que aquela que está dentro
do código, porque o legislador não parou.

Desatualização do Código não contempla as sociedade comerciais, ou seja, figuras


jurídicas onde se juntam várias pessoas para exercer a atividade comercial, sociedades
por quotas por exemplo, o código não prevê as sociedades comerciais, há um código
separado que as prevê, mas é separado, é um código recentemente feito, mas não é
este.

Livranças e cheques, tem a ver com o direito bancário, o código também não prevê,
nem as livranças nem os cheques. Contrato de seguro, o código está desatualizado, e
há uma legislação própria que não está no código, e nos contratos comerciais que
surgiram, também estão naturalmente fora do código, numa palavra, é tanto o que
esta fora do código que não se compreende porque é que o código comercial ainda
não foi atualizado.

Não se fez nenhum código comercial atualizado e porquê, e aqui entramos no domínio
de pensamento do professor? Porque é que não se fez nenhum código comercial
atualizado?

Para chegar à opinião do professor Santos Justo, este pede que olhemos para a Itália,
para o brasil, e para recentemente a Argentina, a Itália quando em 1942 fez o atual
código civil italiano, meteu dentro desse código os contratos sociais, ou seja, esvaziou
o código comercial, e colocou dentro do código civil matéria do direito comercial,
esvaziou o direito comercial, e o mesmo foi feito no Brasil, no código brasileiro atual,
na Argentina, no código civil da Argentina o mesmo, ou seja, aquela parte que
pertencia ao direito comercial foi afastada do direito comercial, e metida dentro do
direito civil, nos códigos civis, e se é assim, valerá a pena fazer um código comercial
novo, e atualizado, se a maior parte das suas matérias está agora no código civil?

Não, não vale a pena, pensa o professor Santos Justo e daí a sua justificação. Mas
senhoras e senhores há quem pense de forma diferente, há quem pense que foi um
erro que a Itália fez, que a Argentina fez, que o Brasil fez, foi um erro, e há quem
advogue para que se deva fazer um código de direito comercial de matéria comercial e
industrial que vigora ao lado, separado do Código Civil, há quem pense assim. Certo é
que, vivemos num impasse, e esse impasse conduz à inercia e a inercia é que temos
um código com 134 anos em matéria tão dinâmica que torna o código perfeitamente
ultrapassado, e dir-se-ia a té obsoleto, mas é o código que formalmente está em vigor.

Falemos agora do código civil português, ou seja, deixemos a matéria comercial para a
matéria correspondente ao civil, porque é destas duas matérias que vos falo.

Primeiro código civil português que falamos algumas vezes, tem a data de 1867, e se
nos lembrarmos, que nas ordenações filipinas entraram em vigor 1863 até 1867,
tinham passado 264 anos, neste tempo o legislador português não parou, nunca
deixou de fazer leis.

Ora as leis feitas durante 264 anos, era de tantas de número tão indultado, que muitas
partes deste código civil de 1867, estavam revogadas, já não vigoravam e tinham sido
revogadas por leis posteriores, e minhas senhoras e meus senhores, outras leis novas
se vieram juntar à lei do código civil, ou seja, era um aumento enorme e uma
quantidade enorme, daquilo que se chama a legislação avulsa, ou seja, afastada do
código e não incluída no código, o código das ordenações filipinas que as tornaram
obsoletas, desatualizadas, 264 anos.

Fez-se alguma coisa para as atualizar as ordenações filipinas ?

Fez-se, mas não passaram de tentativas frustradas, desde logo como vimos na altura, a
nossa rainha da D. Maria I, procurou fazer um código que atualizasse, um código do
direito público e um código do direito criminal, que substituísse os livros das
ordenações filipinas que contemplam essas matérias, simplesmente começou-se por
discutir o projeto do Código de Direito Público elaborado pelo doutor Pascoal, e a
discussão que ele teve foi tão grande tão grande, e, tão ineloquente, que ficou
conhecida com o nome de formidável sabatina, como também já vos tinha dito na
altura, mas, não se resultou em nada, e quando não se faz nada, mantêm-se em vigor
o que estava em vigor antes, ou seja, as ordenações filipinas.

As cortes portuguesas que eram o Parlamento, instituíram um prémio ao jurisconsulto


que apresentasse minuto 16:56.

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