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Fabiano Klaus
Disciplina Nefrologia
Faculdade de Medicina UNISINOS
• Definição - Presença de um agente infeccioso no trato
urinário, com multiplicação do micro-organismo e
invasão tecidual em algum segmento do mesmo,
causando ou não sintomas.
Infecção
Colonização
Contaminação
• Patologia extremamente frequente, afetando 150.000.000
pessoas ao ano no mundo.
• Ocorre em todas as idades.
- No primeiro ano mais frequente sexo masculino – devido ao
maior número de malformações congênitas (válvula de uretra
posterior).
- Após, durante infância e adolescência, assim como na vida
adulta as mulheres são mais acometidas (até 10-20 x).
- A partir da 5º e 6º década aumenta frequência em homens em
virtude das doenças prostáticas.
• Classificação - Anatômica:
Baixa: Invasão superficial mucosa
como cistite e uretrite, assim
como prostatite.
Alta: Invasão tecidual como
Pielonefrite.
• Classificação - Invasão Tecidual:
Invasiva: Invasão tecidual – parênquima - pelo
patógeno, como prostatite e pielonefrite.
Superficial: Invasão superficial da mucosa - cistite e
Uretrite.
• Classificação - Frequência:
Episódio único.
Recidiva: Persistência de infecção, causada pelo mesmo agente.
Reinfecção: Nova infecção causada por novo germe ou outra
cepa do mesmo germe.
• Classificação: Potencial de Complicação
Não Complicada: Infecção em paciente com estrutura e função
trato urinário normais fora do ambiente hospitalar.
Complicada: Casos de pielonefrite aguda, infecção na gestação,
infecções adquiridas ambiente hospitalar ou presença de
alterações estruturais ou funcionais trato urinário (obstrutivas,
dispositivos invasivos), condições de imunossupressão
(Insuficiência Renal, Transplante, DM).
• Vias de Infecção:
1) Ascendente: mais comum, risco aumento com invasão
trato urinário – sondas ou cateter.
2) Hematogênica: sepse com disseminação, pode levar a
formação de abscessos renais, mais comum com germes
Gram positivos, obstrução urinária é um fator
predisponente.
3) Via linfática: questionável, refluxo pielo-linfático é uma via
de disseminação infecção.
• Quadro Clínico:
- Cistite: Sintomas irritativos do trato urinário baixo como disúria,
polaciúria, urgência miccional e dor baixo ventre, secundários a
aderência da bactéria aos tecidos bexiga.
* Aspecto da urina pode ser valorizado – urina turva.
- Pielonefrite Aguda: Sintomas clínicos mais exuberantes, pode
iniciar com sintomas miccionais baixos. Tríade de febre, calafrios
e dor lombar, podendo evoluir com sintomas sistêmicos de
septicemia. Dor a palpação abdominal e PPL + ao exame físico.
• Punho Percussão Lombar:
Sinal de Giordano +.
• Quadro Clínico:
- Síndrome Uretral: Sintomas mais prolongados, disúria,
polaciúria, secreção uretral. Avaliar histórico de exposição
sexual. Uretrites por Chlamydia Trachomatis, Mycoplasma e
Ureaplasma Urealyticum podem ser assintomáticas.
- Prostatite: Pacientes podem apresentar sintomas miccionais
baixos (disúria, polaciúria, urgência miccional), dor pélvica,
secreção uretral, febre e mal-estar. Pode apresentar-se de
forma crônica.
• Etiologia:
Escherichia coli
Staphylococcus saprophyticus
Proteus sp
Klebsiella sp
Enterococcus faecalis
Pseudomonas aeruginosa
Enterobacter sp
Staphylococcus Aureus
Fungos - Cândida sp
• Fisopatologia:
• Via Ascendente: - colonização peri-uretral, aderência epitelial -
fímbrias, substituição flora local, internalização do agente nas células
epiteliais levando aos sintomas.
- Fatores de Virulência: Relacionados aos Patógenos.
Fímbrias das bactérias (E coli) que interagem com glicoproteínas dos
receptores do urotepiélio, facilitam adesão do agente as células
hospedeiro – células epiteliais trato urinário.
Outros fatores virulência - Fator necrotizante citotóxico, antígenos
polissacarídeos, proteínas de superfície, hemolisinas, proteases,
ureases, auto-transportadores.......
• Fisopatologia:
- Fatores Relacionados ao Hospedeiro: mais frequente sexo feminino –
condição anatômica, desequilíbrio entre a virulência do agente e os
sistemas inatos de defesa.
- Fatores Relacionados a Urina:
- Osmolaridade Urinária > 800 mOsmol/kg e PH < 5,0 são fatores
adversos e sobrevivência bacteriana.
- Fluxo urinário e esvaziamento vesical são protetores, estase urinária é
fator predisponente a infecção.
- Glycocalyx – que recobre o uroepitélio, muco e as proteínas de Tamm-
Horsfall >>> ligam-se e eliminam bactérias – Protetores.
Infecção Urinária
• Investigação Diagnóstica:
1) EQU + Urocultura com Teste.
2) Função Renal, Hemograma e Marcadores Inflamatórios, PSA.
3) Exames de Imagem.
- Pielonefrite grave – sem resposta ao tratamento após 48-72 hs
– excluir obstrução urinária ou abscesso.
- Infecção urinária complicada.
- Mulheres com infecção urinária de repetição.
- ITU em neonatos ou crianças.
- Homens.
- Transplantados renais.
Infecção Urinária
• Investigação Diagnóstica - EQU:
Análise microscópica do sedimento urinário após centrifugação
da urina ou citometria.
Leucocitúria: > 5 leucócitos p/c após centrifugação urina (5.000
leucócitos por mL) ou contagens > 30.000 leucócitos por mL na
análise por citometria de fluxo.
Presença de nitrito – produzido por enterobactérias redutoras
do nitrato.
Cilindros leucocitários sugerem pielonefrite aguda.
Presença de bacteriúria deve ser confirmada por cultura.
Proteinúria – pode ser discreta e variável em alguns casos.
Hematúria – se presente discreta.
Infecção Urinária
• Investigação Diagnóstica - Urocutura:
Coleta em frasco estéril, jato médio, técnica asséptica e
preferencialmente não em vigência de uso de antibioticoterapia, se
possível a primeira urina da manhã - Urina de qualquer micção pode
ser valorizada – obter com intervalo mínimo de 2 hs.
Confirmatório com número > 105 UFC por ml/urina (100.000
UFC/ml).
Contagens menores podem ser consideradas em pacientes
sintomáticos ou em uso de antimicrobianos (10.000 UFC/ml).
Amostra primeiro jato pode ser substituta a secreção uretral em
casos suspeitos de uretrite.
Teste de Sensibilidade ao Antimicrobiano: análise in vitro
complementar, identifica antimicrobiano a ser prescrito.
Contagens menores que 105 podem ser
consideradas para tratamento em
pacientes sintomáticos ou em uso de
tratamento antimicrobiano.
Avaliação Urológica - Exame de Imagem:
Quando Indicar:
1) Pielonefrite grave – sem resposta ao tratamento após 48-72 hs –
excluir obstrução urinária ou abscesso.
2) Infecção urinária complicada.
3) Mulheres com infecção urinária de repetição.
4) ITU em neonatos ou crianças.
5) Homens.
6) Transplantados renais.
Exame de Imagem:
- Ecografia renal e vias urinárias – avalia obstrução urinária, cálculos,
presença de malformações e resíduo pós miccional. Pode identificar
coleções peri-renais.
- Tomografia Computadorizada com Contrastada – exame ideal para
avaliar abscessos, cálculos e obstrução urinária.
- RMN – avalia obstruções, cálculos, abscesso, mal-formações.
- Radiografia simples de abdômen – identifica cálculos densidade
cálcica.
- Uretrocistografia Miccional: avalia obstrução baixa e refluxo vesico-
ureteral.
- Cintilografia Renal com DMSA – identifica cicatrizes corticais renais,
causadas por nefropatia refluxo, infecções e obstruções crônicas trato
urinário.
• Tratamento:
- Escolha do antimicrobiano depende do germe isolado e teste de
sensibillidade antimicrobiano.
- Tempo do tratamento depende das característica da infecção e do
hospedeiro, assim como como antimicrobiano.