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FERIDAS

Docente Esp. Daniely Barros


INTRODUÇÃO

O Tratamento de feridas se refere a proteção de lesões contra


a ação de agentes externos físicos, mecânicos ou biológicos,
tendo com objetivo reduzir, prevenir e/ou minimizar os
riscos de complicações decorrentes. Antes da seleção e
aplicação de um curativo, é necessária uma avaliação
completa da ferida, do seu grau de contaminação, da
maneira como esta ferida foi produzida, dos fatores locais e
sistêmicos e da presença de exsudato, como forma de agilizar
o processo de cicatrização e proteger a ferida.
FERIDA E ÚLCERA

Ferida: Lesão do tecido em decorrência de trauma


mecânico, físico ou térmico ou que se desenvolva a partir
de uma condição patológica ou fisiológica, que deve se
fechar em até 2 semanas.

Úlcera: A Ferida se torna uma úlcera após seis semanas


de evolução sem intenção de cicatrizar.
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS

1. Quanto a causa
2. Quanto a camada da pela
acometida

3. Grau de abertura

4.Quanto a evolução
5. Quanto a presença de
infecção
6.Quanto ao comprometimento
tecidual
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS

1. Quanto a causa:

Cirúrgicas ou Resultante de uma cirurgia ou de


traumáticas um trauma.

Patológica Ocorre como consequência de uma


s patologia, (úlcera de pressão, neoplasia,
úlceras venosas e arteriais).

Iatrogênica Resultantes de procedimentos ou


s tratamentos (radioterapia).
Ferida Cirúrgica e Ferida
traumática

Ferida
Iatrogênica

Ferida
Patológica
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS
2. Quanto a camada da pela
acometida

Superficia Quando atingem


apenas a epiderme e
l derme.

Quando atingem níveis mais


profundos da pele
Profunda (derme profunda, tecido adiposo,
fáscias, tendões, músculos, ossos,
cartilagens, ligamentos).
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS
3. Grau de abertura:
FECHADAS
•Abrasão/contusão: a pele e/ou mucosa são lesionadas, mas permanecem íntegras. Podem ser profundas e
alcançar tecido conectivo, muscular, tendíneo e ósseo. Geralmente resultantes de esmagamento ou fricção.

ABERTAS
•Incisa: sol. de continuidade linear, bordas regulares e profundidade variável. Produzida por objetos cortantes
(faca, bisturi). São mais propensas a hemorragias, pois a ausência de irregularidades dificulta a agregação
plaquetária.
•Lacerada: produzida por objetos ponteagudos que cortam o tecido formando bordas irregulares, pouco
sangrenta. Aquelas ocorridas há menos de 3 horas podem ser suturadas plano a plano, após reavivamento e
regularização das bordas (incisas). Quando ocorridas a mais de 4 horas fecha-se parcialmente e utiliza-se drenos.
•Punctória: produzida por elementos perfurantes (cravos, pregos, estiletes e espetos). Não atingem
cavidades/órgãos.
•Penetrante: solução de continuidade da pele e tecidos subjacentes alcançando cavidades (abdome, tórax, seios
faciais, etc). Geralmente resultam em perfuração de vísceras, empiema ou evisceração.
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS

4. Quanto a evolução:

Feridas de fácil resolução,há ruptura da


vascularização e desencadeamento
Aguda imediato de hemostasia (cortes ,
escoriações, queimaduras)

Feridas de longa duração (desvio do


Crônica processo cicatricial fisiológico.)
Aguda Crônica
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS

5. Quanto a presença de infecção:

Limpa Isenta de microrganismos.

Limpa Contaminada
Lesões com tempo inferior 6h entre o
trauma e o atendimento inicial. Sem
sinal de infecção.
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS

5. Quanto a presença de infecção:

Feridas edemas, vermelhidão,


dor, alteração de temperatura e
Contaminad presença de pus. cujo tempo de
a atendimento foi superior a 6h
após o trauma.

Infectad Presença de agente


a infeccioso local.
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS
6. Quanto ao comprometimento
tecidual:
Pele íntegra, com sinais de hiperemia,
Estágio I descoloração ou endurecimento.

A epiderme e a derme estão


Estágio II rompidas, podendo envolver tecido
subcutâneo, e com hiperemia , bolhas
e cratera rasa.
CLASSIFICAÇÃO DE FERIDAS

6. Quanto ao comprometimento
tecidual:
Perda total do tecido cutâneo,
Estágio III necrose do tecido subcutâneo
até a fáscia muscular;

Grande destruição tecidual, com


Estágio IV
necrose, atingindo músculos,
tendões e ossos.
Aguda

Quanto a evolução
Crônica Estágio I

Estágio II
Quanto ao comprometimento
tecidual
Estágio III

Limpa Estágio IV

Quanto a Limpa Contaminada


presença
de infecção
Contaminada

Infectad
a
Cirúrgica ou
traumática
Quanto a causa Patológic
a

Iatrogênicas
Fechada
Quanto ao Grau de abertura
Aberta

Profunda
Quanto a camada da pela
acometida
Superficial
AVALIANDO A FERIDA

Localização
Tempo
Exsudato
Odor
Borda
AVALIANDO A FERIDA

Tamanho
Leito da ferida
Pele ao redor
Tipo de curativo
Infectada ?
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Tecido de
Granulação

Sadio Doente

 Vermelho vivo  Vermelho escuro


 Brilhante  Sem brilho ou
 Não sangra facilmente ressecado
ou muito pouco  Sangra com abundância
AVALIAÇÃO DA FERIDA
Dificuldades na identificação de feridas
infectadas

 Os sintomas de inflamação da fase inicial


podem ser confundidos com sintomas de
infecção;
 Doentes imunossupressos podem não
apresentar sintomas clássicos de inflamação ou
sequer de infecção;
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Dificuldades na identificação de feridas


infectadas

 Uma ferida que não cicatriza pode ser o único


sintoma da presença de infecção;
 Má interpretação ou desprezo de resultados
microbiológicos;
 Desvalorizar ou super-valorizar presença ou
ausência de alguns sinais de exsudato purulento.
AVALIAÇÃO DA FERIDA

 Mensuração,
 Extensão do tecido envolvido,
 Localização anatômica,
 Tipo de tecido no leito da
ferida,
 Cor da ferida,
 Exsudato,
 Borda da ferida,
 Infecção.
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Mensuraçã
o

Compriment
Largura Profundidade
o
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Extensão do tecido envolvido

Estruturas envolvidas

É o processo para determinar a localização


Estadiamento e a extensão do câncer presente no corpo
de uma pessoa.
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Localização
anatômica

Potencial de contaminação

Documentação
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Tipo de tecido no leito da ferida

Tecidos viáveis

Granulação e epitelização

Tecidos inviáveis

Fibrina desvitalizada, tecidos necróticos


AVALIAÇÃO DA FERIDA

Cor do tecido (Vermelho Amarelo Preto

Granulação Rosa, vermelho pálido, vermelho


vivo

Fibrina Amarelo, marrom

Necrose Cinza, negra


AVALIAÇÃO DA FERIDA

Exsudato

Volume Cor

Odor Consistência
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Exsudato

Sanguinolento: Fino, vermelho brilhante;


Serosanguinolento: Fino, aguado, de vermelho pálido
para róseo;
Seroso: Fino. Aguado, claro;
Purulento: Fino ou espesso, de marrom opaco para
amarelo;
Purulento pútrido: Espesso, de amarelo opaco para
verde, com forte odor.
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Bordas da ferida

Epitalização Irregular

Necrose Infecção

Isquemia Colonização

Contaminaçã
Macerada
o
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Bordas da ferida

Indistinta, difusa: Não há possibilidade de distinguir


claramente o contorno da ferida;
Aderida: Plana / nivelada com o leito da ferida, sem
presença de paredes;
Não-aderida: Presença de paredes; o leito da ferida é
mais profundo que as bordas;
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Bordas da ferida

Indistinta, difusa Aderid Não-aderida


a
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Bordas da ferida

Enrolada para baixo, espessada / grossa: De macia


para firme e flexível ao toque;
Hiperqueratose: Formação de tecido caloso ao redor
da ferida e até as bordas
Fibrótica, com cicatriz: Dura, rígida ao toque.
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Bordas da ferida

Enrolada para baixo, Hiperqueratose Fibrótica, com cicatriz


espessada / grossa
AVALIAÇÃO DA FERIDA

Infecção

Sinais clínicos de infecção: dor, calor,


hiperemia, mudança na cor do exsudato, odor.

Swab
Cultura Aspiração
Biópsia
CICATRIZAÇÃO
CICATRIZAÇÃO

Após ocorrer a lesão a um tecido, imediatamente


iniciam-se fenômenos dinâmicos conhecidos como
cicatrização, com a finalidade de restaurar o tecido
lesado.

Cicatrização nada mais é do que uma cascata de


eventos celulares e moleculares, que envolvem
processos bioquímicos e fisiológicos, sendo estes
dinâmicos e simultâneos.
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

Tipos de cicatrização

• Primeira intenção:
É o tipo de cicatrização que ocorre quando as bordas
são apostas ou aproximadas, havendo perda mínima de
tecido, ausência de infecção e mínimo edema. A
formação de tecido de granulação não é visível.
Exemplo: ferimento suturado
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

Tipos de cicatrização

• Segunda intenção:
Neste tipo de cicatrização ocorre perda excessiva de
tecido com a presença ou não de infecção. A
aproximação primária das bordas não é possível. As
feridas são deixadas abertas e se fecharão por meio de
contração e epitelização.
PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO

Tipos de cicatrização

• Terceira intenção:
Designa a aproximação das margens da ferida (pele
e subcutâneo) após o tratamento aberto inicial. Isto
ocorre principalmente quando há presença de
infecção na ferida, que deve ser tratada
primeiramente, para então ser suturada
posteriormente.
CURATIVOS
Curativ
o

É um procedimento terapêutico que


consiste na limpeza, no qual toda
substância e soluções necessárias são
colocadas diretamente sobre um
ferimento.
FINALIDADE DO CURATIVO

Evitar a contaminação de feridas limpas;


Facilitar a cicatrização;
Reduzir a infecção nas lesões contaminadas;
Absorver secreções;
Facilitar a drenagem de secreções;
Promover a hemostasia com os curativos
compressivos;
Manter o contato de medicamentos junto à ferida;
Promover conforto ao paciente;
CURATIVO IDEAL

Mantém alta
umidade

Nada de curativos secos em feridas abertas. Não há


necessidade de secar feridas abertas, somente a pele
ao redor dela.
CURATIVO IDEAL

Remove o excesso de
exsudato

O curativo deve ter um pouco de absorvência.


CURATIVO IDEAL

Isolador
térmico

As feridas não devem ser limpas com loções frias.


Os curativos não devem permanecer removidos por
longos períodos de tempo (isso também permite que
a ferida resseque).
CURATIVO IDEAL

Impermeável à
bactérias

Os esparadrapos devem ser aplicados como uma


moldura de quadro e cobrir toda a gaze. Se ocorrer
um excesso de exsudato, deve-se trocar o curativo.
CURATIVO IDEAL

Isento de partículas e de microorganismos

Não se deve usar lã de algodão ou qualquer gaze


desfiada.
Não se deve cortar a gaze, pois ela irá desfiar.
Só deve-se usar gaze estéril e não reutilizar um
pacote aberto.
CURATIVO IDEAL

Retirado sem trauma

Irrigar antes de retirar o curativo para evitar traumas,


e, consequentemente a remoção de tecido viável.
CURATIVO IDEAL

Curativo asséptico

Quando necessário, utilizar luvas estéreis e material


estéril.
TIPOS DE CURATIVO

O Tipo de curativo a ser realizado varia de acordo


com a natureza, a localização e o tamanho da ferida. Em
alguns casos é necessária uma compressão, em outros
lavagem exaustiva com solução fisiológica e outros
exigem imobilização com ataduras. Nos curativos em
orifícios de drenagem de fístulas entéricas a proteção da
pele são em torno da lesão é o objetivo principal.
TIPOS DE CURATIVO

 Curativo semi-oclusivo:
Este tipo de curativo é absorvente, e comumente
utilizado em feridas cirúrgicas, drenos, feridas
exsudativas, absorvendo o exsudato e isolando-o da
pele adjacente saudável.
 Curativo oclusivo ou fechados:
Não permite a entrada de ar ou fluídos, atua como
barreira mecânica, impede a perda de fluídos, promove
isolamento térmico, veda a ferida, a fim de impedir
formação de crosta.
TIPOS DE CURATIVO

 Curativo compressivo:
Utilizado para reduzir o fluxo sanguíneo, promover a
estase e ajudar na aproximação das extremidades da
lesão.
 Curativos abertos:
São realizados em ferimentos que não há necessidade
de serem ocluídos. Feridas cirúrgicas limpas após 24
horas, cortes pequenos, suturas, escoriações e etc, são
exemplos deste tipo de curativo.
TIPOS DE CURATIVO

 Curativo grande:
Curativo realizado em ferida grande, variando de 36,5 a
80 cm2. (ex: Incisões contaminadas, grandes cirurgias
– incisões extensas (cirurgia torácica, cardíaca),
queimaduras (área e grau), toracotomia com drenagem,
úlceras infectadas, Outros especificar).
 Curativo Extra Grande:
Curativo realizado em ferida grande, com mais de 80
cm2 (ex: Todas as ocorrências de curativos
extragrandes deverão obrigatoriamente constar de
justificativa médica).
TIPOS DE CURATIVO

Ferida com fístula ou deiscência de


paredes
Quando ocorre uma fistula ou deiscência de parede
ou túnel torna-se difícil a realização de limpeza no
interior da ferida proporcionando um ambiente ideal
para a colonização de patógenos. O ideal é realizar a
limpeza da ferida em todo o seu interior com jatos de
solução fisiológica.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 ALVARO – LVEFREVE, R. Aplicação do processo de


enfermagem. 8ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
 BARROS, A. L. B. Anamnese e exame físico. 3 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2016.
 BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. 13 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.

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