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Lourenço Rubene Matsimbe

Didática de Matemática II

Semana II (de 20 à 27 de Fevereiro de 2023)

Síntese

Resumo semanal dos conteúdos estudados,


que deverá ser entregue no Departamento
de Tecnologias e Ciências Exatas, pois
servirá como critério de avaliação.
Tutor: Domingos A. A. Nhampinga

Universidade Pungué – Extensão de Tete

Fevereiro de 2023
1. NOÇÕES FUNDAMENTAIS QUE NORTEIAM A ORGANIZAÇÃO DO
TRABALHO DOCENTE

1.1 CONTRATO DIDÁCTICO

É um conjunto de regras pré-estabelecidas (formuladas de forma verbal em sala de aula) que


determinam o que cada elemento (professor ou aluno) deve fazer. Ou por outra, segundo Guy
Brousseau é “um conjunto de comportamentos (específicos) do professor que são esperados pelos
alunos, e um conjunto de comportamentos do aluno que são esperados pelo professor”. Por
exemplo, pedir permissão antes de falar.

Esse contrato é o conjunto de regras que determinam explicitamente em uma pequena parte, mas
sobretudo implicitamente em grande parte, o que cada elemento da relação didática deverá fazer e
que será, de uma maneira ou de outra, válido para o outro elemento.

Brousseau (1986) considera que para se estudar Matemática é necessário que o professor busque
bons problemas específicos e que os alunos o resolvam, propiciando então o aprendizado do
conteúdo em questão. Caso o aluno não seja capaz de resolvê-los, pelo motivo que seja, o professor
tem a obrigação de ajudá-lo e, ainda, de justificar a escolha de um problema difícil.

1.2 CONTRATO PEDAGÓGICO

É um conjunto de factores referentes à relação didáctica que procura definir as responsabilidades


e os comportamentos que cada sujeito deve ter perante o outro nas práticas que possibilitam a
apropriação do saber. Por exemplo, a proibição ou permissão do uso de determinados recursos.

1.3 CONTRATO ESCOLAR

É um documento com validade legal, que estabelece as obrigações do professor e do aluno. Por
exemplo, o uso de uniforme escolar por parte dos alunos.

2. A NOÇÃO DO SISTEMA DIDÁTICO

No sentido de contextualizar o sistema didático no sistema de ensino e, consequentemente,


vincula-lo ao saber, Chevallard (1996) modela a intenção didática presente em uma instituição I
como sendo a manifestação da formação de várias instituições, as quais o autor denomina de
sistemas didáticos (SD).
Um sistema didático comporta um ou vários sujeitos de I, os quais podem ocupar a posição de
professor P, um ou vários sujeitos de I que ocupam a posição de aluno a e finalmente um objeto
O, pertencentes a PI(a) que representa o conjunto dos investimentos didáticos para I. Desta forma
um sistema didático pressupõe pelo menos três ‘’termos’’: professor, aluno e um ou vários
investimentos didáticos. Para o funcionamento e a permanência de um sistema didático é
necessário que algumas condições sejam satisfeitas. Uma destas condições é, para o autor, o
estabelecimento de um contrato didático alinhado ao contrato institucional, cujo ponto de partida
seja seguro. Assim,

Para que um SD funcione, é necessário que, em cada instante –


relativamente próprio de SD como instituição -, exista um conjunto de
objetos institucionais que, para os sujeitos do SD, sejam naturais. Ou seja,
objetos O, tais que as relações institucionais R1(p, O) (em que p = a, P)
sejam localmente estáveis. Por outras palavras, é minimamente necessário
que exista um meio. (CHEVALLARD, 1996, p. 135)

3. AS DIMENSÕES DO FENÓMENO E DIDÁTICO E AS FUNÇÕES DIDÁTICAS

Chevallard (2009d) as resume:

 Cronogênese: Gênese do tempo didático, ou seja, o tempo da construção praxeológica. (p.


2).
 Topogênese: Gênese dos equipamentos praxeológicos (e relações institucionais
associadas) de acordo com as posições do aluno e do professor durante a construção
praxeológica. O topos (o lugar, em grego antigo) do aluno (respectivamente do professor)
é aquela parte da posição do aluno (respectivamente professor) em relação às entidades
praxeológicas construídas ou em processo de construção na sala de aula. (p. 5).
 Mesogênese: Gênese do meio didático, isto é, do sistema de recursos utilizados no processo
de construção praxeológica. (p. 3).
4. SEQUÊNCIA DIDÁTICA
É geralmente conhecido por SD, se define como uma estratégia educacional para aprimorar a
aprendizagem, definindo passos e etapas correlacionadas com foco em atingir um objetivo
específico. O professor define um início e um final para a aplicação dessa técnica, que pode variar
de acordo com o tema escolhido e as necessidades observadas.

A SD tem a capacidade de auxiliar os estudantes no desenvolvimento das mais diversas habilidades


e competências, na resolução de problemas do dia a dia e, ainda, no aperfeiçoamento do seu
desempenho individual de aprendizagem.

5. A ABORDAGEM PRAXEOLÓGICA E OS ELEMENTOS PARA PRODUÇÃO DE


TAREFAS MATEMÁTICAS
Chevallard propôs a noção praxeologia como conceito chave para estudar as práticas
institucionais relativas a um objeto do saber e em particular as práticas sociais em matemática. A
abordagem praxeológica é, portanto um modelo para análise da ação humana institucional. Com
efeito, as praxeologias são descritas em termos das quatro noções a seguir: (Tipo de) tarefa → 𝑻,
(Tipo de) Técnica → 𝝉, Tecnologia→ 𝜽, Teoria → 𝚯, Que permitem a modelização das práticas
sociais em geral e das atividades matemáticas em particular.

Produzir, ensinar e aprender matemática são ações humanas que podem descrever-se conforme o
modelo praxeológico, ou seja, decomponível em dois blocos [𝚻/𝛕] e [𝜽/𝚯], constituindo,
respectivamente, o saber-fazer [praxe] e o ambiente tecnológico-teórico [logos]. Nesse sentido, a
organização praxeológica relativa às atividades matemáticas é uma organização matemática.

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