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Feridas e Curativos

ENF. DOCENTE CRISTAL AGLAUP


A Pele

• Maior órgão do corpo humano

É composta pela:

Epiderme
Derme
Tecido subcutâneo
Composição da pele: Epiderme

 Camada mais externa


 Composta de 4 estratos de epitélio escamoso:
 Córneo (mais externo)
 Granuloso
 Espinhoso (mais espesso)
 Basal (mais interno)
 Queratinócitos
 Espessura (varia com a localização, idade ou sexo)
 Período de regeneração: + ou – 4 semanas.
Epiderme (Histologia)
Composição da pele: Derme

 Camada Intermediária.
 Também conhecida como cório ou pele verdadeira.
Composta de 2 estratos:
 Papilar (mais próximo a epiderme)
 Reticular
Derme (Histologia)
Composição da pele:
Tecido subcutâneo
 Compõe-se de fibras de tecidos conjuntivos,
que sustentam o tecido adiposo.
 É atravessada por vasos sanguíneos mais
calibrosos.
 Ocorre o metabolismo dos carboidratos e a
lipogênese. (Síntese de ácidos graxos e triglicérides, que serão armazenados
subsequentemente no fígado e no tecido adiposo.)
 É uma camada de ligação e isolante do frio e
calor exacerbados.
Tecido subcutâneo (Histologia)
Funções da Pele

Manter a integridade do corpo;


 Proteger o corpo contra infecções, lesões ou
traumas;
 Absorver e excretar líquidos;
 Manter a temperatura corpórea;
 Sintetizar vit D com a exposição aos raios solares
 Agir como órgão do sentido;
 Exercer papel estético.
Introdução
O Tratamento de feridas se refere a proteção de
lesões contra a ação de agentes externos físicos,
mecânicos ou biológicos, tendo com objetivo
reduzir, prevenir e/ou minimizar os riscos de
complicações decorrentes. Antes da seleção e
aplicação de um curativo, é necessária uma
avaliação completa da ferida, do seu grau de
contaminação, da maneira como esta ferida foi
produzida, dos fatores locais e sistêmicos e da
presença de exsudato, como forma de agilizar o
processo de cicatrização e proteger a ferida.
FERIDAS E SUAS
CLASSIFICAÇÕES
Ferida e Úlcera

Ferida: Lesão do tecido em decorrência de trauma


mecânico, físico ou térmico ou que se desenvolva a partir de
uma condição patológica ou fisiológica, que deve se fechar
em até 2 semanas.

Úlcera: A Ferida se torna uma úlcera após seis semanas de


evolução sem intenção de cicatrizar.
Classificação de Feridas

1. Quanto a causa

2. Quanto a evolução

3. Quanto a presença de infecção

4. Quanto ao comprometimento tecidual


Classificação de Feridas

1. Quanto a causa:

Cirúrgicas ou Resultante de uma cirurgia ou de


traumáticas um trauma.
Classificação de Feridas

1. Quanto a causa:

Ocorre como consequência de uma


Patológicas patologia, (úlcera de pressão, neoplasia,
úlceras venosas e arteriais).
Classificação de Feridas

1. Quanto a causa:

Resultantes de procedimentos ou
Iatrogênicas tratamentos (radioterapia).
Ferida Cirúrgica e Ferida traumática
Ferida Patológica
Ferida Iatrogênica
Classificação de Feridas

2. Quanto a evolução:

Feridas de fácil resolução,há ruptura da


vascularização e desencadeamento
Aguda imediato de hemostasia (cortes ,
escoriações, queimaduras)

Feridas de longa duração (desvio do


Crônica processo cicatricial fisiológico.)
Aguda Crônica
Classificação de Feridas

3. Quanto a presença de infecção:

Limpa Isenta de microrganismos.

Lesões com tempo inferior 6h


Limpa Contaminada entre o trauma e o
atendimento inicial.
Classificação de Feridas

3. Quanto a presença de infecção:

Feridas cujo tempo de atendimento foi


Contaminada superior a 6h após o trauma

Infectada Presença de agente infeccioso local.


Ferida Limpa
Ferida Contaminada
Ferida Infectada
Classificação de Feridas

4. Quanto ao comprometimento tecidual:

Pele íntegra, com sinais de hiperemia,


Estágio I descoloração ou endurecimento.
Classificação de Feridas

4. Quanto ao comprometimento tecidual:


A epiderme e a derme estão rompidas,
Estágio II podendo envolver tecido subcutâneo, e
com hiperemia , bolhas e cratera rasa.
Classificação de Feridas

4. Quanto ao comprometimento tecidual:


Perda total do tecido cutâneo, necrose
Estágio III do tecido subcutâneo até a fáscia
muscular;
Classificação de Feridas

4. Quanto ao comprometimento tecidual:

Grande destruição tecidual, com


Estágio IV necrose, atingindo músculos,tendões e
ossos
Os quatro estágios
(Camadas da pele)
Os quatro estágios
(Imagens para diferenciação)
Cirúrgica ou traumática

Quanto a causa Patológica

Iatrogênicas
Aguda
Quanto a evolução
Crônica
Limpa

Limpa Contaminada
Quanto a presença
de infecção
Contaminada Estágio I

Infectada Estágio II
Quanto ao comprometimento
tecidual
Estágio III

Estágio IV
Classificação de Feridas

5. Outras:

A) Ferida asséptica: Não contaminada. Ex: Ferida


cirúrgica.
B) Ferida séptica: Contaminada. Ex: Feridas
laceradas.
Classificação de Feridas

5. Outras:

Denominamos de:
* Ferimento aberto - Solução de continuidade.
Ex: Incisão cirúrgica, laceração penetrante ou escoriação.
* Ferimento fechado - Não dá solução de continuidade. Ex:
Contusão ou equimose.
* Ferimento acidental - Ferimento devido a um infortúnio.
* Ferimento intencional - Causado por incisão cirúrgica (fins
terapêuticos).
Avaliando a ferida

Localização
Tempo
Exsudato
Odor
Borda
Avaliando a ferida

Tamanho
Leito da ferida
Pele ao redor
Tipo de curativo
Infectada ?
Avaliando a ferida

Tecido de Granulação

Sadio Doente

 Vermelho vivo  Vermelho escuro


 Brilhante  Sem brilho ou ressecado
 Não sangra facilmente  Sangra com abundância
ou muito pouco
Avaliando a ferida

Dificuldades na identificação
de feridas infectadas

 Os sintomas de inflamação da fase inicial


podem ser confundidos com sintomas de
infecção;
 Doentes imunossupressos podem não
apresentar sintomas clássicos de inflamação ou
sequer de infecção;
Avaliando a ferida

Dificuldades na identificação
de feridas infectadas

 Uma ferida que não cicatriza pode ser o único


sintoma da presença de infecção;
 Má interpretação ou desprezo de resultados
microbiológicos;
 Desvalorizar ou super-valorizar presença ou
ausência de alguns sinais de exsudato purulento.
Avaliação do estado da ferida

 Mensuração,
 Extensão do tecido envolvido,
 Localização anatômica,
 Tipo de tecido no leito da ferida,
 Cor da ferida,
 Exsudato,
 Borda da ferida,
 Infecção.
Avaliação do estado da ferida

Mensuração

Comprimento Largura Profundidade


Avaliação do estado da ferida

Extensão do tecido envolvido

Estruturas envolvidas

Estadiamento
Avaliação do estado da ferida

Localização anatômica

Potencial de contaminação

Documentação
Avaliação do estado da ferida

Tipo de tecido no leito da ferida

Tecidos viáveis

Granulação e epitelização

Tecidos inviáveis

Fibrina desvitalizada,
tecidos necróticos
Avaliação do estado da ferida

Cor do tecido (Vermelho Amarelo Preto

Granulação Rosa, vermelho pálido, vermelho vivo

Fibrina Amarelo, marrom

Necrose Cinza, negra


TECIDO DE GRANULAÇÃO
TECIDO DE FIBRINA
TECIDO DE EPITELIZAÇÃO
TECIDO DE NECROSE
Avaliação do estado da ferida

Exsudato

Volume Cor

Odor Consistência
Avaliação do estado da ferida

Exsudato

Sanguinolento: Fino, vermelho


brilhante;
Serosanguinolento: Fino, aguado, de
vermelho pálido para róseo;
Seroso: Fino. Aguado, claro;
Purulento: Fino ou espesso, de marrom
opaco para amarelo;
Purulento pútrido: Espesso, de
amarelo opaco para verde, com forte
odor.
Avaliação do estado da ferida

Bordas da ferida

Epitalização Irregular

Necrose Infecção

Isquemia Colonização

Macerada Contaminação
Avaliação do estado da ferida

Bordas da ferida

Indistinta, difusa: Não há possibilidade de distinguir


claramente o contorno da ferida;
Aderida: Plana / nivelada com o leito da ferida, sem
presença de paredes;
Não-aderida: Presença de paredes; o leito da ferida é
mais profundo que as bordas;
Avaliação do estado da ferida

Bordas da ferida

Indistinta, difusa Aderida Não-aderida


Avaliação do estado da ferida

Bordas da ferida

Borda epíbole: Enrolada para baixo, e normalmente é


grossa. De macia para firme e flexível ao toque;
Hiperqueratose: Formação de tecido caloso ao redor da
ferida e até as bordas
Fibrótica, com cicatriz: Dura, rígida ao toque.
Bordas maceradas: uma lesão acompanhada por umidade,
pele e deterioração branca em torno do local da lesão original.
A maceração ocorre quando há muita umidade entre a ferida e
seu curativo.
Avaliação do estado da ferida

Bordas da ferida

Fibrótica, com cicatriz

Enrolada para baixo, Hiperqueratose


espessada / grossa
Avaliação do estado da ferida

Infecção
Sinais clínicos de infecção: Perda de função
dor, rubor, edema e calor.
hiperemia, mudança na cor do exsudato, odor.

Swab
Cultura Aspiração
Biópsia
Cicatrização

Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente


iniciam-se fenômenos dinâmicos conhecidos como
cicatrização, com a finalidade de restaurar o tecido lesado.

Cicatrização nada mais é do que uma cascata de


eventos celulares e moleculares, que envolvem processos
bioquímicos e fisiológicos, sendo estes dinâmicos e
simultâneos.
Processo de cicatrização

Tipos de cicatrização

• Primeira intenção:
É o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas são
apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de
tecido, ausência de infecção e mínimo edema. A
formação de tecido de granulação não é visível.
Exemplo: ferimento suturado
Processo de cicatrização

Tipos de cicatrização

• Segunda intenção:
Neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de
tecido com a presença ou não de infecção. A
aproximação primária das bordas não é possível. As
feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de
contração e epitelização.
Processo de cicatrização

Tipos de cicatrização

• Terceira intenção:
Designa a aproximação das margens da ferida (pele e
subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Isto
ocorre principalmente quando há presença de
infecção na ferida, que deve ser tratada
primeiramente, para então ser suturada
posteriormente.
Curativo
É um procedimento terapêutico que
consiste na limpeza, no qual toda
substância e soluções necessárias são
colocadas diretamente sobre um
ferimento.
Finalidade do Curativo

Evitar a contaminação de feridas limpas;


Facilitar a cicatrização;
Reduzir a infecção nas lesões contaminadas;
Absorver secreções;
Facilitar a drenagem de secreções;
Promover a hemostasia com os curativos
compressivos;
Manter o contato de medicamentos junto à ferida;
Promover conforto ao paciente;
Curativo Ideal
Tipos de Curativo

O Tipo de curativo a ser realizado varia de acordo


com a natureza, a localização e o tamanho da ferida. Em
alguns casos é necessária uma compressão, em outros
lavagem exaustiva com solução fisiológica e outros
exigem imobilização com ataduras. Nos curativos em
orifícios de drenagem de fístulas entéricas a proteção da
pele são em torno da lesão é o objetivo principal.
Tipos de Curativo
 Curativo semi-oclusivo:
Este tipo de curativo é absorvente, e comumente
utilizado em feridas cirúrgicas, drenos, feridas
exsudativas, absorvendo o exsudato e isolando-o da pele
adjacente saudável.
 Curativo oclusivo ou fechados:
Não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como
barreira mecânica, impede a perda de fluídos, promove
isolamento térmico, veda a ferida, a fim de impedir
formação de crosta.
Tipos de Curativo

 Curativo compressivo:
Utilizado para reduzir o fluxo sanguíneo, promover a
estase e ajudar na aproximação das extremidades da
lesão.
 Curativos abertos:
São realizados em ferimentos que não há necessidade de
serem ocluídos. Feridas cirúrgicas limpas após 24 horas,
cortes pequenos, suturas, escoriações e etc, são exemplos
deste tipo de curativo.
Tipos de Curativo

 Curativo grande:
Curativo realizado em ferida grande, variando de 36,5 a
80 cm2. (ex: Incisões contaminadas, grandes cirurgias –
incisões extensas (cirurgia torácica, cardíaca),
queimaduras (área e grau), toracotomia com drenagem,
úlceras infectadas, Outros especificar).
 Curativo Extra Grande:
Curativo realizado em ferida grande, com mais de 80 cm2
(ex: Todas as ocorrências de curativos extragrandes
deverão obrigatoriamente constar de justificativa médica).
Tipos de Curativo

Ferida com fístula ou deiscência de paredes

Quando ocorre uma fistula ou deiscência de


parede ou túnel torna-se difícil a realização de limpeza
no interior da ferida proporcionando um ambiente ideal
para a colonização de patógenos. O ideal é realizar a
limpeza da ferida em todo o seu interior com jatos de
solução fisiológica.
Desbridamento

Desbridamento é um componente importante no


gerenciamento da ferida e pode ser definido como o ato
de remoção de material necrótico, tecido, tecido
infectado, hiperqueratose, corpos estranhos, fragmentos
de ossos, microorganismos ou qualquer outro tipo de
carga biológica de uma ferida.
Tipos de Desbridamento

Desbridamento inicial: consiste na retirada de


tecidos inviáveis aderidos ao leito e/ou na área
periférica, incluindo o tecido queratinizado, por
meio de métodos autolíticos, enzimáticos,
biológicos, mecânicos ou instrumentais,
abrangendo as bordas da ferida e a pele.

Desbridamento de manutenção: caracteriza-se


pela contínua remoção da carga celular composta
por fibroblastos envelhecidos, queratinócitos,
materiais de matriz celular, não visíveis a olho nu e
que necessitam ser permanentemente removidos
para viabilizara cicatrização.
Tipos de Desbridamento

Desbridamento de
hiperqueratose: um
espessamento da camada córnea da pele,
resultado de excessiva proliferação de
células produtoras de queratina sobre a
superfície da pele que contribui para o
aumento da espessura da epiderme e da
derme.

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