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AO JUÍZO DO 2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA REGIÃO

METROPOLINA DE LONDRINA – DO FORO CENTRAL DE LONDRINA - ESTADO


DO PARANÁ

Processo nº: 0066780-87.2022.8.16.0014


Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial Cível
Assunto Principal: Obrigação de Fazer / Não Fazer

PAULO ROBERTO GONÇALVES DE OLIVEIRA, qualificado nos


autos do processo em epígrafe, por intermédio de seus advogados abaixo
assinados, vem, mui respeitosamente à presença deste juízo, apresentar as
tempestivas CONTRARRAZÕES DE RECURSO INOMINADO, as quais requer
sejam recebidas e remetidas à E. Turma Recursal para o devido julgamento.

Termos em que, respeitosamente,


Pede e Espera Deferimento.

Cambé/PR, quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Silvana Aparecida Plastina Cardoso


OAB/PR 53.308

Kaique Lima de Andrade


OAB/PR 90.855

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Avenida Inglaterra, nº 444, Sala 01-C, Centro CEP: 86.181-000 telefone: (43) 3035-3037 Cambé/PR
kaique.lpr@hotmail.com / silvanaplastina@hotmail.com
EGRÉGIA TURMA RECURSAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

Colenda turma,
Doutos julgadores:

Na origem, tratou de ação de obrigação de fazer com


pedido de tutela de urgência e indenização por danos morais, onde foi
pleiteado que o recorrente fosse compelido a validar as documentações
necessárias do recorrido para que este pudesse se inscrever em Conselho de
Classe Profissional – CREA-SP.

Pediu-se apenas a apresentação de documentos e validação


dos mesmos, da forma com que fez administrativamente, sem sucesso ante a
inércia e desídia do recorrente.

A ação foi julgada procedente, com o seguinte dispositivo:

Diante do exposto, nos termos do art. 487, inciso I, do


Código de Processo Civil, JULGO PROCEDENTES os
pedidos formulados na inicial, para os fins de:
a) tornar definitiva a decisão de seq. 1.10, para que a ré
UNIAO NORTE DO PARANÁ DE ENSINO LTDA. e,
subsidiariamente, a ré KROTON EDUCACIONAL S. A.,
sejam forçadas a conferir e, na sequência, validar os
documentos de seq. 1.10 a 1.52, no prazo de 10 dias, a
contar da intimação desta decisão;
b) condenar a ré UNIAO NORTE DO PARANA DE ENSINO
LTDA. e, subsidiariamente, a ré KROTON EDUCACIONAL S.
A., a pagar ao autor, a título de indenização por danos
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morais, a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a ser
corrigida pela taxa SELIC, desde o ajuizamento da ação.

Inconformada, o recorrente interpôs Recurso Inominado


postulando pela reforma da sentença.

Em suas razões recursais pede:

a- A atribuição de efeito devolutivo e suspensivo,


argumentando que a tutela de urgência proferida lhe
culminou multa diária por descumprimento;

b- A reforma da sentença alegando que na época do curso


não era obrigatório ou possível o registro do curso perante
o CREA e que logo que recebeu a liberação para abrir a
validação do curso mesmo extinto, a Coordenadora do
Polo deu entrada com toda documentação necessária;

c- A reforma da sentença aduzindo que que a obrigação de


fazer no sentido de conceder documentos validados
especificamente para o registro do Recorrido no
CREA/CONFEA é obrigação desnecessária, posto que
todos os documentos fornecidos pela IES já são válidos
para o referido cadastro. Disse ainda que referido
documento poderia ser providenciado perante o portal do
aluno.

d- A reforma da sentença para excluir a indenização por


danos morais, argumentando pela inexistência de ato ilícito
e inexistência do dano, ou sucessivamente a redução do
quantum arbitrado, a fim de não gerar enriquecimento
sem causa.

Com a devida vênia, Excelências, as Razões Recursais não


prosperam, tampouco afastam a conclusão da sentença.

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Primeiramente, quanto ao pedido de atribuição de efeito
devolutivo ao recurso, por óbvio o pedido é inócuo. Isso porque é consabido
na doutrina, jurisprudência e legislação pátria que todo recurso apto a ser
conhecido é dotado de efeito devolutivo, mesmo que parcial,
especialmente porque devolve ao tribunal a apreciação da matéria
discutida na origem. Portanto, o pedido é irrelevante.

Quanto ao pleito de atribuição de efeito suspensivo, é


incontroversa a possibilidade jurídica do pedido. Nada obstante, para que
seja deferido o pleito de efeito suspensivo, é necessário a demonstração de,
no mínimo, probabilidade do direito e risco de dano irreparável.

Desse ônus, não se desincumbiu o recorrente. Gratia


argumentandi, mesmo que diga que o recorrente tenha tentado amparar a
probabilidade de seu direito nas argumentações das próprias razões
recursais, por certo não se demonstrou o perigo de dano irreparável ou de
difícil reparação, especialmente porque a validação de documentos por si
emitidos não se afigura obrigação onerosa ou impossível.

Assim, além das contrarrazões não trazer a probabilidade do


direito, por certo não há demonstração de que a exequibilidade provisória
da sentença possa gerar danos irreparáveis ou de difícil reparação.

Dito isso, pedimos o indeferimento do pedido de atribuição de


efeito suspensivo.

No segundo ponto, em relação ao pedido de reforma da


sentença com espeque na desobrigação/impossibilidade de registro,
anteriormente, ao curso, é clarividente a irrelevância do argumento para
ação, especialmente porque o que se pede na inicial é a apresentação de
documentos validados (ou seja, reconhecidos pela instituição como
verdadeiros e válidos), o que poderia ter sido realizado mediante simples e-
mail ao CREA-SP ou emissão de certidão validando toda a documentação,
em especial os diplomas, certificados e conteúdos programáticos.

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O que requereu, incansavelmente na seara administrativa e
após nesta seara judicial, foi apenas a VALIDAÇÃO, CONFIRMAÇÃO,
AUTENTICAÇÃO de documentos e não a inscrição do curso extinto perante o
CREA, especialmente porque o próprio CREA faria isso após a validação dos
documentos, dentro do requerimento realizado pelo recorrido.

Então, Excelências, o que se depreende é que a alegação de


impossibilidade ou desobrigação de registro do curso pela IES no CREA,
trata-se de cortina de fumaça com o fito de ocultar a falha na prestação
dos serviços, por omissão e desídia, em simplesmente reconhecer os
documentos que emitiu.

Neste aspecto a sentença foi certeira:

No terceiro ponto, as razões recusais são mais absurdas ainda.


Excelências, em que pese alguns documentos possam ser impressos
diretamente do portal do aluno, estes documentos não vêm com assinatura
da IES, tampouco nenhuma validação ou autenticação. Veja na inicial os
documentos obtidos, alguns pelo portal, o conteúdo programático não
possui validação nenhuma, de forma que o CREA sequer poderia admiti-los

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diretamente, especialmente porque qualquer pessoa poderia ter feito tal
documento.

Nada obstante a alegação da recorrente que os documentos


emitidos são validos, não é possível verificar nenhuma validação realizada
pela IES, tampouco qualquer certidão validando-os ou ainda assinatura
digital.

Desta forma, as razões recursais não prosperam.

Por fim, em relação aos danos morais e pedido de minoração,


verifica-se também a improcedência dos argumentos.

Quanto ao ato ilícito este resta demonstrado sem sombra de


dúvida, especialmente pela prova dos autos e o considerado na sentença.
Em relação ao dano, a sentença também é imaculada ao prever:

Além do desvio produtivo, vê-se que, no caso, o autor se


encontra impedido de legalmente exercer a sua
profissão, já que não consegue a inscrição junto ao
CREA-SP, o que vem lhe gerando danos que superam o
mero dissabor, aumentando a extensão dos efeitos
negativos decorrentes da conduta omissa da requerida.

Dito isso, restou os danos morais são incontestáveis,


especialmente porque a situação vivenciada não pode ser tida como mero
dissabor.

Por fim, em relação ao pedido de minoração da indenização


arbitrada, é certo que a sentença atendeu os efeitos compensatório e
pedagógico do instituto, motivo pelo qual a minoração do quantum
arbitrado além de estimular o recorrente em novas práticas, sequer
compensará o desiquilíbrio trazido ao recorrido, por culpa da recorrente.

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Ademais, deve ser observado o alto poder financeiro da
recorrente, de modo que a fixação de indenização ínfima pode se equivaler
a nada.

Assim sendo, a sentença merece ser mantida pelos seus


próprios fundamentos, motivo pelo qual requer o conhecimento e
improvimento do recurso inominado interposto.

Com a sucumbência recursal, pugna pela fixação de


honorários de sucumbência e custas processuais, no grau máximo permitido
em lei.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cambé/PR, quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Silvana Aparecida Plastina Cardoso


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Kaique Lima de Andrade


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