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Nome: Erick Augusto de Almeida Disciplina: Introdução à Filosofia da Ciência

Matrícula: 20190078717 Professor: Eduardo Gomes


Turma: T01 Tema: Indutivismo, falsificacionismo e dedução
Data: 16/02/2023 Avaliação: Sim
Tipo: Prova II

No livro, “O que é ciência, afinal?” de Alan F. Chalmers, realiza uma


observação argumentativa sobre as afirmações acerca do indutivismo na ciência. Em
seu primeiro capítulo, Chalmers explica o que seria o conhecimento científico de
acordo com o tempo moderno e como era a concepção popular do conhecimento
científico devido à uma consequência da Revolução Científica que ocorreu no século
XVII. Durante este período, Francis Bacon e contemporâneos, propagavam a ideia de
que, caso haja uma tentativa de compreensão da natureza, devemos consultá-la
diretamente e não recorrer às escrituras teóricas, como as de Aristóteles, por exemplo,
pois estes intelectuais do período moderno observaram que é um grande erro ver estas
escrituras como uma fonte de conhecimento científico, recorriam ao empirismo, ou
seja, obtendo afirmações baseadas nas suas experiências individuais.¹
Então, a partir desta premissa, ibidem, Chalmers explica que “De acordo com o
indutivista ingênuo, a ciência começa com a observação.”¹, alegando que observadores
científicos devem “ter órgãos sensitivo normais e inalterados e registrar fielmente o
que puder ver, ouvir, etc.”, ou seja, o cientista indutivista deve realizar tais
observações sem qualquer preconceito, tendo como verdadeiras as afirmações do
estado em que se encontra o mundo, ou uma parte dele, tratando-se de um caso
particular para cada observador, que acontece em um tempo específico, em um estado
específico ou em um lugar específico. Para Chalmers, é preciso que haja abrangência
ao todo, ou seja, uma generalização das afirmações, para ele, tais afirmações são
chamadas de “afirmações universais”. A partir destas afirmações universais, o autor
levanta dois questionamentos:

1 - ”Se a ciência é baseada na experiência, então por que meios é possível extrair das
afirmações singulares, que resultam da observação, as afirmações universais, que constituem o
conhecimento científico?”
2 - “Como podem as próprias afirmações gerais, irrestritas, que constituem nossas
teorias, serem justificadas na base de evidência limitada, contendo um número limitado de
proposições de observação?”

Como resposta, o autor ressalta que, desde que as condições sejam


satisfatórias, é possível legitimar a generalização a partir de uma limitada lista de
observações singulares para gerar uma lei universal. A partir desta argumentação, é
possível estabelecer, segundo o autor, algumas condições que necessitam ser
satisfeitas para que as generalizações sejam legitimadas através do cientista
indutivista. O primeiro item desta tríplice trata-se da quantidade numérica de
proposições de observação, é desenvolvida a ideia de que este número deve ser alto
para que possa formar uma base de generalizações. Em seguida, como segundo item
da tríplice, alega que as observações devem estar sujeitas a serem repetidas em uma
ampla variedade de condições. O último item da lista, instrui que nenhuma proposição
pode ter conflitos com a lei universal a qual está derivada. Entretanto, tais condições,
como a primeira, são essenciais para realizar afirmações baseadas na observação, mas
isso não conclui que devido ao fato ser observado inúmeras vezes, que ele não pode
ser falseado em algum momento. Ou seja, um grande número de observações não
corresponde necessariamente que sempre o fato ocorrerá novamente da mesma
maneira, ou só porque algo ocorreu diversas vezes que sempre será daquela maneira.
Observações independentes são necessárias e devem ser anteriores às justificativas das
generalizações, o cientista indutivista requer que não haja conclusões precipitadas
sobre o fato observado. A partir deste raciocínio, de forma resumida, tais afirmações
singulares são utilizadas para a “justificação de uma afirmação universal”, como diz o
autor em seu livro, retirando-se do contexto particular e trazendo-o para o todo, para o
indutivista ingênuo, a observação é a base para o conhecimento científico².
Entende-se também que, o indutivismo é incapaz de generalizar casos
particulares, no entanto, o método indutivo é limitado porque as leis gerais que se
obtêm a partir da observação de casos particulares, elas não podem ser totalmente
confirmadas, apenas é possível corroborar essas ideias. O que pode tratar-se de um
problema, pois como é dito por Chalmers em sua obra, ele argumenta que apenas a
indução é uma problemática, já que não é possível justificar logicamente a passagem
de casos particulares para as leis gerais. O autor apresenta algumas possíveis soluções
para o problema da indução, como uma abordagem de raciocínio estatístico e a teoria
da inferência melhorada, mesmo que não sejam satisfatórias, podem ser alguma
solução para este tipo de problema.
Chalmers, nesta obra, apresenta também o método dedutivo, um dos outros
métodos utilizados pelos cientistas para obter conhecimento, o método dedutivo se
mune de uma lei geral para formular uma hipótese particular para que ela possa ser
testada empiricamente. O argumento do autor alega que tal método(dedutivo) tem uma
confiabilidade maior do que o método indutivo, pois nele, é possível testar de maneira
empírica as hipóteses dedutivas de maneira mais acurada e com maior confiabilidade,
devido a isso, porém, o método dedutivo e o indutivo podem estar juntos dependendo
do campo em que se encontrarem, tal como o falsificacionismo também pode ser
utilizado junto com o indutivismo para chegar ao conhecimento desejado. O
falsificacionismo, teoria proposta por Karl Popper, baseia-se na ideia de que o objetivo
da ciência não são as confirmações das teorias, mas sim a maneira de como refutá-la,
pois uma teoria científica deve ser formulada de tal maneira que se permita a
possibilidade de refutação.
O indutivismo e o falsificacionismo têm suas limitações bem traçadas, pois
segundo Chalmers, o indutivismo é limitado devido a sua generalização a partir de
exemplos empíricos nunca podem ser uma conclusão lógica que é definitiva, ela é
apenas provisória. Enquanto ao falsificacionismo, embora ele possa ser útil para o
descarte de teorias que são evidentemente inconsistentes com as observações, ele pode
consolidar a verdade a partir da tentativa de falsear uma teoria, o que implica em
diversos fatores quais podem alterar os resultados experimentais e a maneira que
devemos interpretá-los.³ Já a dedução, ela depende diretamente da validade das
premissas, ou seja, a dedução só consegue levar a conclusões que já estão nas
premissas, ela não gera novos conhecimentos. Enfim, é possível frisar que todos os
métodos citados anteriormente podem ser aplicados de acordo com os objetivos do
cientista, de que maneira ele quer chegar ao conhecimento e ser conduzido a fazer o
usufruto de métodos que correspondem ao estudo que proverá o resultado desejado.
Paradigmas são conjuntos de crenças, valores, métodos e conceitos que guiam
a atividade científica em um determinado momento histórico. Eles representam um
modelo compartilhado de como o mundo funciona e o que pode ser considerado como
conhecimento válido. Quando uma comunidade científica adota um paradigma, ele
passa a ser a base para a realização de pesquisas e experimentos, estabelecendo o que é
relevante e o que é irrelevante em termos de evidência científica. Entretanto, os
paradigmas não são permanentes e, com o tempo, podem surgir anomalias que
desafiam sua capacidade de explicar certos fenômenos. Quando essas anomalias se
tornam suficientemente numerosas ou relevantes, é possível que ocorra uma crise
paradigmática, a partir disso, a comunidade científica passa a questionar o paradigma
vigente e buscar alternativas. É daí que podem surgir novos paradigmas, que
representam novas maneiras de entender o mundo e realizar pesquisas científicas.

Essa crítica aos modelos tradicionais de progresso científico tem importantes


consequências para a definição de ciência e sua metodologia. Segundo Kuhn, a
atividade científica não é um processo objetivo e neutro de observação e acumulação
de dados, mas sim um processo socialmente construído e influenciado por fatores
políticos, culturais e históricos. Além disso, a adoção de paradigmas implica em uma
seleção de evidências e métodos, que podem excluir ou ignorar outras abordagens
igualmente válidas.

Assim, a ciência não é vista como uma atividade que busca a verdade objetiva,
mas sim como um processo de negociação e construção social de conhecimento. Isso
implica em uma maior valorização da diversidade de perspectivas e abordagens, bem
como em uma maior atenção às questões éticas e políticas envolvidas na atividade
científica.

BIBLIOGRAFIA
CHALMERS, Alan F., “O que é ciência, afinal?”. SÃO PAULO, Editora
Brasiliense. 1 de Janeiro de 1993(Capítulos I, II, III, IV, V)

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