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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA
CENTRO DE RECURSOS DE QUELIMANE

Impacto do Desflorestamento no Povoado de Maloa, Distrito de Morrumbala, entre


2019-2021

Candidato: Luís Rosário Henriques: Código:708181486

Supervisor: dr. Osório Joaquim Mineses

Quelimane, Maio de 2022


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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


CENTRO DE RECURSOS DE QUELIMANE

Impacto do Desflorestamento no Povoado de Maloa, Distrito de Morrumbala, entre


2019-2021

Candidato: Luís Rosário Henriques: Código:708181486

Monografia Científica submetida ao


Instituto de Educação à Distancia da
Universidade Católica de Moçambique,
Centro de Recursos de Quelimane, como
requisito para obtenção do grau
académico de Licenciatura em Ensino de
Geografia.

Orientador dr. Osório Joaquim Mineses.

Quelimane, Maio de 2022


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4

Índice

Declaração.............................................................................................................................................iii
Agradecimentos.....................................................................................................................................iv
Dedicatória.............................................................................................................................................v
Lista de quadros.....................................................................................................................................vi
Lista de Siglas e abreviatura.................................................................................................................vii
Resumo................................................................................................................................................viii
CAPITULO I: 1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................10
1.1.Delimitação da pesquisa.................................................................................................................11
1.1.1.Delimitação temática ou Conceptual...........................................................................................11
1.1.2.Delimitação Espacial...................................................................................................................11
1.1.3.Delimitação Temporal.................................................................................................................11
1.2.Justificativa....................................................................................................................................11
1.3.Problematização.............................................................................................................................12
1.4.Questões de pesquisa......................................................................................................................12
1.5. Hipóteses.......................................................................................................................................13
1.5.2. Hipóteses secundária..................................................................................................................13
1.6. Objectivo.......................................................................................................................................14
1.6.1. Objectivo Geral..........................................................................................................................14
1.6.2. Objectivos Específicos...............................................................................................................14
CAPITULO II: ENQUADRAMENTO TEÓRICO..............................................................................15
2.1. Literatura Teórica Sobre o Desflorestamento em Moçambique.....................................................15
2.1.1. Desflorestamento........................................................................................................................15
2.1.2. Abordagens sobre o Desflorestamento.......................................................................................16
2.1.3. Motivação para a prática do desflorestamento............................................................................17
2.1.4. Consequências do Desflorestamento..........................................................................................18
2.1.5. Factores que levam a prática do Desflorestamento.....................................................................19
2.1.6. Estratégias a serem adoptadas com vista a minimizar os impactos do desflorestamento no
povoado de Maloa................................................................................................................................21
2.2. Literatura Empírica sobre o Desflorestamento..............................................................................22
2.3. Literatura Focalizada.....................................................................................................................24
2.3.1. Localização, superfície e população...........................................................................................24
2.3.2. Localização do povoado de Maloa.............................................................................................24
5

2.3.3. Caracterização físico-natural......................................................................................................24


2.3.4. Geologia e Recursos Minerais....................................................................................................24
2.3.5. Morfologia..................................................................................................................................25
2.3.6. Solos...........................................................................................................................................25
2.3.7. Recursos Hídricos.......................................................................................................................26
2.3.8. Clima..........................................................................................................................................26
2.3.9. Paisagem....................................................................................................................................26
3.1. Quanto ao tipo de pesquisa............................................................................................................28
3.2. Quanto a natureza..........................................................................................................................29
3.3. Universo e amostra........................................................................................................................29
3.4. Quanto ao método de abordagem..................................................................................................30
3.5. Quanto aos objectivos....................................................................................................................31
3.6. Quanto ao método de procedimentos.............................................................................................31
3.6.1. Método bibliográfico..................................................................................................................31
3.6.2. Método de observação directa....................................................................................................32
3.7. Técnicas de recolha de dados........................................................................................................32
3.7.1. Entrevista....................................................................................................................................33
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.....................34
4.1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa........................................................................................34
4.2. Análise e Interpretação de Dados..................................................................................................34
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E SUGESTÃO...................................................................................48
5.1. Conclusão......................................................................................................................................48
5.2. Sugestões.......................................................................................................................................49
5.3. Referências bibliográficas.............................................................................................................50
APÊNDICES E ANEXOS...................................................................................................................54
Apêndice-1: Guião de Entrevista Dirigido aos Moradores do pvoado de Maloa-Morrumbala, bem
como ao Técnicos dos Serviços Distritais de Gestão dos Recursos Naturais........................................55
Apêndice-2: imagens do desflorestamento no povoado de Maloa........................................................57
Anexo-1: Mapa do Distrito de Morrumbala.........................................................................................58
iii

Declaração

Luís Rosário Henriques, estudante do Instituto de Ensino à Distância da Universidade


Católica de Moçambique, declaro por minha honra que a presente Monografia nunca foi
apresentada em nenhuma forma, seja parcial ou integral, para obtenção de qualquer grau
académico.

Esta monografia é resultado da minha própria investigação, com auxílio dos meus colegas,
amigos e Docentes.

Quelimane, Abril de 2022

_________________________________________

Luís Rosário Henriques


iv

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a Deus por me ter concedido a vida, por iluminar e guiar o meu
Caminho e pela oportunidade de realizar este sonho.

Aos meus tios, Alves Álvaro e Hélia Carolino, por tudo que eles fizeram por mim, sobretudo
a confiança e a motivação que depositaram em mim para que este sonho fosse possível e que
além do papel de tios foram e continuam sendo como pais para mim.

Ao meu supervisor (Osório Joaquim Mineses, pela paciência e dedicação na correcção dos
meus erros durante a realização deste trabalho, pelo encorajamento e confiança nas minhas
capacidades académicas.

Agradeço a minha família, Tânia Rosário, Aurélio Mariano, Inoque Almiande, e em especial
o meu avô e tios pelo amparo, compreensão e que sempre estiveram ao meu lado durante esta
trajectória.

Aos meus amigos que para além de amigos, são como irmãos, Osvaldo Amigo, Waisson
Maluata, Barroso David, Ivan Maxwel e Reagan Gentil pelo espírito de companheirismo,
amizade e confiança que depositaram em mim acreditando nas minhas capacidades e
ambições, que de tal modo, contribuiu para minha educação académica e social.

Aos meus colegas do curso de ensino de Geografia, dentre eles, Reagan Gentil, Nina Joaquim,
pela amizade, conselho e incentivo que me transmitiram ao longo do curso.

A todos os docentes pelos ensinamentos durante a minha formação académica em especial ao


dr. Osório Joaquim Mineses pela supervisão e pelos ensinamentos no decorrer do curso.

Por fim, um especial e muito obrigado ao Centro de Ensino a Distância e a todos aqueles que
me ajudaram de forma directa e indirectamente para que chegasse a recta final do curso.

Gratidão!
v

Dedicatória

Dedico aos meus pais Rosário Henriques e Manuela Manuel Laquimane (que Deus os tenha)
por terem me trazido ao mundo e pelo amor incondicional e ensinamentos que antes me
transmitiram e incentivo para encarar a vida e seguir em frente.

E aos meus tios pelo apoio fraterno que me têm dado.


vi

Lista de quadros

Quadro 1: Respostas sobre o significado de desflorestamento………………………….......34

Quadro 2: Respostas sobre a existência do fenómeno de desflorestamento no povoado de

Maloa…………………………………………………………………………………………35

Quadro 3: Respostas sobre os responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa…36


Quadro 4:Resposta sobre o tipo de corte que ocorre com mais frequência no povoado de

Maloa…………………………………………………………………………………………
37Quadro 5:Respostas sobre os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado

de Maloa………………………………………………………………………………………39

Quadro 6:Respostas sobre os impactos negativos do desflorestamento no povoado de


Maloa…………………………………………………………………………………………41

Quadro 7:Respostas sobre as consequências do desflorestamento no povoado de


Maloa…………………………………………………………………………………………
42Quadro 8:Respostas sobre a importância das árvores para a sobrevivência dos seres
vivos…………………………………………………………………………………………..44
Quadro 9:Resposta sobre as estratégias/medidas a adaptar, com vista a minimizar os
impactos negativos do desflorestamento no povoado de Maloa...............................................46
vii

Lista de Siglas e abreviatura

DNTF – Direção Nacional de Terra e Floresta

FAEF – Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal

FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

INAM-Instituto Nacional de Meteorologia

INE – Instituto Nacional de Estatística

MICOA-Ministério Para a Coordenação da Acção Ambiental

PEDFFB-Política e Estratégia de Desenvolvimento das Florestas e Fauna Bravia.

WRM -World Reference Base for Soil Resouces


viii

Resumo

A presente monografia científica que tem como tema: “Impacto do Desflorestamento no


Povoado de Maloa, distrito de Morrumbala, entre 2019-2021” é resultado de uma pesquisa
realizada no Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia na Universidade Católica de
Moçambique. O estudo teve como objectivo geral analisar o impacto do desflorestamento no
povoado de Maloa. O presente trabalho quanto ao tipo é qualitativo, onde do ponto de vista
dos objectivos foi descritivo-exploratório, cujas estratégias metodologias basearam-se em
pesquisas bibliográficas, através de instrumentos de colecta de dados tais como: observação
directa e entrevista estruturada. De acordo com os resultados obtidos durante a análise dos
dados, concluiu-se que realmente o povoado de Maloa nos últimos tempos, tem sido assolado
por alguns fenómenos provenientes do desflorestamento que tem desencadeado diversos
impactos negativos de ordem socioeconómico e ambiental, entre os quais destacam-se o
desequilíbrio ecológico, destruição da vegetação, extinção de algumas espécies madeireiras e
animais, trazendo como consequências a influencia no aquecimento global, exposição do solo
as intempéries, redução do oxigénio e outros. Desta forma, sugeriu-se aos líderes locais, junto
a comunidade para que se crie um órgão para o combate a exploração de corte ilegal de
algumas espécies madeireiras, bem como a promoção de actividades de sensibilização da
população local sobre a importância das florestas para a comunidade. Finalmente, sugeriu-se
ao governo distrital que não se distancie dos problemas ambientais e sociais no povoado de
Maloa e auxilie os líderes locais e as associações no combate a este tipo de prática.

Palavra-chaves: Desflorestamento, Impacto, Consequências, Ambiente.


ix

Abstract

The present scientific monograph, which has as its theme: “Impact of Deforestation in the
Povoado de Maloa, district of Morrumbala, between 2019-2021” is the result of a research
carried out in the Degree in Geography Teaching at the Catholic University of Mozambique.
The general objective of the study was to analyze the impact of deforestation on the village of
Maloa. The present work in terms of type is qualitative, where from the point of view of the
objectives it was descriptive-exploratory, whose methodologies strategies were based on
bibliographic research, through data collection instruments such as: direct observation and
structured interview. According to the results obtained during the data analysis, it was
concluded that the village of Maloa in recent times has been devastated by some phenomena
arising from deforestation that has triggered several negative impacts of a socioeconomic and
environmental nature, among which we highlight ecological imbalance, destruction of
vegetation, extinction of some wood and animal species, bringing as consequences the
influence on global warming, soil exposure to the weather, reduction of oxygen and others. In
this way, it was suggested to the local leaders, together with the community, to create an
organ to combat the illegal logging of some timber species, as well as the promotion of
activities to raise the awareness of the local population about the importance of forests for the
community. Finally, it was suggested to the district government not to distance itself from the
environmental and social problems in the village of Maloa and to help local leaders and
associations to combat this type of practice.
Keywords: Deforestation, Impact, Consequences, Environment.
10

CAPITULO I: 1.INTRODUÇÃO

Segundo CHONGUICA (1996), “ Moçambique é um país com uma extensão de florestas


estimadas em cerca de 34 milhões de hectares, representando cerca de 41% do território
Moçambicano. As florestas têm um papel importante na regulação do regime hídrico, fluxo de
energia nos ecossistemas, conservação do património genético natural que garante a
biodiversidade das espécies, bem como outros produtos e serviços que beneficiam o homem.”

O elevado nível de pobreza em Moçambique constituiu o principal constrangimento para a


digestão sustentável dos recursos naturais por isso, o governo de Moçambique definiu em
1997, na sua política e estratégia de florestas e faunas bravia, o objectivo social referente ao
envolvimento das comunidades locais no maior maneio e conservação dos recursos florestais,
tendo em consideração a independência das comunidades pelos recursos naturais.

Neste contexto, a presente monografia científica, objectivou fazer um estudo em torno dos
“Impactos do Desflorestamento”, tendo como foco o Povoado de Maloa, Distrito de
Morrumbala, num período de estudo de dois anos, onde partiu do ano de 2019 e os resultados
finais são apresentados no ano de 2021. Tendo o autor em seus estudos exploratórios sobre o
tema em análise, constatado que diversas são os índices de desflorestamento da floresta no
povoado de Maloa, onde a mesma não obedece nenhum critério e nenhuma regra de proteção
ambiental, culminando com diversos impactos ao meio social e ambiental.

Com isso, o objectivo desta monografia é analisar os impactos do desflorestamento no


povoado de Maloa, numa perspectiva de sugerir acções que devem ser levadas a cabo como
forma de minimizar tal fenómeno de desflorestamento da floresta no povoado de Maloa.

Deste modo, esta pesquisa justifica-se pela relevância e pertinência de discutir o tema
proposto, contribuindo assim para debates académicos e comunitários a cerca da importância
das florestas para a manutenção da qualidade ambiental e no desenvolvimento sustentável,
bem como dos impactos que o desflorestamento pode causar.

No que tange a organização da monografia, importa referir que a monografia está dividida em
cinco capítulos. O primeiro capítulo é composto por introdução, pela caracterização do tema,
problema, questões norteadoras, justificativa e objectivos; o segundo capitulo pelo referencial
teórico, o terceiro capítulo é composto pelo enquadramento metodológico da pesquisa, o
quarto pela análise e discussão dos resultados e finalmente o quinto capítulo pela conclusão,
sugestões e referências bibliográficas.
11

1.1.Delimitação da pesquisa

1.1.1.Delimitação temática ou Conceptual

O presente trabalho de pesquisa faz menção sobre “Impacto do Desflorestamento”, sendo a


mesma pesquisa enquadrada na linha de pesquisa de ambiente e desenvolvimento sustentável,
focalizando no estudo de aspectos ambientais relacionado com o abate de recursos vegetais e
da sua biodiversidade.

1.1.2.Delimitação Espacial

O estudo será desenvolvido no povoado de Maloa, na província de Zambézia distrito de


Morrumbala, como forma de demonstrar a situação do povoado de Maloa em torno do
desflorestamento dos recursos naturais.

1.1.3.Delimitação Temporal

A pesquisa teve um intervalo de estudo de dois anos, partindo do ano de 2019, onde os
resultados finais são apresentados no ano de 2021.

1.2.Justificativa

A consciência da qual levou o autor a produzir este trabalho de pesquisa intitulado “Impactos
do Desflorestamento”, com foco no povoado de Maloa, está baseada em diversos argumentos
que contemplam a questão de aprofundar o que foi aprendido durante o curso, como forma de
estabelecer a ponte entre a teoria e a prática e pelo facto do autor ser residente do distrito de
Morrumbala no povoado de Maloa, estando se deparando com este fenómeno frequentemente
e o agravamento do mesmo.

De igual forma, pela relevância do tema, comoveu o autor a realizar a pesquisa como forma
de despertar os académicos e a comunidade no geral, o interesse em discutir a problemática
do impacto do desflorestamento no povoado de Maloa. O autor pretende com este projecto de
pesquisa, de maneira objectiva, suscitar, desenvolver e apresentar conhecimentos sobre a
importância da conservação dos recursos naturais.

Para a academia constitui uma modesta forma de aprofundar conhecimentos, pois a pesquisa
que será realizada, viabilizará o entendimento da realidade em torno do impacto do
desflorestamento. É importante destacar que as informações contidas neste trabalho,
oferecerão à sociedade modesta, fonte de informação actualizada e perspectivas de tratamento
12

desta matéria por vários autores, o que viabilizará o entendimento da realidade do povoado de
Maloa em torno de desflorestamento da vegetação, tornando deste modo mais fácil à busca de
possíveis soluções.

1.3.Problematização

Segundo a Direcção Nacional de Terras e Florestas (2003), a situação da pobreza das famílias
moçambicanas, a falta de alternativas, disponibilidade, acesso e custos fazem com que estas
recorram à floresta para a sua subsistência como resultado da forte dependência dos recursos
florestais. FALCÃO & EMERCIANO (2011), apontam que qualquer estratégia sustentável da
redução da pobreza deve assegurar o acesso aos recursos naturais pelos pobres e, ao mesmo
tempo, criar condições que permitam, às comunidades, manejá-los de forma sustentável.
Segundo SITOE et al. (2012), as agendas políticas e estratégias nacionais mostram que a
grande prioridade é a redução da pobreza, aumento da produção de alimentos e melhorias de
segurança alimentar. Entretanto, várias prioridades nacionais de desenvolvimento têm uma
relação intrínseca com a floresta.

Nesta senda, Maloa é um povoado do distrito de Morrumbala na província da Zambézia que


apresenta alta vegetação, pois essa vegetação nos últimos anos tem sofrido grande pressão
devido a acção humana e natural, dentre estes se destaca o abate da vegetação para construção
de instâncias turísticas, fabrico de Bebidas tradicionais, lenha, obtenção de materiais para a
construção de habitações, mobiliários para habitações, madeira entre outros. Estas actividades
deixam em causa à biodiversidade de flora e fauna e desencadeamento de processos erosivos,
a contaminação do solo e das águas subterrâneas, a alteração da paisagem, a modificação do
equilíbrio natural, dentre outros.

Em função da problemática levantou-se a seguinte questão:

 Quais são os impactos do desflorestamento, no povoado de Maloa, distrito de


Morrumbala?

1.4.Questões de pesquisa

As perguntas de pesquisas é uma proposição que pode ser colocada a prova para determinar
sua validade. “É uma suposição que antecede a constatação dos factos e tem como
característica numa formulação provisória que deve ser testada para determinar a sua validade
e sempre conduz a verificação empírica”. (MARCONI & LAKATOS, 2001)
13

Desta feita, em função do tema da pesquisa levante-se as seguintes questões norteadoras:

1. Quais são os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado de Maloa,


distrito de Morrumbala?
2. Quais são as consequências do desflorestamento no povoado de Maloa?
3. Quais são as estratégias a adoptar, com vista a minimizar os impactos do
desflorestamento no povoado de Maloa?

1.5. Hipóteses

Segundo TRUJILO (1974) Hipóteses é "uma preposição antecipada a comprovação de uma


realidade existencial. É uma espécie de pressuposição que antecede a constatação dos factos.
Por isso se diz que as hipóteses de trabalho são formulações provisórias do que se procura
conhecer e, em consequência, são supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa"
(as cited in Lakatos e Marconi, 2009, p137)

Assim as hipóteses podem ser:

 Hipótese primária ou principal: A resposta principal, básica.


 Hipótese secundária: Apresenta ligação com a principal, podendo estabelecer ligação
entre duas ou ais variáveis.

1.5.1. Hipóteses principal

Vários são os impactos provocados pelo desflorestamento no povoado de Maloa, dentre eles
se destacam, problemas climáticos, alteração ou até extinção de cursos de águas, a
contaminação do solo e das águas subterrâneas, a alteração da paisagem, a modificação do
equilíbrio natural, a extinção de espécies endémicas, que se restringem a uma área
especialmente limitadas.

1.5.2. Hipóteses secundária

Os principais factores que contribuem para a prática do desflorestamento no povoado de


Maloa, destacam-se como os seguintes, a pressão humana que provoca as queimadas das áreas
florestais para abrir campos para cultivo, o abate da vegetação para construção de instâncias
turísticas, fabrico de Bebidas tradicionais, lenha, obtenção de materiais para a construção de
habitações, mobiliários para a ornamentação das habitações, madeira entre outros.
14

1.6. Objectivo

MARCONI & LAKATOS (2007), os objectivos indicam o que o pesquisador pretende


alcançar as metas a serem atingidos com a pesquisa. Constituem essas declarações claras e
explicitas do que se pretende alcançar e se deve ser formuladas relacionando-se com as
questões de pesquisas, quase que uma formulação afirmativa daquilo que foi colocado em
forma de perguntas (p.27). Desta forma, os objectivos se desdobram em geral e específicos.

1.6.1. Objectivo Geral

 Analisar o impacto do desflorestamento no distrito de Morrumbala, Povoado de


Maloa.

1.6.2. Objectivos Específicos

 Identificar os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado de Maloa,


distrito de Morrumbala;
 Descrever as consequências do desflorestamento no povoado de Maloa;
 Propor estratégias que podem ser adoptadas, com vista a minimizar os impactos do
desflorestamento no povoado de Maloa.
15

CAPITULO II: ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Neste capítulo foram apresentados, alguns conceitos e estudos feitos por diferentes autores na
área de estudo do trabalho, que serviu para conduzir o raciocínio e a apresentação do texto dos
resultados da pesquisa e o alcance dos objectivos pretendidos com a pesquisa.

2.1. Literatura Teórica Sobre o Desflorestamento em Moçambique

Moçambique é um país rico em recursos florestais, com uma área florestal de


aproximadamente 40,6milhoes hectares e 14, 7milhoes de hectares de outras áreas arborizadas
(DNTF, 2017).

As florestas produtivas cobrem aproximadamente 26,9milhoes de hectares, enquanto 13


milhões de hectares são definidos como áreas não adequadas para a produção de madeira,
principalmente onde estão localizados os parques nacionais e asa reservas florestais. As
florestas que tem algum tipo de protecção legal ou estado de conservação cobrem cerca de
22% da extensão florestal total de Moçambique (WRM BULLETIN, 2009).

Em Moçambique, 70% do território está coberto por formações vegetais, sendo 51% coberto
por florestas e 19% por outras formações lenhosas. É um dos poucos países na região que
ainda mantém uma proporção considerável da sua cobertura com florestas naturais
(aproximadamente 45 milhões de hectares). Uma parcela com 30% de copa é considerada
uma floresta, de acordo com a definição nacional de floresta, mesmo que possua mais de 20%
dos assentamentos, agricultura ou outros tipos de uso (MITADER, 2018).

2.1.1. Desflorestamento

De acordo com WALKER (1999), o desflorestamento é a capacidade para derrubar


determinada área de floresta densa que está baseada na força de trabalho familiar e na posse
de determinados equipamentos, como o machado e a motosserra.

Em sentido mais restrito, o desflorestamento é um processo de conversão de espaços com


cobertura florestal em áreas não florestais, visando actividades agro-pecuárias, exploração
madeireira, uso da terra, plantio e formação de pastagens (MARGULIS, 2004 apud SILVA,
2012).
16

De acordo com (PRATES, 2008),

ˮo desflorestamento é uma actividade que visa a retirada total da cobertura


vegetal nativa de uma área ou a degradação de uma área de floresta pela
redução da densidade e a alteração da estrutura espacial das árvores, com perda
de biomassa, diversidade genética e de espécies além da redução na
efectividade de serviços ambientaisˮ.
2.1.2. Abordagens sobre o Desflorestamento

De acordo com SILVA et al. (2009), baseando-se num estudo que tinha como objectivo
analisar a situação do desflorestamento da floresta a nível mundial, defendem que o
crescimento da população gera uma crescente demanda por produtos florestais e agro-
pecuários e pressiona os recursos naturais. Os mesmos autores referem que os factores que
influenciam o desflorestamento são o tamanho da população e a demanda de cada indivíduo
pelos produtos florestais.

Na mesma perspectiva, BALTRAME (2013) defende que, na Mata Atlântica no Brasil, os


fragmentos florestais estão sobre a grande pressão antrópica devido a um processo recente de
ocupação marcado por um desmatamento agressivo na década de 50, no século XX, e por um
aumento populacional promovido pelo movimento dos trabalhadores sem terra durante às
décadas 80 e 90, no século XX. A pressão antrópica sobre estes fragmentos florestais tem
levado à degradação e até mesmo à extinção de espécies mais comummente caçadas.

De acordo com SITOE et al. (2013), os padrões de desflorestamento, à escala nacional e


subnacional, são pressionados pela densidade populacional aliada ao ecossistema. Assim,
acredita-se que ecossistemas de florestas costeiras sejam particularmente pressionados na
zona sul de Moçambique, devido à elevada concentração da população na costa, enquanto
ecossistemas de miombo são os que recebem maior pressão no centro e norte.

Segundo ANGELSEN et al. (2001),

O pressuposto básico do modelo é de que, a pressão populacional é o principal


factor do desflorestamento pois o crescimento da população humana gera a
necessidade de novas áreas agrícolas e desmatamento devido à alta demanda de
biomassa lenhosa para a produção de carvão.

Como podemos depreender, os autores sustentam que, o desflorestamento, a nível mundial,


tem como causa principal a alta densidade populacional em que, por dia, nascem pessoas o
que tende ao aumento da pressão sobre os recursos naturais. Este fenómeno faz com que as
florestas sejam devastadas para a abertura de novas casas habitacionais.
17

Contudo, pese embora a abordagem considerar que o desflorestamento tem a ver com a
densidade populacional e que a população cresce diariamente, no nosso entender, por um
lado, os estudos deviam esclarecer em que países ocorrem, com frequência, o
desflorestamento, caracterizando a classe social, isto é, o poder económico. Por outro lado, os
estudos não apresentam as soluções para colmatar esta problemática. Esta abordagem não
apresenta de forma clara o conceito, o que, de certa forma, nos coloca uma dúvida sobre este
assunto em destaque.

2.1.3. Motivação para a prática do desflorestamento

Segundo MASLOW (2000), o conceito de motivação é um processo totalmente interno, que


não se pode resumir a critérios externamente observáveis. Neste sentido, ele evidencia que é
no seu interior onde se desencadeiam as carências, os anseios, os desejos e os motivos que
impulsionam o homem a agir. Assim, admitiu a influência do meio externo como gerador de
estímulo. ROBBINS (2005) define a motivação como um processo responsável pela
intensidade, direcção e persistência dos esforços de um indivíduo para o alcance de uma
determinada meta.

FINCO (2000), considera que a questão que envolve a degradação ambiental, nos países
desenvolvidos, cedeu espaço, após o Relatório Brundtland, em 1987, a uma visão de que os
países em desenvolvimento exercem um papel na degradação dos recursos naturais e
ambientais até mesmo mais expressivo do que os países desenvolvidos e é a partir deste
relatório que a degradação ambiental passou a ser associada ao grau de pobreza da população.

De acordo com MICOA (2011),

As principais motivações que contribuem para a prática de desflorestamento


estão relacionadas com os aspectos demográficos, económicos, tecnológicos e
socioculturais. No que concerne à economia, a pobreza e a falta de meios e
estratégias de vida, e os baixos níveis de emprego constituem um conjunto de
condicionantes para o uso das florestas para a satisfação das necessidades de
sobrevivência individual. (idem)

Este uso está ligado à procura de alimentos, saúde (plantas medicinais), habitação (estacas,
bambus, capim, entre outros), assim como energia, a destacar a lenha e carvão vegetal para a
venda e o uso individual (MICOA, 2011). No que diz respeito à tecnologia, esta está
relacionada ao uso da lenha e carvão vegetal e, nota-se pouca investigação no sector da
energia, fundamentalmente, em relação a tecnologias adaptadas às condições reais das
diferentes regiões do país e limitado acesso aos recursos financeiros para aquisição de
18

tecnologias energéticas melhoradas, tais como fogões eléctricos, fogões a gás, fogões
melhorados, aquecedores solares de água entre outros. No que diz respeito aos aspectos
socioculturais, estes estão ligados às práticas tradicionais e convicções da população que
contribuem para o contínuo uso de lenha e carvão para a energia doméstica em Moçambique
(idem).

Apesar de todos estudos terem a mesma perspectiva para o trabalho, considera-se a


perspectiva adoptada por MICOA (2011), por trazer os elementos que reflectem mais o
contexto dos Distritos de Chimbunila e Metarica e por estar em linha com a discussão
proposta nesta pesquisa. Esta perspectiva diz ainda que as motivações estão ligadas aos
factores demográficos, económicos, tecnológicos e socio-culturais. Estes factores enquadram-
se no contexto do desmatamento no povoado de Maloa, distrito de Morrumbala onde o
estudo decorreu.

2.1.4. Consequências do Desflorestamento

Estatísticas oficiais indicam que mais da metade do volume da madeira comercial explorada
nos últimos anos é obtido apenas de três espécies comerciais: Afzelia (chanfuta), Pterocarpus
angolesis (Umbila) e Millettia stuhlmanni (Panga-panga), Pau-Preto, e a outra metade
correspondem a mais de 28 espécies (FAEF, 2013). Por outro lado, apesar da escassez de
dados, a exploração madeireira ilegal nas suas diferentes formas é provavelmente um dos
factores da degradação da floresta nativa que poderá ter implicações na sustentabilidade da
produção madeireira se não forem tomadas e reforçadas as medidas correctivas (FAEF, 2013).

Dentre as principais consequências podem se citar as seguintes:

 A exploração do solo aos agentes intempéricos, o que leva os casos de erosão e, em


regiões de climas áridos e semiáridos, até a intensificação do processo desertificação:
 Extinção de espécie, sobretudo a chamada endémica, que se restringem a uma área
espacialmente limitada. Para essas espécies, as florestas são habitantes e fontes de
alimentos, de forma que as suas retiradas descontroladas podem gerar um grande
prejuízo ambiental.
 Alteração ou até extinção de recursos de água que dependem das florestas para o
controle do assoreamento de seus leitos e também para a manutenção das suas
margens, evitando ou diminuindo os casos de erosão fluviais. Sem as florestas, muitas
nascentes deixam de existir e maiores rios ficam comprometidos.
19

 Problemas climáticos, haja vista muitas florestas emitem uma grande quantidade de
humidade para a atmosfera, de forma que a sua retirada acarreta menores quantidades
de chuva e interferências nas medias de temperaturas em varias outras regiões que
costumam receber essa humidade. Há indício de que o aumento do desmatamento seja
um dos principais factores responsáveis pelo aquecimento global.
 Por esse motivo, é intensificar as políticas de combate e controle do desmatamento,
criminalizando mais enfaticamente o processo de retirada ilegal de madeira,
ampliando a fiscalização e melhorando o sistema de vigilância. Além disso, o
reaproveitamento de produtos feito de madeiras ou substituição dessa matéria-prima
por outros tipos, reduzindo o consumo, também são formas de solucionar estes
problemas.

2.1.5. Factores que levam a prática do Desflorestamento

Fatores imediatos do desmatamento são na sua totalidade atividades humanas que diretamente
impactam a cobertura florestal tais como: a agricultura itinerante - A ação da agricultura causa
imediata do desmatamento é estimada em cerca de 80% a nível mundial (KISSENGER et al,
2012). Exploração madeireira - Os impactos diretos resultam da conversão direta de florestas
para áreas agrícolas permanentes ou agricultura itinerante (SITOE, A., SALOMÃO, A. e
WERTZ-KANOUNNIKOFF, S. 2012);

A elevada procura por madeiras tropicais no mercado internacional, especialmente Ásia, e a


fraca fiscalização das políticas e regulamentos nacionais afiguram como causas do
desmatamento associadas com a exploração florestal de madeiras. Inicialmente abrem
pequenas trilhas que posteriormente são usadas por lenhadores e carvoeiros e; exploração e
consumo da energia da biomassa (lenha e carvão) - A elevada procura por lenha e carvão está
associada a várias questões, entre elas o baixo poder de compra e a falta de fontes alternativas
viáveis de energias nas zonas urbanas (SITOE, A., SALOMÃO, A. & WERTZ-
KANOUNNIKOFF, S, 2012)

Fatores subjacentes atuam em múltipla escala: internacional (mercados e preços de


commodities); nacional (crescimento da população, mercados internos, politicas nacionais e
governança); e circunstancias locais (subsistência e pobreza) (KISSENGER, et al).

Factores subjacentes geram desmatamento de forma indirecta. Constituem uma interacção


complexa de processos sociais, económicas, politicas, culturais e tecnológicas que afectam as
causas imediatas (KISSINGER eta al, 2012).
20

Figura 1: Modelo conceitual de desflorestamento no povoado de Maloa

IMEDIATOS SUBJACENTES
Crescimento da população
Agricultura itinerante -Aumento da procura por produtos
-Expansão de áreas agricolas, alimentares , energia e áreas
-Aumento da procura interna por habitacionais,
produtos agricolas; -Distruição e Densidade populacional,
-Esgotamento da capacidade
produtiva dos solos
Subsistencia e pobreza
Exploração e consumo de -Recursos naturais única
bioenergia fonte de sobrevivencia.
-Aumento de necessidades
energeticas nas cidades e nas
zonas rurais (Demanda por lenha
e carvão).
Politicas governamentais
-Fraco monitoriamento e
Exploração madeireira fiscalizção de recursos
-Aumento da procura de recursos florestais.
madireiros no mercado nacional e
internacional;
-Concessões florestais e cortes ilegais.

Fonte: Autor, 2022.

De acordo com os estudos desenvolvidos pelo CEAGRE e WINROCK INTERNATIONAL


2016, concluiu que as causas de desfloresatamento em Moçambique são na realidade
múltiplas e complexas, e que muitas das causas diretas agem de forma combinada sendo por
vezes difíceis de separar, podendo numa mesma região atuar em combinação num mesmo
período de tempo ou em sequência. Com base na análise levada a cabo neste estudo, sete
sistemas de múltiplos agentes e causas de desmatamento agindo em interação são propostos,
apresentando um conhecimento compreensivo das sinergias e interações sistémicas entre
agentes e causas de desmatamento singulares. Estes sete sistemas descrevem as interações
sistémicas entre múltiplos agentes, e são dominados por:

1. Agricultura comercial;
2. Agricultura itinerante ou familiar de pequena escala;
3. Exploração de produtos florestais;
4. Lenha e carvão;
5. Expansão urbana e outras infraestruturas;
21

6. Mineração;
7. Pecuária.

Segundo MARZOLI (2007), defende que, uma das principais causas do desflorestamento no
país é a pressão humana que provoca as queimadas das áreas florestais para abrir áreas de
cultivos, colecta de lenhas e produção de carvão vegetal. O índice do desmatamento anual no
país, esta na casa dos 219,000 ha/anos, equivalente a uma mudança 0,58% ao ano (DNTF,
2007).

A maioria dos Moçambicanos vivem em áreas rurais e dependendo dos recursos naturais para
a suas sobrevivências diárias. Segundo NHABANGA & RIBEIRO (2009), apenas 7 à 9% da
população total de Moçambique tem acesso a electricidade cabendo a restante população fazer
o uso da lenha, do carvão petróleo e do gás. No entanto, o baixo acesso a electricidade, não se
deve abaixar a produção de energia no país, mas a priorização desta para a exploração e
industrialização.

Estas actividades deixam em causa à biodiversidade de flora e fauna e desencadeamento de


processos erosivos, a contaminação do solo e das águas subterrâneas, a alteração da paisagem,
a modificação do equilíbrio natural, dentre outros.

2.1.6. Estratégias a serem adoptadas com vista a minimizar os impactos do


desflorestamento no povoado de Maloa

De acordo com a Constituição da República de 2004, o Estado Moçambicano deve promover


iniciativas para garantir o equilíbrio ecológico e a conservação e preservação do ambiente
visando a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos (número 1 do artigo 117). O Estado
Moçambicano deve também garantir o direito ao ambiente no quadro de um desenvolvimento
sustentável sendo de destacar a política para garantir o aproveitamento racional dos recursos
naturais com salvaguarda da sua capacidade de renovação, da estabilidade ecológica e dos
direitos das gerações vindouras.

O elevado nível de pobreza em Moçambique constitui o principal constrangimento para a


gestão sustentável dos recursos naturais. A fome e a urgência de satisfação de necessidade
básica não permitem que a comunidade tenha um horizonte de planificação e uso dos recursos
em longo prazo (NHANTUMBO e MACQUEEN, 2002). Assim, o Governo de Moçambique
definiu, na sua Política e Estratégia de Florestas e Fauna Bravia o objetivo social referente ao
“envolvimento das comunidades locais no manejo e conservação dos recursos florestais”,
22

tendo em consideração a dependência das comunidades dos recursos naturais. Com base nesse
conhecimento, surgiram as iniciativas de manejo comunitário dos recursos naturais que visam
melhorar simultaneamente as condições de vida das comunidades rurais e garantir a
participação e a gestão sustentável dos recursos disponíveis (CUCO, 2005).

 Criar projectos de reflorestamento bem planejados e investir nos serviços ambientais,


(p. ex., com base no projecto presidencial “Uma Árvore um Líder”), garantindo a
utilização de espécies autóctones adaptadas às características de cada área e a auto-
sustentabilidade dos recursos, no sentido de criar uma produção florestal mais
profissional, sustentável e económica;
 Promover projectos de desenvolvimento de pequena e média escala baseados nas
florestas, especialmente para as populações mais pobres, as que dependem mais delas;
 Promover o uso da madeira como fonte de energia e reutilizar ou reciclar os produtos
de madeira;
 Melhorar a comunicação e a cooperação internacional, incentivando a pesquisa e a
educação ambiental, facilitando créditos e integrando os projectos florestais na
macroeconomia.
 Criação de viveiros florestais (para produção de espécies autóctones), promovendo a
criação de emprego na área florestal (CUCO, 2005).

2.2. Literatura Empírica sobre o Desflorestamento

Estudos realizados sobre o desflorestamento apresentado por diversos autores tais como:
(SITOE, A., SALOMÃO, A. & WERTZKANOUNNIKOFF, S, 2012); (SITOE, A., (FAEF,
2013); (SITOE, A., MIRIRA, R. & TCHAÚQUE, F 2007), dentre outros, apresentaram
alguns resultados negativos, que de acordo com estas instituições foram provocados pela
evolução do desflorestamento.

Segundo (CEAGRE & WINROCK, 2016, MITADER 2016), estudos recentes sobre o
desflorestamento em Moçambique demonstram uma tendência cada vez mais crescente deste
problema causado principalmente por dois processos: 1) expansão da agricultura itinerante e
2) exploração de madeira, carvão vegetal e lenha. SITOE e SÁ-NOGUEIRA (2017) fazem
referência da insustentabilidade dos atuais níveis de desflorestamento na perspetiva
económica e ambiental.
23

Existe uma Politica de Desenvolvimento de Florestas e Fauna Bravia (PEDFFB) que define
como objectivo geral, para um horizonte a longo prazo o seguinte " proteger, conservar,
desenvolver e utilizar de forma sustentável os recursos florestais e faunísticos para o benefício
económico, social e ecológico da actual e futura gerações de moçambicanos". Devendo assim
haver um equilíbrio entre os objectivos de produção e conservação, bem como entre os
objectivos económicos, sociais e ambientais.

A aprovação de Leis de Florestas e Fauna Bravia em 1999 (Lei n° 10/99) assim como o
respectivo regulamento em 2002 pelo Decreto n° 12/2002 constituiram sinais importantes não
só por trazer uma base legal para o corte do combate ilegal como também por incluir novas
abordagens tais como a possibilidade de participação das comunidades locais, do sector
privado e da sociedade civil em geral em acções inerentes ao combate ao corte ilegal. No
entanto, Moçambique não possui um sistema de maneio florestal eficiente, o que leva a uma
exploração inadequada dos recursos florestais. A maioria do volume de madeira explorado é
através de operadores de licença simples em vez de exploração em regime de concessão. A
fraca capacidade industrial para a transformação secundaria dos toros em madeira serrada ou
outros produtos acabados leva a que muita madeira exportada seja em toros brutos, trazendo
retornos relativamente reduzidos em comparação à madeira serrada (PEDFFB, 1999), que é
mais cara devido ao acabamento.

De acordo com MACKENZIE (2006) três pilares são fundamentais para uma gestão sadia do
sector das florestas com vista a garantir o desenvolvimento local a longo prazo:

 Um sistema para limitar o corte anual para níveis que possam ser sustentáveis a longo
prazo;
 Concessões florestais, com planos de maneio, de áreas suficientes para serem
económicas;
 Processamento dentro do pais com uma capacidade industrial que esteja em equilíbrio
com a produtividade das florestas.

Segundo o IIAM (2009), a exploração dos recursos florestais naturais, não esta a ser realizada
com base num conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas
formações, suas capacidades de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de
evolução e sucessões florestal após a perturbação. Isto resulta na degradação dos
ecossistemas, pondo em causa a sustentabilidade dos recursos florestal. Assim sendo, é
imprescindível que se adquira um conhecimento destes processos fundamentais para que se
24

desenvolvam programas de maneio que garantam a capacidade de regeneração e


desenvolvimento das espécies e que identifiquem tecnologias silviculturais adequadas às
diferentes formações florestais.

2.3. Literatura Focalizada

Este ponto faz referência a localização geográfica da área de estudo e seus aspectos físico-
naturais como geologia, relevo, solos, clima, cursos hídricos, paisagem e a fauna para melhor
enquadramento do assunto.

2.3.1. Localização, superfície e população

Morrumbala é um distrito da província da Zambézia, em Moçambique, com sede na vila


de Morrumbala. Tem limites a norte com o distrito de Milange, a oeste com o Malawi e com o
distrito de Mutarara da província de Tete, a sul com o distrito de Mopeia e a leste com os
distritos de Inhassunge e Nicoadala.

Com uma área de 12 801 km², Morrumbala é o maior distrito da província da Zambézia,
possuindo, em 2007, o segundo maior número de residentes, 358 913, um valor só suplantado
pelo vizinho Milange.

2.3.2. Localização do povoado de Maloa

Em termos de localização, o Povoado de Maloa, situa-se a Este da vila sede do Distrito de


Morrumbala a sensivelmente a 50km do mesmo, onde limita-se a Sul com a localidade de
Sabe e Norte faz fronteira com o Povoado de Estandiquia e Oeste faz fronteira com o
Povoado de Thomo Oliveira.

2.3.3. Caracterização físico-natural

2.3.4. Geologia e Recursos Minerais

Segundo a Direção Nacional de Geologia apresenta a distribuição das principais formações


geológicas e as unidades litotógicas que afloram no presente distrito, das mais antigas para as
mais recentes.

O PRÉCÂMBRICO, corresponde a cerca de 80% da área do Distrito e que inclui as eras


geológicas
25

 Meso e Neoproterozóico (1600 M.a.-600 M.a.) / Pré-Moçambicano (1600 M.a.-1100


M.a.), que integram o super Grupo de Chiúre;

 Moçambicano (1100 M.a.-900 M.a.), que integras o Super-Grupo de Nampula.

O FANEROZÓICO, corresponde a cerca de 20% da área do Distrito, e que inclui a era


geológica Cenozóico e respectivo período Quaternário:

 No Distrito de Morrumbala, ao nível dos recursos minerais, existe um predomínio das


argilas vermelhas.

 Verifica-se a inexistência de Geosítios.

2.3.5. Morfologia

Importa salientar que, a superfície do Distrito de Morrumbala não é homogénea, variando


entre as altitudes 100 m e os 1 100 m;

Verificando-se assim, o extremo Oeste do Distrito apresenta uma área de Planície (altitudes
até aos 200 m) que dá lugar uma faixa longitudinal (orientada Suldoeste-Nordeste) de
Planaltos Médios (altitudes entre os 200 m e os 500 m) que culminam em duas
sobreelevações, a Nordeste do Distrito, área de Antiplanalto que atinge altitudes de 1 000 m e,
a Sudoeste área de Montanha que atinge altitudes de 1 100m (conhecida como a Montanha da
Morrumbala);

O Antiplanalto de Morrumbala e a sua continuação para nordeste, contribui para a divisória


de águas do Chire e dos rios Lima, Longosa e Mutiade, que drenam no Cuácua.

2.3.6. Solos

A análise dos solos do Vale do Zambeze teve como referência três cartas de solos do território
moçambicano, a referir: à escala 1:1 000 000, a base publicada pelo INAM; à escala 1:2 000
000, a base publicada pelo Soil and Terrain Database for Southern Africa – International Soil
Reference and Information Center (SOTERSAF, 2003); e à escala 1:3 000 000, a base do
Atlas de Solos de Africa (Soil Atlas of Africa, 2013). As três referências utilizam
classificação da Base de Referência para os Solos do Mundo – World Reference Base for Soil
Resouces (WRB) (FAO, 2006).
26

2.3.7. Recursos Hídricos

O Distrito é atravessado, entre outros, pelos rios Chire, Luala, Luamba, Muelide, Missongue,
Thambe, Luó e Bualizo, destacando-se pela sua importância e caudal transportado o rio Chire.
O rio Chire, de regime permanente, constitui o principal afluente do rio Zambeze em
Moçambique. Tem origem no Lago Niassa, considerado o terceiro maior lago natural de
África; - Ao longo do seu trajecto, o Chire recebe caudal dos rios Missongue e Nhatéza
(principais sub-bacias). O vale do rio Chire é ciclicamente afectado por cheias com carácter
destruidor, numa zona em que agricultura e pesca constituem duas das principais fontes de
rendimento dos agregados familiares; Existem dois postos hidrométricos no rio Chire (E289
Megaza e E288 Chire Batelão).

Existência de águas termais no Distrito; - Nas áreas montanhosas do Distrito onde a


construção de poços e furos não são uma alternativa viável, na restante área do Distrito
também existem limitações locais à construção de poços e furos, normalmente com maiores
entraves técnicos e geológicos, no caso dos poços; - No vale aluvionar ao longo do rio Chire,
existem sérias limitações devido à salinidade, a partir dos primeiros 20 m de profundidade.

2.3.8. Clima

Segundo a informação obtida junto da estação meteorológica de Quelimane (estação mais


próxima e localizada a sudeste do Distrito de Morrumbala), a temperatura média anual é de
cerca de 27ºC, observando-se uma amplitude térmica anual relativa inferior a cerca de 8ºC. O
mês de Novembro é o mais quente do ano (30,7ºC). Em Junho regista-se a temperatura mais
baixa de todo o ano (19,8 °C).

Verifica-se que cerca de 95% do Distrito de Morrumbala apresenta uma temperatura média
anual superior a 25ºC, e que somente 5% do Distrito apresenta uma temperatura média anual
abaixo dos 25ºC.

2.3.9. Paisagem

O Distrito de Morrumbala abrange duas unidades de paisagem, Matas Densas que


compreende cerca de 96% do seu território e Vale do Zambeze, que compreende cerca de 4%
do mesmo. De acordo com os citérios utilizados para a valoração das unidades de paisagem
(diversidade, harmonia e identidade), as unidades Matas Densas e Vale do Zambeze
apresentam ambas a valoração alta de 7 (escala de 0 a 9).
27

Estas unidades de paisagem abrangem um território mais alargado que o do Distrito de


Morrumbala. Nos pontos seguintes apresentam-se as principais características de cada uma
delas. A unidade de paisagem de Matas Densas na localidade de Maloa apresenta as seguintes
características:

 Relevo ondulado a vigoroso;


 Uso do solo com formações pouco alteradas, excepto em bolsas de solos mais férteis e
relevos mais suaves;
 Humanização baixa;
 Carácter de formação comum na zona de estudo e áreas envolventes, paisagem de
forte personalidade conferida pelo relevo vigoroso associada a ocupações florestais
naturais.
28

CAPITULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste ponto apresentamos os procedimentos metodológicos utilizados para o


desenvolvimento deste trabalho. Para elaboração de um trabalho de pesquisa torna-se
necessário definir quais os procedimentos metodológicos a utilizar, de forma a compreender-
se melhor a natureza do estudo, as técnicas de colecta de dados e possíveis limitações (GIL,
1989).

Na óptica de GIL (2002, p.26), os procedimentos Metodológicos da pesquisa devem ser


entendidos como conjunto detalhado e sequencial de métodos e técnicas científicas a serem
executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga atingir os objectivos
inicialmente propostos.

Desta forma será apresentado neste ponto o método da pesquisa, a natureza da pesquisa, o tipo
de pesquisa, os objectivos de pesquisa, os procedimentos técnicos e as técnicas de recolha de
dados como também o universo e a amostra para a pesquisa.

3.1. Quanto ao tipo de pesquisa

De acordo com a monografia foi utilizada uma pesquisa do tipo qualitativa, com vista a
perceber melhor o fenómeno e a sua manifestação. Ainda pelo facto da pesquisa ser de
opinião e não envolvera o uso de métodos estatísticos ou numéricos, não só permite melhor
compreensão sobre as opiniões dos entrevistados, pois possibilita ao pesquisador maior
apropriação e aproximação de todos os processos e resultados obtidos e quando bem aplicada,
a pesquisa qualitativa fornece uma riqueza das análises de dados, proporcionando uma
realidade mais assertiva sobre aquilo que está sendo estudado.

Segundo LÍBANIO (2006, p.123) aponta que a pesquisa qualitativa está mais relacionada no
levantamento de dados sobre as motivações de um grupo, em compreender e interpretar
determinados comportamentos, a opinião e as expectativas dos indivíduos de uma população.
É exploratória, portanto não tem o intuito de obter números como resultados, mas insights–
muitas vezes imprevisíveis que possam nos indicar o caminho para tomada de decisão
correcta sobre uma questão-problema.

Para PRODANOV, et al, (2013, p.70) a pesquisa qualitativa considera que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo
objectivo e a subjectividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenómenos e a atribuição de significados são básicas no processo de
29

pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente
natural é a fonte directa para colecta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. Tal
pesquisa é descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

3.2. Quanto a natureza

De acordo com PRODANOV & FREITAS (2013, p.51) de um modo geral as pesquisas
quanto a natureza podem ser classificadas como pesquisas: básica e aplicada.

Desta forma, a pesquisa que é apresentada quanto a sua natureza é classificada como uma
pesquisa básica que segundo FONSECA (2002, p.20), este tipo de pesquisa pretende gerar
conhecimentos para aplicação prática e solução de problemas específicos de salubridade
ambiental. Assim esta é uma pesquisa puramente teórica, que requer obrigatoriamente uma
revisão bibliográfica.
3.3. Universo e amostra

A pesquisa envolveu a comunidade do distrito de Morrumbala com principal destaque aos que
vivem no povoado de Maloa, estimados pelo INE (2017) em 16,915 habitantes, desagregados
por idade e sexo, sendo 6,475 homens e 10,440 mulheres, conforme o censo populacional e
habitacional de 2017. Com este grupo de população foi possível identificar e levantar os
aspectos relevantes ao objectivo do trabalho. Só com este grupo alvo, é que será possível
colher informações concretas sobre como se manifesta a problemática em estudo, quais as
consequências bem como as possíveis medidas de mitigação da mesma.

Como não será possível trabalhar com todos, foi seleccionada uma amostra intencional
constituída por 30 indivíduos dos quais moradores do povoado de Maloa, dentre estes, um (1)
Régulo, isto é, vinte e seis (26) Moradores do povoado de Maloa, para além deste farão parte
da nossa amostra dois (4) Técnicos dos Serviços Distritais de Gestão dos Recursos Naturais.

Optou-se por esta técnica não probabilística intencional por ser mais fácil de gerir e de obter
os elementos pertinentes a amostra e a mais adequada em estudos de opinião e para a
metodologia qualitativa (LAKATOS & MARCONI, 2007, p.86).
30

Tabela 1: Distribuição da amostra

Distribuição Sexo Quantidade

1 Fumo M/F 1

25 Moradores M 13

F 12

4 Técnicos dos Serviços Distritais de Gestão M 2


dos Recursos Naturais
F 2

Total 30

Fonte: Autor 2021.

3.4. Quanto ao método de abordagem

De acordo com PRODANOV, et al, (2013, p.26) por método podemos entender o caminho, a
forma, o modo de pensamento. É a forma de abordagem em nível de abstracção dos
fenómenos. É o conjunto de processos ou operações mentais empregados na pesquisa.

Ainda o mesmo autor salienta que os métodos gerais ou de abordagem oferecem ao


pesquisador normas genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objectivos
científicos e não científicos (ou de senso comum). Esses métodos esclarecem os
procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos
fatos da natureza e da sociedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de
abstracção, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das
regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações.

Para elaboração da presente trabalho, foi usado o método indutivo, que segundo GIL (1999)
como citado em SILVA (2004, p.26), no raciocínio indutivo a generalização deriva de
observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração
de generalizações. Este método, foi usado e facilitou a observação de um caso concreto, neste
caso do povoado de Maloa em relação ao estado actual do desflorestamento. E a partir das
conclusões tiradas deste povoado em torno dos impactos do desflorestamento do floresta,
31

aplicar-se-á a todos outros povoados do distrito de Morrumbala e do país no geral que


apresentam tal fenómeno de desflorestamento dos recursos vegetais.

3.5. Quanto aos objectivos

Do ponto de vista dos objectivos, neste trabalho será usada a pesquisa exploratória, pois
segundo GIL (2010, p.28), esta pesquisa, será utilizada na medida em que o estudo procurou
entender por meio de várias fontes “orais e escritas”, sobre a questão em análise, e
proporcionar mais informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua
definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a
fixação dos objectivos e a formulação das questões de partida ou descobrir um novo tipo de
enfoque para o assunto.

3.6. Quanto ao método de procedimentos

Para PRODANOV, et al, (2013, p.36) diferentes dos métodos de abordagem, os métodos de
procedimentos (considerados às vezes também em relação às técnicas) são menos abstractos;
são etapas da investigação. Assim, os métodos de procedimento, também chamados de
específicos ou discretos, estão relacionados com os procedimentos técnicos a serem seguidos
pelo pesquisador dentro de determinada área de conhecimento. O (s) método (s) escolhido (s)
determinará (ão) os procedimentos a serem utilizados, tanto na colecta de dados e
informações quanto na análise.

Segundo GIL, (2008, p. 15) argumenta que “Esses métodos têm por objectivo proporcionar ao
investigador os meios técnicos, para garantir a objectividade e a precisão no estudo dos fatos
sociais.” Mais especificamente, visam a fornecer a orientação necessária à realização da
pesquisa social, em especial no que diz respeito à obtenção, ao processamento e à validação
dos dados pertinentes à problemática objecto da investigação realizada.

Assim, para a presente pesquisa foram utilizados os seguintes métodos de procedimentos:

 Pesquisa bibliográfica; e
 Observação directa.
32

3.6.1. Método bibliográfico

Em prol dos procedimentos técnicos a pesquisa baseou-se no método bibliográfico que


consistiu na recolha e compilação de dados recorrendo ao levantamento de literatura de
autores que fazem abordagens sobre o tema a investigar e que serviram de base para a
definição de alguns conceitos usados no trabalho, como por exemplo o uso de alguns livros,
manuais, artigos científicos, relatórios, monografias, dissertações e teses, como exemplo
temos relatório e manual de MICOA (2009/2007/2006), o manual de Semesi & Howell
(1992), manuais e relatórios UNESCO (2004) entre outras referências visíveis no
enquadramento teórico e devidamente arroladas nas referências bibliográficas.

Neste sentido usou-se este método como forma de fazer a sustentação teórica da pesquisa bem
como dos conteúdos relacionados com o desflorestamento, assim como para demonstrar a
relevância e a importância dos recursos vegetais para o desenvolvimento da vida na terra.

3.6.2. Método de observação directa

Para LAKATOS & MARCONI (2003), a observação é uma técnica de colecta de dados para
conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da
realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou
fenómenos que se desejam estudar. A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter
provas a respeito de objectivos sobre as quais os indivíduos não têm consciência, mas que
orientam seu comportamento (p.191).

A observação directa que foi sistematizada e controlada e obtiveram-se os factos de forma


teórica que constitui um conhecimento empírico de uma certa actividade. Privilegiando-se da
observação directa o autor com ajuda de guião de observação previamente elaborado em que
estará apontando aspectos relevantes sobres as diversas actividades relacionadas com o
desflorestamento dos recursos vegetais e como esta está sendo procedida no povoado de
Maloa.

Com tudo esta técnica permitirá a realização de observação “in loco” dos principais
problemas resultados do desflorestamento no povoado de Maloa. Também permitirá observar
aspectos físicos e ambientais da formação vegetal deste povoado, assim das condições
socioeconómicas em que vivem ou se encontram a população do povoado de Maloa.
33

3.7. Técnicas de recolha de dados

Na concepção de TUNES (1991, p.41), os recursos mais usados na pesquisa qualitativa são as
entrevistas em profundidade, observação em campo (observar o comportamento do
consumidor, por exemplo), entrevistas por telefone, etc. Assim como instrumento de recolha
de dados foi utilizado a entrevista e quanto ao local de realização da pesquisa, esta é uma
pesquisa de campo.

De acordo com PRODANOV e t al (2013, p.56), a pesquisa de campo é aquela utilizada com
o objectivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual
procuramos uma resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir
novos fenómenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de factos e fenómenos tal
como ocorrem espontaneamente, na colecta de dados a eles referentes e no registo de
variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.

3.7.1. Entrevista

A entrevista é um encontro entre duas pessoas, a fim que uma delas obtenha informações a
respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional
(LAKATOS & MARCONI, 2003).

A entrevista para o trabalho consistiu na conversa com os moradores do povoado de Maloa,


para a sua auscultação de suas opiniões perante o fenómeno estudado. Esta técnica nos
permitiu obter informações precisas que satisfaçam o tema em estudo, quanto aos estímulos e
experiências a que estão expostos os moradores, conhecer o seu comportamento através de
um diálogo planificado entre o investigador e os entrevistados. Assim serão elaborados guiões
de entrevista com vista a facilitar os processos de entrevista com os moradores deste povoado,
como forma de obter informações que satisfaçam os objectivos da pesquisa.
34

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Neste capítulo foi feito a apresentação, análise e interpretação dos dados colhidos durante o
trabalho de campo, onde apresentaram-se os resultados dos dados já analisados e interpretados
a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos anteriormente mencionados.

4.1. Caracterização dos sujeitos da pesquisa

De salientar que, a pesquisa contou com uma amostra de 30 elementos entrevistados,


distribuídos da seguinte forma: 26 foram os moradores da localidade de Moloa; constituído
por 1 Fumo e 25 Moradores do povoado de Maloa- distrito de Morrumbala e 4 Técnicos dos
Serviços Distritais de Gestão dos Recursos Naturais do distrito de Morrumbala.

Desta forma, os dados que foram analisados e discutidos correspondem às informações


obtidas através dos elementos acima citados. Onde para salvaguardar os nomes dos sujeitos da
pesquisa, permitiu codificar os mesmos, atribuindo-lhes alguns símbolos como é o caso dos
Moradores e Fumo do povoado de Maloa (MFM); e Técnicos dos Serviços Distritais de
Gestão dos Recursos Naturais do distrito de Morrumbala (TGRN).

4.2. Análise e Interpretação de Dados

Neste ponto do trabalho, apresentamos a discussão dos resultados obtidos com o


desenvolvimento da pesquisa no área de estudo.

 Desflorestamento

Colocada a questão ao grupo alvo da pesquisa que procurava saber o significado do termo
desflorestamento, obtivemos as seguintes respostas como ilustra o quadro 1.

Quadro 1: respostas sobre o significado de desflorestamento


35

Questão 1: O que é desflorestamento?


Informantes Respostas
MFM TGRN
MFM1; MFM4; MFM5; MFM6; MFM8; TGRN2 É abate ou corte de
MFM9; MFM10; MFM11; MFM13; MFM14; árvores dentro da
MFM15; MFM16; MFM18; MFM19; MFM20; floresta
MFM22; MFM23; MFM24; MFM26
MFM3; MFM12; MFM21 TGRN3 É o derrube de árvores
em um determinado
espaço ou floresta
0 TGRN1 e É a retira da cobertura
TGRN4 vegetal de um
determinado lugar
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25; Não sei

Fonte: autor (2022)

Em conformidade com as informações fornecidas pelos informantes e expostos no quadro 1,


concluiu-se que os moradores e fumo do povoado de Maloa e os Técnicos dos Serviços
Distritais de Gestão dos Recursos Naturais do distrito de Morrumbala, conhecem o termo
desflorestamento, onde segundo os informantes desflorestamento é o abate, corte e derrube de
árvores de um determinado espaço que pode ser uma floresta ou ainda o desflorestamento é a
retirada da cobertura vegetal de um determinado lugar.

Percepções estas que vão ao encontro dos conceitos avançados por WALKER (1999) e
(PRATES, 2008), onde de acordo com WALKER (1999), o desflorestamento é a capacidade
para derrubar determinada área de floresta densa que está baseada na força de trabalho
familiar e na posse de determinados equipamentos, como a motosserra.

Já na visão de PRATES (2008), “o desflorestamento é uma actividade que visa a retirada total
da cobertura vegetal nativa de uma área ou a degradação de uma área de floresta pela redução
da densidade e a alteração da estrutura espacial das árvores, com perda de biomassa,
diversidade genética e de espécies além da redução na efectividade de serviços ambientaisˮ.

 Existência do fenómeno de desflorestamento no povoado de Maloa

Questionados aos entrevistados se ocorre o desflorestamento no povoado de Maloa, os nossos


informantes responderam o seguinte.

Quadro 2: Respostas sobre a existência do fenómeno de desflorestamento no povoado de


Maloa
36

Questão 2: Existe o fenómeno de desflorestamento no povoado de Maloa?


Informantes Respostas
MFM TGRN
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; MFM6; MFM8; MFM9; TGRN1 Sim
MFM10; MFM11; MFM12; MFM13; MFM14; MFM15; TGRN2
MFM16; MFM18; MFM19; MFM20; MFM21; MFM22; TGRN3
MFM23; MFM24; MFM26 TGRN4
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não
0

Fonte: autor (2022)


Com base nas informações apresentadas no quadro 2, verifica-se que a maioria dos moradores
do povoado de Maloa bem como todos os Técnicos dos Serviços Distritais de Gestão dos
Recursos Naturais do distrito de Morrumbala são unanimes em afirmar que sim, existe o
fenómeno de desflorestamento no povoado de Maloa distrito de Morrumbala.

As mesmas respostas são alicerçadas pelas observações efectuadas pelo autor da pesquisa,
onde observou que o desflorestamento no povoado de Maloa é uma realidade e dia pós dia as
espécies florestais do povoado de Maloa vão desaparecendo, merecendo desta forma uma
intervenção, com vista a parar o fenómeno de desflorestamento no povoado de Maloa.

 Responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa

Apresentada a questão aos informantes que procurava saber os responsáveis pelo


desflorestamento no povoado de Maloa e para que fins estes praticam o desflorestamento
apurou-se junto dos informantes o seguinte (quadro 3).

Quadro 3: Respostas sobre os responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa

Questão 3: Quem são os responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa e


para que fins usam os troncos das árvores?
Informantes Respostas
MFM TGRN
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 A população local, empresas privadas e
MFM6; MFM8; MFM11; MFM12; TGRN2 associações de indivíduos, onde os fins é a
MFM13; MFM14; MFM15; MFM18; TGRN3 comercialização da sua madeira, produção
MFM19; MFM20; MFM21; MFM22; TGRN4 de carvão, construção de habitação e
MFM23; MFM24; combustível lenhoso
MFM9; MFM10; MFM16; MFM26 0 São empresas e o fim é o uso da madeira
para a venda
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não sei
0
37

Fonte: autor (2022)


Olhando para as informações patentes no quadro anterior, é possível concluir que os
responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa é a própria população local,
algumas empresas privadas e associações de indivíduos, que segundo os mesmos informantes
para as empresas a finalidade é a produção de madeira e comercialização da mesma e para a
população local é a produção de carvão vegetal para uso domestico e comercialização, o uso
do mesmo como combustível lenhoso, utilização como material de construção das suas
habitações bem como para a comercialização em carpintarias e comerciantes de madeira.

Constatações estas que são alicerçadas por ANGELSEN et al. (2001), quando salienta que o
pressuposto básico do modelo é de que, a pressão populacional é o principal factor do
desflorestamento pois o crescimento da população humana gera a necessidade de novas áreas
agrícolas e desmatamento devido à alta demanda de biomassa lenhosa para a produção de
carvão.

Como podemos depreender, os autores sustentam que, o desflorestamento, a nível mundial,


tem como causa principal a alta densidade populacional em que, por dia, nascem pessoas o
que tende ao aumento da pressão sobre os recursos naturais. Este fenómeno faz com que as
florestas sejam devastadas para a abertura de novas casas habitacionais.

Contudo, pese embora a abordagem considerar que o desflorestamento tem a ver com a
densidade populacional e que a população cresce diariamente, no nosso entender, por um
lado, os estudos deviam esclarecer em que países ocorrem, com frequência, o
desflorestamento, caracterizando a classe social, isto é, o poder económico. Por outro lado, os
estudos não apresentam as soluções para colmatar esta problemática. Esta abordagem não
apresenta de forma clara o conceito, o que, de certa forma, nos coloca uma dúvida sobre este
assunto em destaque.

 Tipo de corte que ocorre com mais frequência no povoado de Maloa

Em relação ao tipo de corte que é mais frequente no povoado de Maloa, os nossos informantes
responderam o referenciado no quadro 4.

Quadro 4: Resposta sobre o tipo de corte que ocorre com mais frequência no povoado de
Maloa.

Questão 4:Que tipo de corte ocorre com mais frequência no povoado de Maloa?
Informantes Respostas
38

MFM TGRN
MFM9; MFM10; MFM16; MFM26 0 Selectivo
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 Não selectivo
MFM6; MFM8; MFM11; MFM12; TGRN2
MFM13; MFM14; MFM15; MFM18; TGRN3
MFM19; MFM20; MFM21; MFM22; TGRN4
MFM23; MFM24;
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não sei
Fonte: O autor (2022)

Conforme, as respostas acima fornecidas pelos Técnicos dos Recursos Naturas e os moradores
do povoado de Maloa, sustentam que, o tipo de corte que, ocorre com mais frequência
naquele povoado é o corte não selectivo, motivo pelo qual os exploradores ilegais, junto a
comunidade não obedece nenhum critério no abate deste recurso, devastando assim algumas
espécies na sua fase de desenvolvimento e diversos ecossistemas terrestres, deixando a
floresta vulnerável a catástrofes naturais e pobre em diversas espécies vegetais e animais que
pode desencadear consequências drásticas na sobrevivência da população do povoado.

Do mesmo jeito em que as observações efectuadas pelo autor da pesquisa na área de estudo,
evidenciou que o processo de corte das árvores no povoado de Maloa não é selectivo, onde a
maioria dos praticantes do desflorestamento no povoado de Maloa com principal destaque a
população local, corta tudo mesmo os pequenos arbustos.

As perceções acima referidas coadunam com a linha de pensamento do IIAM (2009), onde
enaltece que, a exploração dos recursos florestais naturais, não esta a ser realizada com base
num conhecimento da ecologia e requisitos das espécies nativas que compõem estas
formações, suas capacidades de regeneração e taxas de incremento, e nos processos de
evolução e sucessões florestal após a perturbação. Isto resulta na degradação dos
ecossistemas, pondo em causa a sustentabilidade dos recursos florestal. Assim sendo, é
imprescindível que se adquira um conhecimento destes processos fundamentais para que se
desenvolvam programas de maneio que garantam a capacidade de regeneração e
desenvolvimento das espécies e que identifiquem tecnologias silviculturais adequadas às
diferentes formações florestais.

 Factor que contribuem para o desflorestamento no povoado de Maloa

Referente aos factores que contribuem para a ocorrência do desflorestamento no povoado de


Maloa, os nossos informantes deixaram ficar as seguintes informações como são ilustradas no
quadro abaixo.
39

Quadro 5: Respostas sobre os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado


de Maloa

Questão 5: Quais são os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado


de Maloa, distrito de Morrumbala?
Informantes Respostas
MFM TGRN
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 Produção de carvão vegetal, extração da
MFM6; MFM8; MFM13; MFM14; TGRN2 lenha como combustível lenhoso, abertura
MFM15; MFM18; MFM21; MFM22; TGRN3 de campos agrícolas, estradas, as
MFM23; MFM24; TGRN4 queimadas descontroladas

MFM19 TGRN1 Crescimento populacional, construção de


TGRN2 habitações, aberturas de vias de acesso
MFM11; MFM12 A pobreza, fabrico de bebidas caseiras
MFM20 Actividade pecuária
MFM9; MFM10; MFM16; MFM26 TGRN3 Extração de madeira e produtos
TGRN4 madeireiros
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não sei
0

Fonte: autor (2022)


De acordo com as informações patentes no quadro 4, é possível perceber que é do
conhecimento dos informantes da pesquisa que existem diversos factores que contribuem para
o desflorestamento no povoado de Maloa. Assim concluiu-se que o fenómeno de
desflorestamento no povoado de Maloa é influenciado pelos seguintes factores: produção de
carvão vegetal, isto é, a população local corta as árvores com vista a obter troncos para a
produção do carvão vegetal que é usado na confeição de alimentos nas residências; extração
da lenha como combustível lenhoso, isto é, a maioria da população residente no povoado de
Maloa é de baixa renda e utiliza-se dos ramos das árvores que usualmente denomina-se de
lenha, como fonte de energia para a confeição de alimentes e diversas outras actividades que
necessitam de fogo; abertura de campos agrícolas e estradas, é sabido que a maioria da
população moçambicana sobrevive da agricultura, como se não bastasse estes abatem grandes
áreas de florestas com viste a obter campos de cultivo para a prática da agricultura como
40

também para abertura de rotas ou mesmo via de acessos para diversos pontos do povoado; as
queimadas descontroladas, este também é um dos factores que influencia no desflorestamento
no povoado de Maloa pelo facto da população residente no povoado de forma constante,
praticar queimadas a procura de animais como ratos ou mesmo para abertura de campos
agrícola.

Por outro lado, ainda entendeu-se junto dos informantes que existem ainda outros factores que
contribuem no desflorestamento no povoado de Maloa tais como o crescimento populacional
e construção de habitações, isto é, a população do povoado de Maloa ano pós ano tem
crescido bastante e como resultado é o alargamento do povoado para outras áreas como forma
de suportar o crescimento populacional, não só a construção da habitações é feita com base
em materiais provenientes das árvores, assim estes abatem as florestas como forma de obter
material de construção, abertura de vias de acesso, factor este que tem forte ligação com a
construção de habitações, na medida em que o povoado vai se alastrando com novos
moradores, isto é, para permitir a livre circulação dos mesmos e a exportação de produtos.

Os factores não param por ai, os informantes mencionaram também outros factores tais como
a pobreza; fabrico de bebidas caseiras; actividade pecuária e extração de madeira e produtos
madeireiros, isto é, pelo nível de pobreza da população residente no povoado de Maloa, estes
vêm a floresta como a base de subsistência, utilizando-se dos seus diversos recursos como a
madeira para a comercialização a lenha para o fabrico de bebidas alcoólicas, não só, a
extração da madeira figura como um dos maiores factores de desflorestamento no povoado de
Maloa pelo facto da madeira ser um produto muito procurado a nível nacional e internacional.

Em conformidade com as conclusões tiradas acima, de acordo com MICOA (2011), as


principais motivações que contribuem para a prática de desflorestamento estão relacionadas
com os aspectos demográficos, económicos, tecnológicos e socioculturais. No que concerne à
economia, a pobreza e a falta de meios e estratégias de vida, e os baixos níveis de emprego
constituem um conjunto de condicionantes para o uso das florestas para a satisfação das
necessidades de sobrevivência individual. (idem)

Este uso está ligado à procura de alimentos, saúde (plantas medicinais), habitação (estacas,
bambus, capim, entre outros), assim como energia, a destacar a lenha e carvão vegetal para a
venda e o uso individual (MICOA, 2011). No que diz respeito à tecnologia, esta está
relacionada ao uso da lenha e carvão vegetal e, nota-se pouca investigação no sector da
energia, fundamentalmente, em relação a tecnologias adaptadas às condições reais das
diferentes regiões do país e limitado acesso aos recursos financeiros para aquisição de
41

tecnologias energéticas melhoradas, tais como fogões eléctricos, fogões a gás, fogões
melhorados, aquecedores solares de água entre outros. No que diz respeito aos aspectos
socioculturais, estes estão ligados às práticas tradicionais e convicções da população que
contribuem para o contínuo uso de lenha e carvão para a energia doméstica em Moçambique
(idem).

De acordo com os estudos desenvolvidos pelo CEAGRE e WINROCK INTERNATIONAL


2016, concluiu que as causas de desflorestamento em Moçambique são na realidade múltiplas
e complexas, e que muitas das causas diretas agem de forma combinada sendo por vezes
difíceis de separar, podendo numa mesma região atuar em combinação num mesmo período
de tempo ou em sequência. Com base na análise levada a cabo neste estudo, sete sistemas de
múltiplos agentes e causas de desmatamento agindo em interação são propostos, apresentando
um conhecimento compreensivo das sinergias e interações sistémicas entre agentes e causas
de desmatamento singulares. Estes sete sistemas descrevem as interações sistémicas entre
múltiplos agentes, e são dominados por: 1. Agricultura comercial; 2. Agricultura itinerante ou
familiar de pequena escala; 3. Exploração de produtos florestais; 4. Lenha e carvão; 5.
Expansão urbana e outras infraestruturas; 6. Mineração; 7. Pecuária.

 Impactos negativos do desflorestamento no povoado de Maloa

Sobre a questão refente aos impactos negativos do desflorestamento, os entrevistados


afirmaram o seguinte. Conforme as respostas ilustradas no quadro (6) a baixo.

Quadro 6: Respostas sobre os impactos negativos do desflorestamento no povoado de Maloa

Questão 6: Quais são os impactos negativos do desflorestamento no povoado de Maloa?


Informantes Respostas
MFM TGRN
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 A perda da cobertura vegetal, perda e
MFM6; MFM8; MFM11; MFM12; TGRN2
extinção dos animais e espécies vegetais,
MFM13; MFM14; MFM15; MFM18; TGRN3
MFM19; MFM20; MFM21; MFM22; TGRN4 destruição da estrutura natural.
MFM23; MFM24;
0 TGRN1 Destruição dos ecossistemas terrestres, e
desequilíbrio ecológico.
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 0 Não sei

Fonte: Autor, 2022.


42

Conforme as respostas dadas pelos informantes entrevistados, apontam que vários são os
impactos negativos que se pode esperar do desflorestamento de áreas florestais, dentre as
quais citam-se a perda da cobertura vegetal, isto é, com o abate constante das árvores e a
prática das queimadas as áreas que num dia passado eram considerados como florestais,
perdem a sua cobertura vegetal e passam a ser áreas desflorestadas. Por outro lado os
informantes mencionaram a perda e extinção das espécies animais e vegetais ou destruição de
ecossistemas, isto é, com o abate constante das árvores algumas delas vão desaparecendo bem
como os animais que sobreviviam nestas árvores morrem e outros migram para outros locais
propícios para a sua sobrevivência, visto que as áreas florestais são consideras como
ecossistemas naturais por abrigar diversas espécies de seres vivos.

Compreendeu-se também que o desflorestamento no povoado de Maloa tem causado a


destruição da estrutura natural ou mesmo desequilíbrio ecológico, isto é, dificuldades de
sobrevivência de diversas espécies de animais nestas áreas desflorestadas e a alteração das
condições naturais do local.

Ainda alicerçando-se das observações efectuadas pelo autor da pesquisa conclui-se que a
perda da biodiversidade terrestre no povoado de Maloa é um dos principais impactos do
desflorestamento nesta área de estudo.

Estas considerações, coincidem com o raciocínio de SITOE et al. (2013), que salienta que os
padrões de desflorestamento, à escala nacional e subnacional, são pressionados pela densidade
populacional aliada ao ecossistema. Assim, acredita-se que ecossistemas de florestas costeiras
sejam particularmente pressionados na zona sul de Moçambique, devido à elevada
concentração da população na costa, enquanto ecossistemas de miombo são os que recebem
maior pressão no centro e norte.

 As consequências do desflorestamento no povoado de Maloa.

De acordo com a questão referente as consequências do desflorestamento no povoado de


Maloa, os entrevistados salientaram o seguinte, conforme o quadro (7) a baixo.

Quadro 7: Respostas sobre as consequências do desflorestamento no povoado de Maloa

Questão 7: Quais são as consequências do desflorestamento no povoado de Maloa?


Informantes Respostas
MFM TGRN
43

MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 Erosão e degradação dos solos, perda do
MFM6; MFM8; MFM9; MFM10; TGRN2 oxigénio, mudanças climáticas e
MFM20; MFM21; MFM22; MFM23; TGRN3 aquecimento global.
MFM24; MFM26
TGRN1 Destruição da paisagem natural
MFM11; MFM12; MFM13; MFM14 TGRN4 Dificuldades das populações no
autossustento
TGRN4 Alteração no ciclo hidrológico,
MFM15; MFM16; MFM18; MFM19 TGRN1 Vulnerabilidade em ser atingido pelos
ciclones e intempéries naturais
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 Não sei
0
Fonte: Autor 2022.

Olhando para as respostas patentes no quadro (7) dadas pelos informantes, afirmam que as
consequências que advém no final deste tipo de actividade, podem ser consideradas as
seguintes; erosão e degradação dos solos, isto é, após ser realizada o abate das árvores, o solo
tona-se propenso a intempéries como por exemplo chuvas, altas temperaturas, tonando-o
pobre em sais minerais e humos para a prática agrícola; por outro lado os informantes
mencionaram a perda do oxigénio, factor este que tem sido o tema de debate para as varias
nações em particular para Moçambique, problema este que urgi na retirada da paisagem verde
dificultando assim, a troca gasosa entre as plantas e o ser humano; mudanças climáticas e
aquecimento global.

É sabido que as plantas absorvem os raios solares e o dióxido de carbono, evitando assim a
forte incidência e a presença do gás carbónico na atmosfera, contribuindo desta forma para a
redução do calor e ar puro no planeta terra. Compreendeu-se também a destruição da
paisagem natural, na medida em que, se intensifica o corte das árvores os locais verdes podem
ser extintos, dando espaço a desertificação de vários lugares, contribuindo para a fraca
habitação, pela falta dos recursos vegetais. Dificuldades das populações no autossustento foi
também uma das consequências mencionadas, isto é, as florestas desempenham uma grande
importância para as comunidades, fornecendo frutos, lenha, carvão vegetal e animais que lá
existem para a sobrevivência do ser humano. Alteração no ciclo hidrológico, este fenómeno
deixa em causa a redução das precipitações, até mesmo alterando as estações anuais. Outra
consequência foi a vulnerabilidade em ser atingido pelos ciclones e intempéries naturais, isto
é, as plantas podem ser usadas para o combate de eventos naturais como é o caso dos ciclones
e chuvas fortes reduzindo ou mesmo desviando, contribuído para a minimização dos seus
impactos.
44

Diante das informações acima referenciadas, conclui-se que as consequências do


desflorestamento contribuem negativamente no aspecto socioeconómico e ambiental, visto
que o desflorestamento retira a proteção do solo das intempéries, deixando-o vulnerável e
susceptível a erosão pluvial proveniente das chuvas e a perda de animais em que a sua carne
poderia servir para a alimentação e a sua comercialização, até mesmo como meio de troca de
produto alimentares.

Esta linha de pensamento coincidem com as constatações apuradas por FAEF (2013), quando
realça que por outro lado, apesar da escassez de dados, a exploração madeireira ilegal nas suas
diferentes formas é provavelmente um dos factores da degradação da floresta nativa que
poderá ter implicações na sustentabilidade da produção madeireira se não forem tomadas e
reforçadas as medidas correctivas

Dentre as principais consequências podem se citar as seguintes: A exploração do solo aos


agentes intempéricos, o que leva os casos de erosão e, em regiões de climas áridos e
semiáridos, até a intensificação do processo desertificação; extinção de espécie, sobretudo a
chamada endémica, que se restringem a uma área espacialmente limitada. Para essas espécies,
as florestas são habitantes e fontes de alimentos, de forma que as suas retiradas descontroladas
podem gerar um grande prejuízo ambiental; alteração ou até extinção de recursos de água que
dependem das florestas para o controle do assoreamento de seus leitos e também para a
manutenção das suas margens, evitando ou diminuindo os casos de erosão fluviais. Sem as
florestas, muitas nascentes deixam de existir e maiores rios ficam comprometidos; problemas
climáticos, haja vista muitas florestas emitem uma grande quantidade de humidade para a
atmosfera, de forma que a sua retirada acarreta menores quantidades de chuva e interferências
nas medias de temperaturas em varias outras regiões que costumam receber essa humidade.
Há indício de que o aumento do desmatamento seja um dos principais factores responsáveis
pelo aquecimento global (FAEF, 2013).

 Importância das árvores para a sobrevivência dos seres vivos

Referente a importância das árvores para a sobrevivência dos seres vivo, fez-se uma questão
procurando saber a percepção dos informantes em relação a importância das árvores, onde
obteve-se como resposta o seguinte, quadro 8.

Quadro 8: Resposta sobre a importância das árvores para a sobrevivência dos seres vivos.

Perguntas Respostas Informantes


MFM TGRN
45

8: Achas as árvores Sim MFM1 a MFM26 TGRN1; TGRN2


importantes para a TGRN3 TGRN4
sobrevivência dos Não 0 0
seres vivos?
a) Se sim, qual é a Fornece lenha, carvão MFM1 a MFM26 TGRN1; TGRN2
importância das vegetal, fruto e madeira para TGRN3
árvores e das a construção das casas
florestas para a nossa Fornece oxigénio MFM14; MFM20; TGRN2
sobrevivência? MFM21 TGRN4
Ajuda a combater os MFM1; MFM4;
ciclones, erosão e chuvas MFM19; MFM23;
fortes MFM24;
São fonte de obtenção de MFM15; MFM26 TGRN1
alimentos
Fonte: autor (2022)

Conforme os dados apresentados no quadro acima, podemos constatar que é do consenso


comum entre os moradores do povoado de Maloa e os técnicos de gestão de recursos naturais
do distrito de Morrumbala que as arvores são sim, importantes para a sobrevivência dos seres
vivos.

No mesmo contexto, concluiu-se junto dos informantes que as arvores ou mesmo as florestas
são importantes porque fornecem lenha, carvão vegetal, fruto e madeira para a construção das
casas; fornece oxigénio como mencionado nas questões anteriores, onde ficou que as plantas
são os pulmões do planeta terra. Ainda sobre a importância a pesquisa concluiu junto dos
informantes que as plantas ajudam a combater os ciclones, erosão e chuvas fortes bem como
são fonte de obtenção de alimentos, isto é, é de conhecimento de muitos de nós que
Moçambique é um pais em via de desenvolvimento onde a maioria da população
moçambicana sobrevive através dos recursos florestais, por esta razão as florestas são de
suma importância para a sobrevivência dos seres vivos.

Em Moçambique, 70% do território está coberto por formações vegetais, sendo 51% coberto
por florestas e 19% por outras formações lenhosas. É um dos poucos países na região que
ainda mantém uma proporção considerável da sua cobertura com florestas naturais
(aproximadamente 45 milhões de hectares). Uma parcela com 30% de copa é considerada
uma floresta, de acordo com a definição nacional de floresta, mesmo que possua mais de 20%
dos assentamentos, agricultura ou outros tipos de uso (MITADER, 2018).

 Estratégias a adaptar, com vista a minimizar os impactos negativos do


desflorestamento no povoado de Maloa
46

Finalmente, referentes as estratégias a serem adoptadas com vista a minimizar os impactos


negativos do desflorestamento no povoado de Maloa, foi objecto das respostas patentes no
quadro 9.

Quadro 9: Respostas sobre as estratégias/medidas a adaptar, com vista a minimizar os


impactos negativos do desflorestamento no povoado de Maloa?

Questão 9: Quais são as estratégias/medidas a adaptar, com vista a minimizar os impactos


negativos do desflorestamento no povoado de Maloa?
__
Informantes Respostas
MFM TGRN
MFM1; MFM3; MFM4; MFM5; TGRN1 Consciencialização e sensibilização da
MFM6; MFM8; MFM11; MFM12; TGRN2 população local dos males do
MFM13; MFM14; MFM15; MFM18; TGRN3 desflorestamento; proibição da população
MFM19; MFM20; MFM21; MFM22; TGRN4 no corte das árvores
MFM23; MFM24;
Potenciação da população em outras
actividades remuneradas
Criação de programas de reflorestamento e
de educação ambiental da população de
Maloa
0 TGRN1 Intensificação de equipas de fiscalização
dos recursos florestais em Maloa e criação
de associações comunitárias de combate ao
desflorestamento
Não atribuição de licenças de cortes de
árvores a privados
MFM2; MFM7; MFM17; MFM25 0 Não sei

Fonte: autor (2022)

Com base nas informações fornecidas pelos entrevistados e as observações efectuadas na área
de estudo pelo autor da pesquisa, entendeu-se que para minimizar os impactos negativos do
desflorestamento no povoado de Maloa é necessário a adopção das seguintes estratégias:
criação de programas de reflorestamento, isto é, o plantio de novas árvores em substituição
47

daquelas que são abatidas e das áreas totalmente abatidas, onde deve-se evitar no mínimo o
corte excessivo de árvores, principalmente as mais jovens; criação de programas de educação
ambiental através de organização de palestras e reuniões no seio da comunidade do povoado
de Maloa para a consciencialização e sensibilização da população, como forma de dar a
conhecer a população local a importância dos recursos florestais para a sobrevivência dos
seres vivos e das consequências que podem advir se os mesmos não forem explorados de
forma racional e sustentável, para as mesmas serem vigilantes e denunciarem qualquer acto de
corte ilegal das arvores.

Ainda com a pesquisa, entendeu-se que deve-se potenciar a população exploradora em outras
actividades remuneradas, isto é, percebeu-se que a maioria da população que dedica-se ao
abate de árvores não tem um emprego ou mesmo uma actividade de subsistência a não ser o
corte e a comercialização dos recursos florestais da sua comunidade, assim sendo deve-se
criar oportunidade de emprego a estas populações com vista a incentivar a sua saída na prática
do desflorestamento. Também entendeu-se que deve-se criar e intensificar as equipas de
fiscalização dos recursos florestais em Maloa do mesmo jeito a criação de associações
comunitárias de combate ao desflorestamento para racionalização, protecção, plantio e
conservação das plantas, como também a não atribuição de licenças de cortes de árvores a
privados ou mesmo indivíduos.

Em defesa as constatações acima evidenciadas a CUCO (2005), concluiu que para o combate
ao desflorestamento deve-se criar projectos de reflorestamento bem planejados e investir nos
serviços ambientais, (p. ex., com base no projecto presidencial “Uma Árvore um Líder”),
garantindo a utilização de espécies autóctones adaptadas às características de cada área e a
auto-sustentabilidade dos recursos, no sentido de criar uma produção florestal mais
profissional, sustentável e económica. Promover projectos de desenvolvimento de pequena e
média escala baseados nas florestas, especialmente para as populações mais pobres, as que
dependem mais delas. Promover o uso da madeira como fonte de energia e reutilizar ou
reciclar os produtos de madeira. Melhorar a comunicação e a cooperação internacional,
incentivando a pesquisa e a educação ambiental, facilitando créditos e integrando os projectos
florestais na macroeconomia. Criação de viveiros florestais (para produção de espécies
autóctones), promovendo a criação de emprego na área florestal.

A aprovação de Leis de Florestas e Fauna Bravia em 1999 (Lei n° 10/99) assim como o
respectivo regulamento em 2002 pelo Decreto n° 12/2002 constituiram sinais importantes não
só por trazer uma base legal para o corte do combate ilegal como também por incluir novas
48

abordagens tais como a possibilidade de participação das comunidades locais, do sector


privado e da sociedade civil em geral em acções inerentes ao combate ao corte ilegal. No
entanto, Moçambique não possui um sistema de maneio florestal eficiente, o que leva a uma
exploração inadequada dos recursos florestais. A maioria do volume de madeira explorado é
através de operadores de licença simples em vez de exploração em regime de concessão. A
fraca capacidade industrial para a transformação secundaria dos toros em madeira serrada ou
outros produtos acabados leva a que muita madeira exportada seja em toros brutos, trazendo
retornos relativamente reduzidos em comparação à madeira serrada (PEDFFB, 1999), que é
mais cara devido ao acabamento.

CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E SUGESTÃO

Neste capítulo, são apresentadas as conclusões e sugestões deixadas no âmbito do


desenvolvimento do estudo.

5.1. Conclusão

Feito o estudo, concluiu-se que ocorre sim, o fenómeno de desflorestamento no povoado de


Maloa, onde os factores por detrás do desflorestamento no povoado em estudo são produção
de carvão vegetal; abertura de campos agrícolas e estradas; as queimadas descontroladas;
crescimento populacional e construção de habitações, isto é, a população do povoado de
Maloa ano pós ano tem crescido bastante e como resultado é o alargamento do povoado;
fabrico de bebidas caseiras; actividade pecuária e extração de madeira e produtos madeireiros.

Por outro lado, concluiu-se que os impactos negativos que se pode esperar do
desflorestamento de áreas florestais em Maloa são a perda da cobertura vegetal; perda e
extinção das espécies animais e vegetais ou destruição de ecossistemas; destruição da
estrutura natural ou mesmo desequilíbrio ecológico, isto é, dificuldades de sobrevivência de
diversas espécies de animais nestas áreas desflorestadas e a alteração das condições naturais
do local.

Concluiu-se também que as consequências advindo da prática do desflorestamento são erosão


e degradação dos solos, perda do oxigénio, factor este que tem sido o tema de debate para as
várias nações em particular para Moçambique; destruição da paisagem natural, na medida em
que se intensifica o corte das árvores os locais verdes podem ser extintos; dificuldades das
49

populações no autossustento; alteração no ciclo hidrológico, vulnerabilidade em ser atingido


pelos ciclones e intempéries naturais.

Finalmente concluiu-se que para minimizar os impactos negativos do desflorestamento no


povoado de Maloa é necessário a adopção das seguintes estratégias: criação de programas de
reflorestamento, isto é, o plantio de novas árvores em substituição daquelas que são abatidas;
criação de programas de educação ambiental através de organização de palestras e reuniões no
seio da comunidade do povoado de Maloa para a consciencialização e sensibilização da
população em matéria de protecção ambiental; deve-se potenciar a população exploradora em
outras actividades remuneradas; deve-se criar e intensificar as equipas de fiscalização dos
recursos florestais em Maloa do mesmo jeito a criação de associações comunitárias de
combate ao desflorestamento para racionalização, protecção, plantio e conservação das
plantas, como também a não atribuição de licenças de cortes de árvores a privados ou mesmo
indivíduos.

5.2. Sugestões

A importância económica social, cultural e científica dos recursos florestais e faunísticos para
a população do povoado de Maloa justifica que se estabeleçam leis e normas adequadas que
promovam sua utilização sustentável bem como a promoção de iniciativas para garantir a
protecção, conservação e a preservação dos recursos florestais e faunísticos que ali existe,
visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade do povoado de Maloa e outras.

Aos líderes do povoado de Maloa, recomenda-se que:

 Monitorizem campanhas de sensibilização, disseminação de informações com


objectivo de alertar a população local ao uso racional dos recursos florestais,
nomeadamente que identifiquem espécies vegetais que mais lhes servem para a
produção de lenhas e carvão vegetal, e façam cortes selectivos dessas plantas na
floresta;
 Criação de associações comunitárias com vista a ajudar o governo local na
fiscalização das áreas florestais.

Ao Governo Distrital de Morrumbala

 Apela-se, o não distanciamento dos problemas resultantes do desflorestamento tanto


no povoado e no distrito em geral;
50

 Auxiliem os líderes locais e a comunidade do povoado de Maloa no combate a


exploradores ilegais;
 Elaborar planos para recuperação de áreas florestais exploradas e em estado de
desmatamento acelerado;
 Criação de unidades para o controle das áreas da floresta do povoado de Maloa com o
objectivo de minimizar os impactos e combater os exploradores ilegais.
 Garanta a difusão de informação para todos os traços populacionais e incentivem a
população local no uso de medidas localmente palpáveis para a minimização dos
efeitos do desflorestamento.

5.3. Referências bibliográficas

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54

APÊNDICES E ANEXOS
55

Apêndice-1: Guião de Entrevista Dirigido aos Moradores do pvoado de Maloa-


Morrumbala, bem como ao Técnicos dos Serviços Distritais de Gestão dos Recursos
Naturais
Caro entrevistado, esta entrevista é parte da recolha de dados de uma pesquisa com o
objectivo de analisar o impacto do desflorestamento no povoado de Maloa no distrito de
Morrumbala. Suas respostas são importantes para a validade dos resultados da pesquisa.

1. O que é desflorestamento?____________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2. Existe o fenómeno de desflorestamento no povoado de Maloa? Sim______Não_____

3. Quem são os responsáveis pelo desflorestamento no povoado de Maloa e para que fins
usam os troncos das árvores?____________________________________________________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

4. Que tipo de corte ocorre com mais frequência no povoado de Maloa? Selectivo______Não
Selectivo____

5. Quais são os factores que contribuem para o desflorestamento no povoado de Maloa,


distrito de Morrumbala? _______________________________________________________
56

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

6. Quais são os impactos negativos do desflorestamento no povoado de Maloa?____________

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

7. Quais são as consequências do desflorestamento no povoado de Maloa?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

8. Achas as árvores importantes para a sobrevivência dos seres vivos? Sim____Não_____

a) Se sim qual é a importância das árvores e das florestas para a nossa sobrevivência?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

9.Quais são as estratégias/medidas a adaptar, com vista a minimizar os impactos negativos do


desflorestamento no povoado de Maloa?

__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
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Apêndice-2: imagens do desflorestamento no povoado de Maloa.

Fonte: Autor, 2022.


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Anexo-1: Mapa do Distrito de Morrumbala

Fonte: Modelo Digital Zambeze


59

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