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Transtorno

Depressivo,
distimia e Crise
suicida
Tomaz Eugenio de Abreu Silva
Psiquiatra
CRM: 153.920 – RQE: 67203
Vinheta clínica
Identificação: FR, 44 anos, sexo feminino, solteira, negra comerciante

QP: “Facilidade para chorar e pensamentos pessimistas frequentes”

HPMA: Há 4 meses vem gradualmente perdendo o ânimo para fazer atividades prazerosas de sua rotina,
como praticar exercícios e cozinhar. Queixa-se de muita preguiça, demora para levantar da cama todas as
manhãs e procrastinação nas tarefas do dia-a-dia, já relatando prejuízos no trabalho e na sua organização
caseira. Também informa problemas para manter o foco em atividades simples como assistir TV e
problemas para se lembrar do nome de objetos, lugares e pessoas. Descreve que nos últimos 30 dias
apresenta pessimismo intenso e intrusivo: está se achando menos capaz e duvidando de si mesma em
temas nos quais antes tinha muita segurança pessoal, como atender clientes no trabalho. Tem dificuldade
para iniciar o sono na maior parte das noites e o sono está fragmentado. Nega pensamentos de morte, mas
pensa frequentemente sobre qual é o objetivo de estar viva. Reconhece que se sente triste e com humor
fragilizado a maior parte do tempo, apesar de não encontrar motivos claros para isso. Nega perda ou ganho
de peso ou alteração do apetite.

AMP: Previamente hígida, sem nenhuma medicação de uso contínuo. Ciclo irregular há 3 meses. Sem filhos.

AMF: tios e primos com depressão. Relata que seus pais nunca receberam diagnóstico psiquiátrico mas
reconhece que sua mãe sempre foi uma pessoa muito triste e pessimista.
Tópicos abordados
Introdução Diagnóstico diferencial
1. 4.
1.1 Epidemiologia 4.1 Exames complementares

Curso e evolução Tratamento


2. 5. 5.1 Psicofarmacologia
2.1 Etiopatogenia
5.2 Psicoterapia

Quadro clínico e
Crise suicida
3. diagnóstico 6. Avaliação e manejo do risco de
3.1 Psicopatologia suicídio
3.2 Classificação, critérios diagnósticos
3.3 Distimia, Transtorno misto ansiedade
e depressão
3.4 Subtipos
1. Introdução
1. Síndrome caracterizada por conjunto de sintomas:
a. Humor depressivo
b. Alterações afetivas, cognitivas e comportamentais
c. Distúrbios dos ritmos biológicos

2. Epidemiologia
a. Estudo Megacity:
i. Prevalência na vida: 18,4%
ii. Prevalência nos últimos 12 meses: 10,4%
b. Risco de desenvolver: 2-3 vezes maior em mulheres
Características Países desenvolvidos Países em Brasil
desenvolvimento
Prevalência 12 meses (%) 5,5 5,9 10,4

Prevalência-vida (%) 14,6 11,1 18,4

Idade média de início 28,9 27,2 24,3


(anos)
N. Médio de episódios na 14,8 10,9
vida (n)
Persistência e gravidade em 12 meses

Duração média (semanas) 27,0 26,0

Clinicamente grave (%) 33,9 41,8

Comprometimento 65,8 49,3


ocupacional grave (%)
Média de dias 48,3 25,3
incapacitado (n)
18 países: 10 desenvolvidos (n=52.485) e 8 em desenvolvimento (n=37.275)
2. Curso e evolução
● Início insidioso
○ 80% apresentam mais de um
episódio na vida
○ Curso episódico
● Se tratada:
○ Melhora em 3 a 6 meses
○ Após 12 meses a maioria se
recuperou
● Chance de recuperação
○ Diminuem
progressivamente,
principalmente se sintomas
ansiosos
○ 60% após 2 anos – 21% se
cronificam
○ 30% após 6 anos - 55% se
cronificam
2.1 Etiopatogenia
1. Alterações
a. Estruturais e funcionais do cérebro
b. Neurometabólitos cerebrais
c. Imunológicas, ritmo circadiano, hormonais
d. Genéticas
e. Trato gastrointestinal
f. Estresse oxidativo
2. Aumento citocinas inflamatórias (IL-1b, IL-2, IL-6, interferon-gama, TNF-Alfa) e cortisol
a. Eixo HHA
b. Citocinas ativa HHA e diminui funcionamento receptor glicocorticoides
c. IL-1b e TNF-alfa: regulação positiva receptor serotonina
3. Herdabilidade
a. 37% segundo estudos com gêmeos
b. Fatores ambientais modulam a atividade genética de genes
4. Fatores ambientais
a. Uso de substâncias psicoativas
b. Alterações dos ritmos biológicos
c. Eventos adversos precoces (perda parental, percepção de falta de carinho dos
pais, baixo suporte social e abuso infantil)
3. Quadro clínico e diagnóstico
● Levantamento adequado da história ● Humor irritável, mal-humorado,
atual e pregressa de episódios sensível a estímulos estressantes;
depressivos, idade de início, fatores
desencadeantes e agravantes, história ● Redução de energia/desânimo, falta
familiar de transtornos do humor; de iniciativa;

● Médico de abster-se de interpretações ● Dificuldade de raciocínio, dificuldade


e inferências acerca das justificativas de concentração, sensação de
apontadas pelo paciente como “brancos”;
agentes causadores ou características
que atribua à sua personalidade; ● Insegurança, temor, medo, menos-
valia, baixa autoestima, fracasso, ruína,
● Nem todos caracterizam por inferioridade, inutilidade, perda de
sentimento de tristeza porque inteligência
predominam apatia e falta de
motivação; ● Alterações nos ritmos biológicos e
sintomas neurodegenerativos
3.1 Psicopatologia
1. Descrição geral:
a. Retardo psicomotor
b. Postura encurvada, sem
movimentos espontâneos,
olhar desviado para baixo.
2. Humor, afeto e emoções:
a. Depressão
3.1 Psicopatologia
3. Fala:
a. Redução da taxa e volume da fala
4. Disturbios da percepção:
a. Delírios e alucinações congruentes com o humor (culpa, pecado,
inutilidade, pobreza, fracasso, perseguição e doenças somáticas
terminais - tais como câncer ou “apodrecimento” do cérebro)
b. Delírio incongruente com o humor não é compatível com humor
deprimido
5. Pensamento:
a. Costumam ter visões negativas de si e do mundo
b. Pobreza do pensamento
6. Sensório e cognição:
a. Orientados
b. Memória: 50-70% tem comprometimento cognitivo
3.1 Psicopatologia
1. Controle dos impulsos
a. 10-15% cometem suicídio e 2/3 tem ideação suicida
b. Suicídio paradoxal

2. Julgamento e insight
a. Descrições a respeito do quadro hiperbólicas

3. Confiabilidade
a. Grande ênfase ao ruim e minimizam o bom
b. Erro clínico: acreditar sem questionamento em um indivíduo que
declara não ter funcionado em uma tentativa anterior com
medicamentos antidepressivos
3.2 Classificação, critérios diagnósticos
3.3 Distimia, Transtorno misto ansiedade e
depressão
1. Distimia
3.3 Distimia, Transtorno misto ansiedade e
depressão
2. Transtorno misto de ansiedade e depressão
• Sintomas de depressão e ansiedade
• Humor deprimido e perda de interesse nas atividades, acompanhados
de sintomas depressivos adicionais, bem como múltiplos sintomas de
ansiedade
• Sempre rastrear episódios hipomaníacos que podem agravar o
prognóstico pelo uso inadequado de antidepressivos no tratamento.
3.4 Subtipos
1. Classificação
a. Sintomatologia
i. Melancólica, psicótica e atípica
b. Polaridade
i. Unipolar
ii. Bipolar
c. Curso
i. Recorrente
ii. Persistente
d. Fatores desencadeantes
i. Sazonal
ii. Puerperal
e. Gravidade
i. Leve
ii. Moderada
iii. Grave
4. Diagnóstico diferencial
1. Depressão bipolar
a. Características preditivas de depressão bipolar no episódio depressivo

História Clínica • História familiar de TAB


• Início depressão < 25 anos
• > Número de episódios depressivos
• Depressão pós parto
• Episódio depressivo de início abrupto
• Depressão mais grave
Resposta a antidepressivos • Pior resposta
• Perda de resposta
• Indução de hipomania ou sintomas mistos
Sintomas • Psicóticos
• Atípicos
• Impulsividade, agressividade/hostilidade
Comorbidades • Transtorno por uso de substâncias
4. Diagnóstico diferencial
2. Principais condições clínicas associadas a depressão

Cardiovasculares: IAM e circulação extracorpórea

Doenças autoimunes (LES)

Endocrinológicas: hipo ou hipertireoidismo, doença de Addison, síndrome de Cushing,


hipopituitarismo, hiperparatireoidismo
Hematológicas e metabólicas: anemias, deficiência de folato, deficiência de B12, deficiência de
tiamina, insuficiência hepática, doença de Wilson, porfiria, hipo ou hipercalcemia
Infecções: mononucleose, hepatites, influenza, HIV e infecções do SNC

Neurológicas: lesões cerebrais principalmente em região frontal esquerda, Parkinson,


demências, esclerose múltipla
Neoplasias: pâncreas, pulmão, síndrome paraneoplásica

Medicações: reserpina e metildopa, corticoides, AINEs, vigabatrina e topiramato, opiáceos


4.1 Exames complementares
Exame Justificativa – diagnóstico diferencial

Hemograma completo Anemia e infecções

TSH e T4 livre Hipo ou hipertireoidismo

Ureia e creatinina Doenças renais

AST, ALT, GGT, FA Hepatopatias

Glicemia de jejum, Hba1c DM tem maior risco de depressão

Colesterol total e frações Alguns AD podem alterar perfil lipídico

Ácido fólico e vitamina B12 Baixos níveis podem mimetizar sintomas


depressivos e até dificultar a resposta
antidepressiva
TC ou RNM cerebral Descartar causas secundárias
5. Tratamento
1. Quando hospitalizar?
a. Risco de suicídio ou homicídio
b. Capacidade acentuadamente reduzida em obter alimento e abrigo
c. Ruptura do sistema de apoio habitual

2. Médico pode tratar ambulatorial se avaliar com frequência

3. Pessoas com transtornos de humor muitas vezes não querem entrar no hospital de forma voluntária
5.1 Farmacoterapia
1. Diretrizes gerais
2. Duração e profilaxia
3. Seleção do medicamento inicial
4. Tratamento de subtipos depressivos
5. Transtornos comorbidos
6. Uso terapêutico dos efeitos colaterais
7. Fracassos no tratamento agudo
8. Escolha de uma segunda opção de tratamento
5.1 Farmacoterapia
Classe Medicação Dosagem Efeitos colaterais e cautela

Antidepressivos Amitriptilina 75 a 300 mg Boca seca, constipação intestinal,


tricíclicos sonolência, aumento do apetite,
turvação visual, hipotensão postural,
Imipramina 75 a 300 mg visão borrada.

Clomipramina 75 a 300 mg Sempre solicitar ECG em dosagens


maiores que 50 mg.

Nortriptilina 50 a 150 mg Contra-indicação: distúrbio de condução


cardíaca, GAF, IAM recente,
prostatismo ou retenção urinária, ílio
paralítico.

Diminuem limiar convulsivo. Cuidado


com risco de suicídio
5.1 Farmacoterapia
Classe Medicação Dosagem Efeitos colaterais e Cautela

ISRS Fluoxetina 20 a 80 mg/dia

Sertralina 50 a 200 mg/dia

Citalopram 20 a 60 mg/dia

Escitalopram 10 a 20 mg/dia

Fluvoxamina 50 a 200 mg/dia

Paroxetina 20 a 60 mg/dia
5.1 Farmacoterapia
Classe Medicação Dosagem Efeitos colaterais e Cautela

Antidepressivos Venlafaxina 75 a 300 mg/dia


duais
Desvenlafaxina 5º a 200 mg/dia

Duloxetina 30 a 120 mg/dia


5.1 Farmacoterapia
Classe Medicação Dosagem Efeitos colaterais e Cautela

ISRND Bupropiona 75 a 300 mg

IRSA2 Trazodona 150 a 450 mg/dia

NASSA Mirtazapina 15 a 45 mg/dia

S-MM Vortioxetina 10 a 20 mg/dia


5.1 Farmacoterapia
1. Efeitos colaterais
5.1 Farmacoterapia
1. Efeitos colaterais
5.2 Psicoterapia
1. Terapia cognitiva
a. O objetivo da terapia cognitiva é aliviar os episódios depressivos e
prevenir sua reincidência ajudando-o a identificar e testar as
cognições negativas; desenvolver formas de pensar alternativas,
flexíveis e positivas; e ensaiar novas respostas cognitivas e
comportamentais.
2. Terapia interpessoal
a. concentra-se em um ou dois dos problemas interpessoais atuais do
paciente.
3. Terapia comportamental
4. Terapia de orientação psicanalítica
5. Terapia familiar
5.2 Psicoterapia
3. Terapia de orientação psicanalítica
a) Objetivo é efetuar uma mudança na estrutura da personalidade ou no
caráter do paciente, não simplesmente aliviar os sintomas

4. Terapia familiar
a) é indicada se o transtorno ameaçar o casamento do paciente ou o
funcionamento da família, ou se for promovido ou mantido pela
situação familiar
5.3 Outros tratamentos disponíveis
1. Cetamina e compostos moduladores de glutamato
a. Esquetamina
2. Nutracêuticos
a. L-Metilfolato
3. Terapia de neuromodulação
a. ECT
b. EMT
4. Exercício aeróbico
a. Treinamento aeróbico
5. Estimulação do nervo vago
RAPS

Crise Suicida
Avaliação e Manejo da Crise Suicida
Conteúdo
Definições Manejo
01 Suicídio x automutilação
04 O que todos podem fazer?

Epidemiologia Fluxo Santo André/SP


02 05 Urgência e Emergência x
Mundo x Brasil
CHM Psiquiatria x CAPS

Avaliação do Risco Conclusões


03 O que todos devemos 06 Saúde Pública
saber?
Definições
01 Suicídio x Automutilação
Tentativa
Suicídio
de suicídio
Ato suicida que
Ato autodirecionado,
resulta em
não fatal e
morte
potencialmente
prejudicial
concebido para
resultar em morte,
Violência mas pode ou não
autoprovocada resultar em lesão
Ato autoinfligido que causa dor ou
dano superficial, mas não concebido
para causar morte.
“Comportamento suicida é um OMS ofereceu orientações técnicas
fenômeno multifatorial, baseadas em evidências científicas a
multideterminado e transacional que fim de tornar o suicídio uma prioridade
se desenvolve por trajetórias na agenda da saúde pública mundial.
complexas, porém identificáveis”

1960 1990 2008


(OMS) (OMS) (OMS)

Suicidologia: profissionais
de saúde devem avaliar o
Problema a ser enfrentado risco de suicídio e reunir
também na área da saúde esforços para evitar que
pública. seus pacientes se matem.
Epidemiologia
02 Mundo x Brasil x Santo André/SP
1 em cada 100
mortes

800 mil mortes por ano

1 pessoa a cada 40”


Prevalência
Prevalência
Prevalência
Prevalência
7,4 5,4

5,3
3,3 6,5
7,5
TMO por Suicídio
5,5 6,6
9,7 4,9
5,1 3,1

5,6
2,7 6,4
8,5
4,9
5,6
8,2
9,7
Da plataforma Bing
© GeoNames, Microsoft,…
Avaliação de Risco
03 O que todos devemos saber?
Intencionalidade suicida

Providências
Pesquisa pós-morte
Planos de poder letal
como se
matar
Ideias de
suicídio

Ideias de
morte
Fatores de Risco para o Suicídio
Fatores sociodemográficos Fatores psicossociais
• Sexo masculino • Abuso físico ou sexual
• Adultos jovens (19 a 49 anos) e idosos • Perda ou separação dos pais na infância
• Estados civis viúvo, divorciado e solteiro • Instabilidade familiar
• Orientação homossexual ou bissexual • Ausência de apoio social
• Ateus, protestantes tradicionais > católicos, judeus • Isolamento social
• Grupos étnicos minoritários • Perda afetiva recente ou outro acontecimento estressante
• Datas importantes
Transtornos mentais • Desemprego
• Depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de álcool e
• Aposentadoria
outras drogas, esquizofrenia e transtornos da personalidade
• Violência doméstica
(especialmente borderline)
• Desesperança, desamparo
• Comorbidade psiquiátrica
• Ansiedade intensa
• História familiar de doença mental • Vergonha, humilhação
• Falta de tratamento ativo e continuado em saúde mental
• Baixa autoestima
• Ideação ou plano suicida
• Traços da personalidade: impulsividade, labilidade do
• Tentativa de suicídio pregressa
humor, perfeccionismo
• História familiar de suicídio
• Rigidez cognitiva, pensamento dicotômico
Outros • Pouca flexibilidade para enfrentar adversidades
• Acesso a meios letais
• Doenças físicas incapacitantes, estigmatizantes, dolorosas e
terminais
• Estados confusionais orgânicos
• Falta de adesão ao tratamento, agravamento ou recorrência de
doenças preexistentes
• Relação terapêutica frágil ou instável
Fatores de Proteção para o Suicídio
Personalidade e estilo cognitivo Fatores socioculturais
• Flexibilidade cognitiva • Integração e bons relacionamento em
• Disposição para aconselhar-se em caso de grupos sociais
decisões importantes • Adesão a valores e normais socialmente
• Abertura à experiência de outrem compartilhados
• Habilidade para se comunicar • Prática religiosa e outras práticas coletivas
• Capacidade para fazer boa avaliação da • Rede social que propicia apoio prático e
realidade emocional
• Habilidade para solucionar problemas da • Estar empregado
vida • Disponibilidade de serviços de saúde
mental
Estrutura familiar Outros
• Bom relacionamento interpessoal • Gravidez, puerpério
• Senso de responsabilidade em relação à • Boa qualidade de vida
família • Regularidade do sono
• Crianças pequenas na casa • Boa relação terapêutica
• Pais atenciosos e consistentes
• Apoio em situações de necessidade
Predisponentes
Suicídio
Precipitantes
Tempo
Predisponentes Precipitantes
Transtornos psiquiátricos Desilusão amorosa
Tentativa prévia de suicídio Separação conjugal
Suicídio na família Conflitos relacionais
Abuso sexual da infância Derrocada financeira
Impulsividade/agressividade Perda de emprego
Isolamento social Desonra, vergonha
Doenças incapacitantes/incuráveis Embriaguez
Alta recente de internação Fácil acesso a um meio letal
psiquiátrica
1. O que está acontecendo?
Eventos precipitantes
Estressores agudos e crônicos
2. Estado mental atual
Afetos intensos
Constrição cognitiva
3. Intencionalidade suicida
Ideia
Plano
4. Principais fatores de risco e de
proteção
Transtornos mentais
Tentativa de suicídio pregressa
História
Personalidade
5. Formulação do risco de suicídio
Registro
Comunicação
Avaliação
● Identificação dos indivíduos:
Ninguém é realmente capaz de
prever com exatidão qual
paciente irá se suicidar; apenas o
risco pode ser estimado.
● A OMS aponta três
características psicopatológicas
comuns no estado mental dos
suicidas. São elas:
● Ambivalência
● Impulsividade
● Rigidez
Avaliação
Todas avaliações devem incluir:
☑ Doença mental
☑ História pessoal e familiar de comportamento suicida
☑ Suicidabilidade
☑ Características de personalidade
☑ Fatores estressores crônicos e recentes
☑ Fatores psicossociais e demográficos
☑ Presença de outras doenças
Avaliação
1. São seis perguntas fundamentais em cada consulta, sendo três delas para todos os
pacientes:
☑ Você tem planos para o futuro? A resposta do paciente com risco de suicídio
é não.
☑ A vida vale a pena ser vivida? A resposta do paciente com risco de suicídio
novamente é não.
☑ Se a morte viesse, ela seria bem-vinda? Desta vez a resposta será sim para
aqueles que querem morrer.

2. Se o paciente respondeu como foi referido acima, o profissional de saúde fará estas
próximas perguntas:
☑ Você está pensando em se machucar/se ferir/fazer mal a você/em morrer?
☑ Você tem algum plano específico para morrer/se matar/tirar sua vida?
☑ Você fez alguma tentativa de suicídio recentemente?
Avaliação
A. Caso tenha ideação suicida:
☑ Há meios acessíveis para cometer suicídio? (Armas, andar onde mora,
remédios ou inseticidas).
☑ Qual a letalidade do plano e a concepção da letalidade pelo paciente?
Qual a probabilidade de resgate/como foi o resgate? Alguma preparação
foi feita? (Carta, testamento ou acúmulo de comprimidos).
☑ Quão próximo o paciente esteve de completar o suicídio? O paciente
praticou anteriormente o ato suicida ou já tentou? O paciente tem
habilidade de controlar seus impulsos?
☑ Há fatores estressantes recentes que tenham piorado as habilidades de
lidar com as dificuldades ou de participar no plano de tratamento?
☑ Há fatores protetores? Quais os motivos para o paciente se manter vivo?
Qual a visão do paciente sobre o futuro?
Avaliação do Risco

A. Risco Baixo
☑ Caracterizar: A pessoa teve alguns pensamentos suicidas, mas
não fez nenhum plano.
☑ Manejar: Escuta acolhedora para compreensão e amenização de
sofrimento; Facilitar a vinculação do sujeito ao suporte e ajuda
possível ao seu redor – social e institucional; Tratamento de
possível transtorno psiquiátrico.
☑ Encaminhar: Caso não haja melhora, encaminhe para profissional
especializado; Esclareça ao paciente os motivos do
encaminhamento; Certifique-se do atendimento e agilize ao
máximo, tendo em vista a excepcionalidade do caso; Tente
obter uma contrarreferência do atendimento.
Avaliação do Risco
B. Risco Médio
☑ Caracterizar: A pessoa tem pensamentos e planos, mas não pretende
cometer suicídio imediatamente.
☑ Manejar: Total cuidado com possíveis meios de cometer suicídio que
possam estar no próprio espaço de atendimento; Escuta terapêutica que o
possibilite falar e clarificar para si sua situação de crise e sofrimento;
Realização de contrato terapêutico de não suicídio; Investimento nos
possíveis fatores protetivos do suicídio; Faça da família e amigos do
paciente os verdadeiros parceiros no acompanhamento do mesmo.
☑ Encaminhar: Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação e
conduta ou agendar uma consulta o mais breve possível; Peça autorização
para entrar em contato com a família, os amigos e/ou colegas e explique a
situação sem alarmar ou colocar panos quentes, informando o necessário e
preservando o sigilo de outras informações sobre particularidades do
indivíduo; Oriente sobre medidas de prevenção, como: esconder armas;
facas; cordas; deixar medicamentos em local que a pessoa não tenha
acesso etc.
Avaliação do Risco
C. Risco Alto
☑ Caracterizar: A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo
e planeja fazê-lo prontamente; Tentou suicídio recentemente e
apresenta rigidez quanto à uma nova tentativa; • Tentou várias vezes em
um curto espaço de tempo.
☑ Manejar: Estar junto da pessoa. Nunca deixá-la sozinha; Total cuidado
com possíveis meios de cometer suicídio que possam estar no próprio
espaço de atendimento; Realização de contrato de “não suicídio”;
Informar a família da forma já sugerida.
☑ Encaminhar: Encaminhar para o serviço de psiquiatria para avaliação,
conduta e, se necessário, internação. Caso não seja possível, considere
o caso como emergência e entre em contato com um profissional da
saúde mental ou do serviço de emergência mais próximo. Providencie
uma ambulância e encaminhe a pessoa ao pronto-socorro psiquiátrico,
de preferência.
Avaliação
Urgência e Emergência
do Risco
Três objetivos: reduzir o risco imediato; manejo dos fatores predisponentes; e
acompanhamento.
Vigilância 24 horas deve ser estruturada por alguém da equipe de saúde ou cuidador,
se for avaliado como capacitado, até a reavaliação médica. Utensílios que podem
ser usados para machucar (facas, instrumentos pontiagudos, remédios, cintos e
cordas) devem ser retirados do acesso do paciente , assim como a bolsa do
mesmo deve ser revistada para avaliar a presença destes. Portas, inclusive do
banheiro, não devem ser trancadas.
A transferência de pacientes entre instituições deve ser feita de ambulância, e não
pelos familiares;
Os pacientes com alto risco de suicídio e frágil suporte social devem ser internados
em instituição especializada;
04
Manejo
O que todos devemos fazer?
O que compete a
atenção
primária?
Identificação de casos;
Avaliação prévia de risco;
Manejo dos casos de baixo risco;
Encaminhamento para rede de saúde mental – com a certeza de atendimento
e contrarreferência; e acompanhamento após encaminhamento.
O que compete à atenção secundária e terciária?
1. Avaliação do risco;
2. Diagnóstico psiquiátrico e/ou situação psicológica atual;
3. Contrato terapêutico; intervenção na crise; plano terapêutico estratégico
com identificação de fatores de risco e fatores protetivos; atendimento
semanal com suporte ambulatorial e escuta psicoterapêutica;
4. Retaguarda para internação em casos de alto risco; atendimento e, se
necessário, internação em emergências hospitalares;
5. Acompanhamento do serviço social e psicológico do hospital;
6. Encaminhamento para o serviço de saúde mental – com certificação de
atendimento e contrarreferência – após alta.
Prevenção além do sistema de saúde

● Incentivo a espaços de promoção de saúde na comunidade, como a realização de


grupos de autoajuda nas igrejas e escolas, associações e ONGs;
● Controle/regulação do acesso aos métodos mais utilizados, como: carbamato
(chumbinho); pesticidas; raticidas e outros; e restrição às armas de fogo;
● Construções inteligentes e planejamento da cidade com medidas de segurança;
comprometimento dos órgãos responsáveis; e campanha SELO AMARELO para
construções que atendam a essas medidas de segurança;
● Incremento do uso estratégico da mídia para campanhas preventivas e maior
regulação da veiculação em casos de tentativas;
● Evitar as descrições pormenorizadas do método empregado, bem como fatos e
cenas chocantes;
● Campanhas nas escolas que problematizem o assunto, de forma a descontruir
tabus e facilitar a prevenção
Tratamento

Tratar
Escuta transtornos
Entrevista empática, mentais
acolhedora e
Depressão, ansiedade,
respeitosa
transtorno bipolar

Práticas
Integrativas Supervisão
Auriculoterapia, Contrato
Reiki, Yoga, terapeutico,
Aromaterapia ligações, suporte
social
Referências
1. SADOCK, Benjamin J.; SADOCK, Virginia A.; RUIZ, Pedro. Compêndio de Psiquiatria. [Digite o Local da
Editora]: Grupo A, 2017. 9788582713792. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582713792/. Acesso em: 24 fev. 2022.
2. MIGUEL, Euripedes C. Clínica psiquiátrica: as grandes síndromes psiquiátricas, volume 2 - 2a ed..
[Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2020. 9786555764116. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555764116/. Acesso em: 24 fev. 2022.
3. MIGUEL, Euripedes C. Clínica psiquiátrica: a terapêutica psiquiátrica, volume 3 - 2a ed.. [Digite o Local
da Editora]: Editora Manole, 2020. 9786555764123. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555764123/. Acesso em: 24 fev. 2022.
4. DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. [Digite o Local da
Editora]: Grupo A, [Inserir ano de publicação]. 9788582715062. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582715062/. Acesso em: 24 fev. 2022.
5. BOTEGA, Neury J. Crise suicida. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2015. 9788582712382. Disponível
em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582712382/. Acesso em: 24 fev. 2022.
Transtorno
Depressivo,
dis4mia e Crise
suicida
Tomaz Eugenio de Abreu Silva
Psiquiatra
CRM: 153.920 – RQE: 67203

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