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Aurelina Basílio
Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Aurelina Basílio
Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Introdução
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Ética
A palavra ética origina-se do grego ethos, que, em um segundo plano, significa costumes, isto
é, o carácter social e cultural de um grupo ou sociedade. Seria a teoria dos costumes. É uma
espécie de síntese dos costumes de um povo.
Segundo Vazquéz, citado por Nalini (2001, p.12), “a ética é a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade”. Trata-se de ciência por ter objecto, leis e métodos próprios,
sendo objecto da ética, a própria moral. Com maior exactidão, o objecto da ética é a
moralidade positiva, ou seja, “o conjunto de regras de comportamento e formas de vida
através das quais tende o homem a realizar o valor do bem.” (MAYNÉZ, apud NALINI,
2001, p.12). Ela exige a prática de boas acções.
Assim, a ética, estabelece um dever, uma obrigação, um compromisso, que tem por
fundamento o próprio comportamento humano. É algo que brota do ser humano, dos
elementos que caracterizam o homem na sua essência, diferenciando-o dos outros seres.
Ética de Sócrates
Sócrates considerava-se um “parteiro das ideias”. Assim como uma parteira tem a função de
dar à luz a uma criança, mas ela própria não tem filhos, Sócrates também abdicava da
construção de uma doutrina ou sistema de ideias a respeito de qualquer tema – incluindo a
Ética – incentivando, através de seu método dialógico, os interlocutores a formarem seus
próprios conceitos, juízos e raciocínios (PLATÃO, 2007).
A investigação sobre o bem e o mal, o justo e o injusto, o bom e o ruim, juntamente com as
principais virtudes e os mais maléficos vícios, era o cerne da filosofia socrática. Como
principais virtudes, Sócrates elegeu a sabedoria, a coragem, a temperança e a justiça. Os
vícios estariam em seus contrários – ignorância, covardia, desmesura e injustiça. Sócrates
identificou o conhecimento com a virtude e a ignorância com o vício de maneira que, se o
indivíduo age mal, age dessa maneira por falta de conhecimento do Bem.
Para Sócrates, o homem, por natureza, procura sempre o bem, mas nem sempre pratica o bem.
Todavia, quando pratica o mal, não o faz porque se trate do mal, mas porque espera daí
receber algum bem, ainda que esse bem seja em função de um interesse particular. Mas ao
agir de tal modo o homem não faz mais do que enganar-se, ou seja, age por ignorância,
porque não tem o conhecimento do verdadeiro bem. O conhecimento do bem é necessário
para praticar o bem, pois como podemos praticar o bem se não sabemos o que ele é? “Em
consequência, para Sócrates, como para quase todos os filósofos gregos, o pecado se reduz a
um ‘erro de cálculo’, a um ‘erro de razão’, justamente a ‘ignorância’ do verdadeiro bem”
(REALE; ANTISERI, 2007, p. 96).
A moral é a parte culminante da filosofia de Sócrates que ensina a bem pensar para bem viver.
“Seu filosofar é ético não apenas porque pretende conhecer o bem, porque através da
refutação afasta as falsas opiniões sobre o bem, mas porque transforma efectivamente a seus
interlocutores” (YARZA, 1996, p. 298 – tradução nossa). Não se trata de uma questão
meramente teórica, mas uma questão prática, de como agir bem. O que importa para um
homem de bem é viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a
uma injustiça recebida. A virtude adquire-se com a sabedoria ou, antes, com ela se identifica.
Ética de Platão
A Ética em Platão é compreendida a partir do uso da razão, o qual ele compreende como o
meio de alcançar os valores que devem ser seguidos pelos homens. Segundo Platão, a Ética
faz parte do ser humano, pois todos têm um senso ético, certa consciência moral. Assim,
algumas características morais podem ser consideradas, como a temperança, a coragem, a
sabedoria, além da justiça, que regula o comportamento ético em favor do bem comum. Para
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que isso aconteça o individuo deve abdicar dos prazeres corporais, alcançando assim, a
virtude e a justiça, dessa forma poderá atingir a felicidade. Portanto para Platão, era
necessário haver uma "purificação" do mundo material de modo a caminhar em direcção a
perfeição.
Em sua concepção, o conhecimento das ideias, das essências, permite ao homem obter os
princípios éticos que governam o mundo social e realizar as melhores acções, caso esteja sob
a influência da racionalidade, ou seja, para ele a acção boa, justa, correcta seria consequência
do uso da razão. Por assim dizer, a ética platónica tem por objectivo conduzir o homem a
acção do bem. Isso significa que o homem não pode ser movimentado pelos prazeres da vida,
mas por aquilo que faz bem. Deve-se encontrar um equilíbrio entre o prazer e a inteligência
para se chegar ao bem. A ética é essencial a vida moral e o homem so consegue chegar a
perfeição através da vida em sociedade. Na visão de Platão, o bem é tudo aquilo que
engrandece a alma, e não coisas materiais. O bem ilumina o ser com verdade, permitindo que
seja conhecido, como o Sol que também ilumina os objectos e permite que sejam vistos.
Assim, ele sugere desprender-se das riquezas e dos prazeres corporais a fim de se praticar a
virtude, o que ele nomeou de "Bem Supremo".
Ainda na visão de Platão, o homem não nasce ético, aprende a comportar-se eticamente a
partir de intervenções educativas oriundas da Polis (cidade), que por muitas vezes trata-se de
um processo longo e doloroso, mas fundamental no que se refere a praxis em vista do bem.
Ou seja, a vida ética não é um dom da natureza. Por fim, o filosofo diz que após contemplar o
Bem directamente, se deve retornar a cidade que lhe propiciou educação e guiar os outros
cidadãos da ignorância ao conhecimento racional. O individuo precisa encontrar a felicidade,
mas essa felicidade também deve reflectir na sociedade como um todo. A ética se encontra no
ambiente social e objectivo é que todos alcancem o comportamento ético.
Para Platão, a ideia de conhecimento esta ligada a moral. A sabedoria e a moral andam em
conjunto. Na verdade para Platão uma pessoa que se comporta de forma equivocada é
ignorante. Platão em sua essência possuía um pensamento dualista de mente e corpo. O corpo
para Platão é como uma caverna, onde o ser humano esta preso e impedido de enxergar as
coisas com clareza, sendo tudo apenas sombras da realidade. Platão divide o mundo em dois:
mundo inteligível e mundo sensível. O mundo inteligível é o mundo teórico, onde nem tudo é
possível de ser percebido pelo corpo. Contudo, para Platão é necessário que o homem
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purifique a alma alcançando uma vida mais justa, assim é possível que o individuo encontre a
felicidade, uma vez que essa felicidade também deve ser reflectida na polis como um todo.
Através da “Teoria das Ideias ou Formas”, Platão considerou dois mundos distintos: “Mundo
Sensível” e “Mundo Inteligível”. O Mundo Sensível era concebido como o mundo físico, da
matéria e dos dados sensíveis, imperfeitos, mutáveis e finitos. De maneira distinta, o Mundo
Inteligível era o universo ideal, das ideias e formas inteligíveis e supra-sensíveis que, por
assim serem, eram perfeitas, essenciais, imutáveis e eternas. As virtudes essenciais estariam
localizadas no Mundo Inteligível, podendo ser alcançadas mediante o uso pleno da Razão e
através do método dialéctico.
A ética platónica visa, como fim último, a felicidade. No seu cerne está a “Ideia de Bem” ou o
“Sumo Bem”, ou seja, a forma perfeita, essencial, eterna e imutável do Bem, que deveria ser
alcançada no Mundo das Ideais mediante o uso da razão e da dialéctica (PLATÃO, 2008).
Ética de Aristóteles
Aristóteles (384 a.C-322 a.C.) foi o primeiro filósofo a tratar da ética como uma área própria
do conhecimento, sendo considerado o fundador da ética como uma disciplina da filosofia.
A ética (do grego ethos, "costume", "hábito" ou "caráter") para Aristóteles está directamente
relacionada com a ideia de virtude (areté) e da felicidade (eudaimonia).
Para o filósofo, tudo tende para o bem e a felicidade é a finalidade da vida humana.
Entretanto, a felicidade não deve ser compreendida como prazer, posse de bens ou
reconhecimento. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa.
Aristóteles faz uma distinção importante entre as determinações da natureza, sobre as quais os
seres humanos não podem deliberar e as acções frutos da vontade e de suas escolhas.
Para ele, os seres humanos não podem deliberar sobre as leis da natureza, sobre as estações do
ano, sobre a duração do dia e da noite. Tudo isso são condições necessárias (não há
possibilidade de escolha).
Já a ética opera no campo do possível, tudo aquilo que não é uma determinação da natureza,
mas depende das deliberações, escolhas e da acção humana. Ele propõe a ideia da acção
guiada pela razão como um princípio fundamental da existência ética. Desse modo, a virtude
é o "bem agir" baseado na capacidade humana de deliberar, escolher e agir.
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Aristóteles afirma que entre todas as virtudes, a prudência é uma delas e a base de todas as
outras. A prudência encontra-se na capacidade humana de deliberar sobre as acções e
escolher, baseado na razão, a prática mais adequada à finalidade ética, ao que é bom para si e
para os outros.
Só a acção prudente está de acordo com bem comum e pode conduzir o ser humano a seu
objectivo final e essência, a felicidade.
A sabedoria prática baseada na razão é o que torna possível o controle dos impulsos pelos
seres humanos. No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles mostra que a virtude está relacionada
com o "justo meio", a mediana entre os vícios por falta e por excesso.
Por exemplo, a virtude da coragem é a mediana entre a covardia, vício pela falta e a
temeridade, vício por excesso. Assim como o orgulho (relativo à honra) é o junto meio entre a
humildade (falta) e a vaidade (excesso).
Desse modo, o filósofo compreende que a virtude pode ser treinada e exercitada, conduzindo
o indivíduo mais efectivamente para o bem comum e a felicidade
Aristóteles discorda do Idealismo ou “Mundo das Ideias” de seu mestre Platão. Para o
estagirita, tudo na natureza tem uma finalidade que contribui para o funcionamento do
Cosmos, e o Homem também tem seu papel dentro da natureza, o que legitima o poder, a
dominação e a desigualdade de funções. Assim como em Platão, Aristóteles considera o fim
último da acção humana a felicidade. O fim de toda a trajectória do sujeito estaria no alcance
do estado de felicidade supremo (Eudaimonia). A noção de “Bem”, na Ética Aristotélica,
identifica-se com a felicidade. Dessa maneira, podemos considerar como principais aspectos
da ética aristotélica o finalismo e o eudemonismo (ARISTÓTELES, 2014).
De acordo com Aristóteles, a virtude está sempre localizada no meio entre os extremos, ela é
o “meio-termo” entre a falta e o excesso. Sendo assim, entre os extremos de dois vícios estaria
o “justo-meio” ou a “justa-medida”. A justiça seria a única virtude que não teria excessos e
limites, podendo ser aplicada da forma mais efectiva possível. Sobre esse tema, Aristóteles
argumenta que para que uma sociedade seja justa, é necessária a distribuição dos “Bens
Partilháveis” (o que se pode distribuir, como os recursos financeiros) “desigualmente aos
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desiguais”, para assim, torna-los iguais em recursos. Além do mais, Aristóteles distingue a
Justiça em dois tipos: “distributiva” e “comutativa”. A primeira corresponde à distribuição de
bens de acordo com os ditames da proporcionalidade. A segunda corrige os erros da primeira,
dita normas do Direito e pune os infractores (ACHA; PIVO, 2013)
Aristóteles acreditava que os bens devem variar de acordo com os seres, ou seja, para cada ser
há um bem específico. A ética aristotélica dá primazia à vivência racional, com dedicação ao
estudo e à contemplação. Para ele, o pensamento é o elemento mais divino do Homem, visto
que Deus é considerado como pensamento puro, o que significa que viver de maneira
contemplativa imita melhor a actividade divina, mas como isso é impossível para todos os
homens, são necessárias outras coisas que o Homem carece, variando conforme o ser.
Por fim, Aristóteles divide as virtudes em “éticas” e “dianoéticas”. As virtudes éticas são
adquiridas, caracterizam-se por acções corretas que, realizadas repetidamente, inculcam-se no
indivíduo como hábitos. As principais virtudes éticas são a temperança, a coragem e a justiça.
As virtudes dianoéticas, por sua vez, são inatas e dependem de uma boa educação para o seu
desenvolvimento. As principais virtudes dianoéticas são a prudência e a sabedoria
(ARISTÓTELES, 2014).
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Conclusão
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Bibliografia