Você está na página 1de 15

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS

CÍVEIS E DE ACIDENTES DE TRABALHO DA COMARCA DE MANAUS/AM.

FULANO DAS QUANTAS, brasileiro, solteiro


(união estável), motorista, portador da Carteira de Identidade
nº 111111111 SSP/AM, inscrito no cadastro de pessoa física sob
nº 123.456.789-00, nascido em 01/10/1980, residente e
domiciliado à Rua Alvares de Azevedo, n° 10, Bairro dos
Romancistas, CEP 69000-000, Manaus/AM, vem por meio de seus
advogados, in fine assinados, procuração anexa, com endereço do
escritório e endereço eletrônico no rodapé desta, à honrosa
presença de Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS

em face de BANCO BRADESCO S.A., pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ sob nº 60.746.948/0001-12, com sede à
Rua Leopoldo Peres, 922, Bairro Educandos, CEP: 69070-250,
Manaus - AM, pelos seguintes fatos e fundamentos jurídicos:

2
I. PRELIMINARES

1.1 DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, o requerente declara que no


momento, não possui condições de arcar com as custas processuais
e honorários advocatícios sem prejuízo do sustento próprio, bem
como o de sua família, porto que está desempregado (CTPS em
anexo) e é beneficiário do benefício auxílio emergencial, razão
pela qual faz jus e requer o benefício da gratuidade da justiça,
nos termos do artigo 98 e seguintes do CPC/2015.

1.2 DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

Inicialmente verificamos que o presente


caso trata-se de relação de consumo, sendo amparada pela lei
8.078/90, que trata especificamente das questões em que
fornecedores e consumidores integram a relação jurídica,
principalmente no que concerne a matéria probatória.

Tal legislação faculta ao magistrado


determinar a inversão do ônus da prova em favor do consumidor
conforme seu artigo 6º, VIII:

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


[...]
VIII- A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiência.

Da simples leitura deste dispositivo legal,


verifica-se, sem maior esforço, ter o legislador conferido ao
arbítrio do juiz, de forma subjetiva, a incumbência de presentes
o requisito da verossimilhança das alegações ou quando o
consumidor for hipossuficiente, poder inverter o ônus da prova.

Assim, presentes a verossimilhança do


direito alegado e a hipossuficiência da parte autora para o
deferimento da inversão do ônus da prova no presente caso, dá-se
como certo seu deferimento.

2
II. DOS FATOS

O Requerente possui uma conta bancária


junto a Requerida, por meio da conta corrente nº 0001010-0,
agência 1234.

O Requerente mantém acesso a sua conta


corrente por meio de cartão de débito, ressaltando-se que
utiliza a referida conta apenas para as operações simples, como:
saque do seu salário e pagamento de compras via débito.

Excelência, o que traz o Requerente ao


judiciário é o fato do requerido está surrupiando valores da sua
conta, isto é, ESTÃO SENDO DESCONTADOS VALORES REFERENTES À
“TARIFA BANCARIA CESTA BASICA DE SERVIÇOS”, E O QUE É PIOR, o
REQUERENTE NÃO SOLICITOU E NEM AUTORIZOU A COBRANÇA DE NENHUMA
TARIFA NA SUA CONTA.

O Requerente não sabe informar desde quando


os valores estão sendo descontados, pois o Requerido só fornece
extratos bancários detalhados mediante pagamento de tarifa.

Assim, tem-se que os valores pagos pela


Requerente a título de TARIFA BANCARIA CESTA BÁSICA DE SERVIÇOS
são indevidos em razão da Requerente jamais ter sido informado
sobre a existência de tal tarifa, muito menos ter solicitado ou
autorizado tais serviços.

Por fim, mas não menos importante do ponto


de vista jurídico, por diversas vezes o Requerente procurou
informações na sua unidade bancária, todavia, só recebeu
respostas evasivas, o que impossibilitou resolver o problema de
forma administrativa, restando ao Requerente somente socorre-se
ao poder judiciário.

III. DOS VALORES DESCONTADOS EM FOLHA DE PAGAMENTO

2
Segue abaixo planilha contendo valores que
foram descontados na conta corrente do Autor:

Mês de referência Referência Valores


TARIFA BANCARIA
Dezembro/2016 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 43,00
Nesse
TARIFA BANCARIA
sentido, o Janeiro/2017 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 16,34 Autor já
TARIFA BANCARIA
pagou o montante de
Fevereiro/2017 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 8,66
R$ 1.169,79 TARIFA BANCARIA (hum mil
Agosto/2017 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 56,00
cento e sessenta e
TARIFA BANCARIA
nove reais e Novembro/2018 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 80,70 setenta e
TARIFA BANCARIA
nove centavos),
Maio/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 105,40
que foram TARIFA BANCARIA descontados
na conta Junho/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 33,70 corrente do
TARIFA BANCARIA
Requerente em Julho/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 23,90 tarifa
bancária. TARIFA BANCARIA
Agosto/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 26,45
TARIFA BANCARIA
Setembro/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 8,97 Desta feita,
a parte TARIFA BANCARIA autora requer
Outubro/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 41,73
a TARIFA BANCARIA restituição
em dobro Novembro/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 20,27 dos valores
TARIFA BANCARIA
Dezembro/2019 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 33,33 descontados
TARIFA BANCARIA indevidamente
Janeiro/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 0,44
, o qual TARIFA BANCARIA soma a
Abril/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 107,76 importância
TARIFA BANCARIA
de R$ Julho/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 79,40 2.339,58
(dois mil TARIFA BANCARIA trezentos e
Agosto/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 26,80
trinta e TARIFA BANCARIA nove reais e
cinquenta Setembro/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 26,80 e oito
TARIFA BANCARIA
centavos), Outubro/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 31,00 devendo este
valor ser TARIFA BANCARIA corrigido com
Dezembro/2020 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 58,10
juros e TARIFA BANCARIA correção
monetária. Março/2021 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 50,40
TARIFA BANCARIA
Abril/2021 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 44,00
IV. TARIFA BANCARIA DO DIREITO
Maio/2021 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 50,00
TARIFA BANCARIA
Julho/2021 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 50,00
TARIFA BANCARIA
Novembro/2021 CESTA B.EXPRESSO3 R$ 146,64 2

TOTAL R$ 1.169,79
4.1 DO CONTRATO DE ADESÃO E A TARIFA DE
MANUTENÇÃO DE CONTA:

No contrato de adesão há quase nula


participação de que desfrutam em sua assinatura: imposição de
cláusulas não comutativas; imposições de ônus excessivos; falta
de informações sobre o negócio, ou sobre bens; redação equivoca
de cláusulas; fixação de sancionamento indevidos, ou
desproporcionais, transferência de responsabilidade do
disponente para outrem entre tantas outras situações
desfavoráveis.  

Essa tarifa de manutenção de conta é uma


cláusula abusiva do contrato de adesão do Banco por decorrência
de caráter econômico, justamente porque cria maior peso, maior
ônus para o contraente fraco, e exonera cada vez mais o
predisponente. O contrato de adesão é propicio para o surgimento
de cláusulas abusivas visto que o fornecedor tenderá sempre a
assegurar a sua posição, e por isso colocará condições
contratuais que afrontarão a boa-fé ou romperão o equilíbrio
entre as prestações de cada parte.

 Diante desta situação o contrato de adesão


é normalmente a ocasião de surgimento de diversas cláusulas
contratuais abusivas, sob pressuposto falso de que as partes
assinaram o contrato de acordo com a autonomia de vontade, sob a
garantia da igualdade.

 Tem o contrato de adesão de ser redigido


em termos claros, acessíveis a qualquer um, de molde a não criar
embaraços à rápida compreensão das respectivas cláusulas com
espeque no artigo 54, §§ 3º e 4º do Código de Proteção e Defesa
do Consumidor, in verbis: 

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido


aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente
pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 

2
(...)
§ 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e
com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será
inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008) (grifo nosso)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor
deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão. (grifo nosso)
 
Diante desta conclusão, o CDC determina que
os termos do contrato de adesão devem ser claros e com
caracteres ostensivos e legíveis de modo a facilitar a
compreensão pelo consumidor. Maneira oposta àquela que os
fornecedores inescrupulosos costumam fazer: letras pequenas e de
maneira duvidosa.  

A cláusula que estiver escrita em desacordo


com tais recomendações será nula de pleno direito, o que não
acarreta em princípio, a nulidade do contrato em que esta
integrada (Inciso XV e § 2º, art. 51 do CDC).

Arruda Alvim conclui:

Há que se ressaltar, que tendo em vista as regras de interpretação


peculiares aos contratos de adesão, além do disposto no art. 46, elaborar
as cláusulas prevista no § 4º do art. 55, bem como, de maneira geral,
redigir os contratos de adesão da forma preconizada pelo parágrafo
terceiro do mesmo art. 55, é algo, antes de mais nada, que deva interessar
ao fornecedor.

Cumpre fazer menção às disposições


pertinentes insertas no Código de Defesa do Consumidor, que
veiculam comandos legais relativamente aos padrões de conduta
através da boa-fé objetiva nas fases – pré-contratual, na
execução do contrato e pós-contratual - consoante o qual não
pode o fornecedor se esquivar. 

4.2) Da cobrança indevida e do dever de


indenizar: 

A RÉ fez cobrança indevida ao AUTOR, no


momento em que cobrou um valor sem justa causa.

2
Portanto, impõe-se a Requerida, pelo fato
por ter cobrado quantia indevida, a obrigação de indenizar o
dobro do valor ao Requerente, de acordo com os mandamentos
legais, vejamos o que diz o Código Civil Brasileiro, verbo ad
verbum: 

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte,
sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido,
ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que
houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se
houver prescrição. (grifo nosso)
 
É necessário não perder de vista a posição
que a jurisprudência pátria vem assumindo diante da matéria sub
examine, conforme se depreende das ementas abaixo transcritas,
verbo ad verbum:

(...) Portanto, inexigível a quantia indicada no demonstrativo de débito.


A restituição em dobro do que foi indevidamente exigido é igual cabível,
nos termos do art. 940 do Código Civil, não havendo qualquer
justificativa para isentar a parte da penalidade imposta”. (Proc. N°
54/2004, Itu-SP, 7 de junho de 2.004, J.D. ANDREA RIBEIRO
BORGES, fonte: Revista Consultor Jurídico)
                                           
Pugna-se, no caso em tela, a quantia de R$
698,00 (SEISCENTOS E NOVENTA E OITO REAIS) por uma indenização
equivalente ao dobro do valor cobrado indevidamente acrescidos
de juros e correção monetária, bem como, a condenação ainda, ao
pagamento de valor pecuniário R$ 6.450,00 (SEIS MIL QUATROCENTOS
E CINQÜENTA REAIS), a título de reparação pelos danos morais
causados ao Requerente e pela atualização do valor indenizatório
a partir da data do ilícito perpetrado, nos termos das Súmulas
43 e 54 do STJ.

SÚMULA 43 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,


in verbis: 

INCIDE CORREÇÃO MONETARIA SOBRE DIVIDA POR ATO


ILICITO A PARTIR DA DATA DO EFETIVO PREJUIZO.
 
2
SÚMULA 54 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA,
in verbis: 

OS JUROS MORATORIOS FLUEM A PARTIR DO EVENTO


DANOSO, EM CASO DE RESPONSABILIDADE
EXTRACONTRATUAL.
 
De outro lado, não é por demais lembrar,
para efeito de responsabilização da empresa, a irrelevância da
origem das informações, já que o CDC e a Constituição Federal
consagram a responsabilidade objetiva da prestadora de serviços
(art. 12 da Lei nº 8.078/90 e § 6º do art. 37 da CF/88).  

4.3 DAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR: 

Assim, se aplicam ao presente caso as


seguintes disposições do Código de Defesa do Consumidor, dentre
outros:

Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e
técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as
regras ordinárias de experiências;

Art. 43 - O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso


às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais
e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas
fontes.
§ 1º - Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros,
verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter
informações negativas referentes a período superior a cinco anos.
§ 2º - A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de
consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não
solicitada por ele.
§ 3º - O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e
cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no
2
prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas.
§ 4º - Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os
serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades
de caráter público.

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
(...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente
pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. 
(...)
§ 3o  Os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e
com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte não será
inferior ao corpo doze, de modo a facilitar sua compreensão pelo
consumidor. (Redação dada pela nº 11.785, de 2008)
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor
deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

Art. 83 - Para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este


Código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar
sua adequada e efetiva tutela.
Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de
fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.

4.4 DO PRINCIPIO DA BOA-FÉ NOS CONTRATOS

A Constituição Federal de 1988 revolucionou


o modo de se interpretar o Direito, uma vez que trouxe uma
cartela de princípios que foram incorporados com maestria em
todos os ramos do direito, devendo ser observados, juntamente
com os direitos fundamentais, como o sentido da norma jurídica,
sob pena de nulidade. O Direito Civil foi intimamente afetado
pela existência das normas constitucionais, uma vez que estas
entalharam todo o seu modo de ser, passando muitos doutrinadores
a chamá-lo Direito Civil Constitucional. De modo que deve se:

2
“Deixar de lado o positivismo jurídico clássico, tão estritamente
legalista como ultrapassado, para se atender às normas de caráter
aberto ou flexível, no caso do Direito Civil, devem ser realçados os
princípios da sociabilidade, eticidade e operacionalidade, que
influenciaram toda a elaboração do Código Civil de 2002”.

Segundo Mello apud REINEHR:

“Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma


norma qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não
apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo
sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido,
porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço
lógico e corrosão de sua estrutura mestra. Isto porque, com ofendê-
lo, abatem-se as vigas que o sustêm e alui-se toda estrutura nelas
esforçada”.

Obriga-se assim a respeitar e obedecer


fielmente a cada princípio, pois estes representam o alicerce de
todo o ordenamento, e, descumprindo-o, fere a todas as normas
vigentes, em concordância também, com ilustre pensamento de
Delia Matilde Ferreira apud NUNES,

“O Princípio Geral da Boa-fé – com os demais princípios, cada


um no seu âmbito – informa por força própria o ordenamento,
impondo-lhe um caráter, e infundindo-lhe a fertilizante seiva dos
princípios éticos, dos valores sociais, dotando-o, assim, de
necessária flexibilidade, para manter sempre viva sua força e
permitir a permanente adaptação das normas às circunstâncias”.

Dentre os princípios tragos à luz pela


Carta Magna, está o princípio da Boa-fé objetiva, o qual tem
extrema relevância para o Direito Civil, principalmente à
realização dos contratos, devendo ser observado em todas as suas
fases, para que se assegure aos indivíduos a justa proteção de
seus direitos. Para que as reais expectativas almejadas com a
celebração do contrato sejam garantidas a ambas as partes e não
haja detrimento de uma em virtude da astúcia da outra.

4.3 DO DANO MORAL

2
Quanto ao dano moral, o mesmo ficou
configurado, pois os fatos, por certo, causaram ao Autor
aborrecimentos que superam os do cotidiano, sendo, por isso,
passíveis de reparação.

Assinale-se, que segundo a doutrina,


diferencia–se o dano material do dano moral por afetar o
primeiro, exclusivamente os bens concretos que compõem o
patrimônio do lesado, diminuindo desta forma, o seu quantum
financeiro, e o segundo, por afetar diretamente o indivíduo e a
sociedade em seu funcionamento. Foco atingido é o foro íntimo do
lesado, sua honra, sua imagem, em síntese, os mais nobres
valores humanos.

Todos doutrinadores pátrios são unânimes


quando nos ensinam, tais como Ada Pellegrini Grinover, Afrânio
Silva Jardim, Alexandre Freitas Câmara, James Tubenchlak, João
Mestiere, José Carlos Barbosa Moreira, Yussef Said Cahali,
dentre outros tantos, in, pg. 58, Doutrina, Editora Instituto do
Direito, in verbis:

“ Danos Morais são formas de lesão de um bem jurídico de


reconhecido interesse da vítima, que fazem com que o detentor do
direito moral tutelado na esfera jurídica – positiva - objetiva, se
estranhe num estado psicológico conturbado, incapaz de ser
mensurável, traduzido tão somente pela sensação dolorosa,
vergonha, que cause dor íntima, espanto, emoção negativa ou
constrangimento...”

E ainda:

“O fundamento da reparação pelo dano moral está em que, a par do


patrimônio em sentido técnico, o indivíduo é titular de direitos
integrantes de sua personalidade, não podendo confirmar-se a
ordem jurídica em que sejam impunemente atingidos.”

Para salvaguardar o seu Direito de


Consumidor, o Autor acredita na Justiça, para que com isso sejam
compensados os seus sacrifícios e o constrangimento sofrido, e
demonstrando ao Réu que seus clientes devem ser tratados com
mais atenção, consideração e respeito.
2
Cabe salientar a lição do Desembargador
SÉRGIO CAVALIERI FILHO, em sua obra “Programa de
responsabilidade Civil”, Ed. Malheiros, 1998, que leciona:

“…deve ser reputado como dano moral, a dor, o vexame,


sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira
intensamente no comportamento psicológico do indivíduo,
causando-lhe aflições, angústia e desequilíbrio em seu bem-estar…
Se assim não se entender, acabaremos por banalizar o dano moral,
ensejando ações judiciais em busca de indenizações pelos mais
triviais aborrecimentos”.

Tal reparação é de direito do autor e


devida pela ré. Diante da narrada situação do autor de sério
abalo mental, há clara necessidade de reparação de dano.

Assim, requer o autor, como medida de


amparo ao dano causado, a condenação da ré ao pagamento, a
título de dano moral, a quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil
reais), a fim de reparar o abalo psicológico causado.

V. DA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

Requer, diante dos fatos, que a requerida


seja compelida em se abster de efetuar os descontos no
contracheque do requerente, uma vez que o empréstimo já foi
devidamente quitado.

Sendo assim, lança-se mão do instituto da


tutela de urgência antecipada, insculpida no artigo 300 e 303,
do Novo Código de Processo civil e artigo 84, do Código de
Defesa do Consumidor, permite que o juiz conceda a tutela
específica da obrigação de fazer ou não fazer e que garanta ao
litigante detentor da maior probabilidade do direito, a
antecipação dos efeitos do provimento final de modo a assegurar-
lhe a eficácia deste, devendo estar evidenciada a
verossimilhança do direito do requerente e o perigo de a
morosidade processual vir a acarretar-lhe danos de difícil ou de
impossível reparação.

2
A verossimilhança da alegação está
devidamente demonstrada pelos sucessivos descontos no
contracheque, anexado aos autos. No caso em tela, não há sequer
o perigo de irreversibilidade do provimento ora requerido
antecipadamente, vez que o como já comprovado alhures, o
empréstimo já foi integralmente QUITADO.

Quanto ao “periculum in mora” resta este


evidenciado, primeiramente, pelo prejuízo que o Requerente está
tendo que suportar ao ver descontados valores indevidos, mês a
mês, em seu contracheque, e ter que continuar pagando uma dívida
que já foi paga, mesmo sendo diligente em suas dívidas e, nesse
sentido, ser punido por uma conduta abusiva da ré.

Dessa forma, o Autor faz jus a antecipação


de tutela, para que a Ré se abstenha, imediatamente, de realizar
o desconto indevido do contracheque do Autor, sob pena de multa
diária correspondente a quantia de R$ 200,00 (duzentos reais).

Destarte, por estarem preenchidos os


requisitos para a concessão da tutela de urgência antecipada,
consoante os requisitos estabelecidos no Código de Processo
Civil, vem requer a Vossa Excelência a sua concessão, por ser de
legítimo direito.

VI. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, requer a Vossa


Excelência:

A. A concessão da gratuidade de justiça, nos


termos da Lei nº 1.060/1950;
B. Seja concedida a tutela de urgência
pleiteada, SUSPENDENDO O DESCONTO EM CONTA
CORRENTE DO REQUERENTE ATÉ QUE SE JULGUE A
PROCEDÊNCIA DA REFERIDA AÇÃO;
C. A NÃO realização da Audiência de Conciliação
e mediação;
2
D. Requer a citação do referido banco, na pessoa
de seu representante legal para, querendo,
apresentar resposta a presente ação no prazo
legal;
E. A inversão do ônus da prova, em favor do
autor, diante da verossimilhança de suas
alegações, a teor do artigo 6°, inciso VIII,
do CDC.
F. Seja a presente demanda julgada procedente
para que julgue procedente a presente demanda
e declare a inexistência do débito e condene
a Requerida a restituir em dobro o valor
cobrado indevidamente, perfazendo a quantia
de R$ 2.339,58 (dois mil trezentos e trinta e
nove reais e cinquenta e oito centavos),
acrescidos de juros e correção monetária, bem
como, a condenação ao pagamento de valor
pecuniário R$ 30.000,00 (TRINTA MIL REAIS), a
título de reparação pelos danos morais
causados ao Requerente;
G. Requer a condenação do banco-réu no pagamento
de todas as despesas processuais e em
honorários advocatícios a base de 20% (vinte
por cento);
H. O AUTOR pretende provar o alegado por todos
os meios em direito permitidos, sem exclusão
de nenhum, e em especial pela juntada de
documentos.

Dá-se à causa o valor: R$ 32.339,58 (trinta e


dois mil trezentos e trinta e nove reais e cinquenta e oito
centavos).

Termos em que,
Pede deferimento.

Manaus/AM, 7 de August de 2023.

2
(Assinatura Digital)
ADVOGADO
OAB/AM XXXX

Você também pode gostar