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Tema II: Funções e áreas da gestão escolar

2.1. Funções da Gestão Escolar

Primeiro é importante evidenciar que a direção escolar é compreendida como


uma função desempenhada na escola, com a tarefa de dirigir a instituição,
através de um conjunto de ações e processos caracterizados como político
pedagógico. Em uma frase, a função do diretor é a de coordenar o trabalho
geral da escola, lidando com os conflitos e com as relações de poder, com
vistas ao desenvolvimento mais qualificado do trabalho pedagógico. O diretor é
o coordenador do processo político que e a gestão da escola, e entendido
como o executivo central da gestão escolar (Souza, 2006).
Segundo Libâneo a direção da escola, além de uma das funções do processo
organizacional, é um imperativo social e pedagógico. O significado do termo
direção, no contexto escolar, difere de outros processos direcionais,
especialmente os empresariais. Ele vai além da mobilização das pessoas para
a realização eficaz das atividades, pois implica intencionalmente, definição de
um rumo educativo, tomada de posição ante objetivos escolares sociais e
políticos, em uma sociedade concreta. A escola, ao cumprir sua função social
de mediação, influi significativamente na formação da personalidade humana;
por essa razão, são imprescindíveis os objetivos políticos e pedagógicos.
O processo educativo, portanto, por sua natureza, inclui a compreensão do
conceito de direção por todos os segmentos da escola. Sua adequada
estruturação e seu óptimo funcionamento constituem fatores essenciais para
atingir eficazmente os objetivos da formação. Ou seja, o trabalho escolar
implica uma direção.
Com base nesse princípio mais geral, há que se destacar o papel significativo
do diretor da escola na gestão da organização do trabalho escolar. A
participação, o diálogo, a discussão coletiva, a autonomia são práticas
indispensáveis da gestão democrática, mas o exercício da democracia não
significa ausência de responsabilidade. Uma vez tomadas as decisões
coletivamente, é preciso colocá-las em pratica. Para isso, a escola deve estar
bem coordenada e administrada.

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Não se quer dizer com isso que o sucesso da escola reside unicamente na
pessoa do diretor ou em uma estrutura administrativa autocrática – na qual ele
centraliza todas as decisões. Ao contrário, trata-se de entender o papel do
diretor como o de um líder cooperativo, o de alguém que consegue aglutinar as
aspirações, os desejos, as expectativas da comunidade escolar e articula a
adesão e a participação de todos os segmentos da escola na gestão em um
projeto comum. O diretor não pode ater-se apenas as questões administrativas.
Como dirigente, cabe-lhe ter uma visão de conjunto e uma atuação que
apreenda a escola em seus aspectos pedagógicos, administrativos, financeiros
e culturais.
O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola,
auxiliando pelos demais elementos do corpo técnico-administrativo e do corpo
de especialistas. Atende as leis, aos regulamentos e as determinações dos
órgãos superiores dos sistemas de ensino e as decisões no âmbito da escola
assumidas pela equipe escolar e pela comunidade.
Segundo Saviani, o diretor apresenta-se, como o responsável máximo no
âmbito da unidade escolar e seu papel é garantir o bom funcionamento da
escola” (Saviani, 1996, p.207).
Já Vítor Paro, vê uma situação bastante contraditória na função do diretor,
quando observa o uso político desta função pelo sistema de ensino, quando lhe
é transferido a função de gerente, de controlador do trabalho escolar. O diretor
por muitas vezes é o porta-voz das pessoas da comunidade escolar, de um
lado e proposto do estado do outro. Aí percebe-se a natureza política do cargo
do diretor.
O conteúdo do trabalho do gestor resume-se nas suas funções. Estas são
diversas porque o gestor tem a tarefa de fazer funcionar todos os elementos da
estrutura escolar. Por isso, entre as várias funções indicam-se as seguintes:

Planificação: é função central da direção, através dela planificam-se todas as


atividades da escola, tendo em conta as necessidades concretas da mesma.
Através do processo de planificação facilmente pode-se se alcançar a eficácia
e eficiência da gestão escolar

Organização: esta permite a distribuição racional das tarefas e a seleção dos


métodos para a sua execução. A organização consiste ou significa pôr em

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ordem de prioridade os recursos disponíveis. Daí a necessidade do plano de
acção em que as actividades estejam escolnadas no tempo com definição das
metas a atingir.

Direcção: consiste em dirigir a implemetantação do plano. Para tal, deve-se


distribuir as tarefas e definir responsabilidades dos colabodores e motivá-los.

Controlo (supervisão): reflecte o que na realidade se faz, os êxitos e


deficiências obtidas na aplicação do plano de trabalho da escola. O controlo
deve ser aplicado de forma sistemática, no cumprimento dos objectivos
definidos.

O cumprimento destas funções pelo director, levam-no a tomar decisões


acertadas e cumprir exitosamente o encargo social da escola, que é a
formação multilateral e harmónica da personalidade.

Para se alcançar o objectivo fundamental da escola, os métodos ou estilos de


trabalho utilizados pelo director, têm a sua grande importância.

O director é autoridade máxima da escola, responsável pela organização,


cumprimento e controlo de todas as tarefas escolares e extraescolares de
acordo com a política educacional; cabendo-lhe os seguintes aspectos:
Garantir a direção científica do processo docente educativo; supervisionar as
atividades pedagógicas e administrativas e informar com periodicidade as
estruturas competentes e imediatamente superiores sobre os resultados
práticos do trabalho efetuado; ser responsável pela conservação e manutenção
de todos os bens móveis e imóveis do estabelecimento de ensino; acompanhar
e verificar o grau de cumprimento dos planos e programas em vigor, assistindo
com regularidade as aulas e sessões do trabalho escolar; estar em contacto
permanente com os alunos, professores e funcionários da escola; actualização
da estatística escolar, cumprindo rigorosamente os prazos da sua elaboração e
apresentação às estruturas superiores.

Formas fundamentais de controlo interno da escola

O controlo interno da escola é realizado pelo director e tem como objectivo


principal supervisionar o desenvolvimento de todo o trabalho da escola, que é
trabalho educativo. Este controlo deve estar encaminhado para a elevação

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constante da qualidade de trabalho geral, e melhorar cada vez mais a
preparação metodológica dos professores, o correcto desenvolvimento do
processo docente educativo, o aproveitamento escolar, aplicação correcta dos
sistemas de avaliação e do domínio e cumprimento das orientações e
documentos oficiais.

Formas de realização do controlo interno

Existem várias formas, mas as mais relevantes são: reuniões dos órgãos
técnicos, despachos e entrevistas, inspecçoes à diferentes dependências da
escola, visitas técnicas às aulas, conselho técnico, conselho disciplinar, etc.

Com este controlo se poderá avaliar a qualidade da actvidade inicial da escola,


cumprimento do horário, limpeza e embelezamento dos locais, disciplina,
pontualidade, assiduidade, etc, assim como a inspecção que se realiza aos
diversos aspectos do trabalho docente-educativo e administrativo, mediante
visitas as disciplinas, laboratórios, secretaria, biblioteca, tesouraria, armazéns,
etc.

Também deve fazer revisão aos planos de aulas, livros de pontos, cadernetas
onde estão registadas as avaliações dos alunos e cadernos dos alunos,
cuidado e conservação da base material de estudo e outros aspectos.

Cada actividade do controlo deve estar precedida de uma cuidadosa


preparação com a participação dos membros do conselho de direção e os
coordenadores de disciplina.

Os resultados de todas as actvidades de controlo são analisados pelo conselho


de direção com o objectivo de tomar as medidas que solucionem as
dificuldades encontradas. Este controlo é sistemático.

Avaliação: consiste na verificação (comparação) dos resultados com as metas


e com os objectivos traçados. No processo de avaliação é importante o retorno
da informação de todos os envolvidos no processo para possíveis
reajustamentos.

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2.2. Áreas da Gestão escolar

2.2.1. Área Pedagógica


A gestão pedagógica é a essência da escola, pois está mais diretamente ligada
com o foco da escola que é o de promover a aprendizagem e a formação dos
alunos. Logicamente que todas as demais formas de gestão subsidiam a
gestão pedagógica.
O importante é não esquecer que a gestão pedagógica afinada com as suas
atribuições é aquela capaz de criar na escola um ambiente estimulante e
motivador orientado por elevadas expectativas de aprendizagem e
desenvolvimento, auto-imagem positiva e esforço compatível com a necessária
melhoria dos processos educacionais e seus resultados. Orientar a integração
horizontal e vertical de todas as ações pedagógicas propostas no projeto-
pedagógico e a continua contextualização dos conteúdos do currículo escolar
com a realidade. Outra questão a ser considerada no processo da gestão
democrática e a articulação das atividades extra-classes, orientadas por
projetos educacionais, de modo a estabelecer orientação integrada entre as
áreas de conhecimento e plano curricular. Ainda, orientar, incentivar e viabilizar
oportunidades pedagógicas para os alunos com dificuldades de aprendizagem
e necessidades educacionais especiais, promovendo as TICS no ambiente
escolar.

2.2.2. Área administrativa


Zelar pelos bens da escola, fazer bom uso deles, contribuir para sua
manutenção são elementos básicos da formação dos alunos, além de condição
para a realidade de processo pedagógico de qualidade.
Precisa gerenciar a correta e plena aplicação de recursos físicos, materiais e
financeiros da escola para melhor efetivação dos processos educacionais e
realização dos seus objetivos.
Promover na escola a organização, atualização e correção de documentos,
escrituração, registo de alunos, diários de classe, estatísticas, legislação, de
modo a serem continuamente utilizados na gestão dos processos
educacionais.

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Assegurar a constituição, de forma permanente na escola, de ambiente limpo,
organizado e com materiais de apoio e estimulação necessários a promoção da
aprendizagem dos alunos e sua formação para a cidadania e respeito ao meio
ambiente.
Assegurar, mediante continuo monitoramento, o cumprimento dos períodos
lectivos e de trabalho educacional constante nos normativos, Zelar pela
manutenção das condições de uso dos bens patrimoniais disponíveis na escola
mediante continuo inventario dos mesmos e providência de consertos
imediatos.

Todos esses trabalhos administrativos que a direção precisa desempenhar não


devem ser a razão central do trabalho do diretor, que deve organizar um bom
planeamento para que a sua equipe execute de maneira eficiente, para cumprir
as tarefas no prazo estipulado e também para se dedicar mais as funções
pedagógicas da escola que normalmente pela demanda existente acabam
ficando em segundo plano.

2.2.3. Área financeira da escola


Depois de identificar possíveis fontes de fundos (podem ter origem do governo
central, do governo local, da comunidade), o gestor de escola, como
planificador financeiro, tem de elaborar um plano para assegurar e utilizar os
recursos. Para obtenção de fundos, o gestor deve tomar um papel activo em
determinar, mobilizar e adquirir recursos financeiros.
O orçamento de uma escola é um processo de preparar uma previsão dum
rendimento antecipado e da utilização proposta. Ou seja, é um processo de
preparar o resumo de programas duma escola refletindo os rendimentos e
gastos esperados.
As despesas da escola recaem essencialmente em duas categorias:
1. Despesas correntes: aquelas que constituem uma percentagem do
orçamento. Incluem verbas como salários e outros benefícios da
instituição, supervisão, ensino, serviços especiais e apoio ao pessoal,
manutenção e ouros custos operacionais em viagens e comunicações.
Normalmente, o montante de despesas correntes é determinado pelo

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crescimento da escola, isto é, pelo úmero de alunos, professores, pela
extensão das instalações, etc.
2. Despesas de capital ou para o desenvolvimento: estes são gastos nas
principais posses tais como: construções, mobiliário, equipamentos e
veículos.
Para facilitar a gestão, é conveniente o gestor subdividir as despesas de
capital por diferenciação entre os níveis (primário, secundário e terciário)

Em suma, o controlo e supervisão do orçamento da escola realiza-se durante


todo o ano. Todavia, no fim do ano, o total de despesas e rendimentos é
consolidado numa conta financeira anual obedecendo a um processo rigoroso.
Para o efeito, toda despesa que a escola faz deve ser anotada num livro de
registo nos títulos apropriados. O uso do livro de registo é obrigatório em
sistemas de contabilidade. Qualquer transação financeira que o gestor ou a
escola faz, deve ser feita no valor gasto.

2.3.4. Área dos espaços

A gestão dos espaços na escola tem uma grande relevância na construção do


seu clima. As estruturas que são disponibilizadas pela escola, tanto aos alunos
como ao corpo docente e não docente, têm repercussões no seu desempenho.
Neste sentido, são muitas as opções que a escola pode tomar de modo a
tornar o espaço num reflexo do seu projecto educativo. E para que isso seja um
facto, torna-se necessário:

a) Fomentar junto de alunos, professores, funcionários e pais de uma co-


responsabilização pelo espaço da escola, quer sejam espaços de aulas,
quer de lazer, no que se refere a questões de limpeza, de civismo,
decorativas e outros;
b) Promoção da segurança na escola, ou seja, a escola é responsável por
garantir um ambiente seguro aos alunos e aos restantes membros da
comunidade escolar, preservando-os em relação ao meio exterior;
c) Utilização dos espaços da escola para potenciar o projecto educativo,
isto é, a educação do aluno, em sentido lato, não se confina apenas à

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sala de aula. Neste sentido, a escola pode potenciar o processo
educativo fazendo uma utilização coordenada dos diferentes espaços
para aprendizagem, em diferentes vertentes.

Bibliografia

Ferreira, J.A.; Souza, A; (2009). Gestaç Escolar: Desafios e possibiliades.


Curitiba
Material de apoio a Disciplina de Administração, Organização e Gestão Escolar
(2003) Lubango, ICRA Regional.
Santos, A; Bessa, A; Pereira, D (2009) Escolas de futuro. 130 Boas Práticas de
Escolas Portuguesas. Porto, Porto editora.
UNESCO (1993) Melhores Escolas. Material de Apoio para Directores de
Escolas em África. Maputo, Commonwealth Secretariat.

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