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Nome: Fernanda da Silveira Toigo

Professor: Rafael Wolski de Oliveira


Estágio supervisionado II: Ênfase em Saúde e Educação

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO II


O que aprendi com meu estágio ao longo desse ano que passou?

No ano de 2014 realizei o estágio em Educacional na escola Engº João


Magalhães, por isso resolvi continuar meu trabalho na mesma escola, já que conhecia
a diretora, professores e funcionários. Dando continuidade no ano de 2015 realizei o
estágio I da ênfase no período de agosto a dezembro de 2015. Até esse momento tudo
ocorreu da melhor forma possível, os professores estavam abertos a ideias, faziam
encaminhamentos dos alunos, os pais dos alunos e os funcionários procuravam o meu
auxílio e a direção apoiava o trabalho.
Contudo, no ano de 2016 a direção da escola mudou e em meio a essas
mudanças, no mês de março, iniciei o estágio com muitas expectativas. Ansiosamente
pensando nos dias que estaria na escola, no projeto que poderia aplicar e na
experiência que iria adquirir com o estágio. Porém, isso tudo não passou apenas de
expectativas, pois no dia em que cheguei na escola para iniciar o estágio a nova
diretora me “barrou” referindo que não poderia me ter como estagiária, pois já havia
outra estagiária, uma moça do estágio I de observação, mencionou que não poderia
me atender naquele dia e que eu voltasse na próxima semana. Expliquei a ela meus
objetivos e mesmo assim tive que ir embora naquele dia. Nesse momento comecei a
perceber que esse semestre não iria ser fácil, já que a direção da escola mudou, a
instituição estava totalmente diferente, havia um clima tenso no ambiente, iniciaram
professores novos e a ex diretora havia sido redirecionada para a sala de aula.
No decorrer do estágio, dando andamento ao trabalho propus uma dinâmica
com os alunos da “turma problema” que me disponibilizaram para trabalhar. Porém,
fui novamente interrompida, pois a professora da turma sentiu a minha intervenção
como uma afronta ao seu trabalho, uma ofensa a sua experiência como professora de
ensino fundamental e fui chamada para conversar sobre isso com ela e a diretora. A
partir disso meu trabalho ficou ainda mais restrito e fui comunicada que nenhum outro
tipo de intervenção seria aceito na instituição.
O sentimento inicial foi de frustração com relação a essa experiência pois, não
consegui dar seguimento ao objetivo principal do estágio, já que não fui autorizada
pela direção a trabalhar com os alunos, professores e/ou funcionários. A possibilidade
de trabalho que me foi oferecida consistiu em trabalhar apenas com alguns alunos de
uma única turma, os “alunos problema”. Meu objetivo a partir desse momento foi
aprender a trabalhar com o que me é oferecido, com a demanda disponível e dar
sempre o melhor naquilo que eu fizesse.
Algo importante que observei foi o despreparo das pessoas que dirigem a
escola. Muitas não possuem experiência com pessoas, pois são contratadas a partir de
indicações vindas de políticos, pessoas que não tem a mínima noção de gestão de
Nome: Fernanda da Silveira Toigo
Professor: Rafael Wolski de Oliveira
Estágio supervisionado II: Ênfase em Saúde e Educação

pessoas. Também observei pouca empatia, neutralidade com relação aos professores e
desconfiança com relação ao trabalho do psicólogo.
Algo que ficou muito claro nesse estágio foram as limitações impostas ao
profissional da psicologia dentro das instituições. As pessoas que trabalham na escola
não sabem qual é o trabalho do psicólogo, o que ele faz e quais são suas funções no
âmbito escolar. Por isso, acredito que há um certo receio diante dos professores e
funcionários da escola frente a esse profissional. Me senti perdida e insegura, percebi
o quanto a diretora da escola estava desconfiada, insegura não apenas comigo, mas
com os professores que já trabalhavam na escola em 2015. Me sentia sem norte, pois
percebia a situação como se a diretora da escola estivesse me “suportando” ali. Isso se
justificou no momento em que surgiu o comentário de que no próximo semestre não
será mais permitido estagiários na escola. O que ao meu ver é algo muito negativo,
pois todos da escola serão desfavorecidos, já que os estagiários de psicologia têm
muito a contribuir dentro da escola.
O que eu aprendi? A ter confiança no meu trabalho e fazer o melhor que eu
puder independente do contexto em que eu estiver. Aprendi a fazer o possível para
ajudar as crianças em suas dificuldades, saber trabalhar com o mínimo que é
oferecido e fazer dessa oportunidade um aprendizado para o resto da minha vida.
Um dos fatos que mais me chamou a atenção foi o não envolvimento da ex
diretora junto a minha situação quando solicitei a ela uma orientação. Além disso, os
limites que me foram dados para realizar o estágio foi algo que me surpreendeu, ao
passo que outros locais “abraçam” os estagiários desenvolvendo trabalhos muito
produtivos que agregam a escola, ao contrário disso a gestão atual parece criar muros
para que ninguém chegue até a escola.
Além disso, ocorreram situações em que ficou nítido a negligência por parte da
direção da escola, especialmente no caso de um menino do 3º ano que era repetente e
estava vindo a escola devido a exigência do conselho tutelar. Consegui conversar com
ele apenas uma vez e percebi o estado de vulnerabilidade em que vivia, programei
alguns métodos de intervenção para atende-lo novamente, porém ele não
compareceu mais a escola. Conversei com a direção sobre isso e a resposta que tive
“um a menos para incomodar”, inclusive a professora desse menino solicitou que fosse
verificada a situação do mesmo, mas não teve nenhum retorno por parte da diretora
da escola.
O caso do menino é apenas um dentre vários que observei dentro da escola.
Casos em que poderia ter sido dada maior atenção, pois considero isso um aspecto
social importante da escola, intervir frente as situações sociais. Em outros aspectos a
nova direção da escola se empenhou muito e de forma individual. Como por exemplo
as divulgações na mídia mostrando a pequena horta feita pela própria diretora e uma
funcionária. Outra forma de divulgação da escola na mídia foi realizar o projeto “varal
da solidariedade” onde foi estendido um varal em frente a escola com várias roupas
Nome: Fernanda da Silveira Toigo
Professor: Rafael Wolski de Oliveira
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para doação. Soube do projeto apenas depois da sua realização e foi a própria diretora
que informou mostrando com orgulho que havia aparecido no jornal. A ação foi muito
positiva, mas penso que poderia ter ajudado na organização e arrecadação de roupas
para o projeto, no entanto senti que não queriam minha ajuda.
Mas, apensar de todas a frustrações o estágio me proporcionou inúmeras
experiências, aprendi a tolerar a frustração e ter paciência comigo e com os demais.
Pode ser aprendido o quanto é difícil o psicólogo atuar dentro de uma instituição,
existe muita resistência em deixar o psicólogo intervir nas situações que ocorrem na
escola. Pode ser percebido que muitos profissionais se sentem ameaçados pela
presença do psicólogo em seu ambiente de trabalho, pois sentem-se analisados,
vigiados e avaliados e consequentemente mostram sua insegurança no trabalho que
realizam.
Nesse sentido, é que a presença do psicólogo na escola é extremante
importante pois o trabalho inclui intervenções junto a todos que compõe a escola,
professores, funcionários, alunos e a comunidade.

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