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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIRETIO

TÍTULOS DE CRÉDITO

NAMPULA

2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

LICENCIATURA EM DIRETIO

6º GRUPO
Lúcio Domingos Ramussa
Hugo Renato Saleiro
Yunma Teixeira Mohamed Arif
Josue Anselmo Lima Baptista
Zainathe Momade Amaral
Francisca da Costa Puaulo Chico
Beauty Felizardo Lilepe

Josefina Guerreiro

Elizabeth Cerveja

Efigénia Estevão Portugal

TÍTULOS DE CRÉDITO

NAMPULA

2023
ÍNDICE
Introdução...................................................................................................................................1
1. Origem e Evolução Historica dos Títulos de Crédito......................................................2
2. Função e conceito de título de crédito....................................................................................3
3. Características gerais dos títulos de crédito............................................................................4
4. Títulos Impróprios.................................................................................................................4
4.1. Títulos de legitimação......................................................................................................4
4.2. Comprovantes de legitimação..........................................................................................5
5. Reforma dos títulos de crédito............................................................................................5
6. Princípios do Direito Cartular.................................................................................................6
6.1. Princípio da incorporação ou legitimação........................................................................6
6.2. Princípio da circulabilidade..............................................................................................6
6.3. Princípio da literalidade...................................................................................................6
6.4. Princípio da autonomia.....................................................................................................6
6.5. Princípio da cartularidade.................................................................................................7
6.6. Princípio da abstracção.....................................................................................................7
7. Classificação dos Títulos de Crédito.......................................................................................7
7.1. Critério da causa-função...................................................................................................7
7.1.1. Títulos Causais..........................................................................................................7
7.1.2. Títulos Abstratos........................................................................................................8
7.2. Critério do conteúdo do direito cartolar...........................................................................8
5.2.1. Títulos de participação...............................................................................................8
7.2.2. Títulos representativos de mercadorias.....................................................................8
7.3. Critério do modo de circulação........................................................................................8
7.3.1. Títulos Nominativos..................................................................................................8
7.3.2. Títulos á Ordem.........................................................................................................9
7.3.3. Títulos ao Portador....................................................................................................9
7.4. Critério da natureza da entidade emitente........................................................................9
8. Principais títulos de crédito.....................................................................................................9
8.1. A letra...............................................................................................................................9
8.1.1. Requisitos da letra...................................................................................................10
8.1.2. Consequências da falta de requisitos.......................................................................10
8.2. A livrança.......................................................................................................................10
8.2.1. Requisitos da livrança..............................................................................................11
8.2.2. Consequências da falta de requisitos.......................................................................11
8.3. O cheque.........................................................................................................................11
8.3.1. Requisitos do cheque...............................................................................................11
8.3.2. Consequências da falta de requisitos.......................................................................12
9. Extinção do Direito Cartular.................................................................................................12
9.1. A prescrição....................................................................................................................13
9.2. Decadência.....................................................................................................................13
10. Os Negócios Jurídicos Cambiários..................................................................................14
10.1. O Aceite........................................................................................................................14
10.2. O endosso.....................................................................................................................15
11. O Aval.................................................................................................................................16
12. Outros Títulos de Crédito.................................................................................................17
12.1. Títulos de crédito comercial.........................................................................................17
12.2. Títulos de crédito industrial..........................................................................................17
12.3. Títulos de crédito à exportação....................................................................................17
12.4. Títulos de crédito rural.................................................................................................18
Conclusão..................................................................................................................................19
Referências Bibliográficas.......................................................................................................20
Introdução
O Presente trabalho versa abordar acerca dos Títulos de Crédito,
fazendo um estudo profundo pela superfície do mesmo no intuito de mellhor perceber
o mesmo. Nesta senda, salientar-se-a sobre o conceito, caracteristicas, princípios,
classificação.

Nas sociedades mais primitivas, o comércio se limitava ao escambo, isto é, a


troca direta de mercadoria por mercadoria. Com o passar do tempo e a consequente
necessidade de dinamizar as trocas, certos bens passaram a ser usados como "moeda", ou seja,
como meios de troca indireta (inicialmente, o sal, que foi sucedido por metais preciosos,
sobrerudo prata e outro, e finalmente a moeda-fiduciária ou papel-moeda, imposta pelo estado
como meio de troca universal). Mais adiante, a própria moeda já não conseguia atender à
dinâmica e à complexidade do mercado, e foi para preencher esse vazio que surgiram os
tírulos de crédito, os quais servem até hoje para tornar mais rápida e mais segura a circulação
de riqueza.

o desenvolvimento dos tíhIlos de crédito permitiu que o mundo moderno


mobilizasse suas próprias riquezas, vencendo o tempo e o espaço. Com efeito, o crédito, que
consiste, basicamente, num direito a uma prestação furura que se baseia, fundamentalmente,
na confiança (elementos boa-fé e prazo), surgiu da constante necessidade de viabilizar uma
circulação mais rápida de riqueza do que a obtida pela moeda manual. O crédito, ao conseguir
fazer com que o capital circule, torna-o extremamente mais produtivo e útil, assim, os títulos
de crédito são, em síntese, instrumentos de circulação de riqueza.

No trabalho utilizou-se fontes de pesquisas teóricas primarias e


secundarias no intuito de melhor fazer-se abordagem acerca do tema delimitado.

1
1. Origem e Evolução Historica dos Títulos de Crédito.
Originalmente, eram utilizados como instrumento de trocas produtos de uso
comum, como o gado e o saI. Num segundo momento da economia chega-se a uma fase
metálica, para posteriormente chegarmos a uma fase financeira, onde temos o surgimento
do papel moeda1. Os títulos de crédito aparecem com a finalidade de substituição deste
modelo econômico; seu surgimento marca a superação da então economia monetária para
um modelo de economia creditória.
A utilização do crédito pelos comerciantes veio aumentar o número de
transações, trazendo benefícios para o comércio e maiores possibilidades de
desenvolvimento dele; porém estes direitos creditórios possuíam dificuldade de circulação,
problema este que foi solucionado com o advento dos títulos de crédito. Os títulos de
crédito são considerados como uma das maiores inovações apresentadas pelo Direito
Comercial, sendo esta evolução decorrente do problema relativo a circulação de direitos
creditórios.
Função e conceito de título de crédito
Os titulos de crédito representam uma exceção em face do resto do
ordenamento, na medida em que este instituto não apresenta vestígios no direito romano,
modelo este que serve de base para nosso sistema. Uma das dificuldades da circulação de
créditos presente no direito romano, era que a obrigação constituía um elo pessoal entre
credor e devedor, onde a obrigação adena ao corpo do devedor.
Os títulos de crédito têm origem na Idade Média, onde podiam ser
reconhecidos alguns dos elementos presentes atualmente. Seu surgimento, segundo parte
da doutrina, decorre mais de necessidades momentãneas de caráter mercantil, do que de
um procedimento visando especificamente à solução de um problema juridico.
O surgimento do título de crédito foi possível na idade média devido a uma
maior intensidade e desenvolvimento do tráfico mercantil, quando se procurou simplificar
a circulação de capitais2.
Os títulos de crédito foram uma inovação, na sua época; prova disso é o fato
de serem utilizados até os dias de hoje como instrumento de circulação de nquezas, sendo
apresentados sob as mais diversas formas e modelos.

1
POLAK, Antonio, Título de Crédito: Documento Virtual como Meio de Prova, Monagrafia, Curitiba,
2001, Pag 3.
2
Idem, Pag 4.
2
2. Função e conceito de título de crédito
Todo o documento necessário para exercer um direito, que é um direito
literal, autónomo, abstracto, que está mencionado nesse próprio documento, correponde
ao titulo de crédito3.
Nos títulos de crédito o documento é (em regra) um requisito necessário
para a existência do direito nele mencionado: o documento tem uma função constitutiva 4.
Mas esta função constitutiva é mais ampla e complexa do que a que se verifica nos
vulgares documentos constitutivos.
No caso do documento constitutivo, a declaração de vontade que é
essencial para fazer nascer ou transferir determinado direito tem de obedecer, sob pena
de nulidade, a determinada forma; o documento torna-se, assim, elemento essencial do
negócio jurídico. O documento, embora constitutivo, é acessório do direito nele
referido: é a titularidade do direito que decide da titularidade do documento.
Nos títulos de crédito, a função constitutiva do documento não se
restringe ao momento inicial da vida do direito, mas reveste carácter permanente: o
documento é imprescindível também para o exercício e a transferência do direito.
Razão pela qual se deveria dizer, que é a titularidade do documento que decide da
titularidade do direito nele mencionado; que o documento é o principal, sendo o direito
seu acessório. Por isso, certo é considerar-se o título de crédito como uma espécie
particular dos documentos constitutivos, ou, segundo certos autores, como documento
dispositivo.
Esse direito que está ínsito nesse título, é designado por direito cartolar,
por existir uma incorporação expressa, uma conexão directa entre tal documento e o
direito que se é titular 5. Entre o documento e o direito intercorre uma relação ou
conexão de natureza especial, visto que a posse do documento, adquirida segundo a
sua lei de circulação, habilita, ou seja, legitima o portador a exercer o direito, mesmo
que ele não seja o seu verdadeiro titular. Por outro lado, o verdadeiro titular está
impedido de exercer o seu direito se e enquanto não estiver na posse do respectivo
documento.

3
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 171.
4
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 413.
5
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 413.
3
3. Características gerais dos títulos de crédito
Ora, do conceito de títilos de crédito podemos extrair suas
caracteristicas essências. Primeiramente, os direitos mencionados nos títulos de crédito
são em regra direitos de crédito, ou seja, o documento incorpora o direito a uma ou
mais prestações; o direito incorporado no título é um direito literal, no sentido de que
a letra do título é decisiva para a determinação do conteúdo, limites e modalidades do
direito; o direito é autónomo, dado que o possuidor do título, o que o recebeu
segundo a sua lei de circulação, adquire o direito nele referido de um modo originário6.
Pode-se dizer ainda que os títulos de crédito são documentos formais,
por precisarem observar os requisitos essenciais previstos na legislação cambiária, são
títulos de apresentação, por serem documentos necessários ao exercício dos direitos
neles contidos, cabe ressaltar que o título de crédito é título de resgate, porque sua
emissão pressupõe futuro pagamento em dinheiro que extinguirá a relação cambiária, e
é também um título de circulação, uma vez que sua principal funçao é a
circulabilidade do crédito7.

4. Títulos Impróprios
Em bom rigor, não são considerados como títulos de crédito certos
documentos que, muito embora tenham, em geral, as mesmas características daquelas (
títulos de crédito ), todavia se afastam deles no tocante à sua função jurídico-
económica e, por isso, quanto à característica da circulabilidade, sendo noemeados
como títulos impróprios.
Dentro destes documentos, encontra-se duas categorias: os títulos de
legitimação e os comprovantes de legitimação.
4.1. Títulos de legitimação
Títulos de legitimação, têm por função conferir ao seu possuidor a
legitimação (activa) para o exercício de certos direitos e, consequentemente, também
conferem à outra parte a correspectiva legitimação passiva8

6
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 416.
7
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 445.
8
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 174.
4
4.2. Comprovantes de legitimação
Comprovantes de legitimação, conferem igualmente a legitimação activa e
passiva relativamente ao exercício de certos direitos, mas nem sequer têm a possibilidade
de circular por serem intransmissíveis9.

5. Reforma dos títulos de crédito


Como já se referiu, o título de crédito é um objecto material, um
documento escrito geralmente em papel. O que torna muito facilmente degradável,
assim como sujeito a numerosas causas de perda.
Uma vez que, a caracteristica da incorporação implica que só pode ser
exercido ou transmitido o direito cartolar através da posse do título. E por essa razão, a
destruição do documento implica a destruição do título de crédito, impossibilita o
exercicio ou transmissão do direito.
A reforma consiste na recontituição do título através da emissão de um
novo documento, que tenha o mesmo valor ao que foi destruido, possibilitando assim a
incorporação do direito no novo documento ou título10.
Conforme estipula o artigo 655 do Código comercial:
O portador de um título de crédito que, por ser ter deteriorado, não seja já apto
para a circulação, mas seja identificável com segurança, no seu conteúdo
essencial e sinais diferenciadores, tem o dereito de exigir do emitente, pagando e
antecipando as despesas, um títulos equivalente contra restituição do

deteriorado11.

Em geral, admite-se a reforma dos títulos nominativos e à ordem, mas não se


aceita a dos títulos ao portador. As razões são as seguintes apresentadas para justificar esta
restrição: a permitir-se a reforma dos títulos ao portador, ou não se teria na devida conta a
legítima expectativa do terceiro de boa fé possuidor do título (perdido ou furtado), ou, tendo-
se em conta, se chegaria a um sacrifício injustificável do subscritor, que seria obrigado a
pagar duas vezes. Com efeito, um título ao portador, que se perdeu, pode chegar, por simples
tradição real, às mãos de um possuidor de boa fé.

9
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
10
OCTALBERTO, Títulos de Crédito, 2016, disponivel no site https: //octalberto.wixsite.com, acessado
19/02/2023.
11
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.
5
Portanto, pelas razões referidas, não seria admissível a reforma dos títulos ao
portador. Quem perder um destes títulos sofre as consequências desse facto; se o título
perdido chegar às mãos dum terceiro de boa fé, este poderá exigir o pagamento.

Se a este possuidor se negar o direito de exigir o seu pagamento, iludindo-se desta maneira a
sua boa fé, estará prejudicada a facilidade de circulação do título e menosprezada uma das
fundamentais razões do seu regime particular.

6. Princípios do Direito Cartular


6.1. Princípio da incorporação ou legitimação
A detenção do título é indispensável para o exercício e a transmissão do
direito nele mencionado, ou seja, quem for titular de um título é titular de um direito.
Tal característica consiste em que a posse do título legítima o portador para
exercer ou transmitir o direito. É mais correto, designar esta característica por legitimação
activa visto que ela se refere à posição jurídica do sujeito activo do crédito.
6.2. Princípio da circulabilidade
Os títulos de crédito destinam-se a circular, o que significa que, a sua
própria destinação jurídico-económica implica a potencialidade de serem transmitidos da
titularidade de uma pessoa para a outra12. Os documentos que não comportem a
possibilidade de circulação não podem ser considerados como títulos de crédito.
6.3. Princípio da literalidade
O direito que está incorporado no título, é um direito literal, porque o
documento vale nos precisos termos que constam no próprio documento, isto é, o título de
crédito vale pelo que nele está escrito13. A literalidade, em suma, é o princípio que
assegura às partes da relação cambial a exata correspondência entre o teor do título e o
direito que ele representa.
6.4. Princípio da autonomia
O direito cartolar (incorporado no documento), é em si um direito
autónomo, porque a relação cambiária tem vida própria, não está dependente de
qualquer relação subjacente a essa letra de câmbio, ou seja, entende-se que o título de
crédito configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, originário e

12
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 172.
13
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 173.
6
completamente desvinculado da relação que lhe deu origem14. Importa distinguir dois
sentidos:
a) Autonomia face ao direito subjacente
O direito cartolar tem a sua origem numa relação jurídica logicamente
anterior ao surgimento do título de crédito, a relação subjacente ou fundamental, e que
ele é novo e diferente do direito subjacente ou fundamental, tendo um regime
próprio15.
b) Autonomia face aos portadores anteriores
O direito cartolar é autónomo, segundo este sentido, porque cada
possuidor do título ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulação «adquire o direito nele
referido de um modo originário, isto é, independentemente da titularidade do seu
antecessor e dos possíveis vícios dessa titularidade»
6.5. Princípio da cartularidade
Quando se afirma que o título de crédito é o documento necessário ao
exercicio do direito nele mencionado, há uma referência clara ao princípio de
cartularidade, segundo o qual se entende que o exercício de qualquer direito
representado no título pressupõe a sua posse legítima16.
6.6. Princípio da abstracção
O negócio cambiário é abstracto porque, esse negócio permite preencher
um conjunto de funções económico-jurídicas (ex. compra e venda). Essa obrigação
cambiária pressupõe sempre a existência de uma relação jurídica subjacente podendo
preencher um diversidade de funções económico-jurídicas, uma vez que ela só tem um
fim, pagamento ou garantia do pagamento.

7. Classificação dos Títulos de Crédito


Os títulos de crédito costumam classificar-se de acordo com diversos critérios que a
doutrina apresenta no seu esboço. Dentre eles encontramos:
7.1. Critério da causa-função
7.1.1. Títulos Causais
São causais os títulos que se destinam a realizar uma típica e única causa-
função jurídico-económica, inerente a um determinado tipo de negócio jurídico
14
Idem
15
Idem
16
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 446.
7
subjacente, do qual resultam direitos cuja transmissão e exercício o título de crédito se
destina a viabilizar ou facilitar, ou seja, é aquele que somente pode ser emitido nas
restritas hipóteses em que a lei autoriza a sua emissão17. É o caso de duplica mercantil, que
somente poderá ser emitida para formalizar uma compra e venda mercantil.
7.1.2. Títulos Abstratos
Os títulos abstractos são aqueles que não têm uma causa-função típica, pois
são aptos a representar direitos emergentes de uma pluralidade indefinidamente vasta de
causas-funções, isto é, aquela cuja emissão não está condiocionada a nenhuma causa
preestabelecida em lei.
7.2. Critério do conteúdo do direito cartolar
5.2.1. Títulos de participação
Os que atribuem ao seu titular "status", a qualidade de membro de uma
colectividade (ex: acções das sociedades anónimas).
7.2.2. Títulos representativos de mercadorias
Os títulos representativos de mercadorias investem o seu possuidor, não só
num direito de crédito (direito à entrega das mercadorias), mas num direito real sobre estas
(ex: guia de transporte, conhecimento de carga, conhecimento de depósito), títulos que
incorporam o direito a uma prestação em dinheiro (letra, livrança, cheque)18.
7.3. Critério do modo de circulação
7.3.1. Títulos Nominativos
São aqueles emitidos em favor de uma pessoa determinada, cujo nome

consta no registro especifico mantido pelo emitente do título 19. Para que a sua transmissão
seja válida, deve ser exarada no próprio título, pelo transmitente, uma declaração de
transmissão, bem como nele seja lavrado o pertence, isto é, que no local adequado seja
inserido o nome do novo titular 20. Os títulos nominativos encontra-se disposto no artigo
635, nº 3, do Código Comercial.
7.3.2. Títulos á Ordem
Mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir o título e, com
ele, o direito cartular , apenas de nele lançar o endosso. A transferência da titularidade do
crédito, pois, não depende , apenas da mera entrega do documento a outra pessoa, é
17
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 174.
18
CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994, Pag 418.
19
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 454.
20
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 175.
8
preciso, alem disso, praticar um ato formal que opere a transferência da titularidade do
credito, assim como ilustra o artigo 635 nº 2, do Código Comercial.
7.3.3. Títulos ao Portador
Não identificam o seu titular e transmitem-se por mera tradição manual,
por entrega real do documento, o titular é quem for o detentor do documento. Sendo
assim, qualquer pessoa que esteja com a simples posse do título é considerada titular do
crédito nele mencionado. A simples transferência do documento, portanto, opera a
transferência da titularidade do crédito, como faz refêrencia o artigo 635, nº 1, do Código
Comercial.
7.4. Critério da natureza da entidade emitente
São títulos públicos aqueles que são emitidos pelo Estado e por outros entes
públicos legalmente habilitados para tanto, são principalmente, os títulos da dívida
pública.
Os demais títulos de crédito são títulos privados, por as pessoas ou
entidades que os emitem não terem a natureza de entes públicos, ou porque, quando
tenham essa natureza, actuam de forma indiferenciada em relação aos entes privados,
colocando-se no mesmo plano de actuação destes. É o que acontece por exemplo, quando
um qualquer organismo ou serviço público emite cheques para efectuar os seus
pagamentos.

8. Principais títulos de crédito


Dentre os principais títulos de crédito previstos na legislação moçambicana,
destacam-se: a letra; livrança; cheque. São títulos que possuem disciplina legal
específica e que, por isso, são denominados geralmente de títulos de crédito próprios ou
típicos.
8.1. A letra
É um título de crédito, através do qual o emitente do título ( sacador ) dá
uma ordem de pagamento ( saque ) de uma dada quantia, em dadas circunstâncias de
tempo e lugar, a um devedor ( sacado ) ordem essa a favor de uma terceira pessoa ( o
tomador)21.
Como título de crédito é rigorosamente formal, a letra é destinada à
circulação, a qual se efectua através de endosso, sendo portanto, um título à ordem. O
21
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
9
tomador poderá, portanto, assumir a qualidade de endossante, transmitindo a letra a um
endossado, o qual, por sua vez, poderá praticar acto idêntico a favor de um outro acto
endossado e assim por diante.
O principal obrigado em virtude da letra é o aceitante, que assume a
obrigação de pagar a quantia nela mencionada ao portador legitimado por uma série
ininterrupta e formalmente correcta de endossos, ao tempo do vencimento e no local
devido.
8.1.1. Requisitos da letra
A letra deve conter:
a) A palavra " letra " inserta o próprio texto do título e expressa na língua empregada
para a redação deste título;
b) O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) O nome daquele que deve pagar ( sacado );
d) A época do pagamento;
e) A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento
f) O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
g) A indicação da data em que, e do lugar onde a letra é passada;
h) A assinatura de quem passa a letra ( sacador )22.
8.1.2. Consequências da falta de requisitos
O escrito em que faltar qualquer um dos requisitos mencionados, não produzirá qualquer
efeito como letra, salvo nos seguintes casos:
a) A letra em que se não indique a época do pagamento, entende-se pagável a vista;
b) Na falta de indicação especial, o lugar designado ao lado do nome do sacado
considera-se como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do
domicílio do sacado;
c) A letra sem indicação do lugar onde foi passada considera-se como tendo-o sido no
lugar designado, ao lado do nome do sacador.
8.2. A livrança
Menciona uma promessa de pagamento, de uma certa quantia, em dadas
condiçóes de tempo e lugar, pelo seu subscritor ou emitente, a favor do tomador ou de um
posterior endossado que for seu portador legítimo no vencimento23.

22
Cfr Art. 704, do Decreto- Lei nº 2/2005.
23
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
10
A livrança é, também um, título à ordem, transmissível por endosso e,
rigorosamente formal.

8.2.1. Requisitos da livrança


A livrança deve conter:
a) A palavra " livrança " inserta no próprio texto do título e expressa na língua
empregada para a redação desse título;
b) A promessa pura e simples de pagar uma quantia determinada;
c) A época do pagamento;
d) A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento;
e) O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga;
f) A indicação da data em que e do lugar onde a livrança é passada;
g) A assinatura de quem passa a livrança ( subscritor )24.
8.2.2. Consequências da falta de requisitos
O escrito em que faltar algum dos requisitos ilustrados não produz qualquer
tipo de efeito como livrança, salvo nos seguintes casos:
a) A livrança em que se não indique a época do pagamento é considerado pagável à
vista;
b) Na falta de indicação especial, o lugar onde o escrito foi passado considerara-se
como sendo o lugar do pagamento e, ao mesmo tempo, o lugar do domicílio do
subscritor da livrança;
c) A livrança que não contenha indicação do lugar onde foi passada considera-se
como tendo-o sido no lugar designado ao lado do nome do subscritor.
8.3. O cheque
Exprime uma ordem de pagamento de determinada quantia, dada por um
sacador a um sacado, que tem a peculiaridade de ser necessariamente um banqueiro, uma
instituição de crédito habilitada a receber depósitos de dinheiro mobilizáveis por esta
forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, portanto um meio de pagamento ao
próprio depositante ou a terceiro, a realizar pelas forças do depósito existente na
instituição de crédito25.

24
Cfr Art. 778, do Decreto- Lei nº 2/2005.
25
SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 176.
11
8.3.1. Requisitos do cheque
O cheque deve conter:
a) A palavra " cheque " inserta no próprio texto do título na língua portuguesa;
b) O mandato puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) O nome de quem deve pagar;
d) A indicação do lugar em que o pagamento se deve efectuar;
e) A indicação da data em que e do lugar onde o cheque é passado;
f) A assinatura de quem passa o cheque ( sacador )26.
8.3.2. Consequências da falta de requisitos
O título que faltar qualquer dos requisitos enunciados não produz efeito
como cheque, salvo nos casos seguintes:
a) Na falta de indicação especial o lugar designado ao lado do nome do sacado
considera-se como sendo o lugar de pagamento. Se forem indicados várias lugares
ao lado do nome do sacado o cheque é pagável no lugar primeito indicado;
b) Na ausência destas indicações ou de qualquer oura indicação o cheque é pagável
no lugar em que o sacado tem o seu estabelecimento principal;
c) O cheque sem indicação do lugar da sua emissão considera-se passado no lugar
designado ao lado do nome do sacador.

9. Extinção do Direito Cartular


Quando abordamos o assunto extinção dos títulos de crédito podemos
analisá-lo sob duas perspectivas: a extinção do título em si ou a extinção do direito no
título incorporado.
Os fatos extintivos da propriedade ou do direito cartular são: a destruição
do título, sua posse por outro portador, pagamento constante do título, prescrição e
decadência, extinção da obrigação de entrega.
Quando abordamos a extinção por pagamento, ou cumprimento da
obrigação, temos esta situação como o meio normal de extinção do direito cartular. Mas,
no caso de haver diversos coobrigados, ou de forma mais clara, um obrigado principal e
obrigados com o direito de regresso, como acontece, nas letras ou nos cheques, apenas o
cumprimento pelo obrigado principal extingue o direito incorporado no título.

26
Cfr Art. 782, do Decreto- Lei nº 2/2005.
12
Ao tratar-se dessas circunstâncias extintivas, não se referi unicamente ao
título em si mesmo, mas aos direitos sobre o documento e aos que emergem do mesmo.
Desta feita, a extinção dos títulos de crédito ocorre com a extinção do direito neles
incorporado, em outras palavras, com o cumprimento da prestação cartular27.
Ademais, a conexão entre o direito cartular e o documento do qual ele
emerge é uma conexão de meio a fim e no sentido de que o título de crédito é um bem
com valor econômico e jurídico, e mantém esta valoração enquanto houver direito
emergente do título. Portanto, infere-se que a extinção do direito cartular extingue o direito
sobre o título.
Com isto, pode se afirmar que o direito cartular, da mesma forma que surge
com a criação do título, também se extingue com a restituição deste e com a sobreposição
cartular da quitação pelo representante ou a declaração de pagamento lançada pelo
devedor.
9.1. A prescrição
A extinção do direito cartular opera-se também pela prescrição, pois este
está sujeito a prazos de prescrição extintiva, consoante o disposto no artigo 833, do
Código cOMERCIAL prescreve em seis meses a pretensão para haver o pagamento de
título de crédito, a contar do termo do prazo da apresentação.
A prescrição perfaz-se diferentemente nos títulos abstratos e nos títulos
causais. Isso ocorre porque, nos títulos causais o direito do titular do título prescreve,
geralmente nos mesmos prazos em que prescreve o direito da relação declarada com o
mesmo título
9.2. Decadência
A decadência, no direito civil, é a perda de um direito potestativo pelo seu
não exercício, durante o prazo fixado em lei ou eleito e fixado pelas partes 28, como ilustra
o artigo 298, nº 2 do Código Civil. Nesse instituto extingue-se o direito potestativo
(revestido de poder, condição que torna a execução contratual dependente duma
convenção que se acha subordinada à vontade ou ao arbítrio de uma ou outra das partes) 29.
O direito é outorgado para ser exercido dentro de determinado prazo, se não exercido,
extingue-se.
27
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 124.
28
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 47 344.
29
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 126.
13
Salvo disposição legal em contrário, em matérias consideradas decadentes
não se podem aplicar normas ou procedimentos que impeçam, suspendam ou interrompam
a prescrição. Na decadência o prazo não se interrompe, nem se suspende, corre
indefectivelmente (que não falha) contra todos e é fatal, peremptório (decisivo), termina
sempre no dia pré-estabelecido. Além disso, não pode ser renunciado. A decadência
advém não só da Lei (decadência legal), como também do contrato e do testamento
(decadência convencional).

10. Os Negócios Jurídicos Cambiários


É característica essencial dos títulos de crédito a incorporação ou a
legitimação, como vimos anteriormente, todavia, apenas a posse do título permite a
perfectibilidade do exercício do direito no título mencionado e a transmissão do mesmo
direito.
Esta posse pode ser legítima ou ilegítima, sendo que apenas o possuidor
legitimado é titular do direito cartular, tendo este a legitimação ativa, com fins próprios
para o exercício e transmissão do direito.
10.1. O Aceite
A origem histórica do aceite data da idade média, quando o ato cambiário
podia ser dado verbalmente pelo sacado. Os sacados davam o aceite por meio de um sinal
escriturado no caderno em que os banqueiros anotavam as letras de que eram credores30.
O aceite é o negócio jurídico-cambiário, de natureza unilateral e abstrata,
através da qual o sacado aceita a ordem de pagamento que lhe foi dirigida pelo sacador e
se obriga a pagar a letra no vencimento ao tomador ou à ordem deste.
A declaração cambiária do aceite decorre, como exposto, de ato unilateral
de vontade do sacado, sendo abstrato porque desvinculado da relação causal que deu
origem ao título e ainda, formal porque só pode ser formalizado no título.
Para a perfectibilidade do aceite, não basta a mera indicação do nome do
sacado no título, tal feito não gera qualquer responsabilidade cambiária. É necessária
então, a assinatura do sacado no título, sendo devedor apenas na relação causal que
originou a criação do título.
10.2. O endosso

30
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 105.
14
O endosso é um ato unilateral, solidário e autônomo, pelo qual se transfere
os direitos emergentes de um título, garantindo-o, ou seja, o endosso, além de transferir o
título, é uma garantia.
o endosso é uma forma particular de alienação de coisa móvel, ou seja, no
que tange os títulos de crédito, trata-se de uma forma de transferência 31. Todavia, esta é
apenas uma das formas, porquanto os títulos de crédito podem também ser transferidos por
intermédio de simples tradição, quando são ao portador ou quando previamente
endossados em branco.
Endosso é a forma de circulação do crédito cambiário mencionado no título
de crédito à ordem. Perfaz-se mediante declaração unilateral de vontade, aposta no título,
sem menção à causa da tradição
Podemos classificar o endosso em diversas espécies, quais sejam:
a) Endosso em branco - É aquele em que não há a indicação do fiduciário. Ele passa a
circular como se fosse um título ao portador;
b) Endosso em preto - Aquele em que se deve indicar o nome do beneficiário –
endossatário;
c) Endosso mandato ou procuração - É aquele em que o endossatário atua em nome e
por conta do endossante, não possuindo, todavia, a disponibilidade do título,
devendo agir no interesse do endossante - mandante. Qualquer endosso praticado
por ele, valerá como endosso mandato. O endossatário, mandatário pode endossar;
d) Endosso caução - Utilizado quando o endossante deposita ou dá o título, perante o
endossatário como garantia de uma dívida. São inseridas as expressões: "Valor em
garantia" e "Valor em penhor".
Consoante previsão legal, artigo 717 do Código Comercial, pode o
endossatário do endosso em branco mudá-lo para endosso em preto, simplesmente
completando o título com seu nome ou de terceiro, da mesma feita que pode, novamente,
endossar o título, em branco ou em preto, ou ainda transferi-lo sem novo endosso32.
O endosso não se destina a transferir a propriedade, mas sua finalidade é
garantir outro negócio. Neste caso, o título, analisado como bem móvel, passa para
terceiros na intenção de garantir outro negócio.

31
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro,
Mestrado, 2009, Pag 106.
32
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.
15
Por fim, é também necessário falar sobre o endosso parcial, previsto no
artigo 683 do Código Comercial: É nulo o endosso parcial.

11. O Aval
Aval é a declaração cambial através da qual uma pessoa - avalista, se torna
responsável pelo pagamento de um título de crédito nas mesmas condições de seu
avalizado, pessoa em relação a quem o aval é dado, e do beneficiário, que é o portador do
título33.
o aval é a declaração cambiária sucessiva e casual decorrente de uma
manifestação unilateral de vontade, perfazendo-se como uma garantia de pagamento
firmada por terceiro, ou seja, uma pessoa natural ou jurídica, estranha ou não a relação
cartular, assume a obrigação cambiária autônoma e incondicional de garantir, no
vencimento, o pagamento total ou parcial348 do título nas condições firmadas.
Como exposto, o aval é uma declaração cambiária sucessiva, porque o aval
é lançado no título após a formalização da declaração cambiária necessária (emissão na
nota promissória e no cheque, saque na letra de câmbio e na duplicata); é casual, ou
eventual, porque existindo o aval ou não, o título de crédito não é descaracterizado.
Trata-se de uma obrigação autônoma e independente porque a obrigação
não é a mesma do avalizado, tanto que se a obrigação deste for nula, a do avalista subsiste,
salvo se esta nulidade decorrer de vício de forma; desta feita o aval é autônomo quanto à
sua essência e acessório no que tange à sua forma3.
Ainda, é importante ressaltar que o avalista e o avalizado são
solidariamente responsáveis pelo cumprimento da obrigação, como se fosse o devedor
principal34. Assim depreende-se que, diferentemente do endosso, que pode ser aposto em
folha anexa, o aval somente se dá no título e é inexistente fora dele. Ou seja, inóxio será o
aval dado em documento apartado, a menos que de seus termos resulte o intuito explícito
do signatário de se obrigar como fiador, caso em que valerá como esta, entrementes, a
fiança não se presume.
O aval, tem a função de garantia nos negocios cambiários, podendo
ser dada em bom rigor por uma terceiro, como constata o artigo 806, do Código
Comercial35.
33
ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento Jurídico Brasileiro, Mestrado,
2009, Pag 113.
34
Idem, Pag 115.
35
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.
16
12. Outros Títulos de Crédito
Além dos títulos de crédito próprios já estudados, há outros títulos de
crédito também importantes para o mercado, merecendo destaque os títulos de crédito
comercial, industrial, rural, à exportação, imobiliário e bancário.
12.1. Títulos de crédito comercial
Dentre os chamados títulos de crédito comercial, destacam-se o
conhecimento de depósito e o warrant. Trata-se de títulos emitidos pelos armazéns-gerais,
referentes a depósito de mercadorias: o conhecimento de depósito é título representativo
da mercadoria depositada, a qual pode ser transferida com o endosso do título. Já o
warrant, por sua vez, é título constitutivo de promessa de pagamento, cuja garantia é a
própria mercadoria depositada. Além dos dois títulos acima mencionados, há também a
cédula de crédito comercial e a nota de crédito comercial 36. Trata-se de títulos causais,
resultantes de financiamento obtido por empresas no mercado financeiro, para finalidade
comercial. Ambos constituem promessa de pagamento, com a distinção já apontada acima:
a cédula de crédito comercial ostenta garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota
de crédito comercial não possui garantia real.
12.2. Títulos de crédito industrial
Os títulos de crédito industrial são a cédula de crédito industrial e a nota de
crédito industrial. Trata-se de títulos causais, resultantes de financiamento obtido por
empresas no mercado financeiro, para finalidade industrial37. Ambas constituem promessa
de pagamento, com a distinção já apontada acima: a cédula de crédito industrial ostenta
garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota de crédito industrial não possui
garantia real.
12.3. Títulos de crédito à exportação
Os títulos de crédito à exportação são a cédula de crédito à exportação e a
nota de crédito à exportação. Trata-se de títulos causais, resultantes de financiamento à
exportação ou à produção de bens destinados à exportação. Ambas constituem promessa

36
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 512.
37
Idem, Pag 513.
17
de pagamento, com a distinção já apontada acima: a cédula de crédito à exportação ostenta
garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota de crédito à exportação não possui
garantia real.

12.4. Títulos de crédito rural


Os títulos de crédito rural são varros. Em primeiro lugar, temos a cédula de
crédito rural e a nota de crédito rural. Trata-se de títulos causais, de natureza civil,
resultantes de financiamento a cooperativa, empresa ou produtor rural 38. Ambas
constituem promessa de pagamento, com a distinção já apontada acima: a cédula de
crédito rural possui garantia real, incorporada à própria cártula, e a nota de crédito
comercial não possui garantia real.
Outros títulos de crédito rural são a nota promissória rural e a duplicata
rural. Trata-se de títulos causais, fundados .em operações de compra e venda de natureza
rural, contratadas a prazo, não constitutivas de financiamento no âmbito do crédito rural.
Por fim, há também a cédula de produto rural. Trata-se de título de
natureza causal, emitido por produtor ou cooperativa rural, como promessa de entrega de
produtos rurais, podendo conter garantia hipotecária, pignoratícia ou fiduciária.

38
RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito, Pag 513.
18
Conclusão
Ao longo deste trabalho fizemos escolhas e arcamos com os riscos que estas
encerram. Por certo haveria outros e diferentes caminhos que poderiam ser traçados na
busca da melhor compreensão dos títulos de crédito.
Assim sendo, conclui-se que, os títulos e crédito são considerados
documentos, mas não são documentos meramente probatórios ou meramente constitutivos.
Esses entram na categoria de documentos dispositivos: servem para comprovação de
determinada relação, além de serem necessários para o exercício dos direitos neles
contidos.
Em suma, existem muitas informações que podem ser atribuídas aos títulos de crédito, mas, o
que se registra é que estes documentos cambiários já possuem tradição entre os comercialistas
e também entre os comerciantes, não podendo ser extinto e nem perder sua essência.

Os títulos de crédito constituem, na atualidade, fator importante para circulação


de valores em Moçambique e no mundo. Ao longo dos séculos, estes documentos vêm
sofrendo várias mudanças e os sistemas econômicos atuam para adaptarem as evoluções aos
ítens que sustentam a teoria geral dos títulos de crédito.

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Referências Bibliográficas
Legislação:

 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 47 344.


 REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto- Lei nº 2/2005.

Doutrinas:

 SANTOS, Rui Teixeira, Lições de Direito Comercial, 1 Edição, 2013, Pag 171.
 CORREIA, A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, 1994,

Materiais Veiculados em via Electrónica – Internet:

 POLAK, Antonio, Título de Crédito: Documento Virtual como Meio de


Prova, Monagrafia, Curitiba, 2001.
 ALVES, Simone Lemos, Títulos de Crédito Eletrônicos no Ordenamento
Jurídico Brasileiro, Mestrado, 2009
 RAMOS, André Luiz, Títulos de Crédito.
 OCTALBERTO, Títulos de Crédito, 2016, disponivel no site https:
//octalberto.wixsite.com.a

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