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Pedro Inácio chega à emergência com o seu irmão José Fernando às 20:30 de uma quarta-feira. Como o seu irmão
ainda está muito letárgico e não consegue falar, Pedro Inácio é quem relata a maior parte do ocorrido para a
equipe que está de plantão. Os dois estavam assistindo televisão um jogo, Flamengo e Vasco, quando Pedro Inácio
percebeu que o irmão de 40 anos parecia estar devaneando. Sem nunca perder uma oportunidade para brincar
com ele pelo fato de que o Flamengo estava perdendo, Pedro Inácio começou a reclamar o irmão por estar “no
mundo da lua”. Mas, em lugar da ruidosa gargalhada à qual estava acostumado, Pedro Inácio só recebeu do irmão
um olhar fixo e confuso, como que receoso. Pedro Inácio lembra que a mão direita do irmão começou a dobrar-se
repentinamente em uma posição desajeitada e, em seguida, a tremer. As contrações rítmicas foram aumentando,
propagando-se gradualmente da mão para o braço e, em seguida, para todo o lado direito do corpo. Pedro Inácio
percebeu então que o corpo do irmão estava rígido, quase como se estivesse tentando contrair toda a musculatura
do corpo. Essa contração sustentada durou cerca de 15 segundos e foi seguida de movimentos clônicos de todos os
quatro membros, que duraram outros 30 segundos ou mais. A frequência dessas contrações rítmicas foi
diminuindo depois de vários minutos, e José Fernando ficou então com o corpo flácido, começou a respirar com
dificuldade e continuou incapaz de responder a estímulos. José Fernando recuperou a consciência a caminho da
emergência.
No Hospital, a imagem de ressonância magnética (IRM) mostra uma pequena neoplasia no lobo temporal esquerdo
de José Fernando. Como a neoplasia é de aparência benigna, José Fernando, seguindo o conselho de seu médico,
decide não se submeter a uma cirurgia. São discutidos os benefícios e os riscos potenciais de vários agentes
anticonvulsivantes, incluindo carbamazepina, fenitoína, ácido valpróico e lamotrigina, e fica decidido que José
Fernando irá iniciar um esquema com carbamazepina para evitar a ocorrência posterior de convulsões.
A. Qual o significado da sequência de propagação da convulsão das mãos para o braço e, a seguir, para a perna?
B. A convulsão generalizada que ocorreu após as contrações rítmicas do lado direito incluiu uma fase tônica (rigidez),
seguida de uma fase clônica (contrações musculares rítmicas). Qual o processo em nível molecular responsável por
esses sintomas?
C. Através de que mecanismos uma neoplasia focal pode resultar em convulsão?
D. Existe algum significado clínico para o olhar fixo, confuso e perplexo?
E. De que maneira os fármacos citados impedem a ocorrência de convulsões? Quais os riscos inerentes a esses
medicamentos?
Psicofarmacologia
Psicofarmacologia
Qualquer anormalidade na função dos canais iônicos e das redes neurais pode resultar em rápida propagação
sincrônica e descontrolada da atividade elétrica, que constitui a base da convulsão.
Os distúrbios convulsivos pertencem a um grupo heterogêneo que compreende uma variedade de quadros
clínicos e causas muito diferentes. Representam manifestações clínicas da atividade elétrica anormal no cérebro
e devem ser diferenciados da epilepsia, que se refere à afecção em que um indivíduo tem tendência a sofrer
convulsões recorrentes (isto é, um paciente que teve uma única convulsão não apresenta necessariamente
epilepsia). Dependendo da localização da atividade convulsiva no sistema nervoso central (SNC), o paciente
pode experimentar uma variedade de sintomas. Esses sintomas incluem os sintomas motores proeminentes
relativamente comuns e a perda de consciência observados nas convulsões tônico-clônicas, bem como
alterações paroxísticas que ocorrem em uma variedade de funções não-motoras — como sensação, olfato, visão
— e funções de ordem mais alta — como emoção, memória, linguagem e discernimento.
A proteção fisiológica contra descargas repetitivas ocorre através da inibição em dois níveis: em nível celular
(por exemplo, inativação dos canais de Na+) e em nível de rede (por exemplo, inibição mediada pelo GABA).
Sendo assim, os agentes anticonvulsivantes mais utilizados são classificados em quatro categorias principais,
Explique o mecanismo de ação de cada uma delas:
(1) fármacos que aumentam a inibição mediada pelos canais de Na+;
Fenitoína
Carbamazepina
Lamotrigina
Zonisamida
Etossuximida
Pregabalina
Tiagabina
Ácido valpróico
Gabapentina
Topiramato
Levetiracetam
Felbamato
Fenobarbital
Psicofarmacologia
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