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Psoriásica
SUMÁRIO
1. Introdução...................................................................................................................... 3
2. Epidemiologia/etiologia................................................................................................ 6
3. Fisiopatologia................................................................................................................ 7
4. Manifestações clínicas................................................................................................. 8
Articulares...................................................................................................................... 8
Cutâneas e ungueais..................................................................................................... 9
Entesite........................................................................................................................ 10
Dactilite........................................................................................................................ 10
Comorbidades............................................................................................................. 11
5. Alterações radiológicas.............................................................................................. 12
7. Tratamento.................................................................................................................. 15
Antiinflamatórios não-esteroides (AINES)................................................................. 15
Drogas modificadoras de atividade da doença (DMARDS)...................................... 16
Terapia biológica......................................................................................................... 18
Glicocorticoides........................................................................................................... 18
Referências ...................................................................................................................... 21
1. INTRODUÇÃO
As espondiloartropatias ou espondiloartrites correspondem a um grupo de artro-
patias inflamatórias e eram conhecidas como artropatias soronegativas por serem
consideradas variantes da artrite reumatoide, com o diferencial de terem em comum
o acometimento da coluna vertebral e a ausência do fator reumatoide (FR).
No entanto, a partir dos estudos clínicos e familiares e da demonstração da pre-
sença do antígeno HLA-B27 na maioria dos casos, esses quadros sindrômicos fo-
ram caracterizados como entidades clínicas definidas e independentes, sendo então
denominadas espondiloartropatias.
Historicamente, a soronegatividade para o fator reumatoide era um requisito para
o diagnóstico, no entanto, mais de 10% dos pacientes com psoríase não complicada
e até 15% da população normal apresentam fator reumatoide presente no soro.
As espondiloartropatias são caracterizadas por algumas manifestações clínicas,
como descrito abaixo:
Artrite psoriásica 3
Se liga! Das espondiloartrites, a artrite psoriásica é a que menos se
associa com a alteração HLA-B27. Além disso, vários pacientes com psoríase e
espondiloartropatia são negativos para o antígeno HLA-B27.
Artrite psoriásica 4
DIFERENÇAS ENTRE ESPONDILITE ANQUILOSANTE E ARTRITE PSORIÁSICA
Esporão
Sacroileíte bilateral
ESPONDILITE
ANQUILOSANTE SEXO H:M (9:1)
(EA)
Oligoartrite MMII
Entesite
LABORATÓRIO HLA-B27
Psoríase
Alterações ungueais
MANIFESTAÇÕES
EXTRARTICULARES
Entesite
Dactilite
Sindesmófitos
ARTRITE
Pencil in cup
PSORIÁSICA
(APs)
Artrite mutilante
Espondilite
Poliartrite
Oligoartrite
HLA-B27 com
LABORATÓRIO menor associação
Artrite psoriásica 5
2. EPIDEMIOLOGIA/ETIOLOGIA
A psoríase cutânea isolada acomete cerca de 1 a 3% da população e sua associa-
ção com artrite psoriásica pode ocorrer em 10 a 20% dos pacientes. A idade na qual
comumente aparecem os primeiros sintomas situa-se entre 30 e 55 anos.
A artrite psoriásica afeta igualmente os sexos na maioria das estatísticas, com
uma incidência de aproximadamente 6 por 100.000 anualmente e uma prevalência
de aproximadamente 1 a 2 por 1000 na população em geral. A forma poliarticular
simétrica é mais comum no sexo feminino, ao passo que a forma axial é mais fre-
quentemente observada no sexo masculino.
A etiologia da artrite psoriática é desconhecida, sendo importante a avaliação
do histórico familiar do paciente. Há associações confirmadas a alelos importantes
dos antígenos contra leucócitos humanos HLA-B27, B7, B13, B17 e Cw6. Como na
patogenia de muitos outros distúrbios autoimunes, tem-se suspeitado de um fator
infeccioso desencadeante.
Infecções por estreptococos do grupo A têm sido implicadas na psoríase gutata
e o RNA ribossômico dessa espécie tem sido detectado no sangue e no líquido si-
novial de pacientes com artrite psoriásica. Além disso, o vírus da imunodeficiência
humana está fortemente associado ao desenvolvimento de psoríase e artrite psoriá-
sica, apresentando incidência e prevalência substancialmente altas nesse grupo de
indivíduos.
Tipicamente, em 80% dos casos, a artrite psoriásica desenvolve-se depois ou
concomitantemente ao início da psoríase. Em 15 a 20% dos casos, entretanto, ela
precede o começo da psoríase com um tempo médio entre o diagnóstico de doença
cutânea e articular de 7 a 8 anos.
Na maioria dos pacientes, a artrite aparece após o aparecimento das lesões na
pele. No entanto, a artrite precede a doença de pele em aproximadamente 13 a 15%
dos pacientes, embora a doença de pele possa estar presente, mas não detectada
em alguns pacientes.
Artrite psoriásica 6
Figura 1: Psoríase.
Fonte: Fuss Sergey/Shutterstock.com
3. FISIOPATOLOGIA
A artrite psoriásica é uma doença autoimune poligênica, especialmente com poli-
morfismo HLA tipo 1. Além disso, fatores ambientais, como microtrauma e agentes
infecciosos, têm sido relacionados com a sua etiopatogenia.
O papel dos mecanismos imunológicos é sugerido pela resposta inflamatória de
autoantígenos comuns na pele, observada nas lesões psoriáticas da pele, e na articu-
lação. Durante o processo, ocorre a formação de infiltrado de linfócitos TCD4 e CD8 e
outras células inflamatórias, além de expressão aumentada de citocinas inflamatórias
das mais diversas, sendo as mais importantes: TNF, IL-17, IL-23.
Artrite psoriásica 7
FISIOPATOLOGIA DA ARTRITE PSORIÁSICA
ARTRITE
PSORIÁSICA
(APs)
MICROTRAUMA;
POLIMORFISMO PELE;
AGENTES TNF, IL-17, IL-23
HLA TIPO 1 ARTICULAÇÃO.
INFECCIOSOS.
4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Articulares
As manifestações articulares na AP apresentam amplo espectro clínico e foram
divididas didaticamente, segundo Moll e Wright, em 5 categorias:
Artrite psoriásica 8
• Artrite mutilante: representa a forma mais grave de artrite psoriásica, ocorre
na minoria dos pacientes. É a descrição do estágio final do processo destru-
tivo, podendo acontecer destruições ósseas graves, como a osteólise. Esse
processo leva à reabsorção de falanges, além da anquilose óssea, cuja conse-
quência é o aparecimento de deformidades graves conhecidas como dedos em
telescópio.
Cutâneas e ungueais
Todas as formas de psoríase estão associadas à artrite psoriásica, embora a pso-
ríase clássica vulgar seja vista mais frequentemente. As lesões típicas são placas
eritematodescamativas. Muitos pacientes com artrite psoriásica apresentam discreto
ou moderado acometimento cutâneo, além disso, não há correlação consistente entre
o grau de psoríase e a extensão do comprometimento articular.
A psoríase pode ser sutil, devendo ser feito um exame cuidadoso de toda a superfí-
cie cutânea do paciente, com atenção especial para a linha dos cabelos, o couro ca-
beludo, o conduto auditivo externo, a área periumbilical e a fenda interglútea.
O comprometimento do leito e da matriz ungueal é comum na artrite psoriásica.
As alterações incluem sulcos, escavação, que é o derramamento de células da placa
ungueal, onicólise (quadro de separação da unha do seu leito), hiperceratose e he-
morragias lascadas. Essas alterações podem representar as únicas manifestações de
psoríase antes da presença das lesões cutâneas mais características.
Artrite psoriásica 9
Figura 2: Onicólise.
Fonte: Tanya_Terekhina/Shutterstock.com
Entesite
A entesite consiste na inflamação no local da inserção de tendões, ligamentos e
líquido sinovial no osso. Esse tipo de inflamação é característico das espondiloar-
trites e ocorre em até 40% dos pacientes com artrite psoriásica. Ao exame físico, há
edema de partes moles, em geral acompanhado de dor à palpação, bem como, algu-
mas vezes, eritema ou calor associado.
Dactilite
A dactilite ou “dedo em salsicha” é o edema completo de um só dedo, da mão
ou do pé. É uma condição distintiva das espondiloartropatias, sendo uma condição
comum na artrite psoriásica, que ocorre em 33 a 50% dos pacientes em algum mo-
mento de sua doença. Os pododáctilos são acometidos com mais frequência que os
quirodáctilos.
Comorbidades
Mais recentemente, assim como em outras doenças inflamatórias crônicas, como
lúpus sistêmico e artrite reumatoide, a artrite psoriásica tem sido associada a um
maior risco de eventos cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, acidente
vascular encefálico e morte súbita.
Tal risco é independente para a presença de artrite, apesar de também já se ter
encontrado associação da artrite psoriásica a outros fatores de risco historica-
mente reconhecidos, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, dislipidemia e
obesidade.
EDEMA
DACTILITE
MANIFESTAÇÕES
MANIFESTAÇÕES QUADRO
CUTÂNEAS
ARTICULARES CLÍNICO
E UNGUEAIS
MÁCULAS
ARTRITE DISTAL
AMARELADAS
ENTESITE
POLIARTRITE ANONÍQUIA
EDEMA DE
PARTES MOLES DEPRESSÃO
ESPONDILITE
PUNTIFORME
ARTRITE CALOR
ONICÓLISE
MUTILANTE
ERITEMA
5. ALTERAÇÕES RADIOLÓGICAS
Na artrite psoriásica ocorre uma destruição contínua de articulações, evidenciada
clinicamente pelo aparecimento de deformidades articulares e radiograficamente
pelo desenvolvimento de erosões justarticulares e em alguns casos ancilose óssea.
Os achados radiográficos mais comuns na artrite psoriásica são estreitamento
do espaço articular e erosões nas articulações interfalangianas distais e proximais.
Tipicamente, esses achados são assimétricos, em paralelo com o padrão clínico da
artrite. Além disso, em geral não há osteopenia periarticular, que é a diminuição da
Quando uma falange é comprometida, ela adquire a forma de lápis, dando origem
assim à deformidade clássica em ´´pencil in cup``, quando confina com a base da
falange adjacente. A osteólise acentuada resulta em alargamento dos espaços entre
as articulações e por fim na desorganização total da arquitetura articular, descrita
como artrite mutilante.
Em contraste com a artrite reumatoide, a artrite psoriásica pode induzir alterações
ósseas proliferativas adjacentes às erosivas e osteolíticas no mesmo osso. Essa
neoformação óssea ocorre frequentemente ao longo da diáfise dos ossos meta-
carpianos e metatarsianos e é vista como uma periosteíte fofa. Reumatologistas
e radiologistas podem usar o termo “costeletas” para descrever essas alterações
proliferativas.
Critérios de Caspar
CRITÉRIOS DE CASPAR PONTOS
História de psoríase 1
Dactilite 1
Distrofia ungueal 1
7. TRATAMENTO
O tratamento da artrite psoriásica é feito com antiinflamatórios não hormonais,
drogas modificadoras de atividade da doença (DMARDS), glicocorticoide oral, fisio-
terapia e terapia ocupacional. Para controle das lesões cutâneas, o paciente deve
evitar a exposição à luz solar e/ou ultravioleta e produtos tópicos específicos são im-
portantes. Recentemente, agentes biológicos como os inibidores do fator de necrose
tumoral, por exemplo o adalimumabe, o etanercepte e o infliximabe são alternativas
para os casos refratários.
ANTIINFLAMATÓRIOS
NÃO-ESTEROIDES
Etoricoxib 60 a 90 mg/dia
PACIENTE
COM
DIAGNÓSTICO
DE ARTRITE
PSORIÁSICA
Uma segunda classe de agentes biológicos está sendo estudada atualmente para
o tratamento da artrite psoriática. O alefacepte é uma fusão proteica recombinante
do antígeno de função de linfócitos solúvel com a porção Fc da IgG1, aprovada re-
centemente para o tratamento da psoríase moderada a grave. Seu mecanismo de
ação não é completamente compreendido, mas há uma hipótese de que ele induza
a apoptose de células T de memória, iniba a co-estimulação de células T e diminua a
infiltração de células inflamatórias, levando a um efeito anti-inflamatório.
Glicocorticoides
As injeções intra-articulares de glicocorticoides constituem um tratamento efi-
caz quando apenas uma ou duas articulações são as responsáveis pelos sintomas
do paciente, porém, deve-se ter o cuidado de evitar a injeção através de placas psori-
áticas, já que elas são altamente contaminadas por bactérias.
Menor associação
Erosão
com HLA-B27
CRITÉRIOS
CLASSIFICATÓRIOS
Histórico Familiar DE CASPAR Pencil in cup
ALTERAÇÕES
Etiologia Indefinida ETIOLOGIA Sindesmófitos
RADIOLÓGICAS
Oligoartrite
DMARDS
Fatores ambientais Articular
Artrite mutilante
Espondilite
Microtrauma Entesite
Artrite distal
Agentes infecciosos
Cutâneas e ungueais Poliartrite
Sanar
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