Você está na página 1de 37

Arlindo Jaime Armando

Desafios na Actuação do Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional, Um


Olhar Sobre os Profissionais de Educação e Alunos da E.S.G. de Amizade Lichinga
(2019-2020)

(Licenciatura em Psicologia Educacional com Habilitações em Orientação Vocacional)

Universidade Rovuma
Extensão Niassa
2020
Arlindo Jaime Armando

Desafios na Actuação do Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional, Um Olhar


Sobre os Profissionais de Educação e Alunos da E.S.G. de Amizade Lichinga (2019-
2020)

(Licenciatura em Psicologia Educacional com Habilitações em Orientação Vocacional)

Projecto de carácter avaliativo a ser


entregue no Departamento de Ciências de
Educação e Psicologia, sob supervisão do
Msc: Calisto Silvestre

Universidade Rovuma
Extensão Niassa
2020
Índice pág.
Agradecimentos..........................................................................................................................v

Lista de Símbolos e de Abreviaturas.........................................................................................vi

Lista de Tabelas........................................................................................................................vii

Resumo....................................................................................................................................viii

CAPITULO I..............................................................................................................................9

1. Introdução........................................................................................................................9

2. Aspectos Preliminares da Pesquisa.......................................................................................10

2.1. Tema da Pesquisa...........................................................................................................10

2.2. Delimitação do Tema.....................................................................................................10

2.3. Objecto de Estudo..........................................................................................................10

2.4. Problematização.............................................................................................................10

2.5 Justificativa......................................................................................................................12

2.6. Objectivos.......................................................................................................................13

2.7. Hipóteses........................................................................................................................14

2.8. Localização geográfica da Escola Secundária Geral de Amizade.................................14

CAPITULO II...........................................................................................................................15

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................................15

2. Psicologia Escolar e Educacional......................................................................................15

2.1. Caracterização da Psicologia Escolar.........................................................................15

2.2. Desafios na Actuação do Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional..................17

2.2.1. O Psicólogo Diante do Fracasso Escolar............................................................24

2.3. O Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional na Intervenção com o Aluno........26

2.4.Novos Paradigmas na Prática do Psicólogo Escolar………………………………..27


2.5. Finalidades da Psicologia Escolar e Educacional......................................................28

CAPITULO III..........................................................................................................................30

1. METODOLOGIA DE PESQUISA................................................................................30

1.1. Tipo de pesquisa.....................................................................................................30

1.2. Métodos..................................................................................................................31

2. TÉCNICAS DE COLECTA DE DADOS.....................................................................31

2.1. Observação Directa.................................................................................................31

2.2. Entrevista................................................................................................................32

2.3. Questionário............................................................................................................32

3. UNIVERSO/POPULAÇÃO..........................................................................................32

3.1. Amostra..................................................................................................................33

4. Cronograma de Actividades...........................................................................................33

5. Orçamento......................................................................................................................33

6. Conclusão..........................................................................................................................34

7. Bibliografia...........................................................................................................................35

Apêndices..................................................................................................................................37
v

Agradecimentos
É por este meio que agradeço em primeiro lugar a Deus, ao docente que esta a supervisionar o
meu projecto (Calisto Silvestre), pelo desempenho que tem dado para a construção deste
projecto e ensinamentos que aprende durante o período de aulas, em disposição do docente,
agradeço a todos os docentes do curso que directa ou indirectamente contribuíram bastante na
minha formação. Também, especialmente agradecer a minha família por estarem à incentivar-
me, aos meus estudos e partilhando tudo que necessário para o desempenho e continuação dos
meus estudos, amigos e colegas que directa ou indirectamente apoiaram-me.

Muito obrigado à todos!


vi

Lista de Símbolos e de Abreviaturas


ESG – Escola Secundária Geral

Pág – Página

Tab - Tabela

UR - Universidade Rovuma
vii

Lista de Tabelas
Tab1: Cronograma de actividades, página 33.

Tab2: Orçamento, página 33.


viii

Resumo
A actuação profissional dos psicólogos no contexto escolar é marcada por numerosos desafios
que oscilam entre a formação académica e os dilemas vivenciados entre as acções
desenvolvidas e as acções esperadas. Esses desafios vão configurando a identidade
profissional e apontando uma diversidade de acções e perspectivas de inserção nas escolas. O
presente estudo buscou identificar as acções que estão sendo empreendidas e os desafios
enfrentados pelos psicólogos nas instituições de ensino na cidade de Lichinga. A pesquisa foi
mista e os dados foram colectados através de um questionário e uma entrevista semi-
estruturada aplicada entre os profissionais da educação e alunos. Os resultados revelaram uma
diversidade de acções em desenvolvimento, agrupadas em actividades direccionadas aos
alunos, aos pais, aos professores e à instituição escolar. A diversidade de desafios revela
questões interligadas à construção de identidade, às condições de trabalho e à formação, que
não foi suficiente para atender às exigências do contexto escolar. Além de ter tido a
oportunidade de conhecer, de perto, a actuação desse profissional, o estudo ainda permitiu
tecer reflexões sobre a importância de uma formação profissional sintonizada com as
necessidades de cada contexto e alicerçada em conhecimentos capazes de auxiliar na
compreensão e intervenção não apenas na instituição escolar, mas nos diversos contextos
educativos.

Palavras-Chave: Desafios. Acções. Psicólogo escolar. Educação.


9

CAPITULO I

1. Introdução
Falar actualmente dos desafios na actuação do psicólogo no contexto escolar, têm sido uma
preocupação para os profissionais desta área, uma vez que falar de psicólogo no contexto
escolar é falar de alguém que vem nas escolas para dar auxílio aos demais profissionais da
educação de modo a solucionarem certas anomalias que são encontradas nas instituições
escolares.

Este artigo socializa os resultados de uma pesquisa que objectivou identificar as acções e os
desafios que permeiam o quotidiano dos psicólogos escolares. Desde o seu início, a actuação
do psicólogo escolar tem sido permeada por questionamentos e desafios. Discorrendo sobre
as origens e o desenvolvimento da Psicologia escolar, PFROMM NETO (2001) refere que
inicialmente essa área tinha o compromisso ou intenção de promover o bem-estar e o
desenvolvimento saudável das crianças em idade escolar.
Hoje, já esboça uma preocupação em ampliar sua abrangência para adultos da escola, como
pais, professores e comunidade. Os desafios que se interpõem a essa actuação perpassam a
formação dos psicólogos escolares, as condições de trabalho que lhes são oferecidas, as
exigências feitas pelas instituições, a visão de sociedade que norteia a prática.
No futuro, diante das transformações sociais e culturais, o psicólogo escolar ajudará os
agentes educativos e os alunos a conviverem com a desordem, a contradição e a ambiguidade
presentes, a transcender as dualidades, resistindo às tendências desestabilizadoras dos
sistemas, acreditando que o impossível nada mais é do que um possível viável e, ao mesmo
tempo, valorizando seus conhecimentos e acervos culturais existentes (NOVAES, 2001, p64).

Uma vez que este estudo tem seu foco na actuação do psicólogo no contexto escolar,
delimitamos os objectivos que nortearam a investigação.

Como objectivo geral, nós propusemos a conhecer as acções e os desafios enfrentados pelos
psicólogos durante a sua actuação nas instituições escolares. Os objectivos específicos
ficaram assim delimitados: identificar as acções e os desafios do psicólogo no contexto
escolar, descrever os tais desafios encontrados na actuação do psicólogo no contexto escolar e
propor medidas para ultrapassar os desafios que o psicólogo no contexto escolar encontra na
actuação do mesmo.
10

2. Aspectos Preliminares da Pesquisa

2.1. Tema da Pesquisa


 Desafios na Actuação do Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional, um Olhar
Sobre os Profissionais da Educação e Alunos da E.S.G. da Amizade-Lichinga (2019-
2020).

2.2. Delimitação do Tema


A pesquisa será realizada na Cidade de Lichinga, na E.S.G. de Amizade, no período de 2019-
2020.

2.3. Objecto de Estudo


Segundo LACATOS & MARCONI (1991:103) “objecto de estudo responde questão o
quê?”Neste contexto, o objecto de estudo da presente pesquisa é a orientação escolar.

2.4. Problematização
Muitas vezes tendo em conta ou não, assistimos em Moçambique, especialmente na província
de Niassa, na cidade de Lichinga muitos casos em que os profissionais de educação tem
passado por vários desafios na actuação dos mesmos nas instituições escolares. As
possibilidades de actuação do psicólogo na instituição escolar constituem, ainda, um tema de
reflexão e de debate entre esses próprios profissionais, especialmente entre aqueles
interessados em contribuir para o melhoramento da qualidade do processo educativo.

Os profissionais da área Escolar e Educacional, embora tenham, cada vez mais, avançado no
conhecimento dos processos de escolarização assim como das problemáticas históricas e
contemporâneas da educação, ainda têm muitos desafios nesse âmbito de actuação.

Deste modo, a actuação do psicólogo no contexto escolar tem se voltado ao atendimento de


demandas colectivas, com o objectivo de contribuir para o processo de ensino-aprendizagem
e favorecer o desenvolvimento sócio emocional de crianças e adolescentes que frequentam o
contexto escolar. Nesse sentido, as acções do psicólogo escolar podem estar voltadas à
promoção da reflexão sobre a realidade e o quotidiano da escola, por meio do diálogo entre
os seus actores, bem como ao favorecimento das relações interpessoais entre os agentes
educacionais, alunos e suas famílias.
11

MARTINEZ (2010, P5), classifica as formas de actuação do psicólogo na escola em dois


grupos: os “tradicionais” e os “emergentes”.

Essa classificação tem apenas como objectivo gerar visibilidade sobre as formas de actuação
que apresentam correspondência com a concepção ampla de Psicologia Escolar a que temos
feito referência e que, mesmo não estando ainda consolidadas no País, se mostram
promissoras para fortalecer a contribuição da Psicologia para a optimização dos processos
educativos na instituição escolar.

No entanto, é importante salientar que ambas as formas de actuação, as “tradicionais” –


aquelas que podem ser consideradas com uma história relativamente consolidada – e
as“emergentes” – as que apresentam configuração relativamente recente –, coexistem e
guardam entre si inter-relações e interdependências diversas.

Segundo MARTINEZ (2010), o Psicólogo escolar deve atender a uma demanda de nível
institucional, especialmente no que diz respeito à subjectividade social da escola, visando
delinear estratégias de trabalho favorecedoras das mudanças necessárias para a optimização
do processo educativo.

Deste modo, a partir de um sensível processo de diagnóstico e análise das necessidades


institucionais, o psicólogo pode sugerir, delinear e coordenar estratégias de intervenção
direccionadas a potencializar o trabalho em equipa, mudar representações cristalizadas e
inadequadas sobre o processo educativo, desenvolver habilidades comunicativas, mediar
conflitos, incentivar a criatividade e a inovação, melhorar a qualidade de vida no trabalho e
outras tantas acções, como contribuição significativa para o aprimoramento do
funcionamento organizacional.

A experiência vivenciada analisada do grupo de extensão universitária numa escola privada


da cidade de Lichinga, revelou algumas possíveis dificuldades que podem estar presentes e
que podem surgir no decorrer da actuação do psicólogo na escola.

A fim de compreender de maneira clara este fenómeno em pesquisa, a nossa maior


preocupação reside em perceber: como ultrapassar os desafios encontrados na actuação do
psicólogo no contexto escolar?
12

2.5 Justificativa
A escolha do tema tem a ver com a preocupação, interesse e comprometimento que se tem
em relação as acções e desafios encontrados perante a actuação de psicólogo no contexto
escolar. Logo no inicio do ano 2019 constatei muitos casos de insatisfação e desajustamento
escolar. Foi resultado de uma inquietação diante de questões verificadas em um grupo de
estudantes de Psicologia Educacional, quando o mesmo se deparou com desafios que
limitavam ou que se colocavam como dificuldades para um trabalho de Psicologia Escolar
naquele ambiente de ensino. A metodologia que norteou o presente trabalho utilizou-se da
abordagem qualitativa, a partir de pesquisa bibliográfica e relato de experiência.

Em Moçambique ponderamos que são muitas as dificuldades para a actuação do psicólogo na


escola, que vão desde a uma representação equivocada das formas de actuação deste
profissional e sua importância no ambiente educacional até um descompromisso do poder
publico com a negação do profissional do psicólogo como membro obrigatório da equipe
multidisciplinar na escola.

Na província de Niassa, na cidade de Lichinga em particular, percebe-se a escassez de


actuação de psicólogos no contexto escolar. Portanto, o que motivou o autor a escolher este
tema, surge constatação de muitos, confundirem assim as actividades dos profissionais da
educação nas escolas.

Representando um cruzamento entre a Psicologia e a Educação, o termo Psicologia Escolar se


confunde, na maioria das vezes, com Psicologia Educacional ou com da Educação. A
confusão em relação a estas terminologias ocorre em decorrência de concepções dicotómicas
entre prática e teoria que atribuem à Psicologia Escolar o carácter prático e à Psicologia da
Educação ou Educacional a função da construção de conhecimentos que possam ser úteis ao
processo educacional.

Do ponto de vista histórico, as Psicologias Escolares e Educacionais permaneceram como


campos distintos até muito recentemente. No entanto, essa dicotomia passou a ser
questionada por uma perspectiva crítica que considerava que teoria e prática são elementos
indissociáveis na constituição de qualquer ciência humana.

A partir de avanços teóricos e práticos relativos à Psicologia e de uma postura crítica diante
da actuação da área nas escolas, a relação Psicologia-Educação se modificou, configurando-
13

se por interdependência de conhecimentos. Nesta nova configuração, a Psicologia Escolar


passou a valorizar as relações e o contexto histórico no qual as dificuldades se instalam e,
actualmente, caracteriza-se por uma actuação preventiva e relacional que valoriza a
participação do professor e o cuidado com sua saúde psíquica.
A Psicologia Escolar tem, hoje, o desafio de ampliar seu campo de actuação para outros
contextos e níveis educativos e sistematizar acções diferenciadas que promovam o
desenvolvimento e a aprendizagem dos envolvidos no quotidiano.
Assim sendo, a adopção dos instrumentos psicológicos de classificação no interior das
instituições educativas se encontra, no nosso país, na origem do que se conhece como a
Psicologia Escolar e Educacional. Foi, portanto, nesse contexto adaptacionista e de correcção,
que emergiu a figura do psicólogo escolar ou psicólogo educacional, convocado à escola para
resolver problemas que surgiam neste espaço de formação. Um levantamento histórico acerca
da actuação do psicólogo escolar constata que a psicologia, enquanto instrumento aplicado às
práticas educacionais, se origina justamente no final do século XIX, com o empenho de
educadores e cientistas do comportamento em classificarem crianças com dificuldades
escolares e proporem às mesmas métodos especiais de educação, a fim de ajustá-las aos
padrões de normalidade definidos pela sociedade. (YAZLLE, 1997, p. 15).
São então desafios e empecilhos que somados a outros diversos, indo desde a ausência destes
profissionais à uma actuação limitada a uma parte da comunidade escolar, prejudicam a
actuação do Psicólogo Escolar, a partir do modelo crítico de actuação.

2.6. Objectivos

Geral:
 Conhecer os desafios enfrentados durante a actuação do psicólogo no contexto
escolar e educacional.

Objectivos Específicos

 Identificar os desafios do psicólogo no contexto escolar e educacional;

 Descrever os desafios encontrados na actuação do psicólogo no contexto escolar e


educacional;

 Propor medidas de modo a ultrapassar os desafios encontrados na actuação do


psicólogo no contexto escolar e educacional.
14

2.7. Hipóteses
RUDIO (1999: P97), observa que, “Hipótese é uma suposição que se faz na tentativa de
explicar o que se desconhece. Esta suposição tem por características o facto de ser
provisória, devendo, portanto, ser testada para verificar sua validade.”

Segundo GIL (2007), a hipótese é uma proposição testável, que pode ou não solucionar um
problema.

KÖCHE (2002), define hipótese como explicação, condição ou princípio, em forma de


proposição declarativa, que relaciona entre si as variáveis que dizem respeito a um
determinado fenómeno ou problema.

Alio-me ao pensamento do autor GIL, pois, percebo que uma hipótese é a afirmação positiva,
negativa ou condicional (ainda não testada) sobre determinado problema ou fenómeno.

Contudo, para esta pesquisa científica, e a par do problema acima mencionado, foram
levantadas as seguintes hipóteses:

H1: A actuação do psicólogo no contexto escolar favorece o desenvolvimento e a


consequente aprendizagem do aluno, a qual pode minimizar o fracasso escolar.

H2: No que diz respeito aos desafios da actuação do psicólogo no contexto escolar e
educacional, envolve questões sociais, politicas, ideológicas e educacionais.

H3: A realidade nas escolas necessita que, os psicólogos ocupem o seu lugar, devido à
necessidade que sentem sobre a actuação deste profissional. Entretanto, a maioria dos
educadores visualiza essa actuação de forma distorcida, como se tivesse solução capaz de
resolver os problemas que surgem no âmbito escolar, tanto no comportamento do aluno,
como nas dificuldades de aprendizagem que muitos alunos apresentam.

2.8. Localização geográfica da Escola Secundária Geral de Amizade


A Escola Secundaria Geral de Amizade localiza-se na cidade de Lichinga, arredores do bairro
de Sanjala, depois do Instituto Industrial Ngungunhane, em direcção ao Serviço das Obras
Públicas de Lichinga e Serviços de Estatística e tem como limites:

Norte – Rua da Direcção Provincial da Educação;

Sul - Residências populacionais;

Este – Rio Igreja Anglicana;

Oeste - Residências populacionais.


15

CAPITULO II

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2. Psicologia Escolar e Educacional


Segundo ANDALÓ (1984), a instituição escolar é um campo que tem como objectivo
desempenhar várias acções para o bem-estar dos indivíduos imersos nessa área. Dentre esses
objectivos se destaca a prevenção do não aprender e/ou ter dificuldades na aprendizagem;
evitação e/ou fuga das actividades escolares; impossibilidade de promoção escolar; bem
como carácter de impedimento para que não ocorram questões problemáticas envoltas nesse
ambiente. Embora na prática exista uma grande quantidade de conflitos e problemáticas nas
instituições escolares.
WEISS (2001, p. 22) menciona que na instituição escolar:
No que se refere ao aluno, engloba tantos aspectos emocionais que estão
relacionados ao desenvolvimento afectivo, assim como com o processo para
adquirir conhecimentos, deste modo reflectindo na produção escolar, o que
remete as características envoltas na forma de aprendizagem, cujo fato de
dificuldade relacionada à aprendizagem esteja estritamente na manifestação
de problemas relacionais entre a criança, ambiente familiar ou escolar.
O autor citado acima coloca que, o psicólogo escolar, na sua área de actuação, trabalha tanto
os aspectos emocionais, como os de ordem cognitiva, que se encontram relacionados ao
desenvolvimento afectivo e à aprendizagem. Também orienta professor e família sendo que,
nesta última trabalha os problemas afectivos relacionados à aprendizagem. Isto reflecte
consideravelmente na produção escolar.
Deste modo a importância do profissional de psicólogo no campo da educação se constitui
pela finalidade em contribuir para constituição do processo de educação. Ficando nesse
processo com o intuito de contribuir para a socialização do conhecimento histórico
concentrado para o desenvolvimento ético. Assim colaborando para detectar problemas
educacionais e problemas interpostos nos próprios alunos

2.1. Caracterização da Psicologia Escolar


Para Barbosa (2001, apud MACHADO, 2010) compreende-se por Psicologia Escolar um
campo de actuação do psicólogo, caracterizado pela utilização da Psicologia no contexto
escolar.
16

Tem o objectivo de contribuir para aperfeiçoar o processo educativo, entendido como


complexo processo de transmissão cultural e de espaço de desenvolvimento da
subjectividade.
Discorre Antunes (2008), que a própria história da Psicologia Escolar no Brasil, que por
muito tempo concentrava o trabalho na aplicação de testes psicológicos, com a finalidade de
medir capacidades e habilidades, e na identificação de uma possível psicopatologia, foi
alterada.
A Psicologia se constitui, segundo CASSINS (2007), desde os tempos coloniais, como uma
prática que se articula com a educação buscando alternativas para auxiliar o processo
educativo.
Nesse sentido, compreende o desenvolvimento ensino/aprendizagem a partir dos
conhecimentos sobre o desenvolvimento emocional, cognitivo e social, para assim
direccionar a equipe educativa no aperfeiçoamento da escolarização do aluno.
Para CASSINS (2007) a participação do psicólogo escolar na equipe multidisciplinar é
imprescindível, uma vez que, respalda essa equipe, com conhecimentos e experiências
científicas acerca do processo de aprender e aprendizagem do aluno. Mostrando que, os
déficits de aprendizagem muitas vezes têm as causas na educação familiar, outras vezes na
ausência de uma vinculação sólida familiar. Desta forma, é preciso levar em conta a relação
professor-aluno e estudar cada caso em profundidade.
CASSINS (2007) descreve que a actuação do psicólogo também visa subsidiar a distribuição
apropriada de conteúdos programáticos, que deve ser efectuada de acordo com as fases de
desenvolvimento dos alunos, selecção de estratégias, apoio ao professor no trabalho com uma
população diversificada de alunos, desenvolvimento de técnicas inclusivas para alunos com
dificuldades de aprendizagem e/ou comportamentais, programas de desenvolvimento de
habilidades sociais e outras questões relevantes no processo ensino-aprendizagem.
De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 1992), mais do que impedir ou
prevenir problemas mentais ou comportamentais, o psicólogo deve favorecer a criação de
espaços a fim de promover a saúde e o bem-estar de todos os que frequentam instituição
escolar e, a partir de suas estratégias de intervenção, proporcione a diminuição de
dificuldades no processo de adaptação escolar e de aprendizagem.
Desta forma, a actuação e prática do psicólogo no contexto educacional devem estar ligadas a
um processo de reflexão crítica da realidade, do dia-a-dia da escola e de seus integrantes,
conhecendo o aluno por meio do diálogo com todos os diversos elementos envolvidos com a
17

aprendizagem. Neste contexto, o profissional de Psicologia assume um papel de agente de


mudanças das impossibilidades, dentro da instituição, torna-se importante a aplicação dos
conhecimentos provenientes da Psicologia no âmbito educacional, que contribuam com a
melhoria do processo ensino-aprendizagem.
A Psicologia Escolar foi reconhecida como uma especialidade, pelo CFP em 1992. Diante
disso se ressalta o modelo de actuação do psicólogo no âmbito da educação institucional
possibilitando a realização de pesquisas, diagnóstico e intervenção preventiva ou correctiva,
tanto em grupo, como de forma individual.
BARBOSA (2001, p. 79, apud MACHADO, 2010) discute, que fica difícil traçar um perfil da
actuação do psicólogo, visto que há certa distância entre o papel atribuído ao psicólogo no
campo teórico e as demandas que se espera que sejam atendidas no quotidiano escolar. Por
isso há necessidade de serem desenvolvidas referências para a actuação do psicólogo no
contexto da escola, bem como de articular a prática à teoria.
Para NOVAES (1996, apud MACHADO, 2010), actualmente a actuação do psicólogo
emerge com objectivo contextualizado e direccionando a Psicologia Escolar para problemas
individuais e/ou colectivos concernentes ao aprender. Desta forma, o tema favorece
discussões e padrões de prevenção referentes ao fracasso escolar do aluno. O ambiente
escolar é uma área que contribui para o carácter reflexivo e interventivo do psicólogo, o que
torna como fundamental o desempenho da Psicologia nesse campo educacional.
Segundo BARBOSA (2001, p. 79, apud MACHADO, 2010):
O profissional psicólogo no contexto escolar tem a função de facilitar e
interagir com o aluno, proporcionando situações para que resultem através
de recursos lúdicos e na brincadeira em conjunto, dialogando sobre as
acções realizadas por esse sujeito, que constrói e aprende, indivíduo que
brinca de fazer histórias, que resolve dificuldades, formador de seu processo
de aprendizagem tanto afectiva como cognitiva.

2.2. Desafios na Actuação do Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional


Após a inserção do psicólogo na escola, a sua actuação foi descrita pelos participantes como
sendo junto aos alunos. O papel do psicólogo seria o de resolver os problemas dos alunos, a
partir da solicitação dos profissionais de educação, seja no nível individual ou grupal, tendo
autonomia na escolha e na implementação das estratégias. As análises mostraram que os
problemas mais comumente relatados foram: problemas comportamentais, bullying e
dificuldades na convivência escolar. Os autores apontam que esse tipo de actuação do
psicólogo deriva do fato de que a comunidade escolar não identifica outras funções para o
psicólogo, uma vez que ela não tem uma representação prévia do que o psicólogo escolar
18

pode fazer. Mas também os psicólogos investigados não tinham clareza sobre o que fazer no
contexto escolar.
MARINHO-ARAÚJO & ALMEIDA (2005) reafirmam a importância da dimensão
preventiva na actuação do psicólogo escolar. De acordo com as autoras, nessa perspectiva
estão implicadas acções e estratégias para que o psicólogo escolar facilite e incentive a
construção de procedimentos de ensino diversificados, promovendo a reflexão e
conscientização de funções, papéis e responsabilidades dos sujeitos em interacção no
contexto escolar, além de buscar, junto com a equipe escolar, a superação dos obstáculos à
apropriação do conhecimento.
O foco na prevenção e promoção de saúde também é destacado por RODRIGUES & COLS.
(2008, p.69), para os quais “a promoção de saúde constitui uma estratégia fundamental no
contexto escolar, parte-se da necessidade de buscar o desenvolvimento global do indivíduo,
estimulando suas competências e favorecendo sua integração junto à comunidade”.
A partir desse posicionamento, o papel do psicólogo no contexto escolar, portanto, deve ser
pautado por acções que objectivem e promovam o desenvolvimento dos alunos em processo
de escolarização.
Assim, nessa perspectiva, a Psicologia dentro da escola deve estar engajada ao processo
pedagógico, dando suporte ao trabalho com os demais profissionais. Ressalta-se que esse tipo
de trabalho só será possível na medida em que todos os actores sociais tiverem clareza do seu
papel e função (FARRELL, 2009).
Portanto, investigar as concepções dos profissionais educacionais sobre a actuação do
psicólogo na escola é um dos primeiros passos para se reflectir acerca da actuação desse
profissional.
Ressalta-se, portanto, que as acções do psicólogo no contexto escolar devem ser
fundamentadas na concepção de um indivíduo como parte de sistemas relacionais,
constituídos pela cultura e história.
Além disso, é importante que os profissionais reconheçam a complexidade constitutiva dos
indivíduos e dos processos sociais humanos, bem como das práticas sociais das quais a
educação constitui uma expressão (MARTINEZ, 2010).
ANDRADA (2005) & GIONGO & OLIVEIRA-MENEGOTTO (2010) sugerem que, dessa
forma, não é comum a professores e gestores a noção de um psicólogo que actue de forma
institucional, articulando vários segmentos (estudantes, família, professores, directores, etc.)
19

Os profissionais educacionais e os alunos identificam o psicólogo escolar como um


‘especialista’, ou seja, aquele que tem o conhecimento, saberes e habilidades únicas para
resolver certas problemáticas do aluno, mas também como um profissional ‘auxiliar’,
dispensável, mostrando que não há muita necessidade de seus serviços, podendo ser
solicitado apenas nos momentos considerados difíceis ou insolúveis. Resultado similar foi
encontrado por ROSSETTI e COLS. (2004).
Para que a posição ocupada pelo psicólogo escolar não seja a de especialista, aquele que,
sozinho, resolverá “magicamente” os problemas na escola, é necessário que os problemas
sinalizados sejam por ele compreendidos como dificuldades nas interacções dentro dos
diferentes subsistemas, isto é, professor-alunos, alunos-alunos, professores-direção etc., tendo
em vista que estas se processam de forma coerente com os contextos nos quais se encontram
(CURONICI & MCCULLOCH, 1999).
Intervenções no âmbito da escola podem contribuir para o aumento do conhecimento da
comunidade escolar acerca do papel do psicólogo. Já a concepção de um profissional
‘auxiliar’ pode estar relacionada a certa rejeição à figura do psicólogo escolar, bem como ao
próprio desconhecimento acerca da actuação desse profissional (MARTINEZ, 2010).
WISE (1995) considera que a comunicação entre o psicólogo escolar e os pais é importante
para que dividam informações sobre a criança: a impressão positiva dos pais sobre os
cuidados que o filho recebe permite que possam seguir as recomendações, abrindo caminho
para a cooperação e para uma melhor comunicação com os professores e demais membros da
escola, permitindo-lhes redimensionar sua actuação em parceria na busca do aproveitamento
escolar e no desenvolvimento dos filhos. O psicólogo escolar precisa ter conhecimentos sobre
a influência da família no desempenho da criança para delinear as intervenções casa-escola
em busca da inserção da criança nas relações éticas e morais que permeiam a sociedade que
as envolve.
Para compreender melhor o significado, para a criança, do papel da família e da sua relação
com a escola, pode-se recorrer a BRONFENBRENNER (1996), que contribuiu com a visão
ecológica no estudo do desenvolvimento humano, onde destaca o aspecto mutável, tanto do
ambiente como do indivíduo. Ele define o desenvolvimento como uma mudança no modo
como a pessoa percebe e actua sobre o ambiente.
Há necessidade de se compreender o contexto do desenvolvimento infantil, com sensibilidade
para as características típicas ou atípicas que ocorrem indiferentes às variáveis de idade, sexo,
cultura etc., interpretando os dados a partir dessa perspectiva. Verificou-se uma grande
20

incidência de dificuldades referentes ao amadurecimento neuro-psicomotor, mas estas, além


de obedecer a um ritmo específico de criança para criança, ainda sofrem influência da
estimulação ambiental (93 no total).
GUZZO (1990), MARCHESI & MARTIN (1995) definem essas dificuldades de
aprendizagem como desordens que acontecem no processo de aquisição de aprendizagem de
um modo geral, não necessariamente como consequência das causas endógenas/orgânicas,
mas, sim, provenientes de factores variados que podem ser mais facilmente removidos ou
eliminados. Ainda assim, esses processos correspondem a uma dificuldade funcional das
habilidades cognitivas, que obedecem a um comando cerebral que se mostra em atraso
quando comparado com a maioria de crianças dessa faixa etária, o que as deixa em
desvantagem numa avaliação que não valorize o seu próprio ritmo.
Ao mesmo tempo, em vez de serem apartadas de seu ambiente, elas necessitam, ao contrário,
de uma participação e de um envolvimento maior para superar seus próprios limites, onde a
auto-estima, que normalmente se machuca nas frustrações, precisa ser o suporte para sua
mudança.
Esse levantamento possibilitou, também, notar os aperfeiçoamentos que se fazem necessários
nesse serviço, em dois níveis: no encaminhamento das crianças pelas escolas (porque a
demanda é muito superior à capacidade de atendimento) e na prevenção (uma vez que a
maioria dos problemas mereceria uma intervenção anterior ao estabelecimento do quadro).
Acredita-se, entretanto, que esses dois aspectos estão interligados e denunciam a ausência do
psicólogo escolar, que poderia actuar no ambiente natural da criança (na escola e junto à
família) tanto na prevenção como na solicitação de avaliações específicas, realizando as
orientações à escola e à família antes que a criança sofresse frustrações e desencantos que
corrompessem sua auto-estima e determinassem sua marginalização
O psicólogo escolar precisa, portanto, articular os diversos ângulos de uma pluralidade de
vozes e estilos que compõem o mundo da criança.
Como afirma MORIN (1995), o problema não está em que cada um perca sua competência,
mas em que a desenvolva suficientemente para articulá-la com outras competências
(disciplinas e conhecimentos) que, ligadas numa cadeia, formariam o anel completo e
dinâmico, o anel do conhecimento.
A escola é um espaço vital para a promoção da saúde e é preciso construir uma prática
voltada para a interlocução com outras áreas de conhecimento, para articular com outras
competências uma ética de transformação social e um novo conceito de saúde, conforme
21

aponta Branco (1999, p34): “A saúde envolve a eliminação da fome, da miséria, da


ignorância e de qualquer forma de opressão. O compromisso do psicólogo só pode ser com a
mudança social”.
Cabe-lhe pesquisar, intervir, planejar e promover a saúde mental no contexto escolar que,
obviamente, não se aparta do restante do ambiente que envolve o aluno. O duplo desafio que
se ergue diante do psicólogo escolar, o de afirmar-se no seu espaço de trabalho para lidar com
os aspectos psicológicos e educacionais que envolvem o desenvolvimento infantil e sua
adaptação no mundo, faz parte do seu campo de actuação.
A existência de conflitos pode ser justamente o factor que torna a presença do psicólogo
necessária em ambiente multidisciplinares e, mais ainda na escola, onde se constrói uma
nação.
A actuação do psicólogo escolar é, marcadamente, remediativa e focalizada no indivíduo,
uma vez que a tendência psicometrista predominava, enquanto a prática da Psicologia se
apoiava na aplicação de testes. Nessa tentativa de participar do corpo administrativo escolar,
o psicólogo precisava limitar-se ao cliente-aluno, evitando interferir nas decisões docentes,
como se o seu campo de estudo pudesse estar alheio à influência do ambiente. Entretanto, os
problemas escolares como evasão, repetência, diferenças sociais, associados aos avanços da
ciência, levaram o psicólogo a buscar um outro nível de contribuição eficaz. O modelo
clínico passou a ser criticado na escola porque não questionava o sistema escolar (ANDALÓ,
1984, p.43-46).
Surgiu a preocupação em valorizar o processo de aprendizagem, priorizando-se uma actuação
mais abrangente e indirecta, voltada para programas de treino para alunos com dificuldades,
preparação e treinamento de professores, o que ALMEIDA e GUZZO (1992, p.126) apontam
como um salto marcante que resultou em “uma prática mais incisiva, presente e eficiente da
Psicologia no contexto educativo”. O psicólogo tornou-se requisitado como um solucionador
de problemas, numa intervenção remediativa, porém com foco de actuação institucional.
A prática de acção dos psicólogos escolares se voltou para a escola fundamental
predominando, mas com a nova concepção do contexto educacional, acreditando-se na
promoção de saúde, que passou a representar um recurso indispensável na expectativa de um
desenvolvimento satisfatório.
A saúde é um processo complexo, qualitativo, que define o funcionamento completo do
organismo, integrando de forma sistémica o somático e o psicológico, formando uma unidade
onde um actua sobre o outro. Além disso, o indivíduo é influenciado pelas interacções
22

pessoais e transacções com o meio; por isso, para compreender o desenvolvimento


emocional, é preciso ter em mente uma perspectiva biopsicossocial, de aspectos que
interagem e se complementam no sujeito em formação. Não só o indivíduo é modelado pelo
ambiente, como também o modela, e isso acontece para cada um de forma diferenciada,
conforme descreve REY (1993).
Ainda segundo REY (1993), o desenvolvimento de um sólido sistema de interesses, de
capacidade para decisões, da segurança em si mesmo, de uma auto-valorização adequada são,
entre outros indicadores, aspectos psicológicos indispensáveis a um desenvolvimento
saudável. O processo de ensino deve desenvolver operações que estimulem a autonomia, a
eliminação do medo, a segurança, a flexibilidade e o afã da busca, aspectos psicológicos que
caracterizam uma personalidade sadia.
A escola deve criar toda uma cultura de educandos para suas relações pessoais, e as crianças
e jovens devem aprender a comunicar-se, com a estimulação do diálogo e da capacidade de se
colocar no lugar do outro. A educação moral deve surgir através da reflexão de actividades e
enfatizar a necessidade de ser autêntico, de que se formem pessoas capazes de assumir seus
sentimentos e suas decisões, expressá-los e defendê-los.
O sucesso ou fracasso escolar da criança pode ser conceituado como o resultado da interacção
entre as características individuais do desenvolvimento, temperamento e motivação e
específicos factores ambientais encontrados em casa e na escola.
O psicólogo escolar deve, entre outras atribuições, investigar melhor o processo de
construção do conhecimento, enfocando os tipos de conhecimento trazidos pela criança ao
iniciar sua aprendizagem formal na escola e o que ocorre durante o processo, segundo
BRAMBILLA (1997).
A conduta do professor e o seu perfil pessoal interferem e têm peso significativo para o
desenvolvimento e o desempenho dos alunos (ANDREAZZI, JACARINI & PRIGENZI –
1994).
O psicólogo precisa, então, não apenas de conhecimentos psicológicos relacionados ao
desenvolvimento infantil e às influências ambientais que o atingem, mas também voltados
para a situação de aprendizagem e dos aspectos psico-pedagógicos envolvidos.
A actuação orientada para o grupo de alunos, não apenas para “alunos problemas”, pode
permitir que o professor perceba as crianças em seu jeito individual de ser, transpondo os
muros da escola para conhecer sobre o aluno mais do que o currículo escolar determina e,
23

dessa forma, melhorar o seu desempenho, envolvendo-se em seus interesses e realidades


(RIBEIRO DO VALLE, 2001).
As melhores práticas na adopção de programas de prevenção (HIGHTOWER, JOHNSON &
HAFFEY, 1995) sugerem, inicialmente, a identificação das necessidades pela análise dos
sistemas e programas e pela revisão de informações relevantes para que se estabeleça um
relacionamento entre o psicólogo escolar e os funcionários da escola, baseados em confiança,
respeito, boa comunicação e compreensão, que contribua efectivamente para a introdução do
procedimento.
Cada passo deve ser cuidadosamente avaliado e compreendido tanto na introdução do
programa quanto em sua manutenção e constante monitoração, garantindo eficácia. O
problema da seriedade da actividade científica tornou-se crucial, segundo MORIN (1998), e o
psicólogo escolar, mais do que nunca, necessita de pesquisas como material indispensável de
trabalho na promoção da saúde na escola e, é claro, na vida futura das crianças, não limitando
seu campo de acção a “problemas de aprendizagem” que não podem ser recortados do
restante do ambiente.
Além da escola, a família é um importante elemento na promoção da saúde porque nela se
forma e se desenvolve a personalidade das crianças, sendo, também, o grupo social onde o
homem expressa sua maior intimidade e espontaneidade, pois, como grupo, a família tem
liberdade para definir seu próprio sistema de normas, estilo de vida etc., como afirma REY
(1993).
Outro ponto de participação do psicólogo escolar é no acompanhamento, avaliação e
construção do projecto pedagógico da escola, o que pode ajudar este profissional a combater
os problemas identificados e aplicar técnicas específicas da Psicologia.
As possibilidades de actuação do psicólogo na instituição escolar
constituem, ainda, um tema de reflexão e de debate entre esses próprios
profissionais, especialmente entre aqueles interessados a contribuir para o
melhoramento da qualidade do processo educativo. (MARTÍNEZ, 2010, p
39)

Outros pontos que o psicólogo escolar pode actuar é na avaliação dos alunos de acordo com
projectos implementados, analisar e intervir em interacções nas salas de aula, desenvolver
programas de orientação junto aos pais, e orientar sobre questões de aprendizagem,
diagnosticar problemas relativos a queixas escolares, além de trabalhar problemas
comportamentais, como alunos agressivos, dificuldade de concentração, sexualidade
exacerbada com outros alunos, entre outros.
24

O papel do psicólogo na educação é o de mediar às discussões psicológicas e educacionais,


de modo a promover um debate entre os vários campos do saber, promovendo pesquisas de
assistência social, e sobre problemas interdisciplinares, além de intervir nas salas de aula. O
trabalho do psicólogo deve ser “uma ponte” em que liga o aluno e a formação educacional
que ele recebe, de modo a valorizar cada estudante como um ser único (contexto bio-psico-
social diferente).
O psicólogo deve ir além do que se vê. Ir além dos diagnósticos, análises, queixas e
problemas que lhe são apresentados, reflectir constantemente sobre seu papel na educação,
participar do quotidiano escolar, elaborar planos de acção de forma interdisciplinar, e apoiar
o desenvolvimento pleno do aluno/cidadão.

2.2.1. O Psicólogo Diante do Fracasso Escolar


Um dos mais graves problemas da realidade escolar moçambicana é o fracasso escolar.
Partindo do pressuposto de que experiências de sucesso e fracasso são comuns nas
experiências dos seres humano, independente de religião, género, raça, situação política,
económica ou social, contudo, quando unimos a palavra “fracasso” ao termo “escolar”,
mergulhamos em um contexto mais específico: A Escola, enquanto Instituição responsável
por proporcionar ensino/aprendizagem e formar alunos/cidadãos conscientes da realidade que
os cercam.
Mas, nem sempre a aprovação, esse sucesso de alunos, professores e de toda a escola é
alcançada.
O contexto actual traz como desafio a implantação de políticas e práticas que garantam uma
educação de qualidade em meio às características do sistema capitalista, que muitas vezes
situa a educação como mercadoria a ser comprada e vendida, em função de tendências do
mercado económico.
LAVAL (2004) discute a respeito da inserção da escola na lógica de mercado, comentando
que o conhecimento passa a ser um bem negociável, no qual os alunos investem
financeiramente para ter retorno futuro. O autor exprime, ainda, que, nesse modelo, não se
privatiza apenas o conhecimento, mas também as relações interpessoais.
Isso faz com que a educação, muitas vezes, torne-se superficial e incapaz de abordar aspectos
afectivos e relacionais, transpondo o desenvolvimento cognitivo.
A tecnologia, inclusive, tem seu uso restrito e não se aproveitam as riquezas de mediação que
ela pode proporcionar.
25

Quando nos reportamos à escola pública, isso se mostra ainda mais desafiador para se
efectivar uma educação de qualidade no País. Muitas escolas públicas nacionais não contam
com uma estrutura básica satisfatória. Além das limitações e complexidades do
financiamento, elas também enfrentam outras problemáticas, tais como: violência e
vulnerabilidade social no entorno, absenteísmo, dificuldades no ensino e na aprendizagem,
distanciamento entre a formação académica dos professores e a realidade prática, relações
políticas que muitas vezes são marcadas por decisões verticais e com pouca participação dos
educadores, entre outros impasses (AZEVEDO, 2007).
Todo esse panorama se reflecte nas relações de ensino e de aprendizagem, bem como na
subjectividade de alunos e de educadores.
É importante, também, a criação de momentos em que o profissional de Psicologia possa
falar de sua proposta de actuação, fazendo com que os diversos agentes envolvidos no
ambiente escolar tenham a ideia de que o Psicólogo Escolar não mais possui hipóteses
“verdadeiras” sobre os problemas do aluno. Esse aluno passa a ser compreendido em seu
desenvolvimento não apenas pelo olhar do profissional de Psicologia, mas também dos
demais agentes da instituição de ensino.
A intervenção do psicólogo deve também possibilitar o “pensar junto” com os alunos e
professores e os demais profissionais de educação, as relações estereotipadas e produtoras de
repetência, bem como as práticas que estigmatizam e excluem (MEIRA, 2003).
É importante que o psicólogo entre em sala de aula para discutir pontos como as diferenças, a
aceitação e o respeito ao outro, por exemplo, fazendo um trabalho paralelo com os
professores, que, no dia-a-dia da escola, de facto, estão mais próximos dos alunos.
Mais uma vez, concordando com MEZZALIRA, MOREIRA & GUZZO (2012) sobre a
necessidade de uma formação do psicólogo que envolva discussões políticas e práticas
direccionadas a sua participação na consolidação da profissão. Do contrário, isso tende a se
configurar como um empecilho para a entrada desse profissional na rede pública de
educação; e, ainda ousamos complementar, para a maior valorização e definição de seu papel
também na rede privada de ensino.
26

2.3. O Psicólogo no Contexto Escolar e Educacional na Intervenção com o


Aluno

Segundo ANDRADA (2005), historicamente o psicólogo tinha como fundamento na sua


actuação modelo clínico dentro da escola, no qual realizava diagnóstico. Após processava o
encaminhamento dos alunos que apresentavam desvios de comportamento, tais como:
dificuldades no direcionamento de atenção e concentração, disciplina, deficiência mental e
intelectual, desestruturação familiar. Assim como outras causas que justificavam o fracasso
escolar, sendo este um tema central da actuação desse profissional.
Para MARTINS (2003), com relação ao trabalho do Psicólogo na instituição escolar é
possível destacar que sua actuação deve estar focada nas relações que se estabelecem no
contexto escolar, sempre levando em consideração o meio social em que elas acontecem. O
Psicólogo pode ainda ajudar a aumentar a qualidade e eficiência do processo educacional
através do uso dos conhecimentos psicológicos. Desta forma, este profissional assume o
papel de agente de mudanças, com a sua actuação nos processos de aprendizagem.
Em consonância ao autor citado acima, é de ressaltar que, o profissional psicólogo no campo
da educação necessita de um ambiente para escutar as demandas da escola. Para poder pensar
formas de lidar com situações que são rotineiras, assim estabelecendo maneiras de cunho
reflexivo dentro do espaço escolar. Para que exista intervenção nessa rotina da escola, o
psicólogo precisa favorecer situações em que as práticas sociais sejam redignificadas,
propiciando a participação de todos que vivenciam o quotidiano escolar.
O surgimento da Psicologia Escolar esteve ligado à psicometria, em especial à aplicação de
testes psicológicos (ANDRADA, 2005). Com o predomínio de um modelo clínico de
actuação do psicólogo escolar voltado para o diagnóstico e “cura” dos problemas de
aprendizagem apresentados pelos alunos, cuja ênfase situava-se nos factores subjacentes ao
indivíduo em detrimento das causas ligadas aos factores institucionais, sociais e pedagógicos.
ANDRADA (2005, p. 137) partindo desse pressuposto acredita que:
Em meio a estas práticas centrais, o psicólogo escolar tenta solidificar sua
actuação profissional e capacitar-se tecnicamente para atender as
demandas peculiares da escola.Torna-se imprescindível, então, que ele a
dentre o universo dos mais variados diálogos da educação, bem como em
temas específicos, a exemplo das adaptações curriculares, projectos
pedagógicos e interdisciplinares, processos de aprendizagem, manejo e
técnicas de grupo, dentre outras propostas de trabalho que visem a uma
redignificação de olhares sobre o aluno e à redução de rotulações e
diagnósticos desprovidos de análises e observações convincentes.
27

ALMEIDA (1999) explica que, para uma efectiva actuação profissional, o psicólogo escolar
busca capacitar-se tecnicamente para atender os alunos. Para tal, este adentra no universo dos
mais variados temas da educação.

2.4. Novos Paradigmas na Prática do Psicólogo Escolar


O psicólogo no ambiente escolar, de acordo com ANDALO (1994), precisa favorecer formas
de intervenções de maneira que envolva todos aqueles sujeitos envolvidos no contexto. Sua
actuação poderá resultar no favorecimento da relevância na prática voltada para a actuação
desse profissional; promovendo o crescimento do aluno.
Deve-se voltar para a causa que está ligada estritamente para o surgimento dessa
problemática; considerando as relações estabelecidas nos ambientes em que esse aluno está
inserido, assim como os factores que interferem significativamente nesse aluno.
Concordando com a autora ANDRADA, na actualidade, a actuação do psicólogo no ambiente
escolar se dá através do direcionamento educativo, promoção de saúde, preocupando-se com
demandas relacionadas à cidadania; exclusão escolar. Compreendendo que não há um
posicionamento de neutralidade, pois toda acção é sempre mediada pelas questões éticas e
políticas, dessa maneira esse profissional de Psicologia visa sua actuação como um agente de
mudanças.
Nos dias actuais, o profissional de Psicologia no ambiente escolar precisa, para GOMES
(2013), apresentar suas contribuições aos educadores e funcionários da instituição, que
devem levar em consideração a maneira com que esses sujeitos estão tratando ou se
relacionando com o aluno. Sendo que, se o aluno está em processo de formação, as relações
que estão concretizadas nesse contexto são influenciadas tanto pelos vínculos estabelecidos
nesse local, assim como na história desse aluno.
O autor supracitado ainda coloca que a actuação do psicólogo escolar mantém uma visão
preventiva, pois contempla o atendimento aos alunos, pais e professores. Neste contexto,
visto que a relação de ensino e aprendizagem pode se mostrar inoperante, a presença do
psicólogo escolar revela sua importância por contemplarem alunos da mesma idade, mas em
diferentes níveis de aprendizagem. Esse aspecto compromete a aprendizagem, pois o
professor fica impossibilitado de atender a todos em seu nível de aprendizagem.
Para WEIS (2001), entre as dificuldades encontradas para a inserção da psicologia escolar,
ressalta-se o desconhecimento por parte dos pais e da instituição escolar quanto ao papel
efectivo deste profissional. Sabem que o papel não é clínico, mas ao mesmo tempo não vêem
o psicólogo como um facilitador das relações de ensino e aprendizagem. A psicologia escolar
28

tem suscitado inúmeras reflexões a cerca da identidade dos profissionais que nela actuam,
sobretudo a necessidade de uma redefinição do papel do psicólogo na escola.

Aliando-me ao pensamento do autor WEIS, a prática do psicólogo no contexto educacional deve


estar ligada a um processo de reflexão crítica da realidade, do dia-a-dia da escola e de seus
integrantes, conhecendo o aluno por meio do diálogo com todos os diversos membros que
formam o ambiente escolar, sobretudo, através do discurso do próprio aluno. O psicólogo
escolar sempre actua em parceria com os demais profissionais. Portanto, o psicólogo escolar
deve possibilitar ao professor o acesso ao conhecimento psicológico.
Segundo Machado (2010), a maioria dos psicólogos emitem laúdos psicológicos a respeito
das crianças com dificuldades escolares. Porém estes desconhecem a força desse instrumento
no ambiente escolar. O aluno pode sofrer o estigma de incapaz para aprender e, assim, todo o
cuidado é pouco na emissão desses laúdos.

2.5. Finalidades da Psicologia Escolar e Educacional


CASSINS (2007), coloca que, a escola é o espaço propício promover o desenvolvimento
integral do aluno, com propostas concretas e eficazes de intervenção que resultem em
mudança individual e colectiva, repercutindo na sociedade. Assim sendo, o autor supracitado
apresenta que os propósitos dos psicólogos escolares devem estar voltados para:
 Incentivar os educadores para tomada de posições políticas em relação aos problemas
sociais que afligem a todos, na busca de uma solução sócio/política;
 Estimular a escolha consciente de uma actuação profissional sustentada por teorias
psicológicas, cuja visão contemple o homem em suas múltiplas determinações e
relações histórico-sociais;
 Assessorar a escola, como um todo, no desenvolvimento de uma concepção de
educação, na compreensão e amplitude de seu papel, em seus limites e possibilidades,
utilizando os conhecimentos da psicologia;
 Desenvolver uma concepção de psicologia voltada a um compromisso social e propor
uma concepção do fracasso escolar não como um processo individual, mas como um
emergente do processo da não aprendizagem;
 Efectuar propostas e afiançar a construção de novas alternativas sociais para auxiliar
na administração de possíveis deficiências escolares;
29

 Compreender e elucidar os processos de desenvolvimento bio-psico-social dos


envolvidos com a escola. Assim como clarificar a construção da subjectividade (do
Eu) em cada ambiente educacional; assessorando a unidade escolar na busca da
humanização do sujeito, através do encontro da cognição com a motricidade, os
afectos e as emoções na educação;
 Mediar os processos de reflexão sobre as acções educativas a partir da actuação com
os diversos profissionais da educação e buscar ser o mediador do processo reflexivo e
não o solucionador de problemas;
 Compreender e elucidar os processos diferenciados de desenvolvimento da
aprendizagem (aprender a aprender) de cada aluno e de cada professor;
 Desenvolver e cultivar o enfoque preventivo: trabalhar as relações interpessoais na
escola, visando à reflexão e conscientização de funções, papéis e responsabilidades
dos envolvidos;
 Conscientizar a todos os envolvidos no processo educacional, sobre a importância de
sua participação e responsabilidade nos grupos em que está inserido, como a família,
a escola, o trabalho e a comunidade.
Segundo ANDALÓ (1991), para alcançar estas metas, o psicólogo escolar deve desenvolver
actividades que visem o assessoramento da escola na construção do Projecto Político-
Pedagógico, o apoio incondicional à escola em seu trabalho de resgate do valor e da
autonomia do professor, prestar assessoramento ao professor na articulação entre a teoria de
aprendizagem adoptada e a prática pedagógica. Assim sendo, lhe cabe se voltar para o
trabalho com políticas públicas, para que possa ser actuante na modificação do contexto
escolar e social.
Aliando-me ao autor citado, neste contexto, esse profissional realiza pesquisa, diagnóstico e
intervenção psicopedagógica individual ou em grupo. Deve actuar activamente na
participação de elaboração de planos e políticas referentes ao Sistema Educacional, com
vistas a promover a qualidade, a valorização e a democratização do ensino.
Na actuação, no contexto escolar, o psicólogo elabora e executa procedimentos destinados à
relação vincular entre professor e aluno. Busca por meio de uma acção interdisciplinar a
implantação de uma metodologia de ensino que favoreça a aprendizagem e o
desenvolvimento dos alunos.
A inserção do profissional de Psicologia Escolar e Educacional nos espaços públicos torna-se
imprescindível para efectivar a sua entrada no contexto educativo. Mas esse deve ter
30

conhecimento das políticas públicas educacionais, afim de que possa realizar um trabalho
psicológico, educativo e de acordo com o contexto social.

CAPITULO III

1. METODOLOGIA DE PESQUISA
Para a execução do projecto, foram usadas diferentes metodologias, que das quais se
destacam: consulta bibliográfica do tema em referência, auscultação de individualidades
envolvidas no processo de ensino-aprendizagem, observação directa, entrevista e
questionário.

1.1. Tipo de pesquisa

1.1.1. Quanto aos Objectivos


Quanto aos objectivos, será descritiva, pois, o autor recorrerá a explicação dos aspectos a
serem observados na Escola Secundária Geral de Amizade - Lichinga, para a consecução dos
objectivos da pesquisa

A pesquisa descritiva, conforme GIL (1999:44), “tem como objectivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenómeno ou o estabelecimento de relações
entre variáveis e suas características mais significativas está na utilização de técnicas
padronizadas de colecta de dados”.

1.1.2. Quanto a Abordagem


Portanto, para a realização do presente projecto de pesquisa, quanto a abordagem ela é
qualitativa.

De acordo com BOGDAN & BILKEN (1994:279) referem que:

Abordagem qualitativa requer que os investigadores desenvolvam empatia


para com que as pessoas que fazem parte do estudo e que façam esforços
concertados para compreender vários pontos de vista. O objectivo não e
juízo de valore, mas antes o de compreender o mundo dos sujeitos e
determinar como e com que critérios eles o julgam”.

Esta permitirá desenvolver um sustento profundo, numa relação dinâmica entre o mundo real
e o sujeito tendo em conta a formação da consciência que resultará nos saberes e formas
31

como evitar ou precaver desta, visto que o sujeito e o objecto do estudo da análise da
mudança de comportamento.

1.1.3. Quanto aos Procedimentos


Quanto aos procedimentos, é um estudo de campo ou de caso a ser efectuado na Escola
Secundária Geral de Amizade - Lichinga, através das técnicas de observação directa,
entrevistas, questionário bem como a consulta de obras de vários autores que se destacarão no
conteúdo desta abordagem.

1.2. Métodos
Método é a forma ordenada de proceder ao longo de um caminho, isto é, o método é o
conjunto de proceder ou fases empregados na investigação na busca de conhecimento.

Nesta vertente a pesquisa basear-se-á a consulta bibliográfica, que se desenvolve tentando


explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a partir das teorias publicadas
em livros ou obras (KOCHE, 1997:122).

Em conformidade com a citação, esta pesquisa procurará compreender os desafios do


psicólogo no contexto escolar, identificando e analisando com base nas teorias publicadas em
livros e obras disponíveis; procurará livros e artigos científicos que debruçam sobre o tema
tanto a sustentabilidade para o presente trabalho.

A pesquisa basear-se-á no método indutivo. Na perspectiva de SERVINO (1999:94) “o


método de abordagem indutivo caminha para planos cada vez mais abrangentes, indo das
constatações mais particulares as leis e teorias mais gerais ”.

2. TÉCNICAS DE COLECTA DE DADOS


Referente as técnicas de colecta de dados para esta pesquisa, usar-se-á como técnicas de
colecta de dados as seguintes: observação directa, entrevista, questionário e a técnica
bibliográfica.
32

2.1. Observação Directa


A escolha da técnica de observação directa prende-se no factor de permitir a criação de
argumentos e fundamentar o problema, permite também a determinação de características
externas, os factores são percebidos claramente.

De acordo com LUDKE & ANDRÉ (1986:26), apud ARTUR (2010:90:), referem que:
A observação é um dos instrumentos da pesquisa qualitativa e ela permite
que o pesquisador cheque mais perto da perspectiva dos sujeitos, pode
aprender a sua visão do mundo, isto é o significado que eles atribuem à
realidade que os cerca e as próprias acções”.

Assim, o pesquisador basear-se-á na observação directa do participante, que segundo o


mesmo autor GIL (2008:103) “a observação participante ou observação activa consiste na
participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação
determinada”.

2.2. Entrevista
De acordo LUDKE & ANDRÉ (1986), “a entrevista deve ser permeados por um clima de
estimulação e de aceitação mutua, entre o pesquisador e o pesquisado que facilita afluência
da informações, podendo-se ser captadas de forma imediata assuntos pessoais e de natureza
intima ou temas complexos ”. É a palavra e a interacção, pois ele tem como principal alvo as
comunicações verbais.

Esta técnica de colecta de dados será dirigida aos profissionais da educação e alguns alunos
da escola em destaque.

2.3. Questionário
O questionário será dirigido para os profissionais da educação e alguns alunos, onde terão um
leque de questões de carácter abertas e fechadas, as questões abertas vão permitir o aluno ou
profissional a responder segundo o seu ponto de vista argumentativo, perante as questões
colocadas; quanto as questões fechadas, aqui o aluno ou professor irá responder: Sim/Não,
Concordo/Discordo.
33

3. UNIVERSO/POPULAÇÃO

2.5.3. Universo
Segundo BOAVENTURA (2004) “universo é um conjunto de elementos que possuem
determinadas características”.

Neste caso a população ou grupo alvo da pesquisa são todos os profissionais da educação e
alunos da 12 ª classe, da Escola Secundária Geral de Amizade.

3.1. Amostra
Para LAKATOS e MARKONI (2001) A amostra “é o subconjunto do universo da
população. Na escolha da amostra em estudo serão: 3 profissionais de educação que fazem
parte do conselho administrativo desta escola e 10 alunos que frequentam a 12ª classe.

4. Cronograma de Actividades

No Actividades Período

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio


1 Escolha do Tema X
2 Elaboração do Projecto X
3 Recolha de Dados X
4 Analise e Compilação de Dados X
5 Entrega do Projecto de Pesquisa X

5. Orçamento

O projecto terá custos a própria pesquisa bem como gastos em relação ao material didáctico
que serão usados, onde o questionário também exigira gastos partindo do princípio de que
nenhuma pesquisa parte de “estaca zero”.

No Material Quant P. Unitário P. Total


1 Resma 1 150.00 150.00
2 Esferográficas 2 10 20.00
3 Caderno de Registo 1 30.00 30.00
4 Pasta de Arquivo 1 100.00 100.00
34

5 Digitação ____ ____ ____


6 Impressão 13 3.00 39.00
7 Encadernação 3 35.00 105.00
8 Alimentação ____ 200.00 200.00
9 Transporte 2 100.00 100.00
Total 744.00

6. Conclusão
A intervenção do psicólogo escolar deve iniciar-se o mais precocemente possível visando a
criação de ambientes facilitadores do desenvolvimento dos alunos ou eliminando barreiras a
esse desenvolvimento. Esta intervenção será predominantemente indirecta, numa perspectiva
preventiva, podendo em casos excepcionais perspectivar-se o apoio directo, grupal ou
individual, por períodos limitados, como complemento à consultoria a docentes.

O apoio psicológico e psicopedagógico é transversal a todos os níveis de escolaridade,


independentemente do foco da intervenção assumir algumas particularidades em função do
nível etário e dos objectivos das aprendizagens a realizar.

O indivíduo que desde cedo aprenda a respeitar a si próprio e o mundo do trabalho, adquire
competências para gerir uma futura carreira e é capacitado para fazer uma escolha consciente
e assertiva, assim como possui maiores oportunidades de tornar-se um profissional satisfeito
e bem-sucedido.

A revisão de literatura revela que, até a actualidade, o psicólogo escolar ainda não consolidou
seu espaço de actuação profissional, existindo ainda a necessidade de redefinição do seu
papel nas instituições escolares, com vistas ao exercício de uma prática psicológica integrada
com a realidade brasileira. Seja em uma perspectiva mais preventiva e interdisciplinar, como
na intervenção com professor, aluno, família e comunidade.
A psicologia educacional comparece como uma ferramenta privilegiada para a modernização
do sistema. Esta oferecia procedimentos e teorias para o melhor conhecimento dos
educandos, ao lado de instrumentos de avaliação. Busca a adequação dos processos de ensino
nos alunos, ainda mais os que apresentam dificuldades de aprendizagem.
35

7. Bibliografia
ABRAPEE. Constituição e Estatuto da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e
Educacional.Campinas. 1991.

ALMEIDA, L., GUZZO, R. S. L. A relação psicologia e educação: perspectiva histórica do


seu âmbito e evolução. Estudos de Psicologia. Pp 117-131. 1992.  

ANDRADA, E. G. C. Novos paradigmas na prática do psicólogo escolar. Psicologia


Reflexão e Crítica. Pp.196-199.2005.

ANTUNES, M. A. M. A Psicologia no Brasil: Leitura histórica sobre sua constituição. São


Paulo: Educ. 2012.

AZEVEDO, J. C. Educação pública: o desafio da qualidade. Estud. Av.Porto. Ed.2007.

BARBOSA, R. M. Psicologia escolar no Brasil: Considerações e reflexões históricas.


Estudos em Psicologia. Pp. 393-402 São Paulo. Ed. 2010.

BARBOSA. R. J, MARINHO-ARAÚJO. C. M. Psicologia escolar no Brasil: Considerações


e reflexões históricas. Estudos de psicologia. Campinas - SP. 2010.

BRAY, C. T. A actuação de psicólogos na rede particular de ensino: possibilidades, limites e


superações. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, Instituto de Psicologia, São
Paulo.2015

BOGDAN, R. & BIKLEN, S. Características da Investigação Qualitativa. In: Investigação


Qualitativa em Educação: Uma Introdução à Teoria e aos Métodos. Porto, Porto Editora,
1994.

BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e


planejados. Porto Alegre: Artes Médicas. 1996.

GIL, António Carlos. Como construir hipóteses? In: Como elaborar projectos de pesquisa. 4ª
Ed. São Paulo: Atlas, P.31-39. 2007.

GIL, António Carlos. Método e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª Edição, Atlas, S.A. São
Paulo, 2008.

GRIDLEY, B.; MUCHA, L.; HATFIELD, B. Best practices in preschool screening. In: A.
THOMAS e J. GRIMES, ed. Best practices in school psychology. 3ª ed. Washington:
NASP.1995.

GUZZO, R. S. L. Saúde psicológica, sucesso escolar e eficácia da escola: desafios do novo


milénio para a psicologia escolar. Em Z. A. P. Del Prette (Org.), Psicologia escolar e
educacional, saúde e qualidade de vida: explorando fronteiras (pp. 25-42). Campinas: 2015
36

KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à


pesquisa. 20ª Ed. Petrópolis: Vozes, 182p., 2002.

LIMA, A. O. M. N. Breve histórico da psicologia escolar no Brasil. Psicologia Argumento.


Pp.17-23. 2005.

LUDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas.


São Paulo: EPU, 1986.

MACHADO, A. M., SOUZA, M. P. R. Psicologia escolar: em busca de novos rumos. São


Paulo: Casa do Psicólogo.  1997.       

MARCONI, Maria de Andrade e LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Cientifica. 5ª Ed.


Editora Atlas S.A, São Paulo, 2002.

MARINHO-ARAÚJO, C. M. & ALMEIDA, S. F. C. Psicologia escolar: Construção e


consolidação da identidade profissional. Campinas, SP: 2005.

MARTINEZ, A.M. O que pode fazer o psicólogo na escola? Brasília, v 23, n. 83, 2010.
MEIRA, M. E. M. Construindo uma concepção crítica de Psicologia Escolar: contribuições
da Pedagogia Histórico-Crítica e da Psicologia Sócio-Histórica. In Meira, M. E. M. &
ANTUNES, M. A. M. (Orgs.). Psicologia Escolar: Teorias críticas. São Paulo: Casa do
Psicólogo. 2003.

NEVES, M. M. B. J., ALMEIDA, S. F. C., CHAPERMAN, M. C. L., & BAPTISTA. P.


Formação e actuação em psicologia escolar: Análise das modalidades de comunicações nos
congressos nacionais de 415 psicologia escolar e educacional. Psicologia: Ciência e
Profissão. Pp. 2-11.2002.

OLIVEIRA, C. B. E. & MARINHO-ARAÚJO, C. M. Psicologia escolar: Cenários actuais.


Estudos e Pesquisas em Psicologia, pp. 648- 663. 2009.

PFROMM NETTO, S. Editorial Informativ. ABRAPEE, PP (3-9), 1995.        

REY, F. G. Personalidad, salud y modo de vida. Mexico: Unan Iztacala.    1993.     

RIBEIRO DO VALLE, L. E. L. Desenvolvimento sócio-emocional da criança na educação


infantil: uma perspectiva preventiva. Dissertação de Mestrado. PUC, Campinas. 2001.        

RODRIGUES, M. C, C. Z., PEREIRA, M. D., & GONÇALVES, T. M. C. Prevenção e


promoção de saúde na escola: Concepções e práticas de psicólogos escolares. Gerais:
Revista Interinstitucional de Psicologia, pp. 67-78.2008.

SOUZA, C. S., Ribeiro, M. J., & Silva, S. M. A actuação do psicólogo escolar na rede
particular de ensino. Psicologia Escolar e Educacional, pp.53-61.2011.

WISE, P. S. Best practices in communicating with parents. In: A. Thomas e J. Grimes. Best
practices in school psychology. 3 ed. Washington: NASP.   1995.      
37

Apêndices

Você também pode gostar