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Universidade Nove de Julho

Curso de Medicina
Processos Fisiopatológicos I

Lesões celulares irreversíveis: Mecanismos de necrose


e apoptose

Dr. Arthur Cássio de Lima Luna


Capítulo 4 Capítulo 3
Lesões celulares irreversíveis
Lesões celulares irreversíveis
Lesões celulares irreversíveis
Lesões celulares irreversíveis
Morte Somática X Morte Celular
Ocorre quando todas as células param sua
É a perda de consciência irreversível.
atividade respiratória e metabólica.

As células não morrem simultaneamente,


Parada da função cerebral, seguida da
diferentes células podem morrer em
parada da função do coração e do pulmão.
momentos diferentes.

Pode por um período responde a A morte celular é manifestada como


estímulos químico e elétricos características pós mortem

O período entre a morte somáDca e a morte


Cérebro, pulmão e coração
celular é chamada vida celular. (transplante)

Indisponibilidade de oxigênio devido a


morte clínica

Slide: Prof. Marcelo


Lesões celulares irreversíveis
Diferentes tipos de morte

From: Cell Death Mechanisms and Their Implications in Toxicology


Toxicol Sci. 2010;119(1):3-19. doi:10.1093/toxsci/kfq268
Toxicol Sci | © The Author 2010. Published by Oxford University Press on behalf of the Society of Toxicology. All rights reserved.
For permissions, please email: journals.permissions@oxfordjournals.org
Lesões celulares irreversíveis
CÉLULA NORMAL LESÃO
(homeostase) REVERSÍVEL

Estímulos Leve,
Estresse
Nocivos Transitória

ADAPTAÇÃO LESÃO CELULAR


Incapacidade de
adaptação
Intensa,
progressiva

LESÃO
IRREVERSÍVEL

MORTE
NECROSE APOPTOSE
CELULAR
Lesões celulares irreversíveis
Morte celular
Apoptose

Apotoesis;
Apó = separação,
Ptôsis= queda
Queda das folhas das árvores no outono

Br J Cancer. 1972 Aug; 26(4): 239–257.


Apoptose
Apoptose - Causas
Apoptose

Fisiológica Patológica

Dano ao DNA: Devido à hipóxia, à radiação ou a


Embriogênese: Sinaptogênese, morfogênese
fármacos citotóxicos

Normal turnover celular Acúmulo de proteínas mal dobradas

Ação dos linfócitos T citotóxicos em infecções


Seleção tímica negativa virais e tumores

Citotoxicidade mediada por célula


Apoptose – Fisiológica x Patológica
Processos fisiológicos
Homeostase tecidual

Eliminação de células Morte induzida por


desnecessárias danos no DNA

Regulação do sistema
imunológico

Involução normal de tecidos


hormônio-dependentes
Falhas no processo de controle da
apoptose
Sindactilia Lúpus eritematoso Câncer
Apoptose – Fisiológica x Patológica

Sindactilia
Apoptose Processo ativo e vias envolvidas
Duas vias distintas
Via extrínseca Via intrínseca

Iniciadora
(Apical)

Efetoras

Apoptose
Via Extrínseca
Councilman-Rocha Lima

Corpos apoptóticos
Via Intrínseca
Características das alterações celulares

Condensação e Formação de Perda da adesão


Retração e formação do
fragmentação bolhas na corpo
nucelar celular membrana apoptótico

Luna et al., 2016


Características das alterações celulares

Translocase aminofosfolipídeo ATP


Mecanismos bioquímicos da lesão
celular
Necrose

Dano grave nas membranas com


extravasamento de lisossomos no
citoplasma e digestão da célula. O
conteúdo celular também através da
membrana plasmática lesada e iniciam
uma reação inflamatória

Resultam de isquemia, de exposição a


toxinas, infecções e traumas.

É sempre um processo patológico


Necrose

Alterações citoplasmáticas:
• Eosinofilia (proteínas citoplasmáticas desnaturadas que se ligam à eosina);
• Aparência vítrea (perda de partículas de glicogênio);
• Citoplasma vacuolado (digestão de organelas);
• Descontinuidade da membrana plasmática e da membrana das organelas

Alterações nucleares:
• Cariólise: Núcleo desbotado e dissolvido (Digestão do DNA);
• Picnose é caracterizada por retração nuclear;
• Cariorrexe: Fragmentação nuclear
NECROSE: Mecanismos envolvidos

● Interrompimento das funções vitais (< produção de energia


e as sínteses celulares);
● Hidrolases (proteases, lipases, glicosidases, RNAses,
DNAses), são liberadas do lisossomo para o citosol, sendo
capazes de digerir substratos celulares;
● Respostas aDvadas pela alta concentração de Ca2+ no
citoplasma que iniciam o processo de autólise;
● São liberadas substâncias que desencadeiam um processo
inflamatório
Tipos de Necrose

Necrose de
coagulação: Necrose
Necrose
tecido firme e Gordurosa
Gangrenosa
pálido ou Observada no
Somatória de
amarelado. tecido adiposo
diversos eventos:
Necrose Necrose Caseosa próximo ao necrose
liquefativa: Rodeada por pâncreas
coagulativa e
Tecidos celulares processo .
liquefativa,
ficam mais inflamatório
amolecidos, crônico Dpo
desorganizados e granulomatoso –
até líquidos. macrófagos
Tipos de Necrose
Necrose de coagulação

Esse é o padrão padrão de necrose


associada à isquemia ou hipóxia em todos
os órgãos do corpo, exceto no cérebro.

Morfologia: Tecido firme e a arquitetura


é manDda por dias após a morte celular.

Microscópico: contornos celulares


preservados sem núcleos.
Necrose de coagulação
Necrose de coagulação
Necrose de coagulação
Necrose de coagulação
Necrose de coagulação
Necrose liquefaOva

O padrão de necrose observado com


infecções (. Além disso, o padrão é
visto após lesão isquêmica no
cérebro.

Embora o motivo da necrose


liquefativa após lesão isquêmica no
cérebro seja pouco conhecido, a
liberação de enzimas digestivas e
constituintes dos neutrófilos é o
motivo da liquefação nas infecções.
Morfologia: Massa viscosa liquida e,
às vezes, amarelo-creme por causa
da formação de pus.

Microscópico: células inflamatórias


com numerosos neutrófilos.
Necrose liquefativa
Necrose liquefativa
Necrose liquefaOva
Necrose caseosa

Encontrada mais frequentemente em


focos de infecção tuberculosa;

O termo caseoso (semelhante a queijo)


refere-se à aparência friável branco-
amarelada da área de necrose no exame
macroscópic;

Microscópico: Centro uniformemente


eosinofílico (necrose) circundado por um
colar de linfócitos e macrófagos ativados
(células gigantes, células epitelioides). A
estrutura formada em resposta à
tuberculose é conhecida como
granuloma.
Necrose caseosa
Necrose caseosa

Linfonodo
Necrose caseosa
Necrose caseosa
Necrose caseosa
Necrose gangrenosa

Termo clínico para descrever necrose


isquêmica dos membros inferiores;

Morfologia: Pele negra com grau variável


de putrefação.
Microscópico: Combinação de necrose
coagulativa, devido a isquemia (gangrena
seca); e necrose liquefativa (gangrena
úmida) se uma infecção bacteriana for
sobreposta.
Necrose gangrenosa
Necrose gangrenosa
Necrose gordurosa

Áreas focais de destruição gordurosa,


em geral resultante da liberação de
lipases pancreáticas ativadas na
substância do pâncreas e na cavidade
peritoneal.

"Os ácidos graxos liberados


combinam-se ao cálcio, produzindo
áreas brancas acinzentadas visíveis
(saponificação da gordura), que
permitem ao cirurgião e ao patologista
identificar as lesões "-

No exame histopatológico, os focos de


necrose contêm contornos
sombreados dos adipócitos necróticos
com depósitos basofílicos de cálcio e
uma reação inflamatória
Necrose gordurosa
Necrose fibrinoide

Geralmente ocorre em reações


imunes em que complexos de
antígenos e anticorpos são
depositados nas paredes dos vasos
sanguíneos;

Produzem uma aparência amorfa


róseo-brilhante nas preparações
com coloração H&E conhecidas
como fibrinoide (semelhante à
fibrina) pelos patologistas
Necrose fibrinoide
Necrose Hemorrágica

Fonte: https://www.slideshare.net/EduardoQueiroz44/patologia-humana-morte-celular
Necrose Gomosa

Variedade de necrose por coagulação na qual o tecido necrosado assume aspecto


compacto e elástico como borracha (goma), ou fluido e viscoso como a goma-arábica;
é encontrada na sífilis tardia (goma sifilítica).
EVOLUÇÃO DAS NECROSES
ABSORÇÃO pelos tecidos vivos circundantes, principalmente através de fagocitose por
macrófagos.

Pode sofrer DRENAGEM (eliminação) através das vias excretaras normais, como ocorre com a
necrose caseosa da tuberculose, onde o tecido pulmonar morto é drenado por meio da árvore
brônquica e dá lugar a formação de cavernas.

Pode ser subsDtuída por CICATRIZ fibrosa, encontrado nos infartos (necrose isquêmica)

Pode sofrer CALCIFICAÇÃO DISTRÓFICA do tecido necrosado, com depósito de sais de cálcio
no tecido morto

O foco necróDco pode sofrer ENCISTAMENTO, como ocorre no tecido nervoso. O que acontece é
que o tecido nervoso tem pouca capacidade para absorver o produto necróDco e também não há
meio
para ele ser drenado, a área necrosada passa a consDtuir uma cavidade cheia de líquido e revesDda
por tecido vivo circundante.

No caso do material necróDco de uma superqcie como a pele e as mucosas ser eliminado, deixa
solução de conDnuidade que é denominada de ÚLCERA.
Apoptose e necrose
Características Necrose Apoptose
Tamanho celular Aumentado (edema) Reduzido (encolhimento)
Picnose (peq. denso),
Fragmentação em
Núcleo Cariorrexe (fragmentado) e
partículas
Cariólise (dissolvido)
Membrana
Danificada Intacta
Plasmática
Digestão enzimática; pode Intacto; será liberado na
Conteúdo Celular atravessar para fora de forma de corpos
célula apoptóticos
Inflamação
Freqüente Não há
Adjacente
Invariavelmente Patológica Fisiológica, forma de
Papel Fisiológico ou
(parte final da lesão celular eliminar células
Patológico
irreversível) indesejadas/velhas

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