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Altino Rolinho José Quelimane

Amarildo Benjamim Victor Valane

Aurelina Basílio

Domingas Abacar Carlitos Momade

Isabel Januário Raimundo Matola

Ética no uso de testes psicológicos

(Licenciatura em Psicologia Educacional Com Habilitações em Intervenção em Desenvolvimento


Humano e aprendizagem)

Universidade Rovuma
Nampula
2021
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Altino Rolinho José Quelimane

Amarildo Benjamim Victor Valane

Aurelina Basílio

Domingas Abacar Carlitos Momade

Isabel Januário Raimundo Matola

Ética no uso de testes psicológicos

Trabalho de carácter avaliativo,


pertencente ao Departamento de Ciências
de Educação e Psicologia, no curso de
Psicologia Educacional, 4° ano, regime
laboral, na Cadeira de Ética e
Deontologia Profissional, Cadeira pela
qual Leccionada pelo:

M.A Felismina J. B. Vantitia

Universidade Rovuma

Nampula

2021
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Introdução
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Ética

A palavra ética origina-se do grego ethos, que, em um segundo plano, significa costumes, isto
é, o carácter social e cultural de um grupo ou sociedade. Seria a teoria dos costumes. É uma
espécie de síntese dos costumes de um povo.

Segundo Vazquéz, citado por Nalini (2001, p.12), “a ética é a ciência do comportamento
moral dos homens em sociedade”. Trata-se de ciência por ter objecto, leis e métodos próprios,
sendo objecto da ética, a própria moral. Com maior exactidão, o objecto da ética é a
moralidade positiva, ou seja, “o conjunto de regras de comportamento e formas de vida
através das quais tende o homem a realizar o valor do bem.” (MAYNÉZ, apud NALINI,
2001, p.12). Ela exige a prática de boas acções.

Assim, a ética, estabelece um dever, uma obrigação, um compromisso, que tem por
fundamento o próprio comportamento humano. É algo que brota do ser humano, dos
elementos que caracterizam o homem na sua essência, diferenciando-o dos outros seres.

Ética de Sócrates

Sócrates considerava-se um “parteiro das ideias”. Assim como uma parteira tem a função de
dar à luz a uma criança, mas ela própria não tem filhos, Sócrates também abdicava da
construção de uma doutrina ou sistema de ideias a respeito de qualquer tema – incluindo a
Ética – incentivando, através de seu método dialógico, os interlocutores a formarem seus
próprios conceitos, juízos e raciocínios (PLATÃO, 2007).

A investigação sobre o bem e o mal, o justo e o injusto, o bom e o ruim, juntamente com as
principais virtudes e os mais maléficos vícios, era o cerne da filosofia socrática. Como
principais virtudes, Sócrates elegeu a sabedoria, a coragem, a temperança e a justiça. Os
vícios estariam em seus contrários – ignorância, covardia, desmesura e injustiça. Sócrates
identificou o conhecimento com a virtude e a ignorância com o vício de maneira que, se o
indivíduo age mal, age dessa maneira por falta de conhecimento do Bem.

Ademais, Sócrates também vislumbrou a necessidade de estabelecer as virtudes verdadeiras


(universais e não-convencionadas) e distingui-las das virtudes aparentes (convencionadas e
particulares), pois as virtudes existem como ideais ou formas puras, verdadeiras, essenciais,
universais e imutáveis (ACHA; PIVA, 2013).
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A ética socrática reside no conhecimento e em vislumbrar na felicidade o fim da acção. Essa


ética tem por objectivo preparar o homem para conhecer-se, tendo em vista que o
conhecimento é a base do agir ético. Ao contrário de fomentar a desordem e o caos, a filosofia
de Sócrates prima pela submissão, ou seja, pelo primado da ética do colectivo sobre a ética do
individual.

Para Sócrates, o homem, por natureza, procura sempre o bem, mas nem sempre pratica o bem.
Todavia, quando pratica o mal, não o faz porque se trate do mal, mas porque espera daí
receber algum bem, ainda que esse bem seja em função de um interesse particular. Mas ao
agir de tal modo o homem não faz mais do que enganar-se, ou seja, age por ignorância,
porque não tem o conhecimento do verdadeiro bem. O conhecimento do bem é necessário
para praticar o bem, pois como podemos praticar o bem se não sabemos o que ele é? “Em
consequência, para Sócrates, como para quase todos os filósofos gregos, o pecado se reduz a
um ‘erro de cálculo’, a um ‘erro de razão’, justamente a ‘ignorância’ do verdadeiro bem”
(REALE; ANTISERI, 2007, p. 96).

A moral é a parte culminante da filosofia de Sócrates que ensina a bem pensar para bem viver.
“Seu filosofar é ético não apenas porque pretende conhecer o bem, porque através da
refutação afasta as falsas opiniões sobre o bem, mas porque transforma efectivamente a seus
interlocutores” (YARZA, 1996, p. 298 – tradução nossa). Não se trata de uma questão
meramente teórica, mas uma questão prática, de como agir bem. O que importa para um
homem de bem é viver honestamente, sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a
uma injustiça recebida. A virtude adquire-se com a sabedoria ou, antes, com ela se identifica.

Ética de Platão

Platão foi um filósofo, matemático e fundador da Academia em Atenas (primeira instituição


de ensino superior que se tem noticia da história). Platão nasceu no período de 427 – 428 A.C,
no período conhecido como "Grécia Antiga". Este autor teve uma colaboração excelentíssima
em diversas áreas do conhecimento, inclusive para avanços na área da Psicologia.

A Ética em Platão é compreendida a partir do uso da razão, o qual ele compreende como o
meio de alcançar os valores que devem ser seguidos pelos homens. Segundo Platão, a Ética
faz parte do ser humano, pois todos têm um senso ético, certa consciência moral. Assim,
algumas características morais podem ser consideradas, como a temperança, a coragem, a
sabedoria, além da justiça, que regula o comportamento ético em favor do bem comum. Para
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que isso aconteça o individuo deve abdicar dos prazeres corporais, alcançando assim, a
virtude e a justiça, dessa forma poderá atingir a felicidade. Portanto para Platão, era
necessário haver uma "purificação" do mundo material de modo a caminhar em direcção a
perfeição.

Em sua concepção, o conhecimento das ideias, das essências, permite ao homem obter os
princípios éticos que governam o mundo social e realizar as melhores acções, caso esteja sob
a influência da racionalidade, ou seja, para ele a acção boa, justa, correcta seria consequência
do uso da razão. Por assim dizer, a ética platónica tem por objectivo conduzir o homem a
acção do bem. Isso significa que o homem não pode ser movimentado pelos prazeres da vida,
mas por aquilo que faz bem. Deve-se encontrar um equilíbrio entre o prazer e a inteligência
para se chegar ao bem. A ética é essencial a vida moral e o homem so consegue chegar a
perfeição através da vida em sociedade. Na visão de Platão, o bem é tudo aquilo que
engrandece a alma, e não coisas materiais. O bem ilumina o ser com verdade, permitindo que
seja conhecido, como o Sol que também ilumina os objectos e permite que sejam vistos.
Assim, ele sugere desprender-se das riquezas e dos prazeres corporais a fim de se praticar a
virtude, o que ele nomeou de "Bem Supremo".

Ainda na visão de Platão, o homem não nasce ético, aprende a comportar-se eticamente a
partir de intervenções educativas oriundas da Polis (cidade), que por muitas vezes trata-se de
um processo longo e doloroso, mas fundamental no que se refere a praxis em vista do bem.
Ou seja, a vida ética não é um dom da natureza. Por fim, o filosofo diz que após contemplar o
Bem directamente, se deve retornar a cidade que lhe propiciou educação e guiar os outros
cidadãos da ignorância ao conhecimento racional. O individuo precisa encontrar a felicidade,
mas essa felicidade também deve reflectir na sociedade como um todo. A ética se encontra no
ambiente social e objectivo é que todos alcancem o comportamento ético.

Para Platão, a ideia de conhecimento esta ligada a moral. A sabedoria e a moral andam em
conjunto. Na verdade para Platão uma pessoa que se comporta de forma equivocada é
ignorante. Platão em sua essência possuía um pensamento dualista de mente e corpo. O corpo
para Platão é como uma caverna, onde o ser humano esta preso e impedido de enxergar as
coisas com clareza, sendo tudo apenas sombras da realidade. Platão divide o mundo em dois:
mundo inteligível e mundo sensível. O mundo inteligível é o mundo teórico, onde nem tudo é
possível de ser percebido pelo corpo. Contudo, para Platão é necessário que o homem
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purifique a alma alcançando uma vida mais justa, assim é possível que o individuo encontre a
felicidade, uma vez que essa felicidade também deve ser reflectida na polis como um todo.

Através da “Teoria das Ideias ou Formas”, Platão considerou dois mundos distintos: “Mundo
Sensível” e “Mundo Inteligível”. O Mundo Sensível era concebido como o mundo físico, da
matéria e dos dados sensíveis, imperfeitos, mutáveis e finitos. De maneira distinta, o Mundo
Inteligível era o universo ideal, das ideias e formas inteligíveis e supra-sensíveis que, por
assim serem, eram perfeitas, essenciais, imutáveis e eternas. As virtudes essenciais estariam
localizadas no Mundo Inteligível, podendo ser alcançadas mediante o uso pleno da Razão e
através do método dialéctico.

A ética platónica visa, como fim último, a felicidade. No seu cerne está a “Ideia de Bem” ou o
“Sumo Bem”, ou seja, a forma perfeita, essencial, eterna e imutável do Bem, que deveria ser
alcançada no Mundo das Ideais mediante o uso da razão e da dialéctica (PLATÃO, 2008).

Ética de Aristóteles

Aristóteles (384 a.C-322 a.C.) foi o primeiro filósofo a tratar da ética como uma área própria
do conhecimento, sendo considerado o fundador da ética como uma disciplina da filosofia.

A ética (do grego ethos, "costume", "hábito" ou "caráter") para Aristóteles está directamente
relacionada com a ideia de virtude (areté) e da felicidade (eudaimonia).

Para o filósofo, tudo tende para o bem e a felicidade é a finalidade da vida humana.
Entretanto, a felicidade não deve ser compreendida como prazer, posse de bens ou
reconhecimento. A felicidade é a prática de uma vida virtuosa.

Aristóteles faz uma distinção importante entre as determinações da natureza, sobre as quais os
seres humanos não podem deliberar e as acções frutos da vontade e de suas escolhas.

Para ele, os seres humanos não podem deliberar sobre as leis da natureza, sobre as estações do
ano, sobre a duração do dia e da noite. Tudo isso são condições necessárias (não há
possibilidade de escolha).

Já a ética opera no campo do possível, tudo aquilo que não é uma determinação da natureza,
mas depende das deliberações, escolhas e da acção humana. Ele propõe a ideia da acção
guiada pela razão como um princípio fundamental da existência ética. Desse modo, a virtude
é o "bem agir" baseado na capacidade humana de deliberar, escolher e agir.
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A prudência como condição de todas as virtudes

Aristóteles afirma que entre todas as virtudes, a prudência é uma delas e a base de todas as
outras. A prudência encontra-se na capacidade humana de deliberar sobre as acções e
escolher, baseado na razão, a prática mais adequada à finalidade ética, ao que é bom para si e
para os outros.

Só a acção prudente está de acordo com bem comum e pode conduzir o ser humano a seu
objectivo final e essência, a felicidade.

A prudência como o justo meio

A sabedoria prática baseada na razão é o que torna possível o controle dos impulsos pelos
seres humanos. No livro Ética a Nicômaco, Aristóteles mostra que a virtude está relacionada
com o "justo meio", a mediana entre os vícios por falta e por excesso.

Por exemplo, a virtude da coragem é a mediana entre a covardia, vício pela falta e a
temeridade, vício por excesso. Assim como o orgulho (relativo à honra) é o junto meio entre a
humildade (falta) e a vaidade (excesso).

Desse modo, o filósofo compreende que a virtude pode ser treinada e exercitada, conduzindo
o indivíduo mais efectivamente para o bem comum e a felicidade

Aristóteles discorda do Idealismo ou “Mundo das Ideias” de seu mestre Platão. Para o
estagirita, tudo na natureza tem uma finalidade que contribui para o funcionamento do
Cosmos, e o Homem também tem seu papel dentro da natureza, o que legitima o poder, a
dominação e a desigualdade de funções. Assim como em Platão, Aristóteles considera o fim
último da acção humana a felicidade. O fim de toda a trajectória do sujeito estaria no alcance
do estado de felicidade supremo (Eudaimonia). A noção de “Bem”, na Ética Aristotélica,
identifica-se com a felicidade. Dessa maneira, podemos considerar como principais aspectos
da ética aristotélica o finalismo e o eudemonismo (ARISTÓTELES, 2014).

De acordo com Aristóteles, a virtude está sempre localizada no meio entre os extremos, ela é
o “meio-termo” entre a falta e o excesso. Sendo assim, entre os extremos de dois vícios estaria
o “justo-meio” ou a “justa-medida”. A justiça seria a única virtude que não teria excessos e
limites, podendo ser aplicada da forma mais efectiva possível. Sobre esse tema, Aristóteles
argumenta que para que uma sociedade seja justa, é necessária a distribuição dos “Bens
Partilháveis” (o que se pode distribuir, como os recursos financeiros) “desigualmente aos
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desiguais”, para assim, torna-los iguais em recursos. Além do mais, Aristóteles distingue a
Justiça em dois tipos: “distributiva” e “comutativa”. A primeira corresponde à distribuição de
bens de acordo com os ditames da proporcionalidade. A segunda corrige os erros da primeira,
dita normas do Direito e pune os infractores (ACHA; PIVO, 2013)

Aristóteles acreditava que os bens devem variar de acordo com os seres, ou seja, para cada ser
há um bem específico. A ética aristotélica dá primazia à vivência racional, com dedicação ao
estudo e à contemplação. Para ele, o pensamento é o elemento mais divino do Homem, visto
que Deus é considerado como pensamento puro, o que significa que viver de maneira
contemplativa imita melhor a actividade divina, mas como isso é impossível para todos os
homens, são necessárias outras coisas que o Homem carece, variando conforme o ser.

Por fim, Aristóteles divide as virtudes em “éticas” e “dianoéticas”. As virtudes éticas são
adquiridas, caracterizam-se por acções corretas que, realizadas repetidamente, inculcam-se no
indivíduo como hábitos. As principais virtudes éticas são a temperança, a coragem e a justiça.
As virtudes dianoéticas, por sua vez, são inatas e dependem de uma boa educação para o seu
desenvolvimento. As principais virtudes dianoéticas são a prudência e a sabedoria
(ARISTÓTELES, 2014).
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Conclusão
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Bibliografia

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