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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES – ENSINAR

ELISVANIA SANTOS VILAR AIRES


POLIANA SUELY FERREIRA MATOS

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL: Um estudo no município de Icatu.

Icatu
2022
ELISVANIA SANTOS VILAR AIRES
POLIANA SUELY FERREIRA MATOS

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 5º ANO DO ENSINO


FUNDAMENTAL: Um estudo no município de Icatu.

Projeto de Proposta Pedagógica


apresentado ao Curso da Universidade
Estadual do Maranhão (UEMA), Programa
Ensinar – Formação de professores,
como requisito para obtenção do grau de
Pedagogia Licenciatura.

Orientadora: Ma. Maria das Graças Neri


Ferreira

Icatu
2022
ELISVANIA SANTOS VILAR AIRES
POLIANA SUELY FERREIRA MATOS

DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA DOS ALUNOS DO 5º ANO


DO ENSINO FUNDAMENTAL: Um estudo no município de Icatu.

Projeto de Proposta Pedagógica


apresentado ao Curso da Universidade
Estadual do Maranhão (UEMA), Programa
Ensinar – Formação de professores, como
requisito para obtenção do grau de
Pedagogia Licenciatura.

Local, ___ de _______________ de ______

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________
Profa. Maria das Graças Neri Ferreira
Orientador

Prof. (Nome do Avaliador)


Examinador

Prof. (Nome do Avaliador)


Examinador
Dedicamos este projeto a Deus, sendo a
nossa sustentação, nos dando força e
perseverança para realizar mais um
objetivo na nossa minha vida, e
conquistar algo muito importante que é o
conhecimento.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos em primeiro lugar a Deus que nos deu força e entusiasmo


para que fosse concluído este. Sem Ele nada seria possível.
Aos familiares queridos pelo apoio, compreensão e carinho.
Aos nossos professores que nos ajudaram nessa jornada, pelo incentivo e
aprendizado durante o curso. Especialmente ao nosso querido Professor Marconi
José Carvalho Ramos, pela sua orientação e ensinamentos.
Aos nossos colegas da turma de Pedagogia que participaram em tantos
momentos importantes.
Aos membros da banca, e a nossa querida Ma. Maria das Graças Neri
pelas contribuições que certamente enriqueceram este projeto.
Aos participantes dessa pesquisa.
Enfim, agradecemos a todas as pessoas que fizeram parte dessa
caminha e nos apoiaram, nessa parte importante da nossa vida.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6
2 PROBLEMA 8
3 JUSTIFICATIVA 9
4 4 OBJETIVOS 11
4.1

GERAL………..............................................................................................................11
4.2 ESPECÍFICOS 11
5 REFERENCIAL TEÓRICO 12
5.1 CONCEITO DE APRENDIZAGEM 14
5.2 LEITURA, ESCRITA E INTERPRETAÇÃO 15
5.3 CONSTITUINTES DE DIFICULDADES DE LEITURA, ESCRITA E INTERPRETAÇÃO 19
6 METODOLOGIA 24
6.1 LÓCUS DA PESQUISA 24
6.2 SUJEITO DA PESQUISA 25
6.3 ABORDAGEM DA PESQUISA 25
7 CRONOGRAMA 29
6

1 INTRODUÇÃO

O presente projeto de pesquisa tem a finalidade de investigar as


dificuldades de leitura e escrita dos alunos do 5º ano Ensino Fundamental, para
podermos entender como acontece o processo de aprendizagem do aluno e quais
estratégias os professores podem adotar para minimizar as possíveis dificuldades
que poderão ser detectadas, uma vez que o professor é o mediador da relação entre
aluno, sociedade e ambiente escolar. Durante a observação do Estágio Curricular
Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental realizada na Escola
Municipal Severiano de Azevedo, tivemos um vislumbre de algumas dificuldades dos
alunos.
As dificuldades de aprendizagem estão frequentemente presentes nas
salas de aulas e dentro dos espaços que se exigem maior empenho e dedicação
para conduzir atividades escolares, que segundo Ferreira (2015, p. 09) afirma que:
A maioria dos estudantes passa por dificuldades de aprendizagem em
várias fases durante os anos escolares. Na verdade, ter dificuldade com
matéria nova é uma parte normal do processo de aprendizagem e gera
benefícios aos estudantes. O esforço e a concentração adicionais
necessários para completar tarefas desafiadoras, podem reforçar as
habilidades de resolução de problemas e aumentar a compreensão e
manter o foco necessário para melhorar a memória a longo prazo […].

Partindo desse ponto, concluímos que o processo de aprendizagem é


uma etapa crucial, pois o aluno passa adquirir conhecimento, e assim pode modificar
as suas vivências cotidianas, ou seja, o processo é como teias mentais
desenvolvidas em diferentes fases da vida do educando, aonde vamos assimilando
valores, culturas, hábitos, para depois compreender, observar e conhecer novas
informações, um processo gradual e sistemático. Para CHIARELLO (2019, p. 4 apud
GRAÇA, 2003, p. 06), “a aprendizagem é gradual, isto é, vamos aprendendo pouco
a pouco, durante toda a vida”. Então, aprender a ler e escrever, é vital na vida do
educando, pois possibilita a relação do aluno com o mundo, a fim de construir o
significado que está relacionado com a prática social, mas não é um processo que
acontece do dia para a noite, tem toda uma sistemática e evolução.
Então, a motivação para abordamos esse tema, se deu a partir das
experiências vivenciadas durante o Estágio Supervisionado do Ensino Fundamental
7

realizado no 5º ano, onde pudemos observar, de maneira informal, que muitos


alunos enfrentam dificuldades na aprendizagem, no que se refere a leitura e escrita.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
verificamos que até setembro de 2020, milhões de pessoas não sabiam ler e nem
escrever. Nesse contexto, nos dispomos a fazer uma análise sobre as dificuldades
de leitura, escrita e interpretação, onde escolhemos como apoio aos nossos
estudos, Ferreira (2015), Freire (1989), Ferreiro (1985), Teberosky (1985), Cagliari
(1993), Piaget (1959), Vygotsky (1991) e, naturalmente, a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) com o seu próprio texto. A seguir, desenvolvemos este projeto,
onde situamos teoricamente os argumentos que embasaram a nossa análise. Num
segundo momento, descrevemos os caminhos metodológicos por nós percorridos.
8

2 PROBLEMA

A pesquisa para ser bem fundamentada é necessário um problema


científico consistente, e este pode ser formulado por meio de pergunta, e está que
seja coerente, cuja solução é por métodos científicos que para Marconi e Lakatos
(2003, p. 134 apud KERLINGER. In: Schrader, 1974:18) “consideram que o
problema se constitui em uma pergunta científica quando explícita a relação de dois
ou mais fenômenos (fatos, variáveis) entre si, adequando-se a uma investigação
sistemática, controlada, empírica e crítica”.
Diante destas reflexões surgiram os questionamentos que nortearam esta
pesquisa: os alunos do 5º ano têm, de fato, dificuldades na leitura e interpretação?
Quais os possíveis fatores que contribuem para a defasagem de leitura e escrita?
Como se processa a formação dos professores alfabetizadores? Qual o nível de
relação entre professores e alunos? Qual o interesse dos alunos na Língua
Portuguesa? Quais os gêneros textuais que mais atraem os alunos? Quais recursos
utilizados pelo professor para atrair atenção dos alunos? O professor diversifica as
atividades?
9

3 JUSTIFICATIVA

Considerando a importância da leitura, escrita e interpretação, e


consequentemente a aprendizagem do aluno para que esta possa adquirir cada vez
mais conhecimento e autonomia, uma vez que participarão permanentemente da
vida em sociedade, compreendemos, a partir do pensamento de Lerner (2002) que
ler e escrever são instrumentos que nos fazem repensar o mundo e organizam o
pensamento, onde quer que esse processo ocorra, tanto no âmbito da escola como
no cotidiano.
O tema surgiu após várias indagações, que despertaram a nossa atenção
sobre esse assunto, além de observamos os alunos da escola pública, considerando
a Língua Portuguesa como uma disciplina chata e cheia de textos, difícil de ser
compreendida, consequentemente desinteressante, apresentando nesse contexto as
dificuldades de aprendizagem nesse componente curricular. Então, essa realidade
nos trouxe inquietações que nos levou a elaboração deste projeto, para podermos
investigar, de forma sistemática, as causas e as consequências, uma vez que essa
dificuldade só é percebida no aluno no ambiente escolar.
A aprendizagem de leitura e escrita é um processo, que está ligado com o
ambiente familiar, construído de forma sistemática à alfabetização, pois como afirma
FERREIRO (1996) a aprendizagem na leitura e a escrita são processos
sistemáticos, construídos diariamente no meio social e familiar. Desta forma,
percebemos que as dificuldades para ler e escrever podem estar ligadas a inúmeros
fatores, internos e externos, como condições neurológicas como a dislexia, que
causa lentidão no aprendizado, ou dificuldades de concentração, dislalia, disgrafia,
(…), problemas na coordenação motora, entre outros.
Vale salientar que os fatores externos também podem interferir na
aprendizagem, tais como: grande número de alunos nas salas de aula, métodos e
recursos de ensino utilizados pelos professores, falta de políticas públicas para
promover a aprendizagem contínua dos professores, abandono escolar, baixas
condições econômicas e entre outros. Segundo MOREIRA (1994) o futuro professor
deve preparar-se para exercer as suas funções de avaliador, não estando
despreparado para enfrentar seus problemas diários em seu trabalho pedagógico.
Então cabe ao educador identificar os tipos de dificuldades que os seus alunos
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estejam enfrentando e ao perceber que não está dentro da normalidade sua


aprendizagem, é preciso identificar os possíveis motivos que estão causando suas
dificuldades, para planejar e apresentar possíveis soluções.
Portanto, os professores devem repensar sua metodologia e buscar
adaptar os métodos de ensino às necessidades de cada aluno. Visto, sendo de
grande relevância conhecer as dificuldades que podem estar afetando a
aprendizagem dos alunos no que se refere a leitura e a escrita, procurando assim,
desenvolver práticas de intervenção e mediação adequados.
Cada indivíduo possui uma forma de aprender e compreender as
informações mais importantes, transformando assim em conhecimento, por isso os
profissionais devem dedicar uma atenção especial, para que essas dificuldades
possam ser compreendias, buscando sempre fazer intervenções necessárias, para
que aprendem efetivamente, lembrando que cada indivíduo, possui sua maneira de
aprender, ou seja, o processo de aprendizagem difere para cada indivíduo, cada
pessoa tem suas particularidades.
11

4 4 OBJETIVOS

4.1 GERAL

Investigar as possíveis dificuldades de aprendizagem da leitura e escrita


dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental.

4.2 ESPECÍFICOS

− Identificar as dificuldades que os docentes estão enfrentando no processo

de alfabetização dos alunos do 5º ano;

− Reconhecer os fatores que poderão interferir no desenvolvimento da

leitura e da escrita;

− Investigar a metodologia de ensino na escrita e leitura, utilizada no

processo de aquisição da leitura e da escrita;

− Analisar o desempenho escolar dos alunos que não conseguiram ser

alfabetizados no período indicado.


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5 REFERENCIAL TEÓRICO

A educação é parte integrante da vida humana, por meio da qual


podemos descobrir novos objetivos, ampliar conhecimentos e mudar ideias
preestabelecidas. Isso deve ser moldado e expandido para que todos possam
descobrir, restaurar e aprimorar seu potencial criativo. Sendo a educação um direito
social garantindo por lei, segundo a Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988, p.
11; p. 88).

Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,


a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição. (Artigo com redação dada pela EC n.º 90, de
2015)
Art. 205º A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho.

A Base Nacional Comum Curricular BNCC (2018) nos diz que a educação
básica deve valorizar a formação e o desenvolvimento global do ser humano, o que
significa compreender o quão complexo e não linear é o desenvolvimento, rompendo
visões simplistas das dimensões cognitivas ou afetivas. Denota ter uma visão plural
e global de crianças, adolescentes, jovens e adultos, encarando-os como
personagens da sua aprendizagem, impulsionando uma abordagem que acolha,
reconheça e desenvolva plenamente as suas particularidades e diversidades. Como
aliados, temos as escolas, como espaços de aprendizagem e inclusão, onde suas
práticas pedagógicas devem reforçar a não discriminação, a diferença, a diversidade
e o respeito.
A escola tem um papel fundamental durante o processo de alfabetização
do aluno, porque é nela que ocorre à construção intencional dos processos
educativos que promovam aprendizagens, e é onde ocorre o processo de
alfabetização de forma sistemática que visa desenvolver no aluno a capacidade de
ler e escrever, e usar essa capacidade como forma de comunicação. Durante a
construção desses processos educativos, está incluso aprender o alfabeto e os
números, a coordenação motora e a formação de palavras, sílabas e frases. Por
13

meios dessas tarefas, os indivíduos adquirem a capacidade de ler, entender e


compreender textos, incluindo o sistema de números.
Neste sentido o sistema educacional brasileiro define:
Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a ação pedagógica deve
ter como foco a alfabetização, a fim de garantir amplas oportunidades para
que os alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética de modo
articulado ao desenvolvimento de outras habilidades de leitura e de escrita e
ao seu envolvimento em práticas diversificadas de letramentos. (BRASIL,
2018, p. 61)

Portanto, o desenvolvimento global do aluno vai além de alfabetização, é


processo consciente das capacidades linguísticas, que serão utilizadas socialmente,
pois segundo Kleiman (2012), os estudos do letramento, partem de uma concepção
de leitura e de escrita como práticas discursivas, com múltiplas funções e
inseparáveis dos contextos em que se desenvolvem.
Essas questões relacionadas às dificuldades de aprendizagem dos alunos
é uma situação preocupante para os professores que ministram as aulas no Ensino
Fundamental do 5º ano, que uma vez que elas não desempenham um bom
rendimento escolar, acarretando problemas para compreender e se comunicar
oralmente, escrever, ler com desenvoltura e compreender o que se está escrevendo
e lendo, ou seja, crianças com dificuldades de escrita e leitura não conseguem
realizar as suas atividades básicas e se socializar normalmente com as outras
crianças.
Conforme Garcia (1998):
Dificuldade de Aprendizagem (D.A.) é um problema, que está relacionado a
uma série de fatores e podem se manifestar de diversas formas como:
transtornos, dificuldades significativas na compreensão e uso da escuta, na
forma de falar, ler, escrever, raciocinar e desenvolver habilidades
matemáticas. Esses transtornos são inerentes ao indivíduo, podendo ser
resultantes da disfunção do sistema nervoso central, e podem acontecer ao
longo do período vital. Podem estar também associados a essas
dificuldades de aprendizagem, problemas relacionados as condutas do
indivíduo, percepção social e interação social, mas não estabelecem, por si
próprias, um problema de aprendizagem. (GARCIA, 1998, p. 31).

Como podemos verificar, os problemas de aprendizagem de leitura e escrita


são consequências do bloqueio da capacidade de assimilação do aluno, podendo
está ligado a fatores internos, externos, individuais, relativos ao ambiente familiar ou
escolar.
14

5.1 CONCEITO DE APRENDIZAGEM.

A aprendizagem pode ser definida como o processo pelo qual os


indivíduos adquirem conhecimento, valores, comportamentos e habilidades, que por
experiências, vai ensinando e aprendendo.
Essa aprendizagem ocorre na mudança de comportamento de cada
indivíduo por meios de suas experiências, seja ela, física, emocional, biológica,
psicológica ou social. Os seres humanos conseguem aprender algo, e para Piaget
(1998) a aprendizagem provém de “equilibração progressiva, uma passagem
contínua de um estado de menos equilíbrio para um estado de equilíbrio superior”.
Logo, essa afirmação, nos diz que aprendizagem começa a partir do equilíbrio e da
sequência do desenvolvimento da mente, um processo que não se dá isoladamente,
mas está baseado nas experiências que o indivíduo vai acumulando ao longo da
vida, assim como seu convívio social.
Ainda segundo Piaget (1974, p. 85) “a aprendizagem ocorre pela ação da
experiência do sujeito e do processo de equilibração”. Essa afirmação nos diz que
aprendizagem não parte do nada, mas de experiências que o indivíduo vai
construindo com suas capacidades cognitivas, que de acordo com sua Teoria
Construtivista, a aprendizagem é construída internamente através de suas
experiências com o meio e seus conflitos cognitivos, causando um equilíbrio.
Piaget visou entender como acontece as origens do processo de
aprendizagem. Em sua pesquisa, ele constatou que esse processo ocorre por meio
de um desequilíbrio na relação entre objeto e sujeito. Então, a aprendizagem visa
buscar o equilíbrio. Para o equilíbrio, o corpo possui dois outros processos:
assimilação e adaptação.
Durante a assimilação, a criança começará a absorver novos elementos
do ambiente, ou seja, assimilar, entender, conceituar, nomear. Depois,
compreendendo e incorporando esses elementos, a criança passa por um processo
de adaptação, o ato de organizar e depois transforma esse novo elemento em
conhecimento.
Em contrapartida, temos a Teoria Interacionista ou Socio-construtivista de
Levi Vygotsky que nos diz que a aprendizagem é construída socialmente através
das nossas experiências sociais, não bastando ter contato direto com o objeto de
15

conhecimento. Segundo Vygostsky, a sua teoria das relações sociais desempenham


um papel muito importante no desenvolvimento intelectual do indivíduo. Logo, o
homem vai sendo moldado inerente a sociedade, ou seja, o homem modifica seu
meio e este se modifica de volta.
A base do interacionismo ultrapassa o processo de aprendizagem, se
refere ao sujeito que aprende, uma pessoa que pode compreender a si mesmo e
seu ambiente. A interação do sujeito, família ou escola faz parte desse processo.
Compreendemos ser no processo de aprendizagem onde os indivíduos
adquirem valores, informações, habilidade e atitudes. Está intrinsecamente ligado
com a realidade, o meio ambiente, o convívio social, entre outros.

5.2 LEITURA, ESCRITA E INTERPRETAÇÃO.

O processo de alfabetização é definido como o processo de


aprendizagem, onde serão desenvolvidas as habilidades de leitura e escrita, onde
através dessas habilidades o aluno utilizará esse código como comunicação.
Segundo a Base Nacional Comum Curricular, as práticas de linguagem (leitura,
escrita, oralidade) devem estar organizadas, destacando “[…] para a importância da
contextualização do conhecimento escolar, para a ideia de que essas práticas
derivam de situações da vida social e, simultaneamente, precisam ser situadas em
contextos significativos para os/as estudantes.” (BRASIL, 2018, p. 90). Logo,
destacamos como três pilares fundamentais para o processo de aprendizagem:
leitura, escrita e interpretação.
Para a leitura é necessário o que está escrito e o que a pessoa entende
quando está lendo, sendo necessário um leitor e um autor, onde o leitor tenta
compreender o que o segundo diz, e este ao escrever deixa livre a compreensão
para tirar suas conclusões.
O ato de ensinar a ler, não é resumido em pronunciar o que está escrito,
mas o leitor deve apreciar, entender o que o autor quer passar, compreender o seu
significado mais profundo. Essa prática não acontece muito rapidamente, é preciso
16

conhecer e aperfeiçoar e buscar ir além do texto. Então esse leitor conseguirá


interpretar e assim poderá criar conceitos, a partir desses novos conhecimentos.
Desta forma, podemos entender que a leitura deve ser uma prática que o
indivíduo deve levar para o resto da vida, pois é através dela que ele poderá
interpretar, questionar, argumentar e compreender sobre o que está no seu meio,
aproveitando cada mensagem que poder ser interpretada de forma crítica e
contextual.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura
desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e
realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto, a ser
alcançada por sua leitura crítica, implica a percepção das relações entre o
texto e o contexto (FREIRE, 1989, p. 9).

Então, as letras sozinhas não representam nada escrito, pois segundo o


ponto de vista de Emília Ferreiro, a escrita é um objeto de conhecimento que deve
ser apresentado para as crianças, para que eles possam descobrir seus
significados. Grandes ideias surgem antes da escrita, assim a criança poderá
formular seus textos, e construir seu conhecimento, ciente que suas particularidades
serão respeitadas. Quando uma pessoa lê um texto, ele também busca informações,
e cada leitor assimila diferentemente, podendo compreender e interpretar de
inúmeras maneiras, dependendo do seu conhecimento prévio.
Dito isto, todo o texto, que for trabalhado com a criança, deverá ter um
sentindo e considerar qual significado terá para ela. A construção do conhecimento
ocorrerá gradativamente, destacando que, para haver a comunicação, será
necessário tanto escrever como falar.
Emília Ferreiro nos que:
“Eu digo escrita entendendo que não falo somente de produção de marcas
gráficas por parte das crianças; também falo de interpretação dessas
marcas gráficas. Em espanhol não existe um termo equivalente ao inglês
literacy, que é particularmente cômodo para falar de algo que envolve mais
que aprender a produzir marcas, porque é produzir língua escrita; algo que
é mais que decifrar marcas feitas por outros, porque é também interpretar
mensagens de diferentes tipos e de diferentes graus de complexidade; algo
que também supõe conhecimento acerca deste objeto tão complexo — a
língua escrita —, que se apresenta em uma multiplicidade de usos sociais.”
(FERREIRO, 2017, p. 58)

Portanto, a leitura e escrita se complementam, onde uma depende da


outra e estão intimamente ligadas, logo a ausência de uma acarretará dificuldades
com a outra, sem ler não é possível compreender o que está sendo escrito e vice-
versa. O aluno que não ler, não pode produzir textos, caso o faça o texto não terá
17

nenhum sentindo e não poderá ser compreendido em sua plenitude, além de


cometer equívocos gramaticais que adquiridos através da falta das práticas de
leituras.
Em todo caso, o leitor que será formado na escola, deve conseguir ler e
entender o que está sendo lido, ou seja, não apenas decodificar letras e palavras,
mas também compreender essas palavras e expressar suas opiniões
conscientemente para o progresso da sociedade, e consequentemente contribuir
para o desenvolvimento da cultura social. Porém, para desenvolver essas
habilidades é necessário, primeiro, aprender a ler, escrever e interpretar, para
entender o que está escrito, saber fazer perguntas e realmente entender o que está
escrito, isso vai além das linhas implícitas.
A leitura nunca se fez tão necessário na escola, uma vez que, é através
dela que aluno pode ampliar seus horizontes, viajar pelo desconhecido e explorar o
mundo que o cerca. Podem viver experiências que marcam seu processo de
aprendizagem, facilitando seu conhecimento. Nesse sentido, a escola tem suma
importância nesse processo, devendo proporcionar aos alunos momentos que
possam desperta o interesse e o amor pela leitura. Então, o processo de aquisição
de leitura e escrita, segundo o site do MEC (BRASIL, 2022), amplia os horizontes da
sala para o mundo, rompendo a exclusividade da aprendizagem ser inerente a
escola.
Ouvir e ler histórias é importante para o desenvolvimento da criança, pois
é através desse despertar que a criança criará o hábito da leitura e
consequentemente se tornar um leitor assíduo. A leitura é uma forma de orientar e
desenvolver na criança, a sua imaginação, suas emoções, despertar o estímulo da
leitura, ajudará a criança a falar e se expressar melhor, aumentará seu vocabulário,
além de melhorar na alfabetização e, consequentemente, a escrita. Pois, a escrita
também faz parte da linguagem e está presente no cotidiano, e uma das premissas
para o seu uso é o conhecimento do sistema alfabético, ou seja, aprender todas as
letras do alfabeto é o básico para criança aprender a unir letras, entender seus
fonemas, para depois começar a formar sílabas, das sílabas formar as palavras, das
palavras formas frases simples e depois frases mais complexas, e assim
sucessivamente.
Considerando-se que as crianças devem ser estimuladas a ler, elas terão
constantemente contato com a língua escrita, sendo inevitável ter contato com textos
18

escritos, suas funcionalidades, sua forma e suas configurações, sendo impossível


excluí-lo da sala de aula. “Por outro lado, deixar de explorar a relação extraescolar
dos alunos com a escrita significa perder oportunidades de conhecer e desenvolver
experiências culturais ricas e importantes para a integração social e o exercício da
cidadania” (Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita, 2004, p.14). Portanto, ato de
ler e escrever, deve ser um ato prazeroso e necessário, que a escrita e a sua
oralidade, sejam estimuladas levemente, onde o professor terá papel fundamental
para fazer essas mediações e assim efetivar o processo de aprendizagem.
Por último, temos a interpretação que está agregado ao processo de
leitura e escrita, pois é através do estímulo que a criança consegue desenvolver seu
cognitivo, o fazendo compreender o que ele está lendo, por exemplo: identificar qual
o autor da obra; ou qual personagem principal; expressar suas opiniões sobre o que
entendeu; e produzir um texto baseado no que leu. Esse processo também contribui
desenvolver seus conhecimentos e contribuir para desenvolver sua leitura e escrita,
indo consoante o Caderno Alfabetizando:
“Ler com compreensão inclui, entre outros, três componentes básicos: a
compreensão linear, a produção de inferências, a compreensão global. A
compreensão linear do texto diz respeito à capacidade de reconhecer
informações “visíveis” no corpo do texto e construir, com elas, o “fio da
meada” que unifica e inter-relaciona os conteúdos lidos. No caso de textos
narrativos, essa capacidade se manifesta na possibilidade de, ao acabar de
ler, saber dizer quem fez o que, quando, como, onde e por quê. No caso de
textos argumentativos, trata-se de, ao levantar a cabeça, depois da leitura,
saber dizer de que fala o texto, que posição defende, que argumentos
apresenta para convencer o leitor, a que conclusão chega. Outra
capacidade fundamental para ler com compreensão é a de produzir
inferências. Trata-se de “ler nas entrelinhas”, compreender os
subentendidos, os não-ditos [...]. (CENTRO DE ALFABETIZAÇÃO,
LEITURA E ESCRITA, 2004, p. 45)

Então, as práticas de linguagem (leitura, escrita, oralidade) devem ser


contextualizadas com as vivências sociais e que estas possam ser significativas,
nesse ponto a escola entra como mediadora para poder criar momentos para
despertar o gosto de ler, e conscientizar a importância da leitura, escrita e a
interpretação, lembrando que esses são pilares para compreender e nos inserir na
sociedade.
19

5.3 CONSTITUINTES DE DIFICULDADES DE LEITURA, ESCRITA E


INTERPRETAÇÃO.

As dificuldades em aprender e desenvolver habilidades de linguagem


escrita, como dificuldades de aprendizagem, é um distúrbio no qual os indivíduos
acham difícil aprender de uma forma eficaz. O distúrbio afeta a capacidade do
cérebro de receber e processar informações e pode impedir que uma pessoa
aprenda tão rapidamente. Ciasca e Rossini (2000, p.12) relatam que dificuldade de
aprendizagem é “qualquer tipo de dificuldade apresentada durante o processo de
aprender em decorrência de fatores variados…”. É importante lembrar que as
crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem requerem uma atenção
especial, pois inúmeros os motivos podem levar a dificuldades na aprendizagem,
onde um dos motivos básicos podem ser uma “barriga vazia”.
E uma das formas para identificar essas dificuldades, é compreender os
vários métodos de alfabetização. Uma das primeiras perguntas que surgem quando
falamos em alfabetizar é: “Qual é o método mais eficaz de alfabetização?”. Durante
décadas o método foi a dificuldade principal sobre alfabetização, e continuamos sem
uma resposta definida, pois há diferentes métodos de alfabetizar uma criança.
Segundo Prodanov e Freitas. (2013, p. 24) “podemos definir método como caminho
para chegarmos a determinado fim”. E o método científico é um conjunto de
processos intelectuais e técnicos que adotamos para atingir o conhecimento.
Os métodos utilizados para a alfabetização de alunos são divididos em
métodos sintéticos e métodos analíticos. O método sintético aborda uma forma
integrada, indo da parte para o todo, ou seja, é utilizado as correspondências
fonográficas. Nessa tendência está incluindo o método fônico, o método silábico,
onde esse conjunto de abordagens ditas sintéticas, propõe-se uma distância do uso
e do significado para facilitar as estratégias de análise dos sistemas de escrita.
Enquanto, o método de análise é do todo para a parte, e busca fundamentalmente
quebrar o princípio da decifração. Os mais notáveis são as abordagens globais de
contos, sentenças e palavração. Essas abordagens tentam atuar no entendimento
de que a linguagem escrita deve ser ensinada às crianças respeitando sua
percepção global dos fenômenos e a própria linguagem. A unidade de análise são
palavras, frases e textos. Esses métodos assumem que, com base no
20

reconhecimento global, como estratégia inicial, os aprendizes podem então analisar


unidades linguísticas menores.
Toda essa prática transmite certas mensagens, frequentemente
contraditórias. Ao mesmo tempo que se apresenta a escrita como um objeto
imutável (não como o produto de uma prática histórica) e como um objeto
“em si” quase sacralizado (não como um poderoso instrumento nas ações
sociais), se propõem às crianças orações para ler e para copiar que
constituem uma afronta à inteligência infantil. Há crianças que chegam à
escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes,
divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na
escola, mas começaram a alfabetizar-se muito antes, através da
possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita [...].
(FERREIRO, 2017, p. 17)

Ou seja, o domínio da escrita, requer conhecimento alfabético e


ortográfico, para produzir textos, por isso, a escrita fora da sala, deve ter alguma
função ou objetivo, para ser direcionada ao leitor.
Para começar, aprender a escrever não é tão simples, a criança precisa
aprender a pegar o lápis, tracejar as letras, depois aprender a formar sílabas e
palavras, e assim organizar o texto, essas capacidades devem ser aprendidas no
início da alfabetização, mas não necessariamente devemos limitar as primeiras
experiências a exercícios ou atividades sem nenhum sentido para criança, é
necessário atribuir função para escrita. Portanto, para se concretizar a
aprendizagem, é preciso que haja uma comunicação prática e verbal com as
pessoas que estão próximas, semelhante a um espelho que reflete as ações de
cada indivíduo. Segundo Paiva e Batista (2013, p. 5) “o convívio proporciona às
crianças o instinto de como organizar suas ideias para produzir textos, que seja oral
ou escrito, mas que eles tenham coerência”.
Nesse sentido podemos concluir que a escrita emerge da forma como a
criança percebe e vivência as situações em que é exposta à escrita, e que esse
sentido orientará a relação e a tarefa que se propõe à escrita. A prática envolvendo
a linguagem escrita. Desse ponto de vista, poderíamos pensar que se, até aquele
momento, a criança experimentou a escrita sendo utilizada por sua função social de
escrever histórias, anotações ou registrar experiências de vida, ela aprenderá a usar
a escrita para pensar que sua função é social, como ferramenta para escrever
histórias, anotações, registrar fatos da vida, enfim, como ferramenta de expressão.
Por conseguinte, entendemos que leitura deve ocorrer constantemente no
cotidiano com diferentes formas e finalidades, e para torná-la significativa aos
alunos, procuramos descrevê-la da forma mais conciso possível. Aprender a ler
21

envolve interagir com uma variedade de textos escritos e realmente se engajar no


ato de ler. É importante que as crianças recebam incentivo e ajuda de leitores
experientes para ampliar seus objetivos e interesses.
É nesse sentido que Cagliari (1998, p. 312) nos fala:
Ler é decifrar e buscar informações. Já se sabe que o segredo da
alfabetização é a leitura. Alfabetizar é, na sua essência, ensinar alguém a
ler, ou seja, a decifrar a escrita. Escrever é em decorrência desse
conhecimento e não o inverso. Na prática, escolar parte-se sempre do
pressuposto de que o aluno já sabe decifrar a escrita, por isso o termo
“leitura” adquire outro sentido. Trata-se, então, da leitura para conhecer um
texto escrito. Na alfabetização, a leitura como decifração é o objeto maior a
ser atingido.

Como podemos observar, existem inúmeros métodos de alfabetização, e


acaba gerando uma disputa entre métodos antigos e atuais, porém o mesmo
problema: a dificuldade em aprender a ler e escrever, e consequentemente
interpretar, quem mais sofri com isso são as escolas públicas que são, as mais
afetadas nesse processo. Portanto, com o surgimento das políticas sociais, houve a
necessidade de reformular a educação, principalmente com o fracasso no que se
refere a leitura e a escrita, foi nesse momento que o Brasil introduz as ideias
construtivistas, resultados da pesquisa sobre a psicogênese da linguagem escrita da
pesquisadora argentina Emília Ferreiro e seus colaboradores.
O construtivismo, enquanto teoria aplicada à compreensão do percurso
que as crianças percorrem, tentando entender como funciona a escrita, essa teoria
foi apresentada por Emília Ferreiro e Ana Teberosky. As autoras trazem uma
inversão em sua discussão: não apenas pensar em métodos, é preciso entender o
processo de aprendizagem da criança ao tentar reconstruir representações de
sistemas alfabéticos. Portanto, o que a autora apresenta é uma descrição da
evolução da escrita infantil. Explicando o desenvolvimento dessa teoria, é possível
destacar alguns princípios básicos que levam os professores a adotar diferentes
atitudes em relação aos alunos.
Segundo Ferreiro e Teberosky (1985), o estudante é visto como um
sujeito que:

● Possui um pensamento lógico tal que cada “erro” escrito que

comete demonstra uma suposição sobre o conteúdo do sistema de


escrita fonética;
22

● O método ou uma única direção não é o fator determinante para a

aprendizagem, é necessário considerar o processo do aprendiz;

● O ambiente escolar deve estimular a experimentação em torno da

escrita sem deixar os alunos com medo de avaliar o “erro”;

● Os materiais utilizados na escola devem representar a diversidade

de uso da escrita existente na sociedade;

● É preciso descobrir quão bem o aluno entende a escrita;

● Para acompanhar o processo de aprendizagem, é importante que a

escola crie ferramentas que permitam ao aluno expressar o que


sabe sem medo;

● O professor deve entender a teoria envolvida.

Considerando, que o método é tão importante quanto tantos outros


envolvidos nesse multifacetado processo de alfabetização, porém não é o único e
nem o mais importante, pois é o maior desafio para nós, encontrar soluções para as
dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita de nossas crianças. Portanto,
qualquer discussão sobre essas abordagens da alfabetização não pode ignorar que
as abordagens pedagógicas são apenas um aspecto da teoria educacional
relacionada à teoria do conhecimento e o projeto político e social.
23

6 METODOLOGIA

A metodologia é definida como um processo de organização que define


um conjunto de métodos utilizados no processo de pesquisa, este tópico, trata-se,
portanto, de uma forma mais detalhada sobre o desenvolvimento da pesquisa e que
sejam de forma bem precisa para o alcance nos objetivos, pois como afirma
Richardson et al. (1999, p. 22) “o método é o caminho ou a maneira para se chegar
a determinado fim ou objetivo, e metodologia são os procedimentos e regras
utilizadas por determinado método”.
O presente trabalho é um estudo descritivo de caráter qualitativo, com
estudo de caso. A primeira parte da pesquisa será, portanto, de natureza
documental, visando selecionar uma base teórica que justifique os conhecimentos
adquiridos com a investigação, descrição e demonstração das principais dificuldades
de aprendizagem dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental. A partir do estudo
de alguns dos pressupostos teóricos dos autores do tema, foram examinadas
questões sobre as principais dificuldades de aprendizagem manifestadas em
ambientes escolares.

6.1 LÓCUS DA PESQUISA

O estudo será realizado em uma escola pública municipal criada em


1985. Uma escola da zona urbana, que está localizada na rua Duque de Caxias, n.º
119, Centro, Icatu-MA, denominada Escola Municipal Severiano de Azevedo – Sede,
inclusive um dos motivos de escolha foi a localização ser no centro da cidade e seus
anexos são localizados na zona rural. Seu objetivo é atender pessoas de diferentes
níveis socioculturais, econômicos e culturais.
Nota-se que o aspecto físico da escola se encontra em bom estado de
conservação e o foco atual está na melhoria da qualidade do ensino e no
desenvolvimento de cidadãos ativos e críticos, onde requer o desenvolvimento de
programas que atendam melhor às necessidades das escolas.
24

6.2 SUJEITO DA PESQUISA

Os sujeitos desse estudo serão alunos do 5º ano do Ensino Fundamental


da Escola Municipal Severiano de Azevedo, onde destacamos que a escolha da
turma, se deu a partir de observação durante o Estágio Supervisionado Obrigatório.
Cada turma tem em média 24 a 25 alunos na faixa etária de 10 a 11 anos.
Também foram escolhidos os professores do 5º ano do Ensino
Fundamental e a gestora da instituição. A escolha dos professores se deu
exatamente nas turmas em que reside o problema, como também é nesta fase que
as crianças devem ler com uma certa fluência. E, é agora que as dificuldades de
aprendizagem se manifestam com mais frequência, pois é nesse processo de ensino
que ocorre a aprendizagem. Os professores selecionados para a pesquisa são todas
mulheres na faixa etária entre 35 a 55 anos, as três são formadas em Pedagogia,
com mais de 10 anos de experiência. Também escolho a gestora por ser
responsável, coletivamente, pela elaboração e execução da proposta curricular,
além de acompanhar o planejamento com os professores e estar atenta às
dificuldades dos alunos.

6.3 ABORDAGEM DA PESQUISA

A pesquisa aplicada quanto a forma de abordagem do problema foi o tipo


de pesquisa qualitativa, onde analisaremos os temas propostos neste estudo,
guiados por investigações teóricas dos temas propostos.
A fim de compreender com a maior precisão possível a questão em
estudo, este trabalho será analisado qualitativamente, buscando compreender
detalhadamente os significados e as características apresentadas nas relações
sociais. Segundo Severino (2007) a pesquisa qualitativa é “método de pesquisa
descritiva que explora as peculiaridades e as descrições subjetivas de uma dada
realidade, considerando, fundamentalmente, a experiência pessoal dos
entrevistados ou observados”. Ou seja, a pesquisa qualitativa nos traz uma situação
25

real apresentada com dados descritivos, de maneira subjetiva, com o papel de


observador, para comparar as experiências do indivíduo.
Pesquisa qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo
real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a
subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e
técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de
dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Tal pesquisa é descritiva. Os
pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e
seu significado são os focos principais de abordagem. (PRODANOV;
FREITAS, 2013, p. 70).
Então a pesquisa quantitativa, nos garante a objetividade, por meio da
análise dos dados e resultados, por mapas estatísticos, enquanto a pesquisa
qualitativa vem trazendo a análise do processo de ensino de aprendizagem
considerando os três pilares apresentados: leitura, interpretação e escrita.
O projeto será desenvolvido através de uma abordagem teórica,
observação e entrevistas sobre as práticas pedagógicas realizadas na sala de aula.
Visamos aprofundar o conhecimento sobre a tese acima descrita, formular novas
ideias e formular possíveis soluções.
1º Passo
No primeiro momento, definimos o problema para situar o objeto e
direcionar o projeto de pesquisa, em seguida foi realizado a leitura minuciosa,
buscando embasamento teórico, sobre o tema proposto. Após ser realizada a leitura
e a reflexão, chegamos à conclusão que para concretizar a pesquisa será
necessária uma pesquisa qualitativa por possibilitar a obtenção dos dados com
maior fidedignidade, Gil (2002, p. 133) diz que:
A análise qualitativa é menos formal do que a análise quantitativa, pois
nesta última seus passos podem ser definidos de maneira relativamente
simples. A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a
natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de
pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-
se, no entanto, definir esse processo como uma sequência de atividades,
que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua
interpretação e a redação do relatório.

Utilizamos esse tipo de pesquisa para podermos refletir sobre os


resultados obtidos e aliar a abordagem de estudo de campo para apresentar a
perspectiva do professor/aluno no contexto da sala de aula. Segundo José Filho
(2006, p.64) “o ato de pesquisar traz em si a necessidade do diálogo com a
realidade a qual se pretende investigar e com o diferente, um diálogo dotado de
26

crítica, canalizador de momentos criativos”. No entanto, a pesquisa descrita está


como uma construção em andamento onde exige ser ampliada.
Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual
procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar,
ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. Consiste
na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente,
na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que
presumimos relevantes, para analisá-los. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p.
59).

Esse processo acontecerá nas dependências da Escola Municipal de


Severiano de Azevedo – Sede, onde poderemos observar e analisar o ambiente
escolar dos alunos, corpo docente e gestão escolar.
2º Passo
Nesta etapa optamos pela observação não participante, que de
acordo com Marconi e Lakatos (2011, p. 78) “o pesquisador está em contato com o
grupo pesquisado, mas não se envolve nas situações observadas”.
Nos encontramos no período de novembro, onde observaremos os
seguintes critérios:

− Os professores e os relacionamentos com os alunos.

− Famílias e o corpo docente da escola, em parceria com os gestores.

− A sala de aula e demais dependências da escola.

Sendo que serão registrados todos os fatos e acontecimentos ocorridos


durante todo o período de observação.
3º Passo
Entrevista semiestruturada
No período de novembro de 2022, entrevistaremos o gestor e o professor
que atendam para obter o máximo de informações para esclarecermos como é o
trabalhado com esses alunos e as práticas, abordadas em sala de aula. Segundo
Barros & Lehfeld (2000, p.58) “a entrevista semiestruturada estabelece uma
conversa amigável com o entrevistado, busca levantar dados que possam ser
utilizados em análise qualitativa, selecionando-se os aspectos mais relevantes de
27

um problema de pesquisa”. As entrevistas são importantes, pois apresentam ricas


informações.
A entrevista é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através
dela, o pesquisador busca obter informes contidos na fala dos atores
sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez
que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores (...)
Nesse sentido, a entrevista, um termo bastante genérico, está sendo por
nós entendida como uma conversa a dois com propósitos bem definidos.
Num primeiro nível, essa técnica se caracteriza por uma comunicação
verbal que reforça a importância da linguagem e do significado da fala. Já,
num outro nível, serve como um meio de coleta de informações sobre um
determinado tema científico. (MINAYO, 2002, p. 57)

Também buscaremos através da pesquisa documental que segundo


Ludke e André (1986), nos diz que a pesquisa qualitativa, seja complementando
informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um
tema ou problema. Leremos minuciosamente os artigos que existentes para
averiguar quais pontos devem ser melhorados e os problemas, para definir
estratégias e buscar soluções.
28

7 CRONOGRAMA

ATIVIDADES Out Nov Dez Jan


Escolha do Tema X
Levantamento Bibliográfico X
Planejamento metodológico X
Definição da Metodologia X
Elaboração do Projeto X X
Revisão e redação final X X
Projeto X
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