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DISCURSIVAS DE
LÍNGUA INGLESA:
GÊNEROS
ACADÊMICOS
Introdução
Na área acadêmica, a língua inglesa é utilizada de forma cotidiana na
leitura e na escrita de artigos da área de atuação dos estudantes e pes-
quisadores, bem como na participação em eventos científicos. Por essa
razão, esse idioma é essencial para se manter atualizado e participar de
forma efetiva no contexto acadêmico.
Todo estudante de graduação ou pesquisador precisará dominar as
ferramentas de leitura e escrita acadêmica, mesmo não sendo proficiente
na língua inglesa, e as universidades normalmente oferecem disciplinas que
buscam preencher essa lacuna e capacitar os estudantes a ler e escrever em
inglês. É importante que se pense que as diferenças linguísticas entre pares
de idiomas — nesse caso, entre o português e o inglês — são fortemente
influenciadas pelos aspectos culturais. Por exemplo, os brasileiros pensam
de maneira diferente de nativos de países anglófonos, e isso se reflete no
discurso oral e escrito desses dois idiomas. As línguas de origem latina não
são tão objetivas, não vão “direto ao ponto” — chamamos essa caracte-
rística de pensamento circular —, e a língua inglesa busca a economia e a
eficiência no uso das palavras, o que faz dela uma língua bastante objetiva.
2 Movimentos de reformulação textual: eliminação e substituição
Evite o uso da voz passiva. Nas línguas latinas, o uso da voz passiva
é considerado elegante e bem-vindo, mas em textos técnicos, princi-
palmente de revistas estadunidenses, seu uso não é recomendado. Por
exemplo: não use “the file is saved”, mas sim “the system saves the file”.
Tome cuidado para usar as preposições corretas em expressões como
“from my point of view” ou “in my view”, e não “in my point of view”;
“On the other hand”, e não “in the other hand”; “on this day”, e não “in
this day” entre outros exemplos. Uma boa revisada em gramáticas da
língua inglesa ajudará a relembrar e a usar corretamente as preposições.
As línguas latinas tendem a usar frases longas, evite-as em textos acadêmicos.
Utilize bem os conectivos para tornar seu texto mais coeso, mas não
exagere, visto que um conectivo por frase traz estranheza ao leitor.
Evite começar frases com “it is”. Em português, usamos “é importante
considerar que” em artigos científicos, mas, ao verter para o inglês, a
frase soa fraca, infantil, e a linguagem, pobre, ainda que esteja grama-
ticalmente correta. Nesses casos, a inversão da ordem funciona bem.
Por exemplo, dizer “it is important to learn English” é menos eficiente
do que dizer “English is an important language to learn about”.
Movimentos de reformulação textual: eliminação e substituição 5
Elimine o pronome that, que é a tradução direta do “que”, mas pode ser
descartada sem comprometer o sentido da frase, tornando o texto mais
fluente. O uso do artigo definido “the” também deve ser descartado na
versão, a menos que se queira referir a itens específicos. Por exemplo,
a frase em português “os resultados apontam que pode haver uma
epidemia de febre amarela a qualquer momento” pode ser traduzida
por “Results show a yellow fever epidemic is iminente”.
Leia o artigo “A Grande Família — O Filme e The Big Family — The Film: a tradução
no ensino comunicativo de línguas”, de Esqueda, Oliveira e Jesus, que traz reflexões
interessantes acerca da tradução e versão de textos em português e inglês, usando
como ilustração o filme A Grande Família, comparando as versões para o inglês das
legendas do DVD feitas por alunos avançados no idioma. Os artigos estão disponíveis
no site Revistas, da Universidade de São Paulo (USP).
Uma boa dica para verificar se a sua versão está adequada é usar as ferramentas de
revisão de texto disponíveis na internet. Dessa forma, podem-se testar possibilidades
diferentes de tradução de determinadas palavras ou termos, conectivos que melhor
se adequam ao texto, inversão de frases, eliminação e substituição de palavras. Como
“bônus”, você pratica mais a escrita em língua inglesa e aprende novas formas de
articulação textual.
Movimentos de reformulação textual: eliminação e substituição 9
Exemplo 2
Exemplo 3
Muitas vezes, o próprio texto original em português não está muito claro,
e, embora em nosso idioma certas especificidades possam ser adicionadas e
frases mais longas sejam admitidas sem causar maiores problemas, prezar pela
objetividade e a clareza são boas atitudes quando se trata de escrita acadêmica
ou comunicações do universo corporativo. Assim, os propósitos do texto
serão alcançados mais facilmente e os leitores terão menos possibilidade de
apresentarem dúvidas ou compreenderem de forma errada o que estão lendo.
Leituras recomendadas
BAKER, M. In other words: a coursebook on translation. New York: Routledge, 1992.
BLUM-KULKA, S. Shifts of cohesion and coherence in translation. In: HOUSE, J.; BLUM-
-KULKA, S. (ed.). Interlingual and intercultural communication: discourse and cognition
in translation and second language acquisition studies. Tübingen: Gunter Narr, 1986.
p. 17-36.
DICAS para brasileiros sobre escrita de artigos de ciência da computação na língua
de Woody Allen. São Paulo: USP, 2020. Disponível em: https://www.ime.usp.br/~kon/
ResearchStudents/dicasIngles.html. Acesso em: 6 mar. 2020.
ESQUEDA, M. D.; OLIVEIRA, R. C.; JESUS, S. M. A Grande Família – O Filme e The Big
Family – The Film: a tradução no ensino comunicativo de línguas. TradTerm, v. 18, p.
265-296, 2011. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/tradterm/article/down-
load/36764/39486/. Acesso em: 25 mar. 2020.
FRANKFURT INTERNATIONAL SCHOOL. The differences between English and Portuguese.
Frankfurt: FIS, 2020. Disponível em: http://esl.fis.edu/grammar/langdiff/portuguese.
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GRABE, W.; KAPLAN, R. B. Theory and practice of writing: an applied linguistic perspective.
New York: Longman, 1996.
HOUSE, J. Translation quality assessment: a model revisited. Tübingen: Narr, 1997.
ILLINOIS WRITERS WORKSHOP. Writing processes. Urbana, 2020. Disponível em: https://
writersworkshop.illinois.edu/resources-2/writer-resources/writing-processes. Acesso
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LADO, R. Language teaching: a scientific approach. New York: McGraw-Hill, 1964.
LADO, R. Linguistics across cultures: applied linguistics for language teachers. Ann Arbor:
University of Michigan, 1957.
MARLOW, M. A. Writing scientific articles like a native English speaker: top ten tips for
Portuguese speakers. Clinics, v. 69, n. 3, p. 153-157, 2014.
NEGRÃO, E. V. O princípio de projeção estendida no português brasileiro. Rev Letras, n. 56,
p. 141-155, 2001. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/18410/11983.
Acesso em: 5 mar. 2020.
14 Movimentos de reformulação textual: eliminação e substituição
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