Você está na página 1de 2

g1 ge gshow ASSINE JÁ ENTRAR ›

Assine Época
Colunas Canais Assine
Busca
Enviar

POLÍTICA

Nossa opinião: A reforma trabalhista e seus pontos fracos


A modernização das leis do trabalho representa um avanço. Ainda precisamos, no entanto, de mais reformas
06/05/2017 - 10h00 - Atualizado 08/05/2017 14h12

Compartilhar Assine já!

O mercado de trabalho brasileiro mudou radicalmente desde 1943, quando foi sancionada a Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). A falta de respostas na legislação para as demandas contemporâneas criou uma avalanche de processos trabalhistas. Nesse
quesito, o Brasil é líder mundial: em 2016, foram mais de 3 milhões de novas ações. O país também é conhecido pelo farto número
de sindicatos, com mais de 16.500 entidades, que faturam anualmente R$ 3,5 bilhões. Nesse cenário potencialmente propício para
mudanças, o governo propôs no fim do ano passado um Projeto de Lei de uma reforma trabalhista, aprovado no plenário da
Câmara dos Deputados na quarta-feira, dia 26.
O texto do relator, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), tem como cerne a possibilidade de o negociado entre empregado e
empregador prevalecer sobre a lei – resguardados os direitos constitucionais, como salário mínimo e férias. Oferece, portanto,
mais autonomia para empregado e empregador decidirem questões do dia a dia do trabalho até então consideradas intocáveis. A
proposta prevê, entre outros pontos, o fim da contribuição sindical obrigatória e jornadas de trabalho mais flexíveis – assim,
representa um avanço. Ao mesmo tempo, não enfrenta problemas graves do mercado de trabalho, marcado por uma profunda
informalidade.

Assine Época com 50% OFF


GREVE
Alguns sindicatos fortes estão contra as reformas. Eles foram às ruas protestar (Foto: Dado Galdieri/Bloomberg via Getty Images)
Da perspectiva otimista, deve-se considerar que a velha CLT não contempla relações laborais comuns no país, como o trabalho
feito a partir de casa (home office), o trabalho intermitente (por dia ou hora de serviço) e jornadas de até 12 horas por dia, comuns
em empresas de vigilância e hospitais, por exemplo. O Projeto de Lei regulamenta essas práticas. “A reforma toca em questões
pontuais, mas necessárias. Não subtrai direitos, garantidos pelo Artigo 7o da Constituição”, diz Paulo Paiva, ex-ministro do
Trabalho entre 1995 e 1998, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Entre suas principais lacunas, o texto nada propõe para atender grande parte dos trabalhadores, sobretudo a parcela de 40% sem
carteira assinada. Para os empregados formais, a falta de uma reforma sindical profunda ameaça a representatividade. Seria
bem-vindo o fim da unicidade sindical, que veta a competição entre os sindicatos.
As mudanças tornam a legislação menos rígida e mais sintonizada com as necessidades do século XXI. Mas poderiam ser mais
ambiciosas, para atender um conjunto maior de trabalhadores – e contribuir, assim, com a redução da gritante desigualdade
social de que sofre o Brasil.

TAGS
NOSSA OPINIÃO 984

MAIS LIDAS

especiais

Assine Época com 50% OFF

Você também pode gostar