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Índice
Declaração.............................................................................................................................................iii
Agradecimentos.....................................................................................................................................iv
Dedicatória.............................................................................................................................................v
Lista de quadros.....................................................................................................................................vi
Lista de Siglas e abreviatura.................................................................................................................vii
Resumo................................................................................................................................................viii
CAPITULO I: 1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
1.1.Delimitação da pesquisa.................................................................................................................11
1.1.1.Delimitação temática ou Conceptual...........................................................................................11
1.1.2.Delimitação Espacial...................................................................................................................11
1.1.3.Delimitação Temporal.................................................................................................................11
1.2.Justificativa....................................................................................................................................11
1.3.Problematização.............................................................................................................................12
1.4.Questões de pesquisa......................................................................................................................12
1.5. Hipóteses.......................................................................................................................................13
1.5.2. Hipóteses secundária..................................................................................................................13
1.6. Objectivo.......................................................................................................................................14
1.6.1. Objectivo Geral..........................................................................................................................14
1.6.2. Objectivos Específicos...............................................................................................................14
CAPITULO II: ENQUADRAMENTO TEÓRICO..............................................................................15
2.1. Literatura Teórica Sobre o Desflorestamento em Moçambique.....................................................15
2.1.1. Desflorestamento........................................................................................................................15
2.1.2. Abordagens sobre o Desflorestamento.......................................................................................16
2.1.3. Motivação para a prática do desflorestamento............................................................................17
2.1.4. Consequências do Desflorestamento..........................................................................................18
2.1.5. Factores que levam a prática do Desflorestamento.....................................................................19
2.1.6. Estratégias a serem adoptadas com vista a minimizar os impactos do desflorestamento no
povoado de Maloa................................................................................................................................21
2.2. Literatura Empírica sobre o Desflorestamento..............................................................................22
2.3. Literatura Focalizada.....................................................................................................................24
2.3.1. Localização, superfície e população...........................................................................................24
2.3.2. Localização do povoado de Maloa.............................................................................................24
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Declaração
Esta monografia é resultado da minha própria investigação, com auxílio dos meus colegas,
amigos e Docentes.
_________________________________________
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus por me ter concedido a vida, por iluminar e guiar o meu
Caminho e pela oportunidade de realizar este sonho.
Aos meus tios, Alves Álvaro e Hélia Carolino, por tudo que eles fizeram por mim, sobretudo
a confiança e a motivação que depositaram em mim para que este sonho fosse possível e que
além do papel de tios foram e continuam sendo como pais para mim.
Ao meu supervisor (Osório Joaquim Mineses, pela paciência e dedicação na correcção dos
meus erros durante a realização deste trabalho, pelo encorajamento e confiança nas minhas
capacidades académicas.
Agradeço a minha família, Tânia Rosário, Aurélio Mariano, Inoque Almiande, e em especial
o meu avô e tios pelo amparo, compreensão e que sempre estiveram ao meu lado durante esta
trajectória.
Aos meus amigos que para além de amigos, são como irmãos, Osvaldo Amigo, Waisson
Maluata, Barroso David, Ivan Maxwel e Reagan Gentil pelo espírito de companheirismo,
amizade e confiança que depositaram em mim acreditando nas minhas capacidades e
ambições, que de tal modo, contribuiu para minha educação académica e social.
Aos meus colegas do curso de ensino de Geografia, dentre eles, Reagan Gentil, Nina Joaquim,
pela amizade, conselho e incentivo que me transmitiram ao longo do curso.
Por fim, um especial e muito obrigado ao Centro de Ensino a Distância e a todos aqueles que
me ajudaram de forma directa e indirectamente para que chegasse a recta final do curso.
Gratidão!
v
Dedicatória
Dedico aos meus pais Rosário Henriques e Manuela Manuel Laquimane (que Deus os tenha)
por terem me trazido ao mundo e pelo amor incondicional e ensinamentos que antes me
transmitiram e incentivo para encarar a vida e seguir em frente.
Lista de quadros
Maloa…………………………………………………………………………………………35
Maloa…………………………………………………………………………………………
37Quadro 5:Respostas sobre os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado
de Maloa………………………………………………………………………………………39
Resumo
Abstract
The present scientific monograph, which has as its theme: “Impact of Deforestation in the
Povoado de Maloa, district of Morrumbala, between 2019-2021” is the result of a research
carried out in the Degree in Geography Teaching at the Catholic University of Mozambique.
The general objective of the study was to analyze the impact of deforestation on the village of
Maloa. The present work in terms of type is qualitative, where from the point of view of the
objectives it was descriptive-exploratory, whose methodologies strategies were based on
bibliographic research, through data collection instruments such as: direct observation and
structured interview. According to the results obtained during the data analysis, it was
concluded that the village of Maloa in recent times has been devastated by some phenomena
arising from deforestation that has triggered several negative impacts of a socioeconomic and
environmental nature, among which we highlight ecological imbalance, destruction of
vegetation, extinction of some wood and animal species, bringing as consequences the
influence on global warming, soil exposure to the weather, reduction of oxygen and others. In
this way, it was suggested to the local leaders, together with the community, to create an
organ to combat the illegal logging of some timber species, as well as the promotion of
activities to raise the awareness of the local population about the importance of forests for the
community. Finally, it was suggested to the district government not to distance itself from the
environmental and social problems in the village of Maloa and to help local leaders and
associations to combat this type of practice.
Keywords: Deforestation, Impact, Consequences, Environment.
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CAPITULO I: 1.INTRODUÇÃO
Neste contexto, a presente monografia científica, objectivou fazer um estudo em torno dos
“Impactos do Desflorestamento”, tendo como foco o Povoado de Maloa, Distrito de
Morrumbala, num período de estudo de dois anos, onde partiu do ano de 2019 e os resultados
finais são apresentados no ano de 2021. Tendo o autor em seus estudos exploratórios sobre o
tema em análise, constatado que diversas são os índices de desflorestamento da floresta no
povoado de Maloa, onde a mesma não obedece nenhum critério e nenhuma regra de proteção
ambiental, culminando com diversos impactos ao meio social e ambiental.
Deste modo, esta pesquisa justifica-se pela relevância e pertinência de discutir o tema
proposto, contribuindo assim para debates académicos e comunitários a cerca da importância
das florestas para a manutenção da qualidade ambiental e no desenvolvimento sustentável,
bem como dos impactos que o desflorestamento pode causar.
No que tange a organização da monografia, importa referir que a monografia está dividida em
cinco capítulos. O primeiro capítulo é composto por introdução, pela caracterização do tema,
problema, questões norteadoras, justificativa e objectivos; o segundo capitulo pelo referencial
teórico, o terceiro capítulo é composto pelo enquadramento metodológico da pesquisa, o
quarto pela análise e discussão dos resultados e finalmente o quinto capítulo pela conclusão,
sugestões e referências bibliográficas.
11
1.1.Delimitação da pesquisa
1.1.2.Delimitação Espacial
1.1.3.Delimitação Temporal
A pesquisa teve um intervalo de estudo de dois anos, partindo do ano de 2019, onde os
resultados finais são apresentados no ano de 2021.
1.2.Justificativa
A consciência da qual levou o autor a produzir este trabalho de pesquisa intitulado “Impactos
do Desflorestamento”, com foco no povoado de Maloa, está baseada em diversos argumentos
que contemplam a questão de aprofundar o que foi aprendido durante o curso, como forma de
estabelecer a ponte entre a teoria e a prática e pelo facto do autor ser residente do distrito de
Morrumbala no povoado de Maloa, estando se deparando com este fenómeno frequentemente
e o agravamento do mesmo.
De igual forma, pela relevância do tema, comoveu o autor a realizar a pesquisa como forma
de despertar os académicos e a comunidade no geral, o interesse em discutir a problemática
do impacto do desflorestamento no povoado de Maloa. O autor pretende com este projecto de
pesquisa, de maneira objectiva, suscitar, desenvolver e apresentar conhecimentos sobre a
importância da conservação dos recursos naturais.
Para a academia constitui uma modesta forma de aprofundar conhecimentos, pois a pesquisa
que será realizada, viabilizará o entendimento da realidade em torno do impacto do
desflorestamento. É importante destacar que as informações contidas neste trabalho,
oferecerão à sociedade modesta, fonte de informação actualizada e perspectivas de tratamento
12
desta matéria por vários autores, o que viabilizará o entendimento da realidade do povoado de
Maloa em torno de desflorestamento da vegetação, tornando deste modo mais fácil à busca de
possíveis soluções.
1.3.Problematização
Segundo a Direcção Nacional de Terras e Florestas (2003), a situação da pobreza das famílias
moçambicanas, a falta de alternativas, disponibilidade, acesso e custos fazem com que estas
recorram à floresta para a sua subsistência como resultado da forte dependência dos recursos
florestais. FALCÃO & EMERCIANO (2011), apontam que qualquer estratégia sustentável da
redução da pobreza deve assegurar o acesso aos recursos naturais pelos pobres e, ao mesmo
tempo, criar condições que permitam, às comunidades, manejá-los de forma sustentável.
Segundo SITOE et al. (2012), as agendas políticas e estratégias nacionais mostram que a
grande prioridade é a redução da pobreza, aumento da produção de alimentos e melhorias de
segurança alimentar. Entretanto, várias prioridades nacionais de desenvolvimento têm uma
relação intrínseca com a floresta.
1.4.Questões de pesquisa
As perguntas de pesquisas é uma proposição que pode ser colocada a prova para determinar
sua validade. “É uma suposição que antecede a constatação dos factos e tem como
característica numa formulação provisória que deve ser testada para determinar a sua validade
e sempre conduz a verificação empírica”. (MARCONI & LAKATOS, 2001)
13
1.5. Hipóteses
Vários são os impactos provocados pelo desflorestamento no povoado de Maloa, dentre eles
se destacam, problemas climáticos, alteração ou até extinção de cursos de águas, a
contaminação do solo e das águas subterrâneas, a alteração da paisagem, a modificação do
equilíbrio natural, a extinção de espécies endémicas, que se restringem a uma área
especialmente limitadas.
1.6. Objectivo
Neste capítulo foram apresentados, alguns conceitos e estudos feitos por diferentes autores na
área de estudo do trabalho, que serviu para conduzir o raciocínio e a apresentação do texto dos
resultados da pesquisa e o alcance dos objectivos pretendidos com a pesquisa.
Em Moçambique, 70% do território está coberto por formações vegetais, sendo 51% coberto
por florestas e 19% por outras formações lenhosas. É um dos poucos países na região que
ainda mantém uma proporção considerável da sua cobertura com florestas naturais
(aproximadamente 45 milhões de hectares). Uma parcela com 30% de copa é considerada
uma floresta, de acordo com a definição nacional de floresta, mesmo que possua mais de 20%
dos assentamentos, agricultura ou outros tipos de uso (MITADER, 2018).
2.1.1. Desflorestamento
De acordo com SILVA et al. (2009), baseando-se num estudo que tinha como objectivo
analisar a situação do desflorestamento da floresta a nível mundial, defendem que o
crescimento da população gera uma crescente demanda por produtos florestais e agro-
pecuários e pressiona os recursos naturais. Os mesmos autores referem que os factores que
influenciam o desflorestamento são o tamanho da população e a demanda de cada indivíduo
pelos produtos florestais.
Contudo, pese embora a abordagem considerar que o desflorestamento tem a ver com a
densidade populacional e que a população cresce diariamente, no nosso entender, por um
lado, os estudos deviam esclarecer em que países ocorrem, com frequência, o
desflorestamento, caracterizando a classe social, isto é, o poder económico. Por outro lado, os
estudos não apresentam as soluções para colmatar esta problemática. Esta abordagem não
apresenta de forma clara o conceito, o que, de certa forma, nos coloca uma dúvida sobre este
assunto em destaque.
FINCO (2000), considera que a questão que envolve a degradação ambiental, nos países
desenvolvidos, cedeu espaço, após o Relatório Brundtland, em 1987, a uma visão de que os
países em desenvolvimento exercem um papel na degradação dos recursos naturais e
ambientais até mesmo mais expressivo do que os países desenvolvidos e é a partir deste
relatório que a degradação ambiental passou a ser associada ao grau de pobreza da população.
Este uso está ligado à procura de alimentos, saúde (plantas medicinais), habitação (estacas,
bambus, capim, entre outros), assim como energia, a destacar a lenha e carvão vegetal para a
venda e o uso individual (MICOA, 2011). No que diz respeito à tecnologia, esta está
relacionada ao uso da lenha e carvão vegetal e, nota-se pouca investigação no sector da
energia, fundamentalmente, em relação a tecnologias adaptadas às condições reais das
diferentes regiões do país e limitado acesso aos recursos financeiros para aquisição de
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tecnologias energéticas melhoradas, tais como fogões eléctricos, fogões a gás, fogões
melhorados, aquecedores solares de água entre outros. No que diz respeito aos aspectos
socioculturais, estes estão ligados às práticas tradicionais e convicções da população que
contribuem para o contínuo uso de lenha e carvão para a energia doméstica em Moçambique
(idem).
Estatísticas oficiais indicam que mais da metade do volume da madeira comercial explorada
nos últimos anos é obtido apenas de três espécies comerciais: Afzelia (chanfuta), Pterocarpus
angolesis (Umbila) e Millettia stuhlmanni (Panga-panga), Pau-Preto, e a outra metade
correspondem a mais de 28 espécies (FAEF, 2013). Por outro lado, apesar da escassez de
dados, a exploração madeireira ilegal nas suas diferentes formas é provavelmente um dos
factores da degradação da floresta nativa que poderá ter implicações na sustentabilidade da
produção madeireira se não forem tomadas e reforçadas as medidas correctivas (FAEF, 2013).
Problemas climáticos, haja vista muitas florestas emitem uma grande quantidade de
humidade para a atmosfera, de forma que a sua retirada acarreta menores quantidades
de chuva e interferências nas medias de temperaturas em varias outras regiões que
costumam receber essa humidade. Há indício de que o aumento do desmatamento seja
um dos principais factores responsáveis pelo aquecimento global.
Por esse motivo, é intensificar as políticas de combate e controle do desmatamento,
criminalizando mais enfaticamente o processo de retirada ilegal de madeira,
ampliando a fiscalização e melhorando o sistema de vigilância. Além disso, o
reaproveitamento de produtos feito de madeiras ou substituição dessa matéria-prima
por outros tipos, reduzindo o consumo, também são formas de solucionar estes
problemas.
Fatores imediatos do desmatamento são na sua totalidade atividades humanas que diretamente
impactam a cobertura florestal tais como: a agricultura itinerante - A ação da agricultura causa
imediata do desmatamento é estimada em cerca de 80% a nível mundial (KISSENGER et al,
2012). Exploração madeireira - Os impactos diretos resultam da conversão direta de florestas
para áreas agrícolas permanentes ou agricultura itinerante (SITOE, A., SALOMÃO, A. e
WERTZ-KANOUNNIKOFF, S. 2012);
IMEDIATOS SUBJACENTES
Crescimento da população
Agricultura itinerante -Aumento da procura por produtos
-Expansão de áreas agricolas, alimentares , energia e áreas
-Aumento da procura interna por habitacionais,
produtos agricolas; -Distruição e Densidade populacional,
-Esgotamento da capacidade
produtiva dos solos
Subsistencia e pobreza
Exploração e consumo de -Recursos naturais única
bioenergia fonte de sobrevivencia.
-Aumento de necessidades
energeticas nas cidades e nas
zonas rurais (Demanda por lenha
e carvão).
Politicas governamentais
-Fraco monitoriamento e
Exploração madeireira fiscalizção de recursos
-Aumento da procura de recursos florestais.
madireiros no mercado nacional e
internacional;
-Concessões florestais e cortes ilegais.
1. Agricultura comercial;
2. Agricultura itinerante ou familiar de pequena escala;
3. Exploração de produtos florestais;
4. Lenha e carvão;
5. Expansão urbana e outras infraestruturas;
21
6. Mineração;
7. Pecuária.
Segundo MARZOLI (2007), defende que, uma das principais causas do desflorestamento no
país é a pressão humana que provoca as queimadas das áreas florestais para abrir áreas de
cultivos, colecta de lenhas e produção de carvão vegetal. O índice do desmatamento anual no
país, esta na casa dos 219,000 ha/anos, equivalente a uma mudança 0,58% ao ano (DNTF,
2007).
A maioria dos Moçambicanos vivem em áreas rurais e dependendo dos recursos naturais para
a suas sobrevivências diárias. Segundo NHABANGA & RIBEIRO (2009), apenas 7 à 9% da
população total de Moçambique tem acesso a electricidade cabendo a restante população fazer
o uso da lenha, do carvão petróleo e do gás. No entanto, o baixo acesso a electricidade, não se
deve abaixar a produção de energia no país, mas a priorização desta para a exploração e
industrialização.
tendo em consideração a dependência das comunidades dos recursos naturais. Com base nesse
conhecimento, surgiram as iniciativas de manejo comunitário dos recursos naturais que visam
melhorar simultaneamente as condições de vida das comunidades rurais e garantir a
participação e a gestão sustentável dos recursos disponíveis (CUCO, 2005).
Estudos realizados sobre o desflorestamento apresentado por diversos autores tais como:
(SITOE, A., SALOMÃO, A. & WERTZKANOUNNIKOFF, S, 2012); (SITOE, A., (FAEF,
2013); (SITOE, A., MIRIRA, R. & TCHAÚQUE, F 2007), dentre outros, apresentaram
alguns resultados negativos, que de acordo com estas instituições foram provocados pela
evolução do desflorestamento.
Segundo (CEAGRE & WINROCK, 2016, MITADER 2016), estudos recentes sobre o
desflorestamento em Moçambique demonstram uma tendência cada vez mais crescente deste
problema causado principalmente por dois processos: 1) expansão da agricultura itinerante e
2) exploração de madeira, carvão vegetal e lenha. SITOE e SÁ-NOGUEIRA (2017) fazem
referência da insustentabilidade dos atuais níveis de desflorestamento na perspetiva
económica e ambiental.
23
Existe uma Politica de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia (PEDFFB) que define
como objectivo geral, para um horizonte a longo prazo o seguinte " proteger, conservar,
desenvolver e utilizar de forma sustentável os recursos florestais e faunísticos para o benefício
económico, social e ecológico da actual e futura gerações de moçambicanos". Devendo assim
haver um equilíbrio entre os objectivos de produção e conservação, bem como entre os
objectivos económicos, sociais e ambientais.
A aprovação de Leis de Florestas e Fauna Bravia em 1999 (Lei n° 10/99) assim como o
respectivo regulamento em 2002 pelo Decreto n° 12/2002 constituiram sinais importantes não
só por trazer uma base legal para o corte do combate ilegal como também por incluir novas
abordagens tais como a possibilidade de participação das comunidades locais, do sector
privado e da sociedade civil em geral em acções inerentes ao combate ao corte ilegal. No
entanto, Moçambique não possui um sistema de maneio florestal eficiente, o que leva a uma
exploração inadequada dos recursos florestais. A maioria do volume de madeira explorado é
através de operadores de licença simples em vez de exploração em regime de concessão. A
fraca capacidade industrial para a transformação secundaria dos toros em madeira serrada ou
outros produtos acabados leva a que muita madeira exportada seja em toros brutos, trazendo
retornos relativamente reduzidos em comparação à madeira serrada (PEDFFB, 1999), que é
mais cara devido ao acabamento.
De acordo com MACKENZIE (2006) três pilares são fundamentais para uma gestão sadia do
sector das florestas com vista a garantir o desenvolvimento local a longo prazo:
Um sistema para limitar o corte anual para níveis que possam ser sustentáveis a longo
prazo;
Concessões florestais, com planos de maneio, de áreas suficientes para serem
económicas;
Processamento dentro do pais com uma capacidade industrial que esteja em equilíbrio
com a produtividade das florestas.
Segundo o IIAM (2009), a exploração dos recursos florestais naturais, não esta a ser realizada
com base num conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas
formações, suas capacidades de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de
evolução e sucessões florestal após a perturbação. Isto resulta na degradação dos
ecossistemas, pondo em causa a sustentabilidade dos recursos florestal. Assim sendo, é
imprescindível que se adquira um conhecimento destes processos fundamentais para que se
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Este ponto faz referência a localização geográfica da área de estudo e seus aspectos físico-
naturais como geologia, relevo, solos, clima, cursos hídricos, paisagem e a fauna para melhor
enquadramento do assunto.
Com uma área de 12 801 km², Morrumbala é o maior distrito da província da Zambézia,
possuindo, em 2007, o segundo maior número de residentes, 358 913, um valor só suplantado
pelo vizinho Milange.
2.3.5. Morfologia
Verificando-se assim, o extremo Oeste do Distrito apresenta uma área de Planície (altitudes
até aos 200 m) que dá lugar uma faixa longitudinal (orientada Suldoeste-Nordeste) de
Planaltos Médios (altitudes entre os 200 m e os 500 m) que culminam em duas
sobreelevações, a Nordeste do Distrito, área de Antiplanalto que atinge altitudes de 1 000 m e,
a Sudoeste área de Montanha que atinge altitudes de 1 100m (conhecida como a Montanha da
Morrumbala);
2.3.6. Solos
A análise dos solos do Vale do Zambeze teve como referência três cartas de solos do território
moçambicano, a referir: à escala 1:1 000 000, a base publicada pelo INAM; à escala 1:2 000
000, a base publicada pelo Soil and Terrain Database for Southern Africa – International Soil
Reference and Information Center (SOTERSAF, 2003); e à escala 1:3 000 000, a base do
Atlas de Solos de Africa (Soil Atlas of Africa, 2013). As três referências utilizam
classificação da Base de Referência para os Solos do Mundo – World Reference Base for Soil
Resouces (WRB) (FAO, 2006).
26
O Distrito é atravessado, entre outros, pelos rios Chire, Luala, Luamba, Muelide, Missongue,
Thambe, Luó e Bualizo, destacando-se pela sua importância e caudal transportado o rio Chire.
O rio Chire, de regime permanente, constitui o principal afluente do rio Zambeze em
Moçambique. Tem origem no Lago Niassa, considerado o terceiro maior lago natural de
África; - Ao longo do seu trajecto, o Chire recebe caudal dos rios Missongue e Nhatéza
(principais sub-bacias). O vale do rio Chire é ciclicamente afectado por cheias com carácter
destruidor, numa zona em que agricultura e pesca constituem duas das principais fontes de
rendimento dos agregados familiares; Existem dois postos hidrométricos no rio Chire (E289
Megaza e E288 Chire Batelão).
2.3.8. Clima
Verifica-se que cerca de 95% do Distrito de Morrumbala apresenta uma temperatura média
anual superior a 25ºC, e que somente 5% do Distrito apresenta uma temperatura média anual
abaixo dos 25ºC.
2.3.9. Paisagem
Desta forma será apresentado neste ponto o método da pesquisa, a natureza da pesquisa, o tipo
de pesquisa, os objectivos de pesquisa, os procedimentos técnicos e as técnicas de recolha de
dados como também o universo e a amostra para a pesquisa.
De acordo com a monografia foi utilizada uma pesquisa do tipo qualitativa, com vista a
perceber melhor o fenómeno e a sua manifestação. Ainda pelo facto da pesquisa ser de
opinião e não envolvera o uso de métodos estatísticos ou numéricos, não só permite melhor
compreensão sobre as opiniões dos entrevistados, pois possibilita ao pesquisador maior
apropriação e aproximação de todos os processos e resultados obtidos e quando bem aplicada,
a pesquisa qualitativa fornece uma riqueza das análises de dados, proporcionando uma
realidade mais assertiva sobre aquilo que está sendo estudado.
Segundo LÍBANIO (2006, p.123) aponta que a pesquisa qualitativa está mais relacionada no
levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em compreender e interpretar
determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população.
É exploratória, portanto não tem o intuito de obter números como resultados, mas insights–
muitas vezes imprevisíveis que possam nos indicar o caminho para tomada de decisão
correcta sobre uma questão-problema.
Para PRODANOV, et al, (2013, p.70) a pesquisa qualitativa considera que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo de
29
pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente
natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Tal
pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
De acordo com PRODANOV & FREITAS (2013, p.51) de um modo geral as pesquisas
quanto a natureza podem ser classificadas como pesquisas: básica e aplicada.
Desta forma, a pesquisa que é apresentada quanto a sua natureza é classificada como uma
pesquisa básica que segundo FONSECA (2002, p.20), este tipo de pesquisa pretende gerar
conhecimentos para aplicação prática e solução de problemas específicos de salubridade
ambiental. Assim esta é uma pesquisa puramente teórica, que requer obrigatoriamente uma
revisão bibliográfica.
3.3. Universo e amostra
A pesquisa envolveu a comunidade do distrito de Morrumbala com principal destaque aos que
vivem no povoado de Maloa, estimados pelo INE (2017) em 16,915 habitantes, desagregados
por idade e sexo, sendo 6,475 homens e 10,440 mulheres, conforme o censo populacional e
habitacional de 2017. Com este grupo de população foi possível identificar e levantar os
aspectos relevantes ao objectivo do trabalho. Só com este grupo alvo, é que será possível
colher informações concretas sobre como se manifesta a problemática em estudo, quais as
consequências bem como as possíveis medidas de mitigação da mesma.
Como não será possível trabalhar com todos, foi seleccionada uma amostra intencional
constituída por 30 indivíduos dos quais moradores do povoado de Maloa, dentre estes, um (1)
Régulo, isto é, vinte e seis (26) Moradores do povoado de Maloa, para além deste farão parte
da nossa amostra dois (4) Técnicos dos Serviços Distritais de Gestão dos Recursos Naturais.
Optou-se por esta técnica não probabilística intencional por ser mais fácil de gerir e de obter
os elementos pertinentes a amostra e a mais adequada em estudos de opinião e para a
metodologia qualitativa (LAKATOS & MARCONI, 2007, p.86).
30
1 Fumo M/F 1
25 Moradores M 13
F 12
Total 30
De acordo com PRODANOV, et al, (2013, p.26) por método podemos entender o caminho, a
forma, o modo de pensamento. É a forma de abordagem em nível de abstracção dos
fenómenos. É o conjunto de processos ou operações mentais empregados na pesquisa.
Para elaboração da presente trabalho, foi usado o método indutivo, que segundo GIL (1999)
como citado em SILVA (2004, p.26), no raciocínio indutivo a generalização deriva de
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração
de generalizações. Este método, foi usado e facilitou a observação de um caso concreto, neste
caso do povoado de Maloa em relação ao estado actual do desflorestamento. E a partir das
conclusões tiradas deste povoado em torno dos impactos do desflorestamento do floresta,
31
Do ponto de vista dos objectivos, neste trabalho será usada a pesquisa exploratória, pois
segundo GIL (2010, p.28), esta pesquisa, será utilizada na medida em que o estudo procurou
entender por meio de várias fontes “orais e escritas”, sobre a questão em análise, e
proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua
definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a
fixação dos objectivos e a formulação das questões de partida ou descobrir um novo tipo de
enfoque para o assunto.
Para PRODANOV, et al, (2013, p.36) diferentes dos métodos de abordagem, os métodos de
procedimentos (considerados às vezes também em relação às técnicas) são menos abstractos;
são etapas da investigação. Assim, os métodos de procedimento, também chamados de
específicos ou discretos, estão relacionados com os procedimentos técnicos a serem seguidos
pelo pesquisador dentro de determinada área de conhecimento. O (s) método (s) escolhido (s)
determinará (ão) os procedimentos a serem utilizados, tanto na colecta de dados e
informações quanto na análise.
Segundo GIL, (2008, p. 15) argumenta que “Esses métodos têm por objectivo proporcionar ao
investigador os meios técnicos, para garantir a objectividade e a precisão no estudo dos fatos
sociais.” Mais especificamente, visam a fornecer a orientação necessária à realização da
pesquisa social, em especial no que diz respeito à obtenção, ao processamento e à validação
dos dados pertinentes à problemática objecto da investigação realizada.
Pesquisa bibliográfica; e
Observação directa.
32
Neste sentido usou-se este método como forma de fazer a sustentação teórica da pesquisa bem
como dos conteúdos relacionados com o desflorestamento, assim como para demonstrar a
relevância e a importância dos recursos vegetais para o desenvolvimento da vida na terra.
Para LAKATOS & MARCONI (2003), a observação é uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou
fenómenos que se desejam estudar. A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter
provas a respeito de objectivos sobre as quais os indivíduos não têm consciência, mas que
orientam seu comportamento (p.191).
Com tudo esta técnica permitirá a realização de observação “in loco” dos principais
problemas resultados do desflorestamento no povoado de Maloa. Também permitirá observar
aspectos físicos e ambientais da formação vegetal deste povoado, assim das condições
socioeconómicas em que vivem ou se encontram a população do povoado de Maloa.
33
Na concepção de TUNES (1991, p.41), os recursos mais usados na pesquisa qualitativa são as
entrevistas em profundidade, observação em campo (observar o comportamento do
consumidor, por exemplo), entrevistas por telefone, etc. Assim como instrumento de recolha
de dados foi utilizado a entrevista e quanto ao local de realização da pesquisa, esta é uma
pesquisa de campo.
De acordo com PRODANOV e t al (2013, p.56), a pesquisa de campo é aquela utilizada com
o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual
procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir
novos fenómenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de factos e fenómenos tal
como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a eles referentes e no registo de
variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.
3.7.1. Entrevista
A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional
(LAKATOS & MARCONI, 2003).
Neste capítulo foi feito a apresentação, análise e interpretação dos dados colhidos durante o
trabalho de campo, onde apresentaram-se os resultados dos dados já analisados e interpretados
a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos anteriormente mencionados.
Desflorestamento
Colocada a questão ao grupo alvo da pesquisa que procurava saber o significado do termo
desflorestamento, obtivemos as seguintes respostas como ilustra o quadro 1.
Percepções estas que vão ao encontro dos conceitos avançados por WALKER (1999) e
(PRATES, 2008), onde de acordo com WALKER (1999), o desflorestamento é a capacidade
para derrubar determinada área de floresta densa que está baseada na força de trabalho
familiar e na posse de determinados equipamentos, como a motosserra.
Já na visão de PRATES (2008), “o desflorestamento é uma actividade que visa a retirada total
da cobertura vegetal nativa de uma área ou a degradação de uma área de floresta pela redução
da densidade e a alteração da estrutura espacial das árvores, com perda de biomassa,
diversidade genética e de espécies além da redução na efectividade de serviços ambientaisˮ.
As mesmas respostas são alicerçadas pelas observações efectuadas pelo autor da pesquisa,
onde observou que o desflorestamento no povoado de Maloa é uma realidade e dia pós dia as
espécies florestais do povoado de Maloa vão desaparecendo, merecendo desta forma uma
intervenção, com vista a parar o fenómeno de desflorestamento no povoado de Maloa.
Constatações estas que são alicerçadas por ANGELSEN et al. (2001), quando salienta que o
pressuposto básico do modelo é de que, a pressão populacional é o principal factor do
desflorestamento pois o crescimento da população humana gera a necessidade de novas áreas
agrícolas e desmatamento devido à alta demanda de biomassa lenhosa para a produção de
carvão.
Contudo, pese embora a abordagem considerar que o desflorestamento tem a ver com a
densidade populacional e que a população cresce diariamente, no nosso entender, por um
lado, os estudos deviam esclarecer em que países ocorrem, com frequência, o
desflorestamento, caracterizando a classe social, isto é, o poder económico. Por outro lado, os
estudos não apresentam as soluções para colmatar esta problemática. Esta abordagem não
apresenta de forma clara o conceito, o que, de certa forma, nos coloca uma dúvida sobre este
assunto em destaque.
Em relação ao tipo de corte que é mais frequente no povoado de Maloa, os nossos informantes
responderam o referenciado no quadro 4.
Quadro 4: Resposta sobre o tipo de corte que ocorre com mais frequência no povoado de
Maloa.
Questão 4:Que tipo de corte ocorre com mais frequência no povoado de Maloa?
Informantes Respostas
38
MFM TGRN
MFM9; MFM10; MFM16; MFM26 0 Selectivo
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 Não selectivo
MFM6; MFM8; MFM11; MFM12; TGRN2
MFM13; MFM14; MFM15; MFM18; TGRN3
MFM19; MFM20; MFM21; MFM22; TGRN4
MFM23; MFM24;
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não sei
Fonte: O autor (2022)
Conforme, as respostas acima fornecidas pelos Técnicos dos Recursos Naturas e os moradores
do povoado de Maloa, sustentam que, o tipo de corte que, ocorre com mais frequência
naquele povoado é o corte não selectivo, motivo pelo qual os exploradores ilegais, junto a
comunidade não obedece nenhum critério no abate deste recurso, devastando assim algumas
espécies na sua fase de desenvolvimento e diversos ecossistemas terrestres, deixando a
floresta vulnerável a catástrofes naturais e pobre em diversas espécies vegetais e animais que
pode desencadear consequências drásticas na sobrevivência da população do povoado.
Do mesmo jeito em que as observações efectuadas pelo autor da pesquisa na área de estudo,
evidenciou que o processo de corte das árvores no povoado de Maloa não é selectivo, onde a
maioria dos praticantes do desflorestamento no povoado de Maloa com principal destaque a
população local, corta tudo mesmo os pequenos arbustos.
As perceções acima referidas coadunam com a linha de pensamento do IIAM (2009), onde
enaltece que, a exploração dos recursos florestais naturais, não esta a ser realizada com base
num conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas
formações, suas capacidades de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de
evolução e sucessões florestal após a perturbação. Isto resulta na degradação dos
ecossistemas, pondo em causa a sustentabilidade dos recursos florestal. Assim sendo, é
imprescindível que se adquira um conhecimento destes processos fundamentais para que se
desenvolvam programas de maneio que garantam a capacidade de regeneração e
desenvolvimento das espécies e que identifiquem tecnologias silviculturais adequadas às
diferentes formações florestais.
também para abertura de rotas ou mesmo via de acessos para diversos pontos do povoado; as
queimadas descontroladas, este também é um dos factores que influencia no desflorestamento
no povoado de Maloa pelo facto da população residente no povoado de forma constante,
praticar queimadas a procura de animais como ratos ou mesmo para abertura de campos
agrícola.
Por outro lado, ainda entendeu-se junto dos informantes que existem ainda outros factores que
contribuem no desflorestamento no povoado de Maloa tais como o crescimento populacional
e construção de habitações, isto é, a população do povoado de Maloa ano pós ano tem
crescido bastante e como resultado é o alargamento do povoado para outras áreas como forma
de suportar o crescimento populacional, não só a construção da habitações é feita com base
em materiais provenientes das árvores, assim estes abatem as florestas como forma de obter
material de construção, abertura de vias de acesso, factor este que tem forte ligação com a
construção de habitações, na medida em que o povoado vai se alastrando com novos
moradores, isto é, para permitir a livre circulação dos mesmos e a exportação de produtos.
Os factores não param por ai, os informantes mencionaram também outros factores tais como
a pobreza; fabrico de bebidas caseiras; actividade pecuária e extração de madeira e produtos
madeireiros, isto é, pelo nível de pobreza da população residente no povoado de Maloa, estes
vêm a floresta como a base de subsistência, utilizando-se dos seus diversos recursos como a
madeira para a comercialização a lenha para o fabrico de bebidas alcoólicas, não só, a
extração da madeira figura como um dos maiores factores de desflorestamento no povoado de
Maloa pelo facto da madeira ser um produto muito procurado a nível nacional e internacional.
Este uso está ligado à procura de alimentos, saúde (plantas medicinais), habitação (estacas,
bambus, capim, entre outros), assim como energia, a destacar a lenha e carvão vegetal para a
venda e o uso individual (MICOA, 2011). No que diz respeito à tecnologia, esta está
relacionada ao uso da lenha e carvão vegetal e, nota-se pouca investigação no sector da
energia, fundamentalmente, em relação a tecnologias adaptadas às condições reais das
diferentes regiões do país e limitado acesso aos recursos financeiros para aquisição de
41
tecnologias energéticas melhoradas, tais como fogões eléctricos, fogões a gás, fogões
melhorados, aquecedores solares de água entre outros. No que diz respeito aos aspectos
socioculturais, estes estão ligados às práticas tradicionais e convicções da população que
contribuem para o contínuo uso de lenha e carvão para a energia doméstica em Moçambique
(idem).
Conforme as respostas dadas pelos informantes entrevistados, apontam que vários são os
impactos negativos que se pode esperar do desflorestamento de áreas florestais, dentre as
quais citam-se a perda da cobertura vegetal, isto é, com o abate constante das árvores e a
prática das queimadas as áreas que num dia passado eram considerados como florestais,
perdem a sua cobertura vegetal e passam a ser áreas desflorestadas. Por outro lado os
informantes mencionaram a perda e extinção das espécies animais e vegetais ou destruição de
ecossistemas, isto é, com o abate constante das árvores algumas delas vão desaparecendo bem
como os animais que sobreviviam nestas árvores morrem e outros migram para outros locais
propícios para a sua sobrevivência, visto que as áreas florestais são consideras como
ecossistemas naturais por abrigar diversas espécies de seres vivos.
Ainda alicerçando-se das observações efectuadas pelo autor da pesquisa conclui-se que a
perda da biodiversidade terrestre no povoado de Maloa é um dos principais impactos do
desflorestamento nesta área de estudo.
Estas considerações, coincidem com o raciocínio de SITOE et al. (2013), que salienta que os
padrões de desflorestamento, à escala nacional e subnacional, são pressionados pela densidade
populacional aliada ao ecossistema. Assim, acredita-se que ecossistemas de florestas costeiras
sejam particularmente pressionados na zona sul de Moçambique, devido à elevada
concentração da população na costa, enquanto ecossistemas de miombo são os que recebem
maior pressão no centro e norte.
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 Erosão e degradação dos solos, perda do
MFM6; MFM8; MFM9; MFM10; TGRN2 oxigénio, mudanças climáticas e
MFM20; MFM21; MFM22; MFM23; TGRN3 aquecimento global.
MFM24; MFM26
TGRN1 Destruição da paisagem natural
MFM11; MFM12; MFM13; MFM14 TGRN4 Dificuldades das populações no
autossustento
TGRN4 Alteração no ciclo hidrológico,
MFM15; MFM16; MFM18; MFM19 TGRN1 Vulnerabilidade em ser atingido pelos
ciclones e intempéries naturais
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não sei
0
Fonte: Autor 2022.
Olhando para as respostas patentes no quadro (7) dadas pelos informantes, afirmam que as
consequências que advém no final deste tipo de actividade, podem ser consideradas as
seguintes; erosão e degradação dos solos, isto é, após ser realizada o abate das árvores, o solo
tona-se propenso a intempéries como por exemplo chuvas, altas temperaturas, tonando-o
pobre em sais minerais e humos para a prática agrícola; por outro lado os informantes
mencionaram a perda do oxigénio, factor este que tem sido o tema de debate para as varias
nações em particular para Moçambique, problema este que urgi na retirada da paisagem verde
dificultando assim, a troca gasosa entre as plantas e o ser humano; mudanças climáticas e
aquecimento global.
É sabido que as plantas absorvem os raios solares e o dióxido de carbono, evitando assim a
forte incidência e a presença do gás carbónico na atmosfera, contribuindo desta forma para a
redução do calor e ar puro no planeta terra. Compreendeu-se também a destruição da
paisagem natural, na medida em que, se intensifica o corte das árvores os locais verdes podem
ser extintos, dando espaço a desertificação de vários lugares, contribuindo para a fraca
habitação, pela falta dos recursos vegetais. Dificuldades das populações no autossustento foi
também uma das consequências mencionadas, isto é, as florestas desempenham uma grande
importância para as comunidades, fornecendo frutos, lenha, carvão vegetal e animais que lá
existem para a sobrevivência do ser humano. Alteração no ciclo hidrológico, este fenómeno
deixa em causa a redução das precipitações, até mesmo alterando as estações anuais. Outra
consequência foi a vulnerabilidade em ser atingido pelos ciclones e intempéries naturais, isto
é, as plantas podem ser usadas para o combate de eventos naturais como é o caso dos ciclones
e chuvas fortes reduzindo ou mesmo desviando, contribuído para a minimização dos seus
impactos.
44
Esta linha de pensamento coincidem com as constatações apuradas por FAEF (2013), quando
realça que por outro lado, apesar da escassez de dados, a exploração madeireira ilegal nas suas
diferentes formas é provavelmente um dos factores da degradação da floresta nativa que
poderá ter implicações na sustentabilidade da produção madeireira se não forem tomadas e
reforçadas as medidas correctivas
Referente a importância das árvores para a sobrevivência dos seres vivo, fez-se uma questão
procurando saber a percepção dos informantes em relação a importância das árvores, onde
obteve-se como resposta o seguinte, quadro 8.
Quadro 8: Resposta sobre a importância das árvores para a sobrevivência dos seres vivos.
No mesmo contexto, concluiu-se junto dos informantes que as arvores ou mesmo as florestas
são importantes porque fornecem lenha, carvão vegetal, fruto e madeira para a construção das
casas; fornece oxigénio como mencionado nas questões anteriores, onde ficou que as plantas
são os pulmões do planeta terra. Ainda sobre a importância a pesquisa concluiu junto dos
informantes que as plantas ajudam a combater os ciclones, erosão e chuvas fortes bem como
são fonte de obtenção de alimentos, isto é, é de conhecimento de muitos de nós que
Moçambique é um pais em via de desenvolvimento onde a maioria da população
moçambicana sobrevive através dos recursos florestais, por esta razão as florestas são de
suma importância para a sobrevivência dos seres vivos.
Em Moçambique, 70% do território está coberto por formações vegetais, sendo 51% coberto
por florestas e 19% por outras formações lenhosas. É um dos poucos países na região que
ainda mantém uma proporção considerável da sua cobertura com florestas naturais
(aproximadamente 45 milhões de hectares). Uma parcela com 30% de copa é considerada
uma floresta, de acordo com a definição nacional de floresta, mesmo que possua mais de 20%
dos assentamentos, agricultura ou outros tipos de uso (MITADER, 2018).
Com base nas informações fornecidas pelos entrevistados e as observações efectuadas na área
de estudo pelo autor da pesquisa, entendeu-se que para minimizar os impactos negativos do
desflorestamento no povoado de Maloa é necessário a adopção das seguintes estratégias:
criação de programas de reflorestamento, isto é, o plantio de novas árvores em substituição
47
daquelas que são abatidas e das áreas totalmente abatidas, onde deve-se evitar no mínimo o
corte excessivo de árvores, principalmente as mais jovens; criação de programas de educação
ambiental através de organização de palestras e reuniões no seio da comunidade do povoado
de Maloa para a consciencialização e sensibilização da população, como forma de dar a
conhecer a população local a importância dos recursos florestais para a sobrevivência dos
seres vivos e das consequências que podem advir se os mesmos não forem explorados de
forma racional e sustentável, para as mesmas serem vigilantes e denunciarem qualquer acto de
corte ilegal das arvores.
Ainda com a pesquisa, entendeu-se que deve-se potenciar a população exploradora em outras
actividades remuneradas, isto é, percebeu-se que a maioria da população que dedica-se ao
abate de árvores não tem um emprego ou mesmo uma actividade de subsistência a não ser o
corte e a comercialização dos recursos florestais da sua comunidade, assim sendo deve-se
criar oportunidade de emprego a estas populações com vista a incentivar a sua saída na prática
do desflorestamento. Também entendeu-se que deve-se criar e intensificar as equipas de
fiscalização dos recursos florestais em Maloa do mesmo jeito a criação de associações
comunitárias de combate ao desflorestamento para racionalização, protecção, plantio e
conservação das plantas, como também a não atribuição de licenças de cortes de árvores a
privados ou mesmo indivíduos.
Em defesa as constatações acima evidenciadas a CUCO (2005), concluiu que para o combate
ao desflorestamento deve-se criar projectos de reflorestamento bem planejados e investir nos
serviços ambientais, (p. ex., com base no projecto presidencial “Uma Árvore um Líder”),
garantindo a utilização de espécies autóctones adaptadas às características de cada área e a
auto-sustentabilidade dos recursos, no sentido de criar uma produção florestal mais
profissional, sustentável e económica. Promover projectos de desenvolvimento de pequena e
média escala baseados nas florestas, especialmente para as populações mais pobres, as que
dependem mais delas. Promover o uso da madeira como fonte de energia e reutilizar ou
reciclar os produtos de madeira. Melhorar a comunicação e a cooperação internacional,
incentivando a pesquisa e a educação ambiental, facilitando créditos e integrando os projectos
florestais na macroeconomia. Criação de viveiros florestais (para produção de espécies
autóctones), promovendo a criação de emprego na área florestal.
A aprovação de Leis de Florestas e Fauna Bravia em 1999 (Lei n° 10/99) assim como o
respectivo regulamento em 2002 pelo Decreto n° 12/2002 constituiram sinais importantes não
só por trazer uma base legal para o corte do combate ilegal como também por incluir novas
48
5.1. Conclusão
Por outro lado, concluiu-se que os impactos negativos que se pode esperar do
desflorestamento de áreas florestais em Maloa são a perda da cobertura vegetal; perda e
extinção das espécies animais e vegetais ou destruição de ecossistemas; destruição da
estrutura natural ou mesmo desequilíbrio ecológico, isto é, dificuldades de sobrevivência de
diversas espécies de animais nestas áreas desflorestadas e a alteração das condições naturais
do local.
5.2. Sugestões
A importância económica social, cultural e científica dos recursos florestais e faunísticos para
a população do povoado de Maloa justifica que se estabeleçam leis e normas adequadas que
promovam sua utilização sustentável bem como a promoção de iniciativas para garantir a
protecção, conservação e a preservação dos recursos florestais e faunísticos que ali existe,
visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade do povoado de Maloa e outras.
COLLIS, Jil; HUSSEY, Roger (2005). Pesquisa em administração: um guia pratico para
alunos de graduação e pós-graduação. (Trad. Lúcia Simonini). 2.ed Porto Alegre Bookman.
EGAS, Andrade F. et. Al. (2016). Estudo das Causas do Desmatamento e da degradação
florestal nos distritos abrangidos pelo Programa de Gestão Integrada de Paisagem de
51
GIL, A. C (2010). Como elaborar projectos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas.
GIL, António Carlos (2002). Como elaborar Projecto de pesquisa. 4ª Ed. São Paulo.
LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Maria de Andrade (2003). Fundamento de metodologia
científica. 5 ed. São Paulo. Atlas
LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Maria de Andrade (2007). Metodologia de trabalho
cientifico.7ª ed. São Paulo Atlas.
LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Maria de Andrade (2009). Metodologia de trabalho
científico. Atlas S. Paulo.
52
LAKATOS, Eva Maria & Marconi, Marina de Andrade (2001). Fundamentos de metodologia
científica 4.ed. São Paulo: Atlas
NERICE; I. G. (1989). Didáctica Geral Dinâmica (10ªed). São Paulo, Brasil: Atlas S. A.
Passos. Danicle de Oliveira (2014). Análise dos Impactos do Desmatamento entre 1988 e
2008 no Município de Governador Jorge Teixeira (RO) a partir de imagem de satélite.
Universidade de Brasília. Monografia de projecto final em sensoriamento remoto. Brasília
Ribeiro, D. e Nhabanga, E. 2009. Levantamento preliminar da problemática das florestas de
Cabo Delgado. Justiça ambiental. Maputo.
SITOE, A., MIRIRA, R. & TCHAÚQUE, F,(2007). Avaliação dos níveis de consumo da
energia de biomassa nas províncias de Tete, Nampula, Zambézia, Sofala, Gaza e Maputo.
Relatório final. Ministério da Energia e Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal
Maputo, Moçambique.
SITOE, Almeida, SÁ-NOGUEIRA, (2017). “Avaliação dos impactos dos investimentos nas
plantações florestais da Portucel-Moçambique nas tecnologias agrícolas das populações loca
nos distritos de Ile e Namarrói, província da Zambézia.
APÊNDICES E ANEXOS
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1. O que é desflorestamento?____________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3. Quem são os responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa e para que fins
usam os troncos das árvores?____________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. Que tipo de corte ocorre com mais frequência no povoado de Maloa? Selectivo______Não
Selectivo____
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
a) Se sim qual é a importância das árvores e das florestas para a nossa sobrevivência?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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57