Você está na página 1de 2

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Processo: 1.0000.21.077015-2/000
Relator: Des.(a) Leite Praça
Relator do Acordão: Des.(a) Leite Praça
Data do Julgamento: 20/08/2021
Data da Publicação: 26/08/2021

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA - TOMADA DE DECISÃO


APOIADA - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA SEU DEFERIMENTO - RECURSO NEGADO. Para que seja
deferido o pedido de Tomada de Decisão Apoiada, todos os requisitos estabelecidos no art. 1.783-A do Código Civil
devem ser preenchidos, o que não ocorreu no caso em questão.

AGRAVO DE INSTRUMENTO-CV Nº 1.0000.21.077015-2/000 - COMARCA DE ITABIRA - AGRAVANTE(S): JOSÉ


ESTEVAM DA SILVA

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 19ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na
conformidade da ata dos julgamentos, em negar provimento ao recurso.

DES. LEITE PRAÇA


RELATOR

DES. LEITE PRAÇA (RELATOR)

VOTO

Trata-se de recurso de Agravo de Instrumento, com pedido de antecipação da tutela recursal, interposto por J.E.S.
contra a r. decisão de f. 13 e 14/TJ, prolatada pelo Exmo. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Itabira que,
nos autos da Tomada de Decisão Apoiada, indeferiu o pedido de antecipação de tutela recursal.
Sustenta o Agravante, em síntese, que o pedido formulado se mostra legitimamente adequado para o caso
concreto.
Esclarece que o relatório médico citado na decisão agravada é de 2018 e foi juntado aos autos para dar maior
instrução aos fatos relativos à Ação de Consignação em Pagamento, na qual o Agravante figura no polo passivo.
Afirma que a disartria é uma condição de saúde com a qual a pessoa sofre com alteração da fala e que, ainda que
o Agravante tenha algum comprometimento de memória, a incapacidade de gestão de seus bens não é absoluta.
Informa que a certidão emitida pelo serventuário do Poder Judiciário possui fé pública e goza de presunção de
veracidade e que foi atestada, pelo servidor, a ciência do Agravante do ato praticado.
Noticia que não há conflito de interesses entre o Agravante e a cônjuge e seu filho e que eles somente
participaram do ato por determinação legal.
Alega que a urgência do pedido se deve ao fato de a instituição bancária exigir a participação de um
representante legal na condição de curador ou apoiador para que possa fazer jus ao recebimento de apólice de
seguro por invalidez.

Pugna pela concessão da tutela antecipada recursal, para que os apoiadores possam, liminar e provisoriamente,
prestar auxilio ao Agravante, conforme termo de tomada de decisão e, ao final, o provimento do recurso.
O recurso foi recebido apenas no efeito devolutivo.
Parecer Ministerial às fls. 73/74, opinando pelo desprovimento do recurso.
É o relatório.
Conheço do recurso, porquanto preenchidos os pressupostos de admissibilidade.

MÉRITO
Conforme cediço procedimento de Tomada de Decisão Apoiada, regulamentado pela inclusão do art.

1
Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.783-A do Código Civil, é o meio pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 pessoas idôneas, com as
quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da
vida civil, fornecendo-lhes os elementos e as informações necessários para que possa exercer sua capacidade.
De acordo com o artigo supracitado e com o seu §3º, existem alguns requisitos necessários para a concessão do
deferimento do instituto de Tomada de Decisão Apoiada. Confira-se:
Art. 1.783-A. A tomada de decisão apoiada é o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2
(duas) pessoas ido^neas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na
tomada de decisão sobre atos da vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informaço~es necessários para que
possa exercer sua capacidade. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
(...)
§ 3 o Antes de se pronunciar sobre o pedido de tomada de decisão apoiada, o juiz, assistido por equipe
multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvirá pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão
apoio. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

Verifica-se que o §3º do art. 1.783-A do Código Civil, estabelece que antes do juiz pronunciar sobre o pedido de
Tomada de Decisão Apoiada, deverá, assistido por equipe multidisciplinar, após oitiva do Ministério Público, ouvir
pessoalmente o requerente e as pessoas que lhe prestarão apoio.
Compulsando atentamente os autos, verifica-se que tal procedimento ainda não foi adotado pelo magistrado de
origem que, expressamente, negou o pedido das partes, sob o fundamento de que, por ora, mostra-se imprescindível
a realização de perícia médica para comprovar se a parte é capaz ou não para os atos da vida civil.
Além disso, ainda que o Oficial de Justiça tenha atestado (fl. 31v) a capacidade cognitiva do Agravante, certo é
que o relatório médico acostado aos autos indica que o recorrente "possui impedimento definitivo e está disártrico,
com deficiência de memória e incapaz de gerir os seus bens" (fl. 52v.).
Sendo assim, por ora, não se mostra adequado o deferimento do pedido de homologação do termo de
Tomada de Decisão Apoiada.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso.


Custas pelo Agravante, suspensa a exigibilidade, nos termos do §3º do art. 98 do CPC.
É como voto.

DES. VERSIANI PENNA - De acordo com o(a) Relator(a).


DES. CARLOS HENRIQUE PERPÉTUO BRAGA - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO"

Você também pode gostar