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MANUAL DE NORMAS DE ENFERMAGEM

1.4.4 LAVAGEM VESICAL

APROVADO POR REVER EM


ISABEL SEQUEIRA – ENFERMEIRA DIRECTORA MAIO 2021

1. DEFINIÇÃO
É um conjunto de acções que contempla a instilação de soro fisiológico, ou outros solutos, com
seringa, através da algália, até à bexiga. Existem 2 tipos de lavagem vesical:
a intermitente / manual
a continua (sifonagem) – Norma técnica de Enfermagem 1.4.5

2. OBJECTIVOS
 Remover potenciais fontes de obstrução do cateter urinário (ex.: coágulos, pús, muco
intestinal)
 Promover a hemostase e limpeza da bexiga (ex.: doentes com cistite rádica)

3. INFORMAÇÕES GERAIS

A – Quem executa:
 O enfermeiro
 O médico

B – Horário:
 Quando prescrito ou em SOS

 Quando se verifique obstrução ou exista grande probabilidade de


obstrução do cateter urinário (ex: doentes com neobexigas pela
presença de grande quantidade de muco intestinal na urina)

 Persistência de hematúria com coágulos

C – Orientações quanto à execução:


 A diminuição do débito urinário, só por si, não é razão para a execução da lavagem
vesical.
 Antes de realizar a lavagem vesical deverá ser despistado a presença de torção ou
obstrução do tubo de drenagem.
CÓDIGO Nipo144 VERSÃO 1.3 DATA REVISÃO Junho 2018
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 A lavagem vesical só deve ser realizada após ter a certeza de que há obstrução do
cateter, pois, pode aumentar o risco de infecção pela quebra do sistema fechado.
 Doentes com urina com pH elevado (urina alcalina) e altas concentrações de
amónia, têm tendência a obstruir a algália. É uma situação, normalmente,
encontrada nos doentes que têm infecção urinária por Proteus mirabilis. As
mulheres têm mais tendência a fazer obstrução da algália do que os homens
porque, também, têm mais tendência a fazer infecções urinárias por presença de
cateter urinário.
 Nunca usar água para irrigação da bexiga pela rápida absorção por osmose. As
lavagens vesicais deverão ser realizadas com cloreto de sódio a 0,9%
 O líquido deverá ser injetado a baixa pressão e, deverá sair por gravidade mas, por
vezes, é necessário aspirar suavemente para remover os detritos e coágulos
sanguíneos que estão a obstruir o cateter.
 Em caso de hematúrias francas com coágulos poderá ser necessário proceder à
desalgaliação e depois a uma algaliação com “sonda de Bequille”. Após a
introdução da sonda e entre cada instilação de cloreto de sódio a 0,9% deve-se
proceder à sua mobilização para facilitar a saída de coágulos e a lavagem de todas
as paredes da bexiga. Quando o líquido de retorno for claro, sem coágulos deve-se
algaliar com sonda de 3 vias e colocar sifonagem para lavagem contínua. As
“sondas de Bequille” são cateteres rígidos em PVC com lúmen largo que permitem
um fluxo rápido.
 Usar técnica asséptica.
4. MATERIAL E EQUIPAMENTO
 Carro de apoio, em inox, com:

 Kit de lavagem vesical, esterilizado, com:


 Tabuleiro
 Cápsula grande
 Cuvete grande
 Compressas esterilizadas (1 de 40x40 + várias de 10x10)
 Campo (invólucro interior do kit servirá de campo)

 Cloreto de sódio a 0,9%, de fácil abertura (1000ml)

 Seringa de 100 ml, esterilizada

 Luvas de palhaço esterilizadas

 Luvas cirúrgicas esterilizadas

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 Cateter urinário tipo “Bequille”


Nas hematúrias francas
(preferencialmente >20 Ch)
com coágulos e de difícil
 Material para algaliação, se necessário desobstrução da algália

 Material para desalgaliação, se necessário

 Compressas esterilizadas de 10x10cm (reforço)

 Saco coletor estéril

 Álcool a 70º

 Solução alcoólica Sterillium® , para desinfecção das mãos

 Resguardo absorvente e impermeável

 Avental plástico de uso único

 Saco de sujos – resíduos grupo III

 Máscara com viseira, se necessário (em hematúrias francas com coágulos, onde
possam existir salpicos)

5. PROCEDIMENTO

AÇÃO JUSTIFICAÇÃO

1. Identificar o doente Evitar erros

2. Proceder à lavagem higiénica das mãos Prevenir infecção

3. Proceder à desinfecção do carro de Prevenir contaminação do material


apoio do material esterilizado com álcool
a 70º, deixando evaporar

4. Preparar todo o material e transportá-lo Economizar tempo


para junto do doente

5. Isolar o doente Respeitar privacidade

6. Explicar o procedimento ao doente Diminuir ansiedade


Obter colaboração do doente

7. Colocar avental de plástico Prevenir infecção

8. Colocar o doente numa posição Diminuir desconforto


confortável e que permita um bom
Facilitar a execução da técnica
acesso ao cateter urinário, se possível
com pernas em extensão

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9. Colocar resguardo impermeável e Proteger roupa da cama


absorvente por baixo do utente

10. Proceder à desinfecção higiénica das Prevenir infecção


mãos

11. Abrir pacote de compressas esterilizadas Economizar tempo


de 10x10, deixando-as dentro do Facilitar execução da técnica
invólucro, e embebê-las em álcool a 70º

12. Abrir invólucro exterior (manga mista) do Economizar tempo


Kit de Lavagem Vesical Facilitar execução da técnica

13. Colocar kit de Lavagem Vesical em cima Facilitar execução da técnica


do resguardo, ao pé do doente, e abri-lo Prevenir infecção cruzada
para assim formar o campo estéril, sem
tocar no seu interior
OBS.: a algália e o tubo de drenagem não
devem tocar no campo

14. Abrir seringa de 100 ml para dentro do Dar continuidade ao processo


tabuleiro Facilitar execução da técnica

15. Abrir frasco de soro fisiológico de 1000ml Dar continuidade ao processo


Facilitar execução da técnica

16. Colocar saco de resíduos grupo III, Facilitar execução da técnica


aberto, em cima da cama, no resguardo,
ao lado do material de lavagem vesical

17. Calçar luvas de palhaço esterilizadas Prevenir infecção cruzada

18. Reposicionar a cápsula e restante Dar continuidade ao processo


material do kit de Lavagem Vesical e Facilitar execução da técnica Facilitar
retirar a cuvete para fora do tabuleiro, execução da técnica
mas, dentro do campo

19. Pegar nas compressas esterilizadas de Desinfecção do terminal da algália


10x10, embebidas em álcool a 70º, e Prevenir infecção cruzada
friccionar muito bem o terminal da
algália, junto à conexão com o tubo de
drenagem

20. Desconectar o tubo de drenagem da Dar continuidade ao processo


algália e rejeitá-lo para o saco de Possibilitar a execução da técnica
resíduos

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21. Retirar as compressas embebidas em Prevenir infecção cruzada


álcool e colocar a compressa esterilizada Facilitar execução da técnica
de 40x40 a envolver o terminal da
algália, sem conspurcar o campo e a
algália. Colocar as compressas
rejeitadas no saco contentor de resíduos
grupo III

22. Retirar luvas de palhaço Dar continuidade ao processo


Prevenir infecção cruzada

23. Fazer desinfeção higiénica das mãos Prevenir infecção cruzada

24. Colocar o soro na cápsula Dar continuidade ao processo

25. Calçar luvas cirúrgicas esterilizadas Manter técnica asséptica

26. Aspirar 60 a 100 ml de soro fisiológico. Dar continuidade ao processo


Adaptar a seringa na extremidade da
algália, envolta na compressa

27. Injetar suavemente, fazendo uma leve Prevenir traumatismos


pressão no êmbolo da seringa Promover limpeza da bexiga

28. Retirar a seringa e deixar que a solução Promover drenagem das fontes de obstrução
de irrigação seja drenada, por da bexiga
gravidade, para dentro da cuvete grande Prevenir traumatismos

Prevenir infeção cruzada


OBS.: Caso haja obstrução do cateter devido
a coágulos sanguíneos, fazer uma leve
sucção com o êmbolo da seringa. Evitar
fazer sucção vigorosa pois pode lesar a
parede da bexiga.

29. Repetir os passos 26, 27 e 28 até o Dar continuidade ao processo


líquido de retorno sair limpo. Promover limpeza total da bexiga
OBS.: No caso do líquido parar de refluir, Prevenir traumatismos
girar, delicadamente, a algália entre os
dedos, pressionar, suavemente a região
supra-púbica, ou pedir ao doente que realize
a manobra de Valsalva, ou que se vire de
lado.

30. Limpar e desinfetar, externamente, o Promover limpeza da algália


terminal da algália Prevenir infeções

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31. Conectar novo saco coletor de urina Promover drenagem de urina

32. Retirar as luvas Prevenir infeção

33. No caso do doente estar com sifonagem Avaliar a drenagem


para lavagem contínua: reabrir o sistema
de soro da sifonagem e verificar se existe
drenagem por gravidade

34. Retirar o material, campo esterilizado e Dar continuidade ao processo


resguardo descartável

35. Reposicionar o utente de acordo com a Proporcionar conforto


situação clínica e preferência do mesmo Prevenir complicações

36. Recolher o material fazendo triagem do Prevenir contaminação do ambiente


mesmo Manter a unidade arrumada
37. Proceder à lavagem e desinfeção Prevenir infeção cruzada
higiénica das mãos

6. REGISTOS
 Data e hora da lavagem vesical
 Finalidade da lavagem
 Quantidade de soro introduzida
 Quantidade e características do líquido drenado
 Dificuldades na execução da técnica
 Reação do utente
 Referir se houve necessidade de algaliação com outro tipo de cateter
 Ensino efetuado

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Manual da CCI, normas 4 e 22


 “Atlas Fotográfico de Procedimentos de Enfermagem”. Swearingen, Pamela L.;
Howard, Cheri A. Artmed Editora, 3ª edição, 2002.

 “Manual of Clinical Nursing Procedures”. Mallet, Jane; Dougherty, Lisa. The Royal
Marsden Hospital, Blackwell Science, 5ª edição, 2000.

 “Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica”. Bare, B.G. & Smeltzer, S. C. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 8ª edição, 2000

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