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TRIBUNAL JUDICIAL COMARCA DE ------

JUÍZO LOCAL CÍVEL

I-----------------------, casada, portadora do Cartão de Cidadão n.º


----------------, válido até --------- e com o contribuinte fiscal--------,
residente no ----------------------------------------, vem, ao abrigo do
disposto nos artigos 141.º n.º 1 do Código Civil e nos artigos 891º e
seguintes do Código Processo Civil, de acordo com a redação dada pela Lei
n.º49/2018, de 14 de Agosto, propor,
ACÇÃO DE ACOMPANHAMENTO DE MAIOR, COM NOMEAÇÃO DE
ACOMPANHANTE, nos termos e com os seguintes fundamentos:

1.º
A Requerente/Beneficiária nasceu em -----------, concelho de ---------,
distrito de ---------, em 17-07-19---, encontrando-se com --- anos de idade
– conforme assento de nascimento que se junta e dá por integralmente
reproduzido e articulado para os devidos e legais efeitos sob Doc. n.º 1.

2.º
A Requerente/Beneficiária contraiu casamento com -------------------------,
em -------- – conforme Doc. nº 1 já dado por reproduzido.

Sucede que,

3.º
A Requerente/Beneficiária, actualmente com 72 anos de idade, vivia com o
seu marido, actualmente com 85 anos de idade, na casa de ambos,

4.º
sendo que durante o dia e atendendo às idades avançadas e problemas de
saúde, frequentava um Centro de Dia, onde eram providenciadas as suas
refeições, cuidados de higiene, convívio e ocupação, uma vez que nem ela
nem o seu marido têm capacidade para realizar estas tarefas.

5.º
Em finais de 2018, em data que não pode concretizar, por indicação do seu
marido, a Requerente/Beneficiária mudou de Centro de Dia, para um local e
instituição que não foram do seu agrado e que lhe provocava grande
tristeza.

6.º
Estando insatisfeita com as condições que lhe eram proporcionadas neste
Centro de Dia, a Requerente/Beneficiária pediu ao seu enteado
P---------------------------, para a acolher na sua habitação.

7.º
O que este concordou e consentiu,

8.º
tendo a Requerente/Beneficiária, desde 04 de Fevereiro de 2019, passado a
residir, na habitação do enteado, na Rua -----------------------.

9.º
Desde esta data, é o enteado, P----------------, conjuntamente com a sua
esposa, S-----------, que têm vindo a prestar o apoio de que a
requerente/beneficiária necessita, gerindo-lhe as despesas e a respetiva
pensão de reforma, bem como todas as necessidades básicas e de
alimentação.

10.º
A Requerente/Beneficiária, em meados de 2016, foi vítima de um Acidente
Vascular Cerebral, que a debilitou ao nível psicomotor.

11.º
Na consulta de Neurologia, foi feita avaliação da qual resultou o diagnóstico
de lentificação psicomotora, com limitações ao nível da orientação no
tempo e espaço.

12.º
Na última avaliação realizada em Setembro de 2018, foi emitido Relatório
pelo Centro Hospitalar e Universitário de ---------------, serviço de
Neurologia, a Requerente/Beneficiária apresentava melhorias ao nível da
lentificação psicomotora.

13.º
No entanto, da avaliação neuropsicológica resultou um diagnóstico de
Demência moderado, com uma evolução clínica atípica que poder-se-á
dever a quadro psiquiátrico grave concomitante de recuperação,

14.º
tendo-se refletido numa melhoria de iniciativa e autonomia da doente –
conforme documento Doc. n.º 2, que se junta e dá por integralmente
reproduzido e articulado para os devidos e legais efeitos sob.

15.º
No entanto, em razão da idade e atendendo ao estado de saúde em franca
evolução de debilidade, que se irá agravar com o passar do tempo, tendo
em conta a natureza da mesma e da idade,

16.º
e em virtude de já vir necessitando do apoio ou intervenção para realizar as
suas actividadas diárias, pois,

17.º
carece de ajuda para providenciar adequadamente pela sua alimentação e
zelar pelos seus cuidados medicamentosos e de higiene continuados.
18.º
Atendendo ao relatório médico e à idade da Requerente/Beneficiária, bem
como das condições fisícas limitativas com que se tem deparado e para as
quais já necessita de apoio,
19.º
é previsível que num curto espaço de tempo, necessitará, do apoio e
assistência para que de um modo consciente e livre, possa gerir a sua
pessoa, exercer os seus direitos, cumprir os seus deveres ou cuidar dos
seus bens.

20.º
A Requerente/Beneficiária é titular da conta bancária n.º ------------------,
junto do Banco -------------, conforme Doc. n.º 3 que se junta e dá por
integralmente reproduzido e articulado para os devidos e legais efeitos.

21.º
Conta esta onde é depositado mensalmente o valor da pensão (velhice)
auferida por ela e cujo valor é de € ------------, paga pelo Centro Nacional
de Pensões da Segurança Social, conforme Doc. n.º 4 que se junta e dá
por integralmente reproduzido e articulado para os devidos e legais efeitos.

22.º
Preceitua o art.º 138.º do C.C., que o maior impossibilitado, por razões de
saúde, deficiência, ou pelo seu comportamento, de exercer, plena, pessoal e
conscientemente, os seus direitos ou de, nos mesmos termos, cumprir os
seus deveres, beneficia das medidas de acompanhamento previstas no
Regime do Maior Acompanhado.

23.º
De entre as medidas de acompanhamento, no caso concreto da
Requerente/Beneficiária, há que considerar um conjunto de medidas
flexíveis de acompanhamento da pessoa, no estritamente necessário e
proporcional, de forma a que a pessoa realize a sua completa autonomia,
respeitando a capacidade jurídica, na sua dupla vertente de capacidade de
gozo e de capacidade de exercício:
─ Ao nível da saúde: devem ser assegurados os cuidados de saúde –
tratamento médico, medicamentoso e assistencial adequado ao seu quadro
clínico.
─ Ao nível social: assegurar e garantir as condições dignas de vida,
habitação, conforto e protecção social adequados.
─ Assegurar a participação activa nas decisões e processos relativos ao
exercício dos seus direitos.
─ Apoio individualizado à tomada de decisões, mormente na administração
do seu património e aquisição de bens.
─ A representação legal segue o regime da tutela, nos termos do art.º
145.º n.º 4 do C. Civil.

24.º
Podendo o Maior Acompanhado continuar a praticar livremente e aqueles
que, para sua proteção, devem ser praticados por ou com o auxílio de outra
pessoa – o Acompanhante.

25.º
Sendo a Requerida/Beneficiária, maior de idade e mostrando-se com as
suas capacidades limitadas para governar a sua pessoa e os seus
pertences,

26.º
necessitando de alguém que lhe preste apoio para exercer os seus direitos,
cumprir os seus deveres, pretende designar a pessoa que, de acordo com a
sua livre e espontânea vontade, e no seu entender, é a mais indicada para
ser seu Acompanhante.

 PEDIDO DE NOMEAÇÃO DE ACOMPANHANTE:

27.º
Preceitua o n.º 1 do artigo 143.º n.º 1 C.C., que deve ser dada a
possibilidade à Requerida/Beneficiária, de escolher o seu acompanhante.

28.º
Para exercer as funções de ACOMPANHANTE, indica-se o enteado da
Requerida/Beneficiária, -------------------------, nos termos do disposto no
art.º 143.º n.º 1 do C.C.

29.º
De modo a assegurar e garantir as condições dignas de vida, saúde,
habitação, conforto e protecção social adequados necessários à sua
sobrevivência.

30.º
A tutela deve ser deferida, de acordo com a ordem imposta pelo artigo
139.º, n.º2, do Código Civil.

31.º
Para averiguar a sua situação e ajuizar da sua pretensão bem como das
medidas de acompanhamento mais adequadas, dando cumprimento ao
artigo 898.º do C.P.C., deve-se proceder à audição pessoal e direta da
Requerente/Beneficiária.

32.º
Atendendo ao disposto no art.º 145.º n.º 4 do C.C., a
Requerente/Beneficiária, solicita a dispensa da constituição do conselho de
família.

NESTES TERMOS E NOS MAIS DE DIREITO E


SEMPRE COM O MUI DOUTO SUPRIMENTO DE
V. EXA., DEVE:

1 – SER APLICADO, À
BENEFICIÁRIA/ACOMPANHADA O REGIME
JURIDICO DE MAIOR ACOMPANHADO,
APLICANDO-SE AS NECESSÁRIAS MEDIDAS
DE ACOMPANHAMENTO PREVISTAS PELO
ARTIGO 145.º, N.º 2 DO C.C.,
NOMEADAMENTE, AS NECESSÁRIAS À
ADMINISTRAÇÃO DOS SEUS BENS E DA
CONTA BANCÁRIA TITULADA PELA MESMA,
PARA A CONCRETIZAÇÃO DO PAGAMENTO DE
TODAS AS DESPESAS CORRENTES DA
RESPONSABILIDADE DA
BENEFICIÁRIA/ACOMPANHADA, BEM COMO
DA SUA PESSOA.

2 – MAIS DEVE SER NOMEADO À


REQUERENTE/BENEFICIÁRIA, NOS TERMOS
DO DISPOSTO NO ARTIGO 143.º N.º 1 DO
C.C., COMO ACOMPANHANTE,
P------------------,

3 – DEVEM OS AUTOS PROSSEGUIR COM A


AUDIÇÃO PESSOAL E DIRETA DA
REQUERENTE/BENEFICIÁRIA, NOS TERMOS
DO ART.º 139.º C.C., PELA APLICAÇÃO DO
REGIME DO MAIOR ACOMPANHADO,
APROVADO PELA LEI 49/2018 DE 14 DE
AGOSTO DE 2018.

4 – PARA TANTO SE REQUER QUE, V. EXA. SE


DIGNE ORDENAR O CUMPRIMENTO DOS
ARTIGOS 895.º E 897.º DO C.P.C.,
SEGUINDO-SE OS DEMAIS TERMOS ATÉ
FINAL.
PROVA TESTEMUNHAL:
---------------, com residência em -------------------------, a apresentar;

---------------, com residência em ----------------------------. a apresentar;

VALOR: € 30.000,01 (trinta mil euros e um cêntimo)

JUNTA: 4 (quatro) documentos e Procuração Forense

Dispensa do pagamento prévio da taxa de justiça, nos termos do


disposto no artigo 15.º, alínea e) do Regulamento das Custas
Processuais

A Mandatária,

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