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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GUSTAVO RODRIGUES MINATEL, protocolado em 27/01/2020 às 11:34 , sob o número 10002560320208260073.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000256-03.2020.8.26.0073 e código 59D8E47.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DO FORO DE
AVARÉ-SP.

VANIRA MUNIZ DE SOUZA, brasileira, união estável, RG nº 27.158.764-7,


SSP/SP, CPF nº 301.848.988-89, residente e domiciliado na Avenida João Silvestre,
n°660, Rancho Alvorada, Distrito Industrial Nova Avaré, Avaré/SP, CEP 18700-000, sem
endereço eletrônico, pela DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, no uso das
atribuições legais conferidas pela Constituição Federal, artigo 134, Lei Complementar
Federal n.º 80/94, artigos 1º, 4º e 108 (Lei Orgânica Nacional - Disposições Gerais e
Normas Gerais da Defensoria Pública dos Estados) e Lei Complementar Estadual n.º
988/06, artigo 5º (Lei Orgânica Estadual), vem à presença de Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

em face de COMPANHIA JAGUARI DE ENERGIA S.A, inscrita no CNPJ sob o n.


53.859.112/0001-69, sediada na Rua Vigato, nº 1620, 1ª andar, Térreo, Jaguariúna/SP,
CEP 13916-070, pelas razões de fato e de direito adiante aduzidas:
I – DOS FATOS

Rua Piauí, 1581 – Centro – Avaré/SP – CEP: 18701-050 – Tel: (14) 3732-7376. Ramal 314.
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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por GUSTAVO RODRIGUES MINATEL, protocolado em 27/01/2020 às 11:34 , sob o número 10002560320208260073.
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000256-03.2020.8.26.0073 e código 59D8E47.
A autora e seu companheiro José Carlos Ferraz adquiriram os direitos sobre o
imóvel situado no lote nº. 07, situado no Distrito Industrial, denominado Rancho
Alvorada , na cidade de Avaré/SP, consoante recibo de venda e compra subscrito em
17 de abril de 2018.

No entanto, para que a entidade familiar da parte autora possa viver de forma
digna, é imprescindível o fornecimento adequado e regular do serviço público de
energia elétrica.

Assim sendo, por intermédio da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, no


dia 17 de janeiro de 2020, a parte requerente apresentou requerimento administrativo
junto à concessionária requerida, sem resposta até a presente data.

Ressalta-se que não haveria custo adicional à parte requerida, tendo em vista
que próximo à residência da parte autora já existem postes de iluminação, inclusive em
frente à casa da autora, conforme fotos anexas.

Ademais, ressalta-se que outras moradias de vizinhos próximos situadas no


mesmo local já possuem energia elétrica, consoante faturas e declarações de
testemunhas anexas.

Diante da situação em que se encontra a autora, não lhe restou alternativa


senão o ajuizamento da presente demanda, a fim de ver garantido o direito de
fornecimento do serviço público essencial de energia elétrica.

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II – DO DIREITO

Não paira dúvida de que o fornecimento energia elétrica configura típico


serviço público, nos termos preconizados pela doutrina, segunda a qual: (...) serviço
público é toda atividade material fornecida pelo Estado ou por quem esteja a agir no
exercício da função administrativa, se houver permissão constitucional e legal para isso,
com o fim de implementação de deveres consagrados constitucionalmente relacionados
à utilidade pública, que deve ser concretizada, sob regime prevalecente do Direito
Público (FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Cu so de Di eito Ad i ist ativo , ª ed., São Paulo :
Malheiros, 2006 p. 81).

Mais que isso. Trata-se de serviço essencial, consoante disposto no artigo 10,
i iso I da Lei . 3/ o he ida o o Lei de G eve , o ual p ev como serviço ou
atividade essencial a distribuição de energia elétrica, seja pela direta vinculação desse
serviço ao Direito Fundamental à Vida a t. º, aput , CF e Dignidade (art. 1º, inciso
III, CF) daqueles a quem o fornecimento de energia elétrica é destinado.

Nesse sentido, destacam-se em anexo inúmeros julgados proferidos pelo


Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, referentes à Comarca de Avaré, todas dando
provimento ao recurso interposto.

Data de Disponibilização: 10/05/2017: Foro de Avaré 1ª Vara Cível Praça


Antonio Cardia de Castro, 527, Avare - SP - cep 18706-040 Horário de
Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min 1000858-
96.2017.8.26.0073 - lauda SENTENÇA Processo Digital nº: 1000858-

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96.2017.8.26.0073 Classe - Assunto Procedimento Comum - Fornecimento de
Energia Elétrica Requerente: Geraldo Aparecido de Melo Requerido: Cia de Luz
e Força Santa Cruz Cpfl Justiça Gratuita Juiz(a) de Direito: Dr(a). Edson Lopes
Filho Vistos. GERALDO APARECIDO DE MELO, devidamente qualificados nos
autos, ingressaram com ação de obrigação de fazer com pedido de liminar em
face de CPFL SANTA CRUZ, também qualificado(a) nos autos, alegando que há
aproximadamente 12 anos, mediante instrumento particular de cessão de
direito de posse o autor adquiriu de Francisco Benedito Rodrigues, direitos
sobre o imóvel situado na Estrada Novit, n° 913, na cidade de Avaré, localizada
atrás da empresa Melita e que a parte requerida se recusa a providenciar a
ligação e iniciar o fornecimento de energia elétrica para sua residência, já
tendo instalado postes de iluminação no local. Requer a procedência da ação
com a condenação da requerida a providenciar a ligação de energia e a
fornecer energia elétrica para a casa do autor (fls. 01/18). Juntou documentos
(fls. 19/65). A liminar foi indeferida (fls. 66/67). Houve agravo de instrumento
(fls. 71/72). A parte requerida foi devidamente citada (fls. 98) e apresentou
contestação (fls. 99/104) onde alega que para a ligação de energia é
necessária a apresentação de documentos pessoais, como também
documentos que comprovem a posse ou propriedade, o que não foi
apresentado pelo autor, sequer constando pedido administrativo em seu
nome. Requer a improcedência da ação. Houve réplica (fls. 125/129). É o
relatório. FUNDAMENTO. É caso de julgamento antecipado da lide, nos termos
do artigo 355, inciso I, do Código de Processo Civil. A ação é procedente. O
polo passivo da demanda encontra-se corretamente composto, pelo que
afasto a preliminar invocada. O autor ingressou com a presente ação, visando
o fornecimento de energia elétrica em imóvel de que é cessionário. A parte
requerida contestou a ação, aduzindo que para a ligação de energia é
necessário apresentação de documentos pessoais e documentos que
comprovem a posse ou a propriedade do imóvel em que se pretende o
serviço. Alegou que essa providência não foi tomada pela parte autora.
Contudo, nos autos, logrou o autor comprovar que é cessionário da área em
que pretende a ligação de energia elétrica pela ré, conforme documentos de
fls. 21/2. Destarte, a procedência da ação se impõe. DECIDO. Ante o acima
exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido da parte autora, e o faço para
CONDENAR a ré na obrigação de fazer consistente no fornecimento de energia
elétrica no imóvel do autor, localizado na Estrada da Novit nº 913 (antigo 713),
nesta cidade, de forma contínua e mediante contraprestação tarifária, ficando

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deferida a liminar, fixado o prazo de trinta (30) dias para cumprimento, sob
pena de multa diária no valor de R$1.000,00, limitada a trinta dias. JULGO
EXTINTO o processo com fundamento no artigo 487, I, do Código de Processo
Civil. Em face da sucumbência, arcará a ré com as despesas e custas
processuais, bem como com os honorários advocatícios que fixo por equidade
em R$500,00, nos termos do art. 85, §2º, do Código de Processo Civil,
corrigidos monetariamente pela Tabela Prática do E. Tribunal de Justiça do
Estado de São Paulo, desde a publicação da sentença. P.I.C Avaré, 10 de maio
de 2017.

Portanto, consistindo o fornecimento de energia elétrica serviço público


essencial, tal como reconhecido pela doutrina e jurisprudência pátria, é certo que o
mesmo deve ser garantido a todos, independentemente de eventual regularização da
área em que se insere sua moradia.

III – DA TUTELA DE URGÊNCIA

A Constituição Federal de 1988 é terreno fértil à tutela de urgência, na


medida em que garante o acesso à justiça, a tutela jurisdicional adequada (art. 5º,
XXXV), bem como a duração razoável do processo (art. 5º, LXXVIII); tudo a possibilitar a
plena eficácia do direito no plano processual.

Nesta seara, aduz Nelson Nery Jr. que: Não é suficiente o direito à tutela
jurisdicional. É preciso que essa tutela seja adequada, sem o que estaria vazio o
princípio. Quando a tutela adequada para o jurisdicionado for medida urgente, o juiz,
preenchidos os requisitos legais, tem de concedê-la, independentemente de haver lei
autorizando, ou, ainda, que haja lei proibindo a tutela urgente (NERY JUNIOR, Nelson.

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Princípios do processo na Constituição Federal: processo civil, penal e administrativo.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. p. 172).

Assim, os requisitos para o deferimento do pedido de liminar são


insofismáveis no presente caso, sob pena da autora e seus familiares continuarem
afetados pela ausência de serviço essencial às suas vidas.

O fu us o i ju is a ifesto, haja vista ue, o fo e explanado, de


forma pormenorizada na presente exordial, são diversas as normas constitucionais e
infraconstitucionais que impõem à ré o dever de fornecimento de energia elétrica,
enquanto serviço público essencial, de forma contínua, com destaque para os artigos
º, III; 3º, III; º, XXXII; , V e VII; , aput e pa g afo ú i o; da Co stituição
Federal; o artigo 6º, parágrafo 1º da Lei 8.987/95, assim como os artigos 6º, I e X e 22,
aput e pa g afo ú i o, do Código de Defesa do Co su ido Lei . / .

Da mesma forma, mostra-se istali o o pe i ulu i o a , u a vez ue a


ausência de fornecimento de energia elétrica, gera danos irreparáveis ou de difícil
reparação ao requerente e à sua família, posto que lhe prejudicam a preservação e
manutenção da integridade física, saúde e higiene básicas.

Portanto, de rigor o deferimento do pedido liminar, para que a ré promova,


no prazo de 30 (trinta) dias, o fornecimento contínuo de energia elétrica à autora, sob
pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
IV – DO PEDIDO

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Em vista do exposto, requer:

a) A concessão dos benefícios da justiça gratuita por ser a autora pessoa


pobre na acepção jurídica do termo;

b) A concessão da liminar, inaudita altera pars, para determinar à requerida


que promova, no prazo de 30 (trinta) dias, o fornecimento contínuo de energia elétrica
à residência da autora, mediante contraprestação tarifária, sob pena de multa diária no
valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

c) A citação da ré para que se defenda no prazo legal, sob pena de sofrer os


efeitos da revelia;

d) A produção de provas por todos os meios em direito admitidos,


notadamente documental e testemunhal;

e) A procedência da ação, condenando a requerida, no prazo de 30 (trinta)


dias, a prestar o serviço público essencial de fornecimento de energia elétrica à
residência da autora, de forma contínua, sob pena de multa diária no valor de R$
1.000,00 (mil reais).

f) A condenação da ré ao pagamento das verbas sucumbenciais, que serão


destinadas ao FUNDEPE - Fundo Especial de Despesa da Escola da Defensoria Pública
do Estado (LCF nº 80/94, artigo 4º, inciso XXI e Lei Estadual nº 12.793/08).

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Por oportuno, esclarece a Defensoria Pública que utilizará das prerrogativas
contidas no artigo 128, inciso I, VII e IX da Lei Complementar Federal 80/94, com a
contagem em dobro dos prazos processuais, intimação pessoal com vista dos autos de
todos os atos e termos do presente feito e manifestação por cota.

Dá-se à causa o valor de R$10.000,00 (dez mil reais).

Avaré, 27 de janeiro de 2020.

Gustavo Rodrigues Minatel


Defensor Público
4ª Defensoria Pública de Avaré

Rafael Ramos Casaro


Estagiário da Defensoria Pública

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