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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
DISCIPLINA DE BIOQUÍMICA CLÍNICA

ALICE CRISTINA FERREIRA DA SILVA

MARCADORES TUMORAIS

RECIFE
2023
Marcadores Tumorais
Existem inúmeros hormônios que são marcadores tumorais. Os hormônios podem ser
parácrinos, autócrinos e endócrinos sendo este último a maioria que possui seu eixo de
regulação no eixo hipotálamo-hipófise. Abaixo lista-se os hormônios que podem atuar
como marcadores tumorais indicando a presença de câncer.

Vasopressina
É produzida pelo hipotálamo e secretada pela hipófise e a ação da vasopressina é
especialmente a nível renal e vascular. Nos rins, a função da vasopressina é o efeito
antidiurético, reabsorvendo água pelos túbulos renais e vascularmente promove contração
na musculatura, elevando a pressão sanguínea. A liberação desse hormônio é inibida ou
ativada dependendo de alguns fatores, um fator importante que regula a liberação é a
osmolaridade. Por exemplo, quando há redução na osmolaridade, onde o plasma ou soro
está muito diluído, tem pouco soluto e muita água) , a liberação vai ser inibida, diminuindo
o ADH. À medida que perde essa água aumenta a osmolaridade e com isso aumenta a
liberação de vasopressina para absorver água e manter esse equilíbrio.
A principal disfunção que aumenta o ADH é a Síndrome da Secreção inapropriada do
hormônio antidiurético onde o excesso de secreção do ADH leva a um grande percentual
de casos de tumores, carcinomas e neoplasias como o carcinoma pulmonar de pequenas
células. Podem atingir o Sistema Nervoso Central (SNC) ocasionando infecções como
pneumonias e tuberculose.Um importante achado bioquímico da elevação do ADH é a
hiponatremia onde ocorre a redução do sódio levando a natriurese e em consequência
aumentando a osmolaridade urinária.
Já na redução dos níveis de ADH ocorre principalmente na diabetes insipidus
neurogênica onde não há produção de ADH em decorrência de tumores e traumas no
sistema nervoso central. Sendo caracterizada por hipernatremia, pra dosar esse hormônio o
método preferencial é o radioimunoensaio, amostra plasma com EDTA e o VR (pg/mL) >
6,7.

Ocitocina
Este hormônio está relacionado com secreção ectópica da ocitocina em alguns tipos de
carcinoma como pulmonar e pancreático onde esses tumores aumentam a produção de
ocitocina. O VR > 700 pg/mL, a amostra utilizada é plasma com edta e a dosagem por
método imunológico.

Prolactina
A redução desse hormônio pode significar osteoporose e problemas no eixo
hipotálamo-hipófise , entretanto o principal significado clínico se dá na sua elevação.
O aumento patológico está relacionado a tumores que afetam a hipófise, os
prolactinomas. Esse aumento nas mulheres pode causar anovulação, amenorréia,
galactorréia e nos homens pode causar oligospermia e impotência.
Um achado bioquímico muito comum é a hipercalcemia, pois a prolactina aumenta a
reabsorção óssea e estimula a atividade da enzima alfa-1-hidroxilase que converte vitamina
D inativa em ativa nos rins, aumentando cálcio a nível intestinal, contribuindo pra
hipercalcemia. O VR de referência em homens = (0,6 – 16) enquanto em mulheres esse
valor vai variar de acordo com a fase do ciclo menstrual A amostra é soro e a dosagem por
quimioluminescência.

Hormônio do crescimento (GH)

Hormônio do regimento, seu aumento caracteriza a acromegalia. A principal causa é o


adenoma da hipófise que vai superestimular a produção de GH O paciente que tem
acromegalia tem uma chance maior para desenvolver resistência a insulina e possuir
diabetes mellitus tipo 2. Se o aumento do hormônio do crescimento está associado à
diabetes com alteração da glicemia e metabolismo de carboidratos, a redução está
associada com dislipidemia.
Pacientes com deficiência do hormônio do crescimento exibem um perfil lipídico
aterogênico, o aumento do colesterol total e colesterol LDL pois o hormônio do
crescimento é importante para expressão de receptores para o colesterol LDL no fígado.
Também pode haver aumento de triglicérideos e diminuição de HDL no paciente com
deficiência desse hormônio.
A amostra é soro por imunologia e os VR: até 5 ng/mL (homens); até 10 ng/mL
(mulheres).

Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)


O ACTH estimula a adrenal produzir cortisol, aldosterona e androstenediona. Seus
valores estão aumentados no tumor hipofisário produtor de ACTH e também está
aumentado na insuficiência da adrenal (doença de Addison). A amostra é plasma com
EDTA por quimioluminescência, a redução do ACTH é especialmente no hipopituitarismo,
que é a deficiência na glândula pituitária, na hipófise.
Cortisol
A redução do cortisol pode ser uma insuficiência primária (problema na adrenal - doença
de Addison), secundária (insuficiência na hipófise) ou terciária (no hipotálamo) ou por uso de
alguns fármacos.
A principal associação do aumento é a Síndrome de Cushing que pode ser causada pelo
tumor na hipófise, elevando ACTH que estimula a adrenal a produzir muito cortisol. A
dosagem na clínica é feita no soro, por quimioluminescência.

Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)


O ACTH estimula a adrenal produzir cortisol, aldosterona e androstenediona. Seus
valores estão aumentados no tumor hipofisário produtor de ACTH e também está aumentado
na insuficiência da adrenal (doença de Addison). A amostra é plasma com EDTA por
quimioluminescência, a redução do ACTH é especialmente no hipopituitarismo, que é a
deficiência na glândula pituitária, na hipófise.

Calcitocina
É secretada em resposta ao cálcio aumentado, porque ela reduz a reabsorção de cálcio e
excreta na urina. Está especialmente aumentada no carcinoma da tireoide, o que é
característico nesse paciente é hipocalcemia.
É um marcador importante no câncer da tireoide, parece ter boa correlação entre os
níveis de calcitonina e o volume do tumor e extensão da doença. Embora seja um bom
marcador de câncer da tireoide não é específico, também pode estar elevada em outros tipos
de carcinoma, doenças não malignas como pancreatite por exemplo.
Se a pessoa tem tumor ósseo ou Mieloma múltiplo, esses dois tumores levam a um
aumento na reabsorção óssea. Se for câncer da tireoide, calcitonina elevada e cálcio baixo. Se
for câncer ósseo ou mieloma, cálcio elevado e calcitonina elevada pra reduzir o cálcio.

Paratormônio (PTH)
Tem elevação no hiperparatireoidismo que são tumores nas glândulas paratireoides,
paratireóide está muito ativa produzindo PTH em grande quantidade. Esse paciente apresenta
hipercalcemia, pode também ser secundário devido a uma hipocalcemia. A pessoa tem má
absorção de cálcio, deficiência de vitamina d, não absorve o cálcio vai ter uma hipocalcemia,
vai aumentar esse PTH pra aumentar o cálcio.
A redução é o hipoparatireoidismo, é o déficit na paratireóide (primário), autoimune
afeta a paratireóide e diminui sua função, nesse caso observa-se hipocalcemia e pode ser
secundário por uma hipercalcemia, aumenta cálcio e diminui PTH pra evitar que aumente a
reabsorção de cálcio, aumenta cálcio na urina.

Hormônio Coriônico Gonadotrófico (hCG)


Está aumentado na gestação, tem função de auxiliar na fertilidade, esse hormônio não
está aumentado somente na gestação, mas também em alguns tumores, de placenta, de
ovários e de testículo também.

Hormônio placentário lactogênico


Também está aumentado durante a gestação, tem valor aumentado no crescimento da
placenta, recém nascidos de mães diabéticas, na gravidez múltipla, pode ter redução no tumor
de placenta.
Marcadores tumorais

Alfa-1-fetoproteína → aumentada especialmente no câncer hepático, importante pra


diagnóstico e avaliar prognóstico, quanto maior o nível maior é a extensão do tumor hepático,
dá pra dosar na gestante e recém nascido, pré eclâmpsia (elevação), síndrome de down
(redução), câncer testicular também aumenta.
Catecolaminas → neurotransmissores também podem estar alterados em alguns
tumores, são produzidos no cérebro e também na adrenal e neurônios, eles estão elevados em
feocromocitomas (tumores que afetam as adrenais), elevado em neuroblastomas em crianças.
Enolase neurônio específica → enzima que atua na via glicolítica na glicólise, também
está elevada em neuroblastoma, feocromocitoma, câncer da tireoide, não é muito específica e
por isso é pouco útil para diagnóstico, a principal aplicação é para monitorar a quimioterapia
e verificar qual o estágio da doença.
Gastrina → está elevada nos gastrinomas (tumores produtores de gastrina), tumores que
afetam pâncreas especialmente, intestino e estômago. A gastrina tem uma função de secretar
ácido no TGI, é comum esse paciente ter úlceras, esses gastrinomas podem ser benignos ou
malignos. Os pacientes também podem apresentar diarreia e esteatorreia devido ao dano no
pâncreas. As concentrações vez gastrina acima de 10x do VR normal na presença de
hipersecreção de ácido é diagnóstico de gastrinoma.
Fosfatase ácida prostática → é um marcador muito utilizado no câncer vez próstata,
antes do surgimento do PSA, essa enzima ainda pode ser utilizada mas como auxiliar junto
com PSA. Não fornece diagnóstico específico mas é encontrado em pacientes com
adenocarcinoma prostático, também está aumentado no câncer de próstata benigno, em
enfermidades ósseas.
Antígeno prostático específico (PSA) → é o mais utilizado para analisar o câncer de
próstata, é uma proteína produzida pela próstata, tem utilidade para fertilização de
espermatozóide. Elevação na neoplasia da próstata, hiperplasia prostática benigna, é útil para
avaliar a extensão do tumor, se tem metástase ou não, pra monitorar pós operatório. O VR é
de 0-4 ng/mL só que se der abaixo não exclui câncer de próstata.
Antígeno carcinoembrionário (CEA) → é a glicoproteína produzida pelo feto,
aumentada especialmente no câncer de colorretal, também está aumentado em outros tipos de
carcinoma, tem boa associação entre concentração sérica e metástase. Menor aplicação no
diagnóstico, maior aplicação para monitorar. Está elevado na cirrose, tem aumento no
fumante.
Antígeno de carboidrato → são antígenos contendo grande proporção de carboidratos,
tem inúmeros CA’s. O CA 15-3 é marcador especialmente de câncer de mama, não é tão
utilizado para diagnóstico, mas para monitorar. O CA 125 especialmente aumentado no
câncer de ovário também é mais útil para monitorar. O CA 19-9 no câncer de pâncreas,
também não específico, associa a métodos de imagem. O CA 72-4 especialmente no câncer
gástrico com maior uso na monitorização.
Oncogenes → são genes associados que podem causar a produção do tumor, o gene que
codifica pra síntese de proteínas, o gene ras codifica pra síntese de proteínas localizadas na
face interna da membrana plasmática, são importantes para ação do fator de crescimento,
pode ter elevação no neuroblastoma, leucemia, câncer pancreático, de bexiga. O gene c-myc
codifica pra produção de proteínas que vão atuar na replicação do dna, stá elevado em quem
tem leucemia e linfoma , utilizado para monitorar quimioterapia e o gene bcl-2, codifica pra
síntese de uma proteína que está nas mitocôndrias e está elevada em mielomas, linfomas.

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