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PREFEITURA MUNICIPAL DE CUBATÃO

Secretaria de Saúde

Departamento de Vigilância à Saúde

Conceitos Básicos de

INSALUBRIDADE
e

PERICULOSIDADE
Para empregados

CEREST CUBATÃO

2023
CONCEITO

A insalubridade e a periculosidade são conceitos diferentes, porém, tem-se em


comum a indenização pelo empregador ao empregado por este desempenhar
atividades ou ficar exposto a situações classificadas como danosas à saúde e à
segurança.

Dessa forma, o empregador paga em pecúnia para que o trabalhador se sujeite a tal
exposição.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, é um direito social o adicional de


insalubridade e periculosidade:

CF/88, Art 7° - XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,


insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Dessa forma, a Constituição garante o direito à insalubridade e periculosidade, na


forma da lei.

Já por meio do Decreto-Lei 5452 (CLT) foi criada uma Seção “Das Atividades
Insalubres ou Perigosas”.

O Decreto-Lei 5452 (CLT) apresenta o conceito de insalubridade:

CLT, Art. 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,
por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos.
Sendo que o adicional:

CLT, Art. 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites
de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a percepção de
adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10%
(dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo se classifiquem nos graus
máximo, médio e mínimo.

Esquematizando:

Atividades ou Operações Insalubres

em razão da
exponham os acima dos natureza e da
natureza,
empregados limites de intensidade
condições ou
a agentes tolerância do agente e
métodos de
nocivos à do tempo de
trabalho
saúde exposição aos
seus efeitos.

Adicional sobre o salário mínimo: 10%, 20% e 40%

Sobre a periculosidade o mesmo Decreto-lei (CLT) esclarece:

CLT, Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de
exposição permanente do trabalhador a:

I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;

II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais


de segurança pessoal ou patrimonial.
§ 4° São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em
motocicleta.

Sobre o adicional:

CLT, Art. 193

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um


adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos resultantes
de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

Esquematizando:

Atividades ou Operações Perigosas

natureza ou exposição
impliquem risco
métodos de permanente do
acentuado
trabalho trabalhador a

Inflamável
Explosivos
Roubos ou espécies
de violências
Trabalho em
motocicleta

Adicional sobre o salário do empregado: 30%


Esclarecendo:

 o direito à insalubridade e à periculosidade é um direito social constitucional;


 a Constituição deixa para a lei dispor sobre o tema;
 a CLT que é uma consolidação de leis, dispõe sobre definições e porcentagens
de adicional pecuniário para o trabalhador;
 insalubridade é a exposição dos empregados em atividades ou operações, a
agentes nocivos à saúde acima dos limites de tolerância pela natureza,
intensidade e do tempo;
 periculosidade é a exposição dos empregados em atividades ou operações
perigosas pelo risco acentuado e permanente da exposição à inflamáveis,
explosivos, eletricidade, roubos e violências, movimentação em motocicleta;
 adicionais sobre o salário do empregado de 10, 20 e 40 % do salário mínimo
para insalubridade; 30% do salário do empregado para periculosidade.

O adicional de insalubridade e periculosidade é concedido para empregadores


expostos de forma contínua ou intermitente a agente de risco, conforme as
seguintes Súmulas do TST:

SUM-47 INSALUBRIDADE

O trabalho executado em condições insalubres, em caráter intermitente, não


afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do respectivo adicional.

SUM-364 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. EXPOSIÇÃO EVENTUAL,


PERMANENTE E INTERMITENTE

I - Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto


permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco.
Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o
fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.

II - Não é válida a cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho fixando o


adicional de periculosidade em percentual inferior ao estabelecido em lei e
proporcional ao tempo de exposição ao risco, pois tal parcela constitui medida de
higiene, saúde e segurança do trabalho, garantida por norma de ordem pública (arts.
7º, XXII e XXIII, da CF e 193, §1º, da CLT). – Item inserido em 2016
CARACTERIZAÇÃO DA INSALUBRIDADE

A competência para legislar tecnicamente as hipóteses e condições de exposição a


agentes de riscos para fins de insalubridade é do Ministério do Trabalho.

CLT, Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e


operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da
insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e
o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.

Dessa forma, foi criada a Norma Regulamentadora N° 15 – Atividades e Operações


Insalubres por meio da Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978.

A NR 15 é organizada da seguinte forma:

ANEXOS DA NR 15

Anexo 1 - Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente;


Anexo 2 – Limites de Tolerância para Ruídos de Impacto;
Anexo 3 – Limites de Tolerância para Exposição ao Calor;
Anexo 5 – Radiações Ionizantes;
Anexo 6 – Trabalho sob Condições Hiperbáricas;
Anexo 7 – Radiações Não-Ionizantes;
Anexo 8 – Vibração;
Anexo 9 – Frio;
Anexo 10 – Umidade;
Anexo 11 – Agentes Químicos cuja Insalubridade é Caracterizada por Limite
de Tolerância e Inspeção no Local de Trabalho;
Anexo 12 – Limites de Tolerância para Poeiras Minerais;
Anexo 13 – Agentes Químicos;
Anexo 13A – Benzeno;
Anexo 14 – Agentes Biológicos.
Cada Anexo da norma trata da caracterização da exposição a um determinado agente
de risco.

A caracterização da insalubridade pode ser feita por limite de tolerância, apenas


pela existência do agente de risco ou por meio de laudo de inspeção do local de
trabalho.

De acordo com a NR 15:

NR 15.1 São consideradas atividades ou operações insalubres as que se desenvolvem:

15.1.1 Acima dos limites de tolerância previstos nos Anexos n.º 1, 2, 3, 5, 11 e 12;

15.1.3 Nas atividades mencionadas nos Anexos n.º 6, 13 e 14;

15.1.4 Comprovadas através de laudo de inspeção do local de trabalho, constantes


dos Anexos n.º 7, 8, 9 e 10.

A cada atividade ou operações, a norma prevê um percentual de insalubridade sobre


o salário mínimo.

Anexo Atividades ou Operações que Exponham o Trabalhador Percentual


Níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores aos
1 limites de tolerância fixados no Quadro constante do 20%
Anexo 1 e no item 6 do mesmo Anexo.
Níveis de ruído de impacto superiores aos limites de
2 20%
tolerância fixados nos itens 2 e 3 do Anexo 2.
Exposição ao calor com valores de IBUTG, superiores aos
3 20%
limites de tolerância fixados nos Quadros 1 e 2.
Níveis de radiações ionizantes com radioatividade
5 40%
superior aos limites de tolerância fixados neste Anexo.
6 Ar comprimido. 40%
Radiações não-ionizantes consideradas insalubres em
7 20%
decorrência de inspeção realizada no local de trabalho.
Vibrações consideradas insalubres em decorrência de
8 20%
inspeção realizada no local de trabalho.
Frio considerado insalubre em decorrência de inspeção
9 20%
realizada no local de trabalho.
Umidade considerada insalubre em decorrência de
10 20%
inspeção realizada no local de trabalho.
Agentes químicos cujas concentrações sejam superiores
11 10%, 20%, 40%
aos limites de tolerância fixados no Quadro 1.
Poeiras minerais cujas concentrações sejam superiores
12 40%
aos limites de tolerância fixados neste Anexo.
Atividades ou operações, envolvendo agentes químicos,
13 consideradas insalubres em decorrência de inspeção 10%, 20%, 30%
realizada no local de trabalho.
14 Agentes biológicos. 20%, 40%

A comprovação da insalubridade é caracterizada tecnicamente por meio de inspeção


de perito engenheiro de segurança do trabalho ou médico do trabalho.

NR 15.4.1.1 Cabe à autoridade regional competente em matéria de segurança e saúde


do trabalhador, comprovada a insalubridade por laudo técnico de engenheiro de
segurança do trabalho ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar
adicional devido aos empregados expostos à insalubridade quando impraticável sua
eliminação ou neutralização.

Por outro lado, a eliminação ou a neutralização das condições de riscos por meio de
medidas de controle de ambiente ou organização, ocorre a suspensão da
insalubridade.

NR 15.4.1 A eliminação ou neutralização da insalubridade deverá ocorrer:

a) com a adoção de medidas de ordem geral que conservem o ambiente de trabalho


dentro dos limites de tolerância;

b) com a utilização de equipamento de proteção individual.

Entretanto, o entendimento do TST por meio da Súmula 289, é a de que a mera


entrega de EPI não descaracteriza a insalubridade.
SUM-289 INSALUBRIDADE. ADICIONAL. FORNECIMENTO DO APARELHO
DE PROTEÇÃO. EFEITO

O simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do


pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam
à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo
do equipamento pelo empregado.

Além das condições da NR 15 é caracterizado insalubridade de grau máximo (40%)


o trabalho de limpeza de sanitários de uso público ou coletivo de grande circulação,
por meio da Súmula 448 do TST.

SUM-448 ATIVIDADE INSALUBRE. CARACTERIZAÇÃO. PREVISÃO NA


NORMA REGULAMENTADORA Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO
TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS.

II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande


circulação, e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em
residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de insalubridade em grau
máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE1 nº 3.214/78
quanto à coleta e industrialização de lixo urbano.

Dessa forma podemos resumir as hipóteses legais ensejadoras do adicional de


insalubridade por meio de perito.

Hipóteses para Concessão de Insalubridade através de perito


Exposição acima dos limites Origem legal do direito
Níveis de ruído contínuo ou
intermitente
Níveis de ruído de impacto
Exposição ao calor com valores de
CLT / NR 15
IBUTG
Níveis de radiações ionizantes com
radioatividade
Ar comprimido
Radiações não-ionizantes
Vibrações
Frio
Umidade
Agentes químicos
Agentes biológicos
Higienização de instalações sanitárias
de uso público ou coletivo de grande Súmula 448
circulação
CARACTERIZAÇÃO DA PERICULOSIDADE

Conforme dito no início, de acordo com a CLT, a periculosidade é a exposição dos


empregados em atividades ou operações perigosas pelo risco acentuado e
permanente da exposição à inflamáveis, explosivos, eletricidade, roubos e violências,
movimentação em motocicleta.

CLT, Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, aquelas que, por
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de
exposição permanente do trabalhador a:

I - inflamáveis, explosivos ou energia elétrica;

II - roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais


de segurança pessoal ou patrimonial.

§ 4° São também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em


motocicleta.

A competência para legislar tecnicamente as hipóteses e condições de exposição a


riscos para fins de periculosidade, do mesmo modo que em insalubridade, é do
Ministério do Trabalho.

CLT, Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da


periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de
perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no
Ministério do Trabalho.

A caracterização da periculosidade no local de trabalho deve ser realizada por perito


Engenheiro de Segurança do Trabalho ou por Médico do Trabalho.
A Norma Regulamentadora que aborda o tema Periculosidade é a NR 16 – Atividades
e Operações Perigosas por meio da Portaria 3.214 de 8 de junho de 1978.

O adicional de periculosidade, diferentemente do adicional de insalubridade, é


concedido em função do salário base do empregado.

CLT, Art. 193, § 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao


empregado um adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

Porém, quando o empregado trabalha em condições válidas para a concessão de


insalubridade e periculosidade, o trabalhador escolhe qual dos dois adicionais deseja
receber.

CLT, Art. 193, § 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que
porventura lhe seja devido.

Foi informado as seguintes atividades e operações que geram o direito de receber o


adicional de periculosidade por meio do Art 193 da CLT, porém existem
jurisprudências do TST que concede o adicional em outras hipóteses.

A Orientação Jurisprudencial OJ-SDI1-385 concede adicional de periculosidade


para empregadores expostos ao risco de incêndio por armazenamento de combustível
em prédio.

OJ-SDI1-385 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DEVIDO.


ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLAMÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO
VERTICAL.

É devido o pagamento do adicional de periculosidade ao empregado que desenvolve


suas atividades em edifício (construção vertical), seja em pavimento igual ou distinto
daquele onde estão instalados tanques para armazenamento de líquido inflamável, em
quantidade acima do limite legal, considerando-se como área de risco toda a área
interna da construção vertical.

A Orientação Jurisprudencial OJ SDI-1. 345 concede periculosidade para


empregados expostos a radiação ionizante ou substância radioativa.

OJ SDI-1. 345. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. RADIAÇÃO IONIZANTE


OU SUBSTÂNCIA RADIOATIVA. DEVIDO (DJ 22.06.2005)

A exposição do empregado à radiação ionizante ou à substância radioativa enseja a


percepção do adicional de periculosidade, pois a regulamentação ministerial
(Portarias do Ministério do Trabalho 3.393 de 17.12.1987 e 518 de 07.04.2003), ao
reputar perigosa a atividade, reveste-se de plena eficácia, porquanto expedida
por força de delegação legislativa contida no art. 200, "caput", e inciso VI, da
CLT. No período de 12.12.2002 a 06.04.2003, enquanto vigeu a Portaria 496 do
Ministério do Trabalho, o empregado faz jus ao adicional de insalubridade.

Também, à profissão de Bombeiro Civil possui direito à periculosidade por meio da


Lei 11.901 de 2009

Dessa forma podemos resumir as hipóteses legais ensejadoras do adicional de


periculosidade por meio de perito.

Hipóteses para Concessão de Periculosidade através de perito


Exposição Origem legal do direito
Inflamáveis
Explosivos
Energia elétrica CLT / NR 16
Segurança pessoal ou patrimonial
Trabalhador em motocicleta
Radiação ionizante ou substância
Orientação Jurisprudencial do TST
radioativa
Exercício da Profissão de Bombeiro
Lei 11.901 de 2009
Civil
Secretaria da Saúde

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