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Nome: Camila Lima dos Santos

Curso: Educação Física- Licenciatura

Data: 27/03/2022

Disciplina: Fundamentos Históricos Filosóficos da Educação Física

Tutor: Alfredo Feres Neto

Texto do Livro: Educação física e sociedade. De Mauro Betti. São Paulo: Movimento, 1991.

O professor Mauro Betti Possui graduação em Licenciatura e Mestrado em Educação


Física pela USP, Doutorado em Educação pela UNICAMP, Livre-Docência pela Universidade
Estadual Paulista (UNESP) e Pós-Doutorado pela Universidade Federal de Santa Catarina. Foi
Professor Adjunto do Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências da UNESP,
campus de Bauru, e docente no Programa de Pós-Graduação em Educação (mestrado e
doutorado) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP de Presidente Prudente. Atua na
área de Educação Física, nos seguintes temas: Educação Física escolar, proposições didático-
pedagógicas no ensino da Educação Física, inovação curricular, mídias, linguagem e Educação
Física, saberes da Educação Física, experiências formativo-educacionais no esporte e
metodologia das pesquisas qualitativas. É também autor de alguns livros como, "Educação
Física e Sociedade", "A Janela de Vidro: esporte, televisão e educação física", e "Educação
Física Escolar: ensino e pesquisa-ação", "Jogo, Corporeidade e Linguagem", além de inúmeros
capítulos de livros e artigos em periódicos especializados.

O autor divide sua obra em três capítulos, sendo eles: os movimentos ginásticos
europeus, o movimento esportivo inglês e o esporte como fenômeno social. Debatendo também
a educação física no seu sentido de sistematização e institucionalização.

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No primeiro capítulo o autor Mauro Betti, começa abordando os movimentos ginásticos
europeus, ele trabalha com o contexto histórico, político e social da Europa nos séculos XVIII,
XIX e XX. O texto é rico em fatos históricos, visto que esses acontecimentos ocorreram no
momento de grandes mudanças políticas, econômicas e sociais, se tendo também a influência
de novo pensamento pedagógico do século XVIII, como surgimento dos educadores
naturalistas e filantrópicos. Segundo Mauro Betti (1991). Alguns acontecimentos são citados
como a revolução francesa influenciada pelo iluminismo, que derrubou o absolutismo, dando
início a república. Já no século XIX, a Europa no seu contexto político sofre influências do
liberalismo e sua direção econômica fica com o nacionalismo, essas características são
desenvolvidas por conta da revolução industrial (Betti,1991). A Europa sofre com a I Guerra
Mundial (1914), e é nesse cenário de guerras e revoluções que nossa educação física
contemporânea consolidou suas bases.

No subtítulo do primeiro capítulo o autor trabalha com a situação das instituições


educacionais, apresentando uma citação de Luzuriaga (1979) que o século XVIII é o século
pedagógico por excelência. A educação se torna uma preocupação para os reis, pensadores e
políticos. Surgiram então algumas personalidades da pedagogia: Jean-Jacques Rousseau e
Johann Heinrich Pestalozzi, (Betti,1991). Ao autor ressalta que foi neste século que a educação
pública estatal e educação nacional se desenvolveram. Segundo Luzuriaga (1979), observa-se
alguns movimentos na educação do século XVIII:

1. Desenvolvimento da educação estatal, da educação do Estado, com maior


participação das autoridades oficiais no ensino. 2. Começo da educação nacional, da
educação do povo pelo povo ou por seus representantes políticos. 3. Princípio da
educação universal, gratuita e obrigatória, no grau da escola primária, que fica
estabelecida em linhas gerais. 4. Iniciação do laicismo no ensino, com a substituição
do ensino da religião pela instrução moral e cívica. 5. Organização da instrução
pública em unidade orgânica, da escola primária à universidade. 6. Acentuação do
espírito cosmopolita, universalista, que une pensadores e educadores de todos os
países. 7. Sobretudo, a primazia da razão, a crença no poder racional na vida dos
indivíduos e dos povos. 8. Ao mesmo tempo, reconhecimento da natureza e da
intuição na educação, (p. 151)

Segundo Luzuriaga (1979), a educação europeia se modificou no final do século XVIII


de uma forma radical, com o apoio da Revolução Francesa, pois com ela a educação estatal
própria da monarquia absolutista e do despotismo esclarecido, mudasse na educação nacional,
na educação do cidadão participante do governo do país. Vale salientar que a educação no
século XIX se liga aos acontecimentos políticos, sociais e econômicos. Betti (1991), apresenta
a estrutura da educação naquele século nos países europeus, onde se tinha a escola primária
universalizada, com caráter obrigatório e gratuito, determina-se escolas normais para a

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preparação do magistério. A escola secundária se afirmou, mas limitada à burguesia, e
considerada apenas como preparação para a Universidade.

No segundo subtítulo do capítulo o autor informa sobre os movimentos ginásticos e o


nacionalismo, sendo estes movimentos originários da Alemanha, Dinamarca, Suécia e França.
Se tem nestes países forte sentimento patriótico e nacionalista, e uma preparação para a guerra,
tendo em vista as frequentes ameaças. Mauro Betti

O movimento ginástico alemão teve sua matriz na escola Philanthropinum(1774), uma


escola fundada pelo pedagogo Johann Bernhard Basedow, seu programa continha corridas,
saltos, arremessos e lutas (Marinho, s.d.a; Van Dalen & Bennet, 1971). No ano de 1784,
Cristoph Friedrich GutsMuts elaborou um sistema de trabalho chamado ginástica natural ou
método natural, segundo Mauro Betti. GutsMuts acreditava que a ginástica tinha uma
significação social e patriótica, e um meio educativo fundamental (Marinho, s.d.a). Já com o
Friedrich Ludwig Jahn, o nacionalismo atinge seu auge na Alemanha, ele é o criador do
movimento Turnen, que era muito popular na Alemanha, seu trabalho em escolas a partir de
1810, compreendia os jogos e exercícios, como correr, saltar, arremessar e lutar (Betti, 1991).
Curiosidade sobre Jahn:

é que para ele Só quando todos os homens em idade militar se tenham


tornado capazes, através da educação física, de pegar em armas; quando se tenham
tornado prontos para combate, através de um treino prático intenso, prontos para
entrar em novas espécies de jogos de guerra e sempre alerta, por amor da Pátria - só
então se poderá dizer de um povo que está militarmente preparado. (p. 79-80).
(Mclntosh, 1975).

Segundo Mauro Betti (1991), a ideia de educação física de Adolph Spiess, é a


introduzida nas escolas alemães. Pois, o governo reconhece a educação física como uma função
do Estado, (Betti, 1991). Spiess é o criador de uma ginástica adaptada e com objetivos
pedagógicos integrados ao currículo escolar. O autor cita Roberts (1973), após estudar o processo
histórico do surgimento e desenvolvimento da Educação Física na Alemanha, concluiu que ela desenvolveu-se de
duas diferentes formas: como um sistema escolar regular de educação física e como um sistema extra-curricular
politicamente orientado que acabou por tornar-se uma força auxiliar de Adolf Hitler, chamada de "Movimento
Jovem Hitleriano".

A ginástica na Dinamarca, se desenvolve com o educador Franz Natchtegall. Foi ele que
introduziu a ginástica obrigatória em seu país, a Dinamarca foi o primeiro país europeu a
introduzir a educação física como uma matéria escolar (Leonard, 1973; Van Dalen & Bennet,
1971). Para Van Dalen e Bennet (1971), a educação física na Dinamarca é influenciada pelo
nacionalismo, com objetivos militares e patriótico.
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Já na Suécia, o movimento ginástico desenvolveu-se com Per Henrik Ling. Sua ginástica
buscava regenerar seu povo que se encontrava abalados, ele dividiu sua ginástica em quatro
partes a ginástica militar, pedagógica, médica ou ortopédica e estética. Sua ginástica elevava o
físico dos soldados e seu sistema foi difundido para muitos países dentro e fora da Europa.

A França desenvolveu seu sistema de educação física com Francisco Amoros, ele foi
um dos primeiros a empregar aros, escada de cordas, uma máquina para testar força e o trapézio,
Mauro Betti (1991). Vale destacar que o movimento ginástico francês tinha um caráter
utilitário, desenvolvia a força física, a agilidade, e a resistência, tanto no trabalho nas fábricas,
quanto para a defesa da pátria. Na segunda metade do século XIX o desenvolvimento da
ginástica na França estará mais próximo de cientistas, médicos higienistas e laboratórios, do
que voltada para o exército.

O movimento esportivo inglês demonstra como o contexto histórico influenciou


também em seu desenvolvimento, na Inglaterra até mesmo a sua posição geográfica era
vantajosa, pois era isolada e contava com a força da sua marinha. O esporte era uma prática
aristocrática e com muitas desigualdades, o esporte só ficou à disposição da classe operária,
após as conquistas trabalhistas. A Inglaterra é a precursora do esporte como um meio de
educação (Betti, 1991).

O autor cita a ideia de Van Dalen e Bennet (1971) as Escolas Públicas enfatizaram a
influência socializante dos jogos e seu uso para promover liderança, lealdade, cooperação,
autodisciplina, iniciativa, tenacidade e espírito esportivo - qualidades necessárias à
administração do império britânico.

Segundo Mauro Betti (1991), o esporte se institucionalizou-se gradativamente em vários


países do mundo e todo o mundo começa a adotá-lo e aceitá-lo. O esporte como fenômeno
social é o último ponto que o autor aborda nesse trecho do livro. Um dos destaques desta parte
é o assunto do ressurgimento dos Jogos Olímpicos e a criação do movimento olímpico
internacional, pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1896.

Diante da nossa concepção da obra, ela aborda bastante o contexto histórico, político e
social dos assuntos falados. É importante notar como o contexto daquela época influenciou e
influencia nossa educação física, e notar também a visão de educação física que se tinha naquele
contexto, que abrangia mais o viés militar e patriótico ou até mesmo o viés que beneficiava os
burgueses que exigiam cada dia mais, que os trabalhadores tivessem mais capacidade física,

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pois assim é garantia de mais produção e consequentemente de lucro. Ao fazer uma análise
crítica e reflexiva sobre o texto, percebemos também como a educação física ainda é muito
ligada a classe dominante, e evidenciar que a educação física mesmo com o passar do tempo
ela se relaciona com a política, religião, sociedade, cultura, educação, saúde, lazer entre outras
áreas.

O texto em si ele é rico, se enriquece ainda mais quando relaciona o contexto histórico
com o político, o único ponto que eu percebo como negativo é que o autor poderia aprofundar
mais as características dos movimentos ginásticos, já que a parte histórica está debatida de uma
forma perfeita. A parte do esporte como fenômeno social: o movimento olímpico internacional,
careceu de uma abordagem mais crítica como nos outros assuntos, como abordar sobre a
questão do esporte sendo uma política de “pão e circo”, perdendo até mesmo um pouco de
seu valor educativo, e sendo explorado pelo capitalismo como forma de entreter e
espetacularização.

Referências

BETTI, M. Texto do Livro: Educação Física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.pdf.

Biblioteca Virtual da FAPESP. Disponível em:


https://bv.fapesp.br/pt/pesquisador/91213/mauro-betti/. Acesso em: 26032022.

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