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Psicopatologia e Saúde mental II – 2018_2019 – A TRABALHAR DURANTE A SEMANA …

Psicopatologia e Saúde Mental II Aula Prática_ Perturbações do Espectro da Esquizofrenia e Outras


Perturbações Psicóticas

LEITURA RECOMENDADA

Em relação à vinheta referente às “Perturbações do Espectro da Esquizofrenia e Outras


Perturbações Psicóticas”, o objectivo é identificar os aspectos a considerar para justificar o
diagnóstico proposto, tendo como base os critérios do DSM-V. Sempre que necessário deve
consultar o “Glossário de Termos Técnicos” (p.973-988), ou a outra fonte fidedigna, para
esclarecimento de dúvida sobre um termo técnico.
Bom trabalho.

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HISTÓRIA CLÍNICA

A Sr.ª A é uma mulher de vinte e seis anos de idade, solteira. Vive em casa dos pais e a sua última
ocupação profissional, há cinco anos, era de secretária antes de ser sujeita ao primeiro internamento.
A primeira hospitalização da Sr.ª A ocorreu após uma discussão com o namorado. Nessa altura, a Sr.ª A
referia que acreditava que todos eram capazes de lhe ler os pensamentos e que poderia controlar as
ações das outras pessoas, olhando-as e respirando de certa forma. Sentia que os seus pensamentos
eram como «uma corrente que se detém» e a sua mente «ficava vazia». Com a medicação antipsicótica
os sintomas remitiram gradualmente tendo tido alta ao fim de 1 mês. Depois desta primeira hospitalização
a Sr.ª nunca mais voltou a trabalhar. A sua vida social, que anteriormente tinha sido ativa, passou a limitar-
se aos contactos com uma amiga e com o namorado, com quem estava uma ou duas vezes por semana.
Dezoito meses depois da primeira hospitalização, a Sr.ª A foi internada pela segunda vez, com uma
recorrência das ideias delirantes em que julgava controlar a mente de outras pessoas por meio da sua
respiração, acompanhadas pela crença de que as suas atividades eram vigiadas por uma câmara de
televisão e que alguém gravava vídeos que eram vendidos. A medicação tinha sido suspensa quatro
meses antes do segundo internamento, mudança que inicialmente pareceu ter reduzido efeito na Sr.ª A.
Logo que a dose do fármaco foi retomada, os sintomas psicóticos remitiram em seis semanas. A paciente
participou durante um ano e meio num programa de reabilitação ocupacional, mas nunca conseguiu obter
mais do que algumas colocações temporárias e voluntárias.
A Sr.ª A foi internada pela terceira vez há cerca de 2 meses devido à recorrência dos seus sintomas
psicóticos e mau funcionamento geral. Na primeira consulta com o psiquiatra afirmou ser capaz de
controlar o comportamento das outras pessoas através da sua respiração e que as pessoas podiam ler os
seus pensamentos. Estava persuadida de que andava a ser vigiada e seguida, queixando-se de confusão
e por vezes repetia frases que estava a ouvir, mesmo sem sentido. Referia também ouvir vozes que lhe
repetiam incessantemente que ela seria assassinada brevemente, por ter forçado outras pessoas a
cometerem crimes. Na maior parte das vezes, estas vozes surgem de manhã e prolongam-se, com
intermitências, durante o resto do dia. Ela admitiu já ter ouvido estas vozes ameaçadoras e não ter referido
o facto ao terapeuta. O nível de energia da Sr.ª A era baixo, com fraca motivação e sente-se resignada
com o facto de ser «incapaz de pensar» e ter «lesões irreversíveis».
O seu estado tinha começado a piorar dois meses antes do internamento, altura em que o namorado
decidiu estar com ela menos vezes.
Durante o 3º internamento a dose de medicação da Sr.ª A foi elevada, e os sintomas psicóticos, à exceção
de um estado de ligeira desconfiança, remitiram gradualmente. Teve alta um mês após o internamento.
Passou a participar pouco em atividades, apesar do incitamento dos pais e o seu único contacto social,
para além dos pais, era o namorado.

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1. DADOS RELEVANTES DA HISTÓRIA CLÍNICA

Os sinais e sintomas descritos na história clínica indicam a possibilidade de estarmos perante uma Esquizofrenia,
Episódios múltiplos, atualmente em remissão
Sexo e idade Feminino, 26 anos.

Sinais e sintomas
+
Informações clínicas
relevantes

Estado físico geral

2. ALGUNS DOS SINAIS E SINTOMAS DA HISTÓRIA CLÍNICA APRESENTADA PODERÃO ESTAR PRESENTES NOUTRAS
PERTURBAÇÕES/SITUAÇÕES?

3. ORGANIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DA HISTÓRIA CLÍNICA


INFORMAÇÕES DA HISTÓRIA CLÍNICA DSM 5
(EXCERTOS DO TEXTO)

A. Sintomas característicos: dois (ou mais) dos seguintes, cada


um presente por um período significativo de tempo durante um
mês (ou menos, se tratados com êxito) Pelo menos um destes
deverá ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios;
“Estava persuadida de que andava a ser vigiada e 2. Alucinações;
seguida, queixando-se de confusão e por vezes repetia
frases que estava a ouvir, mesmo sem sentido. Referia
também ouvir vozes que lhe repetiam
incessantemente que ela seria assassinada
brevemente, por ter forçado outras pessoas a
cometerem crimes. Na maior parte das vezes, estas
vozes surgem de manhã e prolongam-se, com
intermitências, durante o resto do dia.”

3. Discurso desorganizado (por exemplo, descarrilamento ou


incoerência frequente);
4.Comportamento grosseiramente desorganizado ou
catatónico;
5. Sintomas negativos (por exemplo, diminuição da expressão
emocional ou avolição)

B. Desde o início da perturbação e por um período significativo

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de tempo, uma ou mais áreas principais de funcionamento, tais
como o trabalho, as relações interpessoais ou o autocuidado,
está marcadamente abaixo do nível previamente atingido (ou
quando se inicia na infância ou na adolescência, não se atinge o
nível esperado de funcionamento interpessoal, académico ou
ocupacional) = Disfunção social e ocupacional

C. Sinais contínuos da perturbação persistem pelo menos 6


meses.
Este período de 6 meses tem de incluir pelo menos 1 mês de
sintomas (ou menos, se o tratamento tiver êxito) que
preencham o Critério A (isto é, sintomas de fase ativa) e pode
incluir períodos de sintomas prodrómicos ou residuais.
Durante estes períodos prodrómicos ou residuais, os sinais da
perturbação podem manifestar-se apenas por sintomas
negativos, ou se estiverem presentes de forma atenuada dois
ou mais dos sintomas enumerados no Critério A (por exemplo,
crenças estranhas, experiências perceptivas pouco habituais).

D. A Perturbação Esquizoafectiva e as Pert. Depressivas ou


Bipolar com Características Psicóticas foram excluídas devido a:
= EXCLUSAO DA PERT ESQUIZOAFETIVA, DEPRESSIVA E BIPOLAR
1. Os episódios depressivos major ou maníacos não ocorreram
simultaneamente com os sintomas da fase ativa;
2. Caso os episódios do humor tenham ocorrido durante os
sintomas de fase ativa, estes estiveram presentes durante uma
pequena parte da duração total dos períodos de doença ativa e
residual.

E. A perturbação não é devida aos efeitos fisiológicos diretos de


uma substância (por exemplo, abuso de drogas ou
medicamentos) ou a um estado físico geral.

F. Caso exista história de Perturbação do espectro do autismo


ou de Perturbação de comunicação, o diagnóstico adicional de
Esquizofrenia só é realizado se estiverem presentes ideias
delirantes ou alucinações proeminentes pelo período mínimo
de um mês (ou menos, se tratadas com êxito).

4. PORQUE RAZÃO NÃO PARECEM SER AS SITUAÇÕES/PERTURBAÇÕES ACIMA REFERIDAS (NO PONTO 2)?

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5. OBSERVAÇÕES

Ela admitiu já ter ouvido estas vozes ameaçadoras e não ter referido o facto ao terapeuta.

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