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Cuidados Paliativos

-Os Cuidados Paliativos são cuidados ativos numa abordagem global da pessoa atingida por
uma doença grave, evolutiva ou terminal;

O surgir dos cuidados paliativos:

✓ A prática dos CP resultou do movimento “ hospice” moderno, embora tenha surgido no


século XV;
✓ Saunders foi pioneira na defesa do cuidado centrado no doente em fase terminal;
✓ Criou o conceito de “dor total” considerando que a dor física não é isolada, mas
associada à dor psicológica, espiritual e social;
✓ Estabeleceu objetivos que enfatizavam os cuidados e não a cura:

-Cuidado do doente e família como uma unidade;

-Abordagem de uma equipa interdisciplinar;

-Participação de voluntários, continuidade de cuidados no domicílio e acompanhamento


da família após a morte do doente;

✓ Em 1970 os cuidados paliativos também foram incorporados nos hospitais;


✓ O termo cuidado paliativo foi gradualmente trazido ao dicionário, como sinónimo de
cuidado de “ hospice”;
✓ Portugal:

-Objetivo Geral a prestação de cuidados continuados integrados incluindo a prestação


de cuidados paliativos segundo níveis de diferenciação;

-Os cuidados paliativos estão dentro da rede nacional de cuidados continuados


integrados.
Cuidados continuados de saúde

-Os cuidados de saúde prestados a cidadãos com perda de funcionalidade ou em situação de


dependência, em qualquer idade, que se encontrem afetados na estrutura anatómica ou nas
funções psicológica ou fisiológica, com limitação acentuada na possibilidade de tratamento
curativo de curta duração, suscetível de correção, compensação ou manutenção e que necessite
de cuidados complementares e interdisciplinares de saúde, de longa duração;

Rede cuidados de saúde

✓ Assenta num conjunto de serviços prestadores de cuidados de recuperação em


interligação com a rede de prestação de cuidados primários e com os hospitais
integrados.
Cuidados Paliativos

- Os Cuidados Paliativos constituem uma resposta organizada à necessidade de tratar, cuidar e


apoiar ativamente os doentes com prognóstico de vida limitado.

Ação Paliativa

✓ Representa o nível básico de paliação e corresponde genericamente à prestação de ações


paliativas, sem recurso a equipas ou estruturas diferenciadas;
✓ Pode ser prestada em internamento, em ambulatório ou no domicílio por qualquer
profissional clínico;
✓ Medidas terapêuticas sem intuito curativo que visam minorar em internamento ou no
domicílio as repercussões negativas da doença sobre o bem-estar global do doente,
nomeadamente em situação de doença irreversível ou crónica progressiva;
✓ Entre os princípios básicos dos cuidados paliativos estão a morte como um processo
natural e a ortotanásia, que implica em não provocar eutanásia ou induzir a distanásia
dos pacientes, nos seus últimos dias de vida.

Objetivos:

✓ Aliviar as dores físicas, assim como os outros sintomas, e ter em conta o sofrimento
psicológico, social, e espiritual de luto de modo a colmatar as necessidades da família;
✓ O melhor controlo de sintomas:

-Facilitar o ajustamento às perdas inerentes à doença avançada e terminal;

-Morte digna, com o menor sofrimento, no lugar escolhido pelo doente;

-Prevenção de problemas ligados ao luto.


A quem se dirige

✓ Ao doente enquanto pessoa, à sua família e aos que lhe são próximos, no seu domicílio
ou em instituição;
✓ Doentes com cancro;
✓ Doentes com Sida em estádio avançado;
✓ Doentes com insuficiências de órgão avançadas (cardíaca, respiratória, hepática,
respiratória, renal);
✓ Doentes com doenças neurológicas degenerativas e graves;
✓ Doentes com demências em estádio muito avançado

Fases Paliativas

✓ Aguda: refere-se a uma fase de desenvolvimento inesperado de um problema;


✓ Em deterioração: fase em que ocorre um desenvolvimento gradual dos problemas sem
que haja necessidade de uma alteração súbita no plano de tratamento;
✓ Terminal: diz respeito à fase em que a morte está eminente numa previsão curta;
✓ Estável: nesta fase incluem-se os doentes que não estão em nenhuma das fases
anteriores.

Morte

✓ As atitudes face à morte parecem, de acordo com ritmos, estar a evoluir, de se moverem
entre os domínios do privado e do social, ao preservar, com estas estranhas oscilações
este duplo carácter”;
✓ Cuidar de alguém que morre, é cuidar da sua dignidade;
Controlo de sintomas

✓ Cada sintoma pode entender-se como sendo uma doença própria, com a sua etiologia,
patogenia, fatores prognósticos, e ainda uma terapêutica que pretende eliminar o
próprio sintoma/doença;
✓ A qualidade de vida está diretamente dependente do bom controlo de sintomas;
✓ Diferenças entre sintoma de doença aguda e sintoma de doença crónica;
✓ Em cuidado paliativo toda a equipa participa no controlo dos sintomas;
✓ A abordagem multidisciplinar é a marca dos cuidados paliativos;
✓ Os sintomas são afetados pelos diferentes fatores - físicos, emocionais, sociais, éticos e
espirituais;
✓ Conhecimento/documentação sobre o diagnóstico primário, extensão da doença e
tratamentos prévios.

Abordagem Interdisciplinar do Controlo dos Sintomas

✓ Médico;
✓ Enfermeiro;
✓ Psicólogo;
✓ Assistente social;
✓ Fisioterapeuta;
✓ Dietista;
✓ Apoio espiritual;
✓ Voluntariado.
Farmacoterapia

✓ Os mesmos princípios básicos:

-Escolha do medicamento mais versátil;

-Medicamentos que controlam mais que um sintoma;

-Preferência pela via oral;

-Vias alternativas: sublingual, rectal, transdérmica e subcutânea.

✓ Facilidade de utilização no domicílio e por cuidadores não especializados;


✓ Conhecimento generalizado dos efeitos secundários;
✓ Custo (duração)

NOTAS:

✓ Não utilizamos via EV em doentes paliativos

Princípios do controlo de sintomas

✓ Antecipação e prevenção;
✓ Avaliação;
✓ Explicação e informação;
✓ Tratamento individualizado;
✓ Reavaliação e supervisão;
✓ Atenção ao detalhe
A) Antecipação e prevenção:

- Muitos problemas podem ser antecipados e até prevenidos;

-Ex: dor, compressão da espinal- medula, hipercalcémia

B) Avaliação

-Qual a causa do sintoma?;

-Qual o mecanismo patológico subjacente?

-Que terapêuticas já foram instituídas?

-Qual é o impacto do sintoma na vida do doente.

C) Explicação

-Explicar os mecanismos subjacentes em termos simples;

-Discutir as escolhas terapêuticas com o doente;

-Explicar o tratamento aos familiares

D)Tratamento individualizado

-Atuar sobre as causas que podem ser alteradas;

-Uso de tratamento farmacológico e não farmacológico;


-Utilizar fármacos com intuito profilático em sintomas persistentes

-Utilizar sempre recomendações escritas;

-Discutir com outros profissionais as situações difíceis;

-Nunca diga “tentei tudo” ou “Nada mais posso fazer”.

E) Atenção ao detalhe

-A atenção ao pormenor é importante em todas as fases de intervenção: na avaliação, na


explicação, ao planear e prescrever o tratamento e ao monitorizar os efeitos do tratamento;

-Também é importante nos aspetos não físicos dos cuidados.

F) Sintomas referidos

- Sintomas não controlados pelas intervenções standard.

G) Sedação para controlo de sintomas

-É necessário ter um conhecimento claro dos aspetos médicos, éticos e legais relacionados
com o controlo dos sintomas nomeadamente no fim de vida;

-Existe alguma confusão acerca da distinção do tratamento agressivo dos sintomas e a


eutanásia;

-Morrer com qualidade de vida.


H) Princípios éticos e controlo dos sintomas

- Beneficência: Fazer o bem. Tudo o que se fizer para controlar os sintomas e aliviar o
sofrimento é fazer o bem;

-Não-maleficência: Prevenir o dano. Por ex. é imperativo antecipar medidas ativas para
evitar os efeitos secundários dos medicamentos (opioides);

-Autonomia: Respeito pela vontade do doente.

I) Sedação para controlo dos sintomas

-A sedação é a titulação de medicamentos sedativos e analgésicos com o objetivo de


controlar os sintomas difíceis. Ajusta-se a medicação para se atingir o controlo desses sintomas
difíceis mesmo sabendo que as funções cognitivas respiratória e cardíaca possam ficar
comprometidas e instáveis secundariamente (Princípio do duplo efeito);

-O objetivo é aliviar os sintomas e o sofrimento;

-A sedação é exclusivamente administrada para responder ao sofrimento ou aos seus


sinais;

-Deve ser proporcional;

-Não pode confundir-se nunca com propósitos eutanásicos;

-As doses devem ser aumentadas progressivamente;

-É obrigatório o registo da atuação no processo.

-Medicamentos usados:

✓ Midazolam;
✓ Haloperidol;
✓ Levopromazina;
✓ Morfina (obstipação)
✓ Escopolamina
J) Comunicação

-Junto com o controle de sintomas a comunicação constitui uma necessidade básica na


atenção ao doente terminal e que sem uma comunicação adequada é muito difícil ajudar doente
e família

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