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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANDAGUARI - ESTADO DO


PARANÁ.

JORGE PIMENTA DE JESUS, brasileiro, casado, do


comércio, portador da Cédula de Identidade – RG. sob nº 3.301.039-7/PR,
inscrito no C.P.F./M.F. sob nº 327.461.489-00, residente e domiciliado na
Rua Ludovico Falkowski, 145, Jardim Progresso, vem à presença de Vossa
Excelência, respeitosamente, com fundamento na Lei n.º 9.099, de 26 de
setembro de 1995, propor a presente

AÇÃO DE COBRANÇA

em face de

ADMIR DE GODOY, brasileiro, portador da Cédula


de Identidade – RG. sob nº 3.520.819-4/PR, inscrito no C.P.F./M.F. sob nº
512.064.479-15, residente e domiciliado na Rua Renê Táccola, 456, centro,
em Mandaguari-PR; pelos seguintes fatos e fundamentos:

Em data de 10 de março de 1995, o Requerente


vendeu ao Requerido um veículo marca/modelo MONARK, tipo
CICLOMOTOR, ano de fabricação/modelo 1984, placa AER-8815, chassi
103519, Renavam 51.378025-4.

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Todavia, o Requerido não transferiu referido veículo
para o seu nome, o que foi feito somente em data de 04 de dezembro de
2003, quando o Requerente, munido de Escritura Pública de Declaração,
lavrada em data de 02 de dezembro de 2003, no Livro nº 215, às fls. 118, no
Tabelionato local (cópia anexa), comunicou a venda ao Departamento de
Trânsito – DETRAN/PR, conforme se vê do incluso Termo de Comunicação
de Venda de Veículo. Atualmente, o veículo se encontra em nome do
Requerido, conforme se verifica pela situação do licenciamento anual do
veículo anexa.

Ocorre que, durante o período compreendido entre a


venda e a comunicação ao Detran (10/03/1995 a 04/12/2003), além de não
formalizar a transferência no prazo legal, o Requerido deixou de pagar os
débitos do IPVA, que originaram as certidões de dívida ativa n.ºs 10022197-
7, 10022198-5, 10022199-3 e 10022200-0, as quais serviram para
fundamentar ação de executivo fiscal (autos nº 245/2003 – Vara Cível local),
movida pela Fazenda Pública do Estado do Paraná contra o Requerente,
conforme se vê da documentação juntada.

O Requerente, então, na iminência da penhora


forçada de seus bens, motivada pela não transferência do veículo, e, ainda,
pelo não pagamento do imposto que sobre ele recaiu durante o período
compreendido entre a venda e a comunicação de venda junto ao Detran, se
obrigou a pagar, na execução, os débitos pendentes, de forma parcelada,
incluindo honorários advocatícios, além de custas processuais no Cartório
Cível desta Comarca.

As despesas pagas pelo Requerente, resultantes da


não transferência do veículo e do não pagamento do IPVA, que importam em
R$ 777,00 (setecentos e setenta e sete reais), estão assim discriminadas:

1) R$ 432,00 (quatrocentos e trinta e dois reais), que


representa o pagamento do débito principal da ação de execução fiscal nº
245/2003, que tramitou perante o Juízo da Vara Cível da Comarca de
Mandaguari (guias de recolhimento e extrato de débito de dívida ativa
anexas);

2) R$ 228,00 (duzentos e vinte e oito reais), que


representa o pagamento das custas processuais dos autos de ação de
execução fiscal nº 245/2003, junto ao Cartório Cível local (recibo anexo);

3) R$ 37,00 (trinta e sete reais), que representa o


pagamento dos honorários advocatícios nos autos de execução fiscal nº
245/2003 (recibo anexo); e

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4) R$ 80,00 (oitenta reais), que representa o
pagamento das escrituras públicas, junto ao Tabelionato local (recibo anexo).

Desta forma, deve o Requerido ser condenado a


ressarcir o Requerente no montante equivalente ao valor que despendeu,
tendo em vista que foi o causador do dano, pois não transferiu, no prazo
legal, e, ainda, não pagou o imposto que incidiu sobre o veículo adquirido,
conforme dispõe o artigo 927 do Código Civil:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”

Diz o artigo 186 do Código Civil:

“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito”.

Sobre ato ilícito merece destaque a lição de MARIA


HELENA DINIZ, in Código Civil Anotado, 9. ed. rev. e atual. de acordo com o
novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). – São Paulo : Saraiva, 2003,
p. 180, verbis:

“Ato ilícito. O ato ilícito é praticado em desacordo


com a ordem jurídica, violando direito subjetivo
individual. Causa dano patrimonial ou moral a
outrem, criando o dever de repará-lo (CC, art. 927).
Logo, produz efeito jurídico, só que este não é
desejado pelo agente, mas imposto pela Lei (RT,
721:106, 720:268, 718:209, 706:99...)”.

Sobre a obrigação de indenizar ato ilícito merece


destaque a lição de MARIA HELENA DINIZ, in Código Civil Anotado, 9. ed.
rev. e atual. de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002). –
São Paulo : Saraiva, 2003, p. 578, verbis:

“O autor de ato ilícito (CC, arts. 186 e 187) terá


responsabilidade subjetiva pelo prejuízo que,
culposamente, causou (RT, 648:69, 372:323, 440:74 e
95 e 438:109, RJTJSP, 132:160; JTACSP, 126:74),
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indenizando-o. Logo, seus bens ficarão sujeitos à
reparação do dano patrimonial ou moral causado, e,
se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação, por meio
de seus bens, de tal modo que ao titular da ação de
indenização caberá opção entre apenas um ou todos
ao mesmo tempo (CC, art. 942; RT, 432:88; AJ,
107:101)...”.

Ante ao exposto, requer digne-se Vossa Excelência,


determinar a citação do Requerido, no endereço acima declinado, para a
audiência de conciliação e, querendo, ofereça resposta à presente ação, tudo
a fim de que, ao final, seja a presente julgada totalmente PROCEDENTE,
condenando-se o Requerido a pagar em favor do Requerente, a importância
de R$ 777,00 (setecentos e setenta e sete reais), referente à reparação
dos débitos quitados pelo Requerente, corrigida monetariamente pela
variação do INPC, desde os respectivos pagamentos, acrescida dos juros de
mora mensais (art. 406 do CC); condenando-se, ainda, no pagamento das
custas processuais e honorários advocatícios que se arbitrarem.

Protesta provar o alegado através dos documentos


anexos que instruem o feito e “ad cautelam”, pelo depoimento pessoal do
Requerido, sob pena de confissão e pela prova testemunhal.

Dá-se à causa, o valor de R$ 777,00 (setecentos e


setenta e sete reais).

Nestes termos,
pede deferimento.

Mandaguari-PR, 25 de junho de 2004.

JORGE PIMENTA DE JESUS


Requerente

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