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A SUBSTITUIÇÃO DO DEPÓSITO EM DINHEIRO POR SEGURO GARANTIA

JUDICIAL – Jurisprudência da 3ª Turma do STJ.

A aceitação da substituição de depósito judicial em dinheiro por apólice de seguro


garantia judicial é uma das principais discussões na operação comercial deste segmento.
Não raro, tomadores e corretores se deparam com a aceitação do risco obtendo
vantagem econômicas acerca do “preço da garantia”, mas enfrentam o obstáculo
processual quanto a aceitação pela parte contrária do processo e/ou pelo juiz da causa.

No julgamento do Recurso Especial n. 2.034.482-SP, em 21/03/2023, a Ministra Nancy


Andrighi acompanhou entendimento da mesma turma com o REsp n. 1.691.748-PR, de
17/11/2017, afirmando que i) desnecessária a anuência do credor/exequente da parte
contrário do processo, ii) o seguro-garantia judicial, assim como a fiança bancária, está
equiparado ao dinheiro a partir do § 2º, do art. 835 do CPC, iii) a recusa da substituição
da apólice apenas pode se dá por insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da
garantia e que a iv) a substituição do depósito em dinheiro por seguro-garantia judicial
consolida a harmonia entre os princípios da “máxima efetividade da execução” e o da
“menor onerosidade ao devedor”.

A efetivação da substituição, contudo, exige o preenchimento da regra de acréscimo de


30%, conforme § 2º, do art. 835 do CPC: “Para fins de substituição da penhora,
equiparam-se a dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial, desde que em
valor não inferior ao do débito constante da inicial, acrescido de trinta por cento.”

Neste sentido, o acórdão consolida a jurisprudência de que: “dentro do sistema de


execução, a fiança bancária e o seguro garantia judicial produzem os mesmos efeitos
jurídicos que o dinheiro para fins de garantia o juízo, não podendo o exequente rejeitar
a indicação, salvo por insuficiência, defeito formal ou inidoneidade da salvaguarda
oferecida” (REsp n. 1.691.748-PR e REsp n. 2.034.482-SP).

Em síntese, resta claro que é possível a substituição da penhora em dinheiro por seguro
garantia judicial, observados os requisitos do art. 835, § 2º, do CPC/2015,
independentemente da discordância da parte exequente, ressalvados excepcionais de
inidoneidade, defeito e insuficiência financeira.

É importante apontar neste particular final que, a simples existência de prazo de


validade fixado na apólice e a cláusula de condicionamento de garantia ao trânsito em
julgamento, não constituem causas de rejeição da substituição ou não aceitação da
apólice, conforme decisão precedente da mesma 3ª Turma do STJ quando do
julgamento do REsp n. 2.025.363-GO, em 10/10/2022.

Como bem colocou a Ministra Nancy Andrighi: “De fato, o seguro garantia judicial
constitui, na atualidade, importante instrumento de preservação do capital circulante
das sociedades empresárias, que, em um ambiente de mercado competitivo, muitas
vezes não podem correr o risco de imobilização de seus ativos financeiros durante um
processo de execução. Ademais, esse modo de garantia da execução se apresenta
interessante ao credor/exequente, pois lhe é assegurado, com considerável grau de
confiança, o recebimento do valor devido, haja vista a integridade patrimonial das
sociedades seguradoras, inclusive com a fiscalização por parte da SUSEP.”

Julgado: REsp n. 2.034.482-SP, 3ª T., Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 21/03/2023, Dje
23/03/2023.

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