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Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica
(DPOC)
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Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica (DPOC)

Sumário
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

2. O diagnóstico da DPOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04

3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08

4. DPOC e COVID-19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

5. Perguntas e respostas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

6. Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

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1. Introdução
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é um tema recorrente
nas provas de Residência Médica. Para ajudar com seus estudos, a
MEDCEL promoveu uma live no Instagram com o Prof. Dr. Renato
Miranda.

Dr. Renato Miranda


O Dr. Renato Miranda é doutorando pela Facul-
dade de Medicina da Universidade de São
Paulo (FMUSP). Tem Residência Médica em
Pneumologia pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo FMUSP e Residência
Médica em Clínica Médica pela Universidade
Estadual de Campinas (UNICAMP). É graduado em Medicina pela
Universidade Federal do Pará (UFPA). Médico no Instituto do Coração
da FMUSP, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Hospital de Trans-
plantes Dr. Euryclides de Jesus Zerbini e professor na MEDCEL.

A seguir, você confere os principais pontos sobre DPOC para incluir na


sua rotina de estudo, além de dúvidas enviadas pela audiência. O vídeo
completo da transmissão está disponível no Instagram da MEDCEL.

Bons estudos!

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2. O diagnóstico da DPOC
A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) possui dois “pólos”,
um enfisematoso e outro denominado bronquite crônica. Alguns
pacientes podem mesclar características dos dois. O tabagismo é
um fator de risco da doença, sendo a cessação do mesmo uma
orientação essencial para o paciente. Há ainda como fatores de
risco partículas presentes no ambiente de trabalho (ocupacionais).
Dessa forma, é importante questionar o paciente sobre uma possível
exposição à queima de biomassa como fogão à lenha na infância
ou outros fatores poluentes que possam ter gerado um estímulo
inflamatório. Classicamente os livros nos remontam a duas descrições
de pacientes: pink puffer (“soprador rosado”) e blue bloater (“pletórico
azulado”): o primeiro, enfisematoso; e o segundo o paciente está no
polo bronquítico, em um cenário de bronquite crônica (quadro de
expectoração por pelo menos 3 meses ao ano nos últimos 2 anos).

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Além das exposições e fatores de risco, os sintomas


também são importantes para determinar o
diagnóstico de DPOC. Eles são: dispneia,
tosse (possibilidade de tosse úmida
com secreção) e sensação de aperto
no peito. Para confirmar o diagnóstico
é preciso ainda, no entanto, docu-
mentar um distúrbio ventilatório obs-
trutivo (DVO). Seguindo os conceitos
estabelecidos pela Iniciativa Global para
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica,
GOLD (do inglês: Global Initiative for Chronic
Obstructive Lung Disease), é indicado observar se na fase pós-
-broncodilatador existe Relação VEF1/CVF < 0,70, evidenciando
um DVO, cenário compatível para DPOC.

Também é preciso analisar a função pulmonar para classif icar o


distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO). Nesse caso, é importante
ficar atento com uma pegadinha: ao analisar o percentual do VEF1.

Ao laudar a espirometria, a análise deve ser feita do percentual


VEF1 predito pré-broncodilatador para graduar o DVO:

• acima de 60% com relação ao


predito DVO: leve;

• entre 40% e 60%: DVO


moderado;

• abaixo de 40%: DVO acentuado.

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Para classificar o número de GOLD (1, 2, 3 ou 4), é preciso olhar


para o percentual VEF1 predito pós-broncodilatador (Dica: DPOC
= Dpós…).

• VEF1 > 80%: GOLD 1;

• 50% < VEF1 < 80%: GOLD 2;

• 30% < VEF1 < 50%: GOLD 3

• < 30%: GOLD 4.

Em uma questão de prova, é importante valorizar sintomas ao se


deparar com uma tabela, que é apresentada como a tabela “anti-
-didática”, de acordo com o Dr. Renato Miranda. Como, por exemplo,
uma dispneia que seja nota no mMRC da classificação de dispneia,
ou no, COPD Assessment Test (CAT), que é um teste no qual o pa-
ciente vai marcar de 0 até 40 para que seja avaliada essa pontuação.
A partir disso, é importante combinar esta associação de sintomas
com o seu risco, determinado a partir de exacerbações.

O mMRC vai de 0 até 4, sendo:

• 0: é o melhor resultado, o que indica apenas dispneia quando o


paciente faz um esforço extenuante;

• 1: número considerado “abençoado” na pneumologia. Isso porque


ele vai mostrar a rampa mMRC 1;

• 2: você o paciente anda mais lentamente do que uma pessoa da


mesma idade;

• 3: essa pessoa não consegue andar nem 100 metros sem ter que
parar tomar fôlego;

• 4: pior cenário, no qual o paciente tem dispneia ao menor esforço.

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AVALIAÇÃO COMBINADA
LIMITAÇÃO AO FLUXO AÉREO
SINTOMAS E EXACERBERAÇÕES

Risco (História da exacerbação)


Pacientes com VEF 5/CVF <0.70
≥2
GOLD 1: Leve VEF5≥ 80% predito OU
1 com internação
(C) (D)
hospitalar
GOLD 2: Moderado 50% ≤ VEF5 <80% predito
0

GOLD 3: Grave 30% ≤ VEF5 < 50% predito


OU (A) (B)
1 (sem internação)

GOLD 4: Muito grave VEF5 < 30% predito mMRC 0-1 mMRC ≥
CAT < 10 CAT ≥ 10
*Baseado no VEF5 pós-BD Sintomas

Adaptado de Pocket Guide to COPD Diagnosis, Management and Prevention (A Guide for Health Care
Professionals). Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD) 2021 Report. (1)

Já em relação ao CAT é preciso se lembrar do ponto 10 na hora de


classificar nas colunas da tabela. Se o cat é menor que 10 e o mMRC
de 0 ou 1, ou esse caso está nos campos A ou C. Se o mMRC é entre
2 e 4 ou o CAT maior do que 10, a posição é B ou D.

Já para determinar as linhas da tabela, é preciso olhar para o risco.


Isso vai ser acessado pelo histórico de exacerbação nos últimos 12
meses. Para definir se é A ou B na parte de baixo; ou C ou D na parte
de cima, deve-se saber, primeiro, a quantidade de exacerbações do
paciente e se ele teve uma que motivou ou não internação hospitalar.
Se ele não teve exacerbação ou teve apenas uma nos últimos 12
meses que não motivou internação, ele está na parte de baixo da
tabela, ou seja, A ou B. Se ele teve duas ou mais; ou teve uma que
motivou internação, o caso entra como C ou D na tabela.

A partir daí, ao classificar o GOLD do paciente na primeira vez, é só


buscar esses critérios na tabela. Muitas pessoas começaram a
comentar, depois que teve uma atualização, que o VEF1 perdeu
importância. Não acredite nisso! O VEF1 nunca vai perder impor-
tância. Ao enxergar um VEF1 caindo, é um preditor isolado de que
esse paciente tem mais risco, inclusive de exacerbar , completa
o Dr. Renato Miranda.

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Quanto mais exacerbações um paciente com DPOC apresenta,


maior é a possibilidade dele evoluir a óbito. “Se ele não parar de
exacerbar ao longo de seis meses ou um ano, isso é um preditor
muito grave de que esse paciente está grave”. Como estamos no
Brasil, é importante pesquisar se esse paciente não está com tuber-
culose, por exemplo.

3. Tratamento
O Dr. Renato Miranda dá uma dica para determinar as possibilidades
de tratamento desse paciente pela técnica ABCD. Entenda:

A: é a fala mais curta, ou seja, um broncodilatador de curta ação em


paciente de GOLD A. O salbutamol (SABA) pode ser usado, também,
conforme a demanda, além de inalações com ipratrópio (SAMA).

B: A partir daí, broncodilatar o paciente com LABA (Beta-2 agonista


de longa ação) ou LAMA (antagonista muscarínico de longa ação).
O recomendado é recorrer ao LABA primeiro, já que se trata de um
GOLD B. Além disso, apesar de não ser um paciente tão exacerbado,
ele é bastante sintomático.

C: Esse GOLD é muito difícil de identificar. Pois, normalmente, o


paciente não é muito sintomático, mas é exacerbador. Se tiver que
escolher, a indicação é LAMA. Vale a dica: esse paciente não é tão
sintomático, mas ele exacerba muito, “isto está uma ‘lama’...”.

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D: este é o pior dos cenários, já que o paciente está exacerbando


muito, além de ser muito sintomático. Nesse caso, a lama também é
a escolha mais recomendada. Além disso, se ele é muito sintomático
e tem um CAT maior do que 20, a indicação é a dupla broncodilatação
(LABA + LAMA). Se esse paciente tem um pólo mais eosinofílico (>
300), podemos começar com o LABA + CI (corticoide inalatório) – ja-
mais corticoide inalatório sozinho no DPOC.

Mas, porque em uma doença pulmonar obstrutiva crônica o carro


chefe do tratamento é o broncodilatador? De acordo com o Dr.
Renato Miranda, estudos indicam que ele tende a ter um tônus
broncomotor que pode ser estimulado. Há estudos que mostram
ainda que em até oito anos, o paciente com DPOC pode ter uma
função muito positiva.

A escolha de LAMA nos GOLDs C e D veio de uma Diretriz da Associação


Latinoamericana (ALAT) que tem uma normativa comparando LABA
e LAMA (2). Quanto à qualidade de vida e melhora de dispneia, não
houve diferença entre LABA e LAMA, porém, ao
analisar o impacto em exacerbação, o sinal foi
positivo em redução com o uso de LAMA,
sendo superior a LABA. Portanto, na
linha de cima (C ou D), LAMA sozinho
é indicado com o objetivo de
evitar, prevenir e diminuir
risco de exacerbações.

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Em relação aos cuidados gerais com o paciente. Para o tratamento


de DPOC, é preciso que o paciente pratique Atividade física no
GOLD A. Já a partir do GOLD B, o recomendado é a “reaBElitação”
pulmonar.

Engana-se quem pensa que na reabilitação pulmonar o carro


chefe vai ser a fisioterapia respiratória. O foco é o fortalecimento
de musculatura de membros superiores e de membros inferiores.
O paciente com DPOC é aquele que já está mais sintomático e
acaba parando o exercício porque a perna começa a pesar ,

diz o Dr. Renato Miranda. Isso acontece por conta da grande quanti-
dade de ácido lático na perna, que vai atrapalhar o condicionamento.
Assim, o paciente começa a ficar taquipneico, a perna fica “mais
pesada” e ele aumenta o esforço respiratório.

Além do exercício f ísico e reabilitação, é essencial aconselhar pa-


cientes tabagistas que cessem o hábito. O tabagismo é nocivo não
só em relação a câncer de pulmão, mas, também, da cavidade oral,
esôfago, pâncreas e bexiga, por exemplo.

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Por fim, a recomendação é oferecer ao paciente com DPOC a vaci-


nação anual para influenza (quadrivalente ou tetravalente), além
da pneumocócica. Sobre esta última, no SUS, a pneumo 23-valente
é disponível (a cada 5 anos até os 65 anos de idade e após 65 anos,
uma dose única). E 13 valente, (uma vez na vida) não é disponível
no SUS. É importante lembrar, no entanto, que a recomendação é
que as duas não sejam
aplicadas no mesmo
dia, devendo haver um
intervalo de 12 meses se
começar pela 23-valente
ou de 6 a 12 meses
se começar pela
13-valente.

Idealmente, é recomendado ter um exame de imagem basal do


paciente (pode ser um raio-x de tórax e, em caso de dúvida, tomo-
graf ia). Não é necessário fazer funções pulmonares seguidas, o
recomendado é realizar uma por ano. É importante ainda acompanhar
o paciente para checar a técnica inalatória. Se o paciente está aderente
e, mesmo assim, permanece exacerbando, é um sinal de alerta.
Nesse caso, no paciente que já está com terapia tripla (LABA +
LAMA + CI), usando a técnica adequada e dose otimizada, a reco-
mendação é usar segundas linhas de terapias.

A literatura indica o uso de azitromicina, de macrolídeo como imu-


nomodulador. Um estudo clássico (3) do New England Journal of
Medicine aponta que ele garante um alto impacto no uso diário de
uma dose de 250 miligramas de azitromicina nos pacientes todos
os dias em pacientes com DPOC com perfil exacerbador para uma
terapia otimizada inalatória mostrou com significância estatística
um impacto na redução de exacerbação e redução de mortalidade.
Como no Brasil a grande maioria é de cápsulas, utilizamos a azitro-
micina da seguinte forma: 500mg via oral 3x/semana.

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A azitromicina, no entanto, pode aumentar o intervalo QT. Dessa forma,


é recomendado que se tenha o eletrocardiograma basal prévio do
paciente. Além disso, a azitromicina pode fazer ototoxicidade. A lite-
ratura indica ainda a suspensão da azitromicina, com a possibilidade
de recuperação do quadro de perda auditiva. A maioria dos estudos
recomenda o uso por um ano. Segundo o Dr. Renato Miranda,
porém, pesquisas mais recentes de 2018 prolongaram para até 36
meses com manutenção ao longo desse prolongamento (4).

Outra medicação que também


não é oferecida pelo SUS é o
Daxas, que tem como base ro-
flumilaste, um antagonista de
fosfodiesterase 4. Essa droga
foi testada em pacientes com
DPOC num estudo (5). Na época
deste estudo, havia uma nor-
mativa no GOLD que separava
as linhas A B de C D: VEF1: abaixo
de 50% o paciente era C ou D e
acima de 50% ele era A ou B. Dessa forma, o perfil era de pacientes
exacerbadores, secretivos de uma polo bronquítico e com VEF1
menor que 50%. O estudo, então, mostrou impacto na redução de
exacerbação nesses pacientes. O grande inconveniente do roflumilaste
é que pode ter diarreia como efeito colateral, inviabilizando, inclusive,
a manutenção do tratamento do paciente.

Caso o paciente se mantenha exacerbando, a indicação é investigar


mais os sintomas, comorbidades, fatores de risco, realizar exames
de sangue, imagem e, até mesmo, uma tomografia de alta resolução.
As comorbidades, por exemplo, podem fazer qualquer condição
clínica piorar. O paciente pode usar altas doses de corticoide, pode
ter osteoporose, doença do refluxo gastroesofágico piorando ou
somar um componente inflamatório de obesidade.

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4. DPOC e COVID-19
Desde o início da proliferação do novo coronavírus, uma pergunta
se tornou recorrente: pacientes com DPOC têm mais risco em um
cenário de COVID-19? E a resposta é: sim, tem. Uma das primeiras
publicações de 2020 (6) sobre COVID-19 indicou que a doença
respiratória crônica era um fator de risco relevante. Isso criou um
grande alerta para os pacientes com doenças respiratórias crônicas
(asma e DPOC).

Os estudos que surgiram na sequência mostraram que pacientes


com DPOC realmente são de alto risco, já que eles expressam mais
receptores da ECA-2 para o SARS-CoV 2. Ele pode acessar o intrace-
lular do hospedeiro e aumentar essa expressão. O tabagismo tam-
bém aumenta esse sinergismo de afinidade do coronavírus pelo
receptor. Dessa forma, se o paciente for DPOC é tabagista, o risco é
ainda maior (7).

Durante a pandemia, a recomendação é optar pelo corticóide na


exacerbação de DPOC (8). Esse é um momento importante, já que
em uma situação grave, o paciente pode precisar de ventilação
mecânica, chegando a uma mortalidade perto de 60%. Por isso, é
importante tratar.

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O Dr. Renato Miranda compartilha mais uma dica de processo de


tratamento para esse paciente. Dessa vez, é preciso se lembrar da
palavra ABRAÇO:

A: Antibioticoterapia;

BR: BRoncodilatador;

A: A VNI *;

C: Corticóide;

O: Oxigênio (cuidado com o fluxo de O2, não dê um fluxo de


oxigênio muito alto, pois isso induzirá ao rebaixamento de
nível de consciência por carbonarcose).

*A-VNI (ventilação não invasiva) é carro chefe como aporte ventila-


tório adicional frente a um paciente com exacerbação da DPOC.
Existe uma particularidade nestes casos: nunca usar CPAP no
DPOC. Não se pode colocar um só nível de pressão para paciente
com DPOC, pois o que remove CO2 não é o CPAP, mas sim o BiPAP,
são dois níveis de pressão, sendo que quanto maior o delta, maior a
sua capacidade de remover CO2 deste paciente.

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5. Perguntas e respostas
1. Qual o alvo de oxigênio para DPOC descompensado usando
CPAP?

Geralmente, a CPAP não é colocada em um DPOC. Mas, sim, um


BiPAP, pois o CPAP não consegue “lavar” CO2. Na relação aos alvos
de oxigênio, não é preciso passar de 92% em um paciente com
DPOC. Às vezes, até na ventilação mecânica é colocado um range
de 88% a 92%.

2. O antibiótico a ser usado deve ser o de amplo espectro ou


azitro?

Geralmente, em um cenário no qual o paciente é internado, é preciso


fazer cefalosporina de terceira geração + macrolídeo ou isoladamente
um quinolona respiratória. Dessa forma, todos os principais germes
serão cobertos. Se esse paciente já tem algum tipo de alteração de
via aérea, com bronquiectasias e colonização por Pseudomonas sp,
por exemplo, a antibioticoterapia vai ter que contemplar também
essa possibilidade.

3. Qual a preferência para o corticoide?

A evidência em pacientes com DPOC, estendo também para pacientes


com asma, ou seja, doenças de vias aéreas, é com Metilprednisolona.
Mesmo em um paciente asmático, com broncoespasmo refratário,
a dose pode chegar a 80 mg EV de 12/12 horas. Em um cenário DPOC,
geralmente, a metilpred é o mais usado, pois tem uma excelente
penetração no território pulmonar.

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4. O tratamento para DPOC muda com outros acometimentos,


como asma, enfisema, bronquite crônica?

Em um cenário DPOC, o paciente vai ter predileção à broncodilatação.


Dessa forma, o broncodilatador é o carro chefe. Já em um cenário
de asma, o corticóide inalatório é a escolha principal. O Dr. Renato
Miranda ressalta que cada vez mais cresce na literatura uma corrente
que orienta a fenotipar o paciente. Você pode tentar encaixar
o máximo de características nesse paciente e colocá-lo em uma
zona específica de tratamento , completa. Os eosinófilos no
DPOC vêm crescendo recentemente. Nesse caso, o ponto de corte
é 300 ou 4%, de acordo com uma análise post-HOC (9) do Wisdom
Trial (10).

Nessa publicação, foi tirado o corticóide inalatório no tempo para


ver como o paciente reagia. E os pacientes não exacerbaram mais.
Porém, a partir da 18ª semana até a 52ª, um grupo de pacientes
perdeu a função pulmonar com signif icância estatística. Após
análise viram que esses pacientes que tinham os eosinófilos acima
de 300, acima de 4%.

5. Como explicar um cenário de carbonarcose?

Nesse caso, ao dar muito oxigênio para o paciente, ele vai reter mais
CO2. Há 3 explicações do processo de geração de carbonarcose. A
que mais escutamos na faculdade é da inibição de receptores em
centro respiratório, fazendo reter mais CO2, porém isto explica no
máximo 15-20% do processo. Existe ainda o efeito chamado Haldane
(afinidade maior de Hb por O2, fazendo com que haja maior liberação
por parte da hemácia de CO2 quando tiver mais O2 disponível, mas
isto explica até 5% do processo). A principal explicação é o fato de

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excesso de O2 gerar uma vasodilatação (hiperóxica) de vasos arte-


riais pulmonares, fazendo com que áreas alveolares com muito CO2
(próprias de pacientes com DPOC) tenham uma maior perfusão
sanguínea, conseguindo haver maior difusão de CO2 para dentro
dos vasos e seu aumento na corrente sanguínea gerando narcose.

6. Se a exacerbação foi causada por uma infecção, o corticóide


ainda é indicado no primeiro momento?

Sim, porque há um alto turnover de células inflamatórias na via


aérea, ajudando a reduzir a carga inflamatória.

7. Quais são as doses indicadas de dexametasona?

Em um paciente que não foi para ventilação mecânica, a dose reco-


mendada é de 6 miligramas por dia por 10 dias (11), em um cenário
de COVID-19 negativo. Em caso positivo, um paciente que foi para a
ventilação mecânica ou está com uma relação PaO2/FiO2 menor
que 200, a dose do CoDex trial (12) é de 20 miligramas por dia, por 5
dias, seguidas de 10 miligramas por dia, por mais 5 dias.

8. Como abordar o paciente cardiopata com DPOC? O broncodi-


latador pode ser usado?

Sim, o broncodilatador pode ser usado, desde que esse paciente


seja reavaliado com frequência. O betabloqueador também pode
ser usado se ele for cardio seletivo, respeitando as contraindicações
em um cenário de exacerbação de insuficiência cardíaca. Nesse
caso, a indicação é usar atenolol, metoprolol, bisoprolol ou nebivolol.
O mais cardio seletivo é o bisoprolol.

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9. Como atuar com pacientes que não podem receber corticoi-


de inalatório, mesmo exacerbados?

Nesse caso, pode se tentar fazer o corticoide inalatório, mas tentar


broncodilatar um pouco mais esse paciente. Se ele já usava e conse-
gue usar um dispositivo novamente, você está autorizado.

6. Referências:
1. Pocket Guide to COPD Diagnosis, Management and Prevention
(A Guide for Health Care Professionals). Global Initiative for Chronic
Obstructive Lung Disease (GOLD) 2021 Report.

2. De Oca MM, López Varela MV, Acuña A. Schiavi E, Rey MA, Jardim
J, Casas A, Tokumoto A, Torres Duque CA, Ramírez-Venegas A,
García G, Stirbulov R, Camelier A, Bergna M, Cohen M, Guzmán S,
Sánchez E. Guía de práctica clínica de la enfermedad pulmonar
obstructiva crónica (EPOC) ALAT-2014: preguntas y respuestas /
ALAT-2014 chronic obstructive pulmonary disease (COPD) clinical
practice guidelines: questions and answers. Arch. bronconeumol.,
v. 51, n. 8, p. 403-416, ago. 2015.

3. Albert RK, Connett j, Bailey wc, Casaburi R, Cooper Jr JAD, Criner


GJ, Curtis JF, Dransfield MT, Han MK, Lazarus SC, Make B, Mar-
chetti N, Martinez FJ, Madinger NE, McEvoy C, Niewoehner DE,
Porsasz J, Price CS, Reilly J, Scanlon PD, Sciurba FC, Scharf SM,
Washko GR, Woodruff PG, Anthonisen NR, for the COPD Clinical
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of COPD. N Engl J Med, v 365, n. 8, august, 2011.

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4. Pomares X, Montón C, Bullich M, Cuevas O, Oliva JC, Gallego M,


Monsó E. Clinical and Safety Outcomes of Long-Term Azithromycin
Therapy in Severe COPD

Beyond the First Year of Treatment. CHEST, v. 153, n. 5, p. 1125-


1133, 2018.

DOI: https://doi.org/10.1016/j.chest.2018.01.044

5. Calverley PMA, Martinez FJ, Fabbri LM, Goehring UM, Rabe KF.
Does roflumilast decrease exacerbations in severe COPD patients
not controlled by inhaled combination therapy? the REACT study
protocol. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis, v. 7, p. 375–382, 2012.
Published online 2012 Jun 20. doi: 10.2147/COPD.S31100

6. Gandhi, RT, Lynch JB, del Rio C. Mild or Moderate Covid-19. New
England Journal of Medicine. Publicado em 24/04/2020, em
NEJM.org. DOI: 10.1056/NEJMcp2009249

7. Leung JM, Yang CX, Tam A, et al. ACE-2 Expression in the Small
Airway Epithelia of Smokers and COPD Patients: Implications for
COVID-19. Eur Respir J 2020; no prelo (https://doi.org/10.1183/
13993003.00688-2020).

8. GOLD COVID-19 GUIDANCE. Disponível em: https://goldcopd.


org/ gold-covid-19-guidance/

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9. Watz H, Tetzlaff K, Wouters EFM, Kirsten A, Magnussen H, Rodri-


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10. Magnussen H, Disse B, Rodriguez-Roisin R, Kirsten A, Watz H, Tetz-


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1285-1294. October. 2014. DOI: 10.1056/NEJMoa1407154.

11. The RECOVERY Collaborative Group. Dexamethasone in Hospi-


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was published on July 17, 2020, at NEJM.org. DOI: 10.1056/
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12. Tomazini BM, Maia IS, Cavalcanti AB, Berwanger O, Rosa RG, Veiga
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Costa ELV, Moura RAB, Honorato MO, Costa, AN, Damiani LP, Lisboa
T, Kawano-Dourado, L, Zampieri, FG, Olivato GB, Righy, CR, Amen-
dola CP, Roepke RML, Freitas DHM, Forte DN, Freitas FGR, Fernandes
CCF, Melro, LMG, S. Junior, GF, Morais DC, Zung S, Machado, FR,
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drome and COVID-19 The CoDEX Randomized Clinical Trial. JAMA
Published online September 2, 2020.

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