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Trata-se de AÇÃO DECLARATÓRIA onde se pleiteia a condenação dos Requeridos no

pagamento da diferença previdenciária descontada indevidamente no período de 2013 a


2018, no valor total de R$ 23.706,71 (vinte e três mil setecentos e seis reais e setenta e
um centavos), valor a ser atualizado, e deverá ser acrescido de juros e correção monetária
movida em face do ESTADO DE GOIÁS e GOIASPREV.

Alega a parte autora que A presente ação judicial visa pleitear restituição da cobrança
previdenciária indevida de 13,25% frente a suposta inconstitucionalidade da Lei
Complementar nº 100/2012.

O Estado de Goiás ofertou contestação, sustentando, em síntese, a incompetência


absoluta da Vara da Fazenda Pública Estadual bem como a ilegitimidade passiva no
tocante a restituição de valores. No mérito, pugnou pelo acolhimento da preliminar ou pela
improcedência dos pedidos.

Citada a GOIASPREV contestou a inicial e pugnou, ao final, pela improcedência dos


pedidos.

A parte autora impugnou às defesas, ratificando os pleitos exordiais e ilidindo os termos


das defesas.

Sobre as provas, as partes pugnaram pelo julgamento antecipado da lide.

O Ministério Público informou ser desnecessária sua intervenção no feito.

Após regular instrução, os autos vieram-me conclusos para prolação de sentença.

É o relatório.

Decido.

Cuida-se de ação de conhecimento onde se pleiteia a restituição da contribuição


previdenciária movida contra a GOIASPREV e/ou ESTADO DE GOIÁS, sob a alegação de
que a Lei Complementar nº 100/2012 reduziu o salário do requerente, o de per si, mostra-
se inconstitucional.

Com relação a legitimidade passiva, entendo que tanto o Estado de Goiás, quanto a
GOIASPREV são partes legítimas para figurar no polo passivo da lide.

É que a GOIASPREV, apesar de não ser destinatária do IRRF, é quem recebe a


contribuição previdenciária. O Estado de Goiás, por sua vez, é o destinatário do imposto
de renda retido na fonte.

Assim, a esfera jurídica de ambos será atingida em caso de procedência do pedido inicial,
motivo pelo qual devem ambos ser mantidos no polo passivo da lide.

Rebatidas a preliminar e preenchidos os pressupostos processuais, adentro ao


meritum causae.

O presente feito enquadra-se no inciso I do art. 355 do CPC, permitindo, assim, o


julgamento antecipado do mérito em razão da desnecessidade de produção de outras
provas além daquelas já colacionadas aos autos.

A presente demanda atém-se na suposta ilegalidade da majoração da alíquota da


contribuição previdenciária, frente a violação da irredutibilidade salarial por não ter sido
apresentado previamente cálculo autarial, nos termos dos artigos 97, caput, e 102, inciso
IV, ambos da Constituição Estadual.

Notório que o Supremo Tribunal Federal procedeu ao julgamento do ARE


875.958/GO (Tema nº 933), do qual fixou as seguintes teses:

1. A ausência de estudo atuarial específico e prévio à edição de lei que


aumente a contribuição previdenciária dos servidores públicos não implica vício de
inconstitucionalidade, mas mera irregularidade que pode ser sanada pela demonstração
do déficit financeiro ou atuarial que justificava a medida.

2. A majoração da alíquota da contribuição previdenciária do servidor público


para 13,25% não afronta os princípios da razoabilidade e da vedação ao confisco.

Sobre o tema, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás já proferiu entendimento:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA C/C COBRANÇA. APLICAÇÃO


DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. LEI COMPLEMENTAR Nº 100/2012. CONSTITUCIONALIDADE
DECLARADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. TEMA 933 DA REPERCUSSÃO
GERAL. 1. O equívoco do recorrente em denominar a peça de interposição de recurso
inominado em vez de apelação não é suficiente para a inadmissibilidade, porque atendidos
todos os pressupostos recursais do recurso adequado, ensejando a aplicação do princípio
da fungibilidade. 2. O ARE 875.958/GO (Tema nº 933), do Supremo Tribunal Federal, teve
como leading case justamente o recurso extraordinário interposto na Ação Direta de
Inconstitucionalidade nº 92447-30.2013.8.09.0000, que tramitou no Órgão Especial do
TJGO sob a relatoria do Desembargador Leobino Valente Chaves. O recurso
extraordinário foi provido pelo Supremo Tribunal Federal, para reformar o acórdão
recorrido e declarar a constitucionalidade da Lei Complementar estadual nº 100/2012. 3.
Na oportunidade do referido julgamento, foi firmada a tese definidora do Tema 933 da
Repercussão Geral, segundo a qual: 1. A ausência de estudo atuarial específico e prévio à
edição de lei que aumente a contribuição previdenciária dos servidores públicos não
implica vício de inconstitucionalidade, mas mera irregularidade que pode ser sanada pela
demonstração do déficit financeiro ou atuarial que justificava a medida. 2. A majoração da
alíquota da contribuição previdenciária do servidor público para 13,25% não afronta os
princípios da razoabilidade e da vedação ao confisco. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E
DESPROVIDA.
(TJGO, PROCESSO CÍVEL E DO TRABALHO -> Recursos -> Apelação Cível 5066593-
48.2017.8.09.0051, Rel. Des(a). DORACI LAMAR ROSA DA SILVA ANDRADE, 7ª
Câmara Cível, julgado em 21/09/2023, DJe de 21/09/2023)

Destarte, sem maiores delongas e conforme entendimento do STF, JULGO


IMPROCEDENTE os pedidos constantes na exordial.

Em face da sucumbência, condeno o requerente ao pagamento de R$ 3.000,00 (três mil


reais), a título de honorários advocatícios sucumbenciais.

Sentença não sujeito ao duplo grau.

Intimem-se.

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