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II – DOS FATOS
A) Do contrato
O autor no ano de 2014 realizou junto a ré um contrato de
financiamento estudantil pelo FIES, entabulado pelo
nº 06.0168.185.0004303-24, conforme documento(doc1 e doc5), onde
pagaria no período de utilização (decorrer do curso) e após o término
da graduação em agosto/2018 (período de carência), 18 meses
posteriores, parcelas trimestrais de abatimento de juros e começaria
a ser pago a amortização com parcelas mensais no valor de r$ 497,36
após o período de carência, sendo a primeira parcela com vencimento
em 15/03/2020.
B) TEORIA DA IMPREVISÃO
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AGREXT 0000682-86.2012.4.01.4100, MARCELO STIVAL, TRF1 - TURMA REGIONAL DE
UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, Diário Eletrônico Publicação 09/10/2015; AGREXT
0014792-15.2014.4.01.3100, CLÁUDIO HENRIQUE FONSECA DE PINA, TRF1 - SEGUNDA TURMA
RECURSAL - PA/AP, Diário Eletrônico Publicação 11/04/2018.)
2
Art. 1º, inciso III da CF/88.
3
0 "Art. 11. Os Estados Partes do presente pacto reconhecem o direito de toda
pessoa a um nível de vida adequado para si próprio e sua família, inclusive à
alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria contínua
de suas condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para
assegurar a consecução desse direito [...]."
Em nome do princípio da conservação dos negócios, considera o
Requerente ser a melhor saída emergencial a suspensão do contrato
pelo prazo que restarem pujantes os impactos da crise do COVID-19;
para se adequar a esta nova realidade apresentada nos capítulos
anteriores.
Todo contrato regido pelo ordenamento jurídico civil brasileiro,
deve passar pelas regras de interpretação previstas no §1º, art. 113
do Código Civil, sendo algumas delas:
● Regra da vontade presumível (art. 113, §1º, V): deve ser
levado em conta o contexto da época da celebração do contrato, levando
em conta a realidade econômica.
● Regra da confirmação posterior (art. 113, §1º, I): deve ser
levado em conta a conduta do Requerido em entender a situação em que
estamos passando, oferecendo a contraproposta, ainda que esta esteja
longe da real situação que estamos vivendo.
● Regra da boa-fé e dos costumes (art. 113, §1º, II e III):
devemos interpretar o contrato conforme a boa-fé compatível com os
negócios, estando as duas partes abertas inicialmente ao diálogo, mas
sem um consenso quanto aos valores e condições da negociação.
Art. 5(...)
§ 6º Em decorrência do estado de calamidade pública reconhecido
pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, ficam
temporariamente suspensas, durante todo o respectivo período:
I – A obrigação de pagamentos destinados à amortização do saldo
devedor dos contratos referidos no caput deste artigo;
II – A obrigação de pagamento dos juros incidentes sobre o
financiamento referidos no § 1º do art. 5º desta Lei;
III – a obrigação de pagamento de parcelas oriundas de condições
especiais de amortização ou alongamento excepcional de prazos para
os estudantes inadimplentes com o Fies estabelecidos nos termos do
§ 1º deste artigo;
IV – A obrigação de pagamento ao agente financeiro vinculada a
multas por atraso de pagamento durante os períodos de utilização, de
carência e de amortização do financiamento.
§ 7º A suspensão das obrigações de pagamento referidas no § 6º
deste artigo importa na vedação de inscrever, por essa razão, os
estudantes beneficiários dessa suspensão como inadimplentes ou de
considerá-los descumpridores de quaisquer obrigações com o Fies.
§ 8º São considerados beneficiários da suspensão referida no § 6º
deste artigo os estudantes adimplentes ou cujos atrasos nos
pagamentos das obrigações financeiras com o Fies devidas até 20 de
março de 2020 sejam de, no máximo, 180 (cento e oitenta) dias,
contados da data de seu vencimento regular.(gn)
Com as normas elencadas acima, fica claro que o autor tem direito
a essa suspensão, o que solicitado por e-mail (Doc14), sendo assim,
fica evidente que o erro da Caixa, ao não aceitar e o tamanho da
desproporcionalidade do ato.
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Vide à título exemplificativo:
https://www.migalhas.com.br/quentes/323693/escritorio-de-advocaciaconsegue-
reducao-de-aluguel-ate-maio;
https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2020-05/covid-19-mec-suspende-
pagamento-de-parcelas-do-fies ;
https://www.migalhas.com.br/quentes/324178/arquiteta-consegue-suspender-
pagamentos-ao-fies-em-razao-da-pandemia
perdurarem os efeitos colaterais da crise, visto que no contrato em
análise as partes se encontram em desequilíbrio, em prejuízo ao
Requerente, face o advento da crise da pandemia do COVID-19.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os
direitos de outrem.
VI – DOS PEDIDOS:
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
24 de julho de 2020