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COORDENADOR
DISCIPLINA
EQUIPE DE ELABORAÇÃO DO
CADERNO DE TEXTOS
EWERTON GOMES VIEIRA
1. IDENTIFICAÇÃO
CURSO: PEDAGOGIA TIPO DE FORMAÇÃO: 1ª MUNICÍPIO DE
LICENCIATURA REALIZAÇÃO:
BATALHA - PI
DISCIPLINA: Atividades Curriculares de Extensão III - Meio ambiente,
BLOCO: III
educação ambiental e educação para o consumo.
CARGA HORÁRIA: CRÉDITOS: PERÍODO LETIVO:
MODALIDADE: Presencial
45h 0.0.0.3 2023.2
PROFESSOR(A) FORMADOR(A): PROF.ª ESP.ª MILLENA R M DE ALMEIDA CARVALHO
LOUREIRO, Carlos Frederico Bernardo. [et al.] Sociedade e meio ambiente: a educação
ambiental em debate. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
COMPLEMENTAR
DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia,
2010.
Vídeos sugeridos:
Canal Olá, ciência. O perigo invisível do plástico que a ciência acabou de descobrir. Vídeo.
YouTube. 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=H7-
F6vowoZQ&list=PLsk1vHVmaAT6aBLmVqKvCl-kKBUCLFye6&index=9. Acesso em 26
de dezembro de 2023.
Canal Átila Iamarino. Esse é o maior desafio da humanidade. Vídeo. YouTube. 2022. Disponível
em: https://youtube.com/watch?v=sgBF3XrJhvY. Acesso em 26 de dezembro de 2023.
Canal Nerdologia. O Brasil e as mudanças climáticas. Vídeo. YouTube. 2017. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=eurz_TPwxIw&t=376s. Acesso em 26 de dezembro de
2023.
Canal Samira Ettore Cabral. A história das coisas. Vídeo. YouTube. 2007. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=DfG6MFLZ-VQ&t=62s. Acesso em 26 de dezembro de
2023.
CRONOGRAMA DE ATIVIDADES DE DISCIPLINA - 2023.2
IDENTIFICAÇÃO
TIPO DE FORMAÇÃO: 1ª MUNICÍPIO DE REALIZAÇÃO:
CURSO: PEDAGOGIA
LICENCIATURA BATALHA - PI
DISCIPLINA: Atividades Curriculares de Extensão III - Meio ambiente, educação ambiental e educação para o
BLOCO: III
consumo
CARGA HORÁRIA: 45h CRÉDITOS: 0.0.0.3 MODALIDADE: Presencial PERÍODO LETIVO: 2023.2
- Definição de Meio
Ambiente e
sustentabilidade;
ALEXANDRE, Lilian
- História da Visão
Maria de Mesquita;
Ambiental no - Aula expositiva
SANTOS, Cristiane
mundo e na região, dialogada
Alcântara de Jesus.
as conferências 03/01/2024 - Quadro branco
Fundamentos de Execução das
mundiais de meio 03/01 a Tarde 4h - Data show 28h –
educação ações propostas NÃO SE
I ambiente; 06/01/2024 (Presencial) - Aparelho de som Período
ambiental. São 08/01 a 08/01/ a do Projeto de APLICA
Princípios da 14h às 18h - Notebook Intensivo
Cristóvão: 03/05/2024 15/03/2023 1h Extensão - ACE
Educação Ambiental - Textos
Universidade III
e a relação entre - Atividade
Federal de
Meio Ambiente e avaliativa 17h –
Sergipe/CESAD, Atividade
Educação; Período
2012. 91 p. extraclasse
- Situação da Complem
educação ambiental (atividade entar
no Brasil e no orientada)
mundo.
BRASIL. Ministério
da Educação.
Conselho Nacional
de Educação.
- FILME/ - Aula expositiva Conselho Pleno.
DOCUMENTÁRIO dialogada Resolução nº 2, de
/RELATÓRIO 04/01/2024 - Trabalho em grupo 15 de junho de
Manhã de pesquisa e 2012. Estabelece as
II - Legislações no 03/01 a (Presencial) 4h leitura Diretrizes
entorno da 06/01/2024 8h às 12h - Quadro branco Curriculares
educação - Data show Nacionais para a
ambiental; - Notebook Educação
- Textos Ambiental. Diário
- Aparelho de som Oficial da União,
Brasília, DF, 18 de
junho de 2012 –
Seção 1 – p. 70.
ATIVIDADES
UNIDADE C/H
PROGRAMAÇÃO PERÍODO RECURSOS PERÍODO PERÍODO DE RECURSOS
DIDÁTICA DATA C/H REFERÊNCIAS C/H REFERÊNCIAS TOTAL
INTENSIVO DIDÁTICOS COMPLEMENTAR REALIZAÇÃO DIDÁTICOS
SEMINÁRIOS GUIMARÃES,
(PREPARAÇÃO) Leandro Belinaso;
SAMPAIO, Shaula
- A educação, o Maíra Vicentini;
consumo NOAL, Fernando
sustentável e 04/01/2024 - Aula expositiva Oliveira. Educação,
impactos 03/01 a Tarde 4h dialogada meio ambiente e
II ambientais; 06/01/2024 (Presencial) - Quadro branco sustentabilidade.
- Principais 14h às 18h - Notebook Florianópolis:
problemas Universidade
ambientais e suas Federal de Santa
causas; Catarina, 2009.
- A relação entre a 119p.
educação ambiental
e qualidade de vida; Socialização e NÃO SE 28h –
22/03/2024 avaliação da APLICA Período
Manhã 8h atividade de Intensivo
SEMINÁRIOS 08/01 a (Presencial) extensão –
(APRESENTAÇÃO) 03/05/2024 8h às 12h Projeto de 17h –
GUIMARÃES, Extensão ACE III Período
Atividade Avaliativa - Trabalho em grupo Leandro Belinaso; Complem
Unidade II de pesquisa e SAMPAIO, Shaula entar
- A educação, o leitura Maíra Vicentini;
consumo 05/01/2024 - Quadro branco NOAL, Fernando
03/01 a
II sustentável e Manhã 4h - Data show Oliveira. Educação,
impactos 06/01/2024 (Presencial) - Notebook meio ambiente e
ambientais; 8h às 12h - Textos sustentabilidade.
- Principais - Aparelho de som Florianópolis:
problemas Universidade
ambientais e suas Federal de Santa
causas; Catarina, 2009.
- A relação entre a 119p.
educação ambiental
e qualidade de vida;
UNIDADE C/H
PROGRAMAÇÃO ATIVIDADES
DIDÁTICA TOTAL
PERÍODO RECURSOS PERÍODO PERÍODO DE RECURSOS C/H
UNIDADE CONTEÚDO DATA C/H REFERÊNCIAS C/H REFERÊNCIAS
INTENSIVO DIDÁTICOS COMPLEMENTAR REALIZAÇÃO DIDÁTICOS TOTAL
- Educação - CONTE, Ivo Batista.
Ambiental no Educação ambiental
Contexto da na escola. Fortaleza:
Pedagogia; EdUECE, 2016. 100
- Os modelos - Trabalho em grupo p.
educacionais de pesquisa e - CRIBB, Sandra
tradicionais e a leitura Lucia de Souza
educação ambiental 4h - Quadro branco Pinto. Educação
III e abordagens 03/01 a 05/01/2024 - Data show Ambiental através
pedagógicas; 06/01/2024 Tarde - Notebook da horta escolar:
- A Educação (Presencial) - Textos algumas
ambiental no 14h às 18h - Atividade possibilidades.
cenário escolar e avaliativa Educação
extraescolar; - Materiais Ambiental em
- Planejamento de alternativos/recicláv Ação. v. 16, n. 62,
estratégias para a eis/de baixo custo 2018. Disponível
execução do Projeto em: <
de Extensão e http://www.revistae 03/05/2024 XVI SIMPARFOR
preparo de material a.org/artigo.php?ida 08/01 a Manhã (EVENTO) 28h –
didático para aula rtigo=2984>. Acesso 03/05/2024 (Presencial) Período
Apresentação
em: 27 de 8h às 12h NÃO SE Intensivo
8h das Atividades
dezembro de 2023. APLICA
de Pesquisa
- CONTE, Ivo Batista. realizadas no 17h –
- Educação ambiental Semestre e da Período
na escola. Fortaleza: Atividade de Complem
EdUECE, 2016. 100 Extensão entar
p. realizada
Trabalho em grupo - CRIBB, Sandra
de pesquisa e Lucia de Souza
06/01/2024 leitura Pinto. Educação
Manhã - Quadro branco Ambiental através
(Presencial) - Data show da horta escolar:
III - Metodologias de 03/01 a 8h às 12h 4h - Notebook algumas
ensino em Educação 06/01/2024 - Textos possibilidades.
Ambiental. - Atividade Educação
avaliativa Ambiental em
- Materiais Ação. v. 16, n. 62,
alternativos/recicláv 2018. Disponível
eis/de baixo custo em: <
http://www.revistae
a.org/artigo.php?ida
rtigo=2984>. Acesso
em: 27 de
dezembro de 2023.
C/H TOTAL PERÍODO INTENSIVO 28h PERÍODO COMPLEMENTAR 17h 45h
UNIDADE I
Resumo
A Unidade I irá explorar a definição de meio ambiente e
sustentabilidade, destacando a interconexão entre sistemas naturais e a
ação humana. A história da visão ambiental global e conferências mundiais
é abordada, fornecendo contexto para a evolução das políticas ambientais.
Os princípios da Educação Ambiental e sua relação essencial com o meio
ambiente são examinados, enfatizando seu papel na formação de
consciência sustentável. A unidade encerra-se com uma análise da situação
da educação ambiental no Brasil e no mundo, abordando desafios e
oportunidades para promover práticas educacionaismais sustentáveis.
UNIDADE I
Fundamentos de Meio Ambiente e Educação Ambiental
Relação de textos
MENEZES, Priscylla Karoline de. Educação ambiental. Recife: Ed. UFPE,
Texto 1 2021. (Coleção Geografia). Inclui referências. ISBN 978-65-5962-057-9
(online).
Texto 3 DIMAS, Matheus de Souza; NOVAES, Ana Maria Pires; AVELAR, Kátia
Eliane Santos. O Ensino da Educação Ambiental: Desafios e
Perspectivas. Revista Brasileira de Educação Ambiental, São Paulo,
v. 16, n. 2, p. 501-512, 2021.
Educação Ambiental:
histórico e estruturação
Educação
Ambiental
Prof. Priscylla Karoline de
Menezes
Capítulo 2
Objetivos de aprendizagem
Introdução
Educação ambiental 32
Capítulo 2
Educação ambiental 33
Capítulo 2
mundo.
Com o surgimento de alarmantes indícios de decadência da qualidade ambien-
tal, no início de 1945, a expressão Estudo Ambiental passou a ser incorporada
nos discursos de diferentes estudiosos na Grã-Bretanha. Tais estudos ganharam
maior ênfase com o acontecimento de grandes catástrofes ambientais, como a
morte de 4 mil pessoas em Londres, devido ao ar densamente poluído da cidade
no ano de 1952 (DIAS, 2003).
Fonte: geografia.hi7.co
Sendo assim, Dias (2003) apontou a década de 60 como aquela, que devido
ao modelo econômico adotado, teve seu início exibindo ao mundo as consequ-
ências do descaso com a qualidade ambiental. Década que a imprensa mundial
destacou em suas manchetes mais dramáticas, descrevendo o panorama e enfa-
tizando o descuido e a irresponsabilidade da sociedade com a natureza.
Foi nesse período que a jornalista norte-americana Rachel Carson lançou seu
livro intitulado Primavera Silenciosa, em 1962, que se tornou um clássico no
movimento ambientalista mundial, uma vez que trazia importantes reflexões
sobre a decadência da qualidade ambiental e a miséria que afligia grande parte
da população europeia.
Nesse mesmo período, especialistas, mobilizados pelas diferentes amos-
tras de declínio ambiental e pela alteração de valores dos índices de incidentes,
Educação ambiental 34
Capítulo 2
Educação ambiental 35
Capítulo 2
1 UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Fundada
em 16 de novembro de 1945.
Educação ambiental 36
Capítulo 2
Educação ambiental 37
Capítulo 2
Art. 225, como direito de todos “um meio ambiente ecologicamente equilibrado”e
como um “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” e
impõe ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo para as presentese
futuras gerações”.
Com o passar dos anos, após pressões sociais e observação dos processos
de Gestão Ambiental, como afirmou Dias (2003), viu-se a urgência de elaboração de
Planos Diretores e Programas de Educação Ambiental, que acompanhassemas
atividades políticas, agrícolas, minerais, florestais, de recursos hídricos, entre
outros. Desse modo, tentando formar uma sociedade civil organizada na elabora-
ção, execução e avaliação dos processos que envolvem a utilização dos recursos
naturais e de forma conjunta conquistar maior articulação e parceria entre insti-
tuições públicas e sociedade civil.
A partir dessa luta coletiva por uma maior consciência ecológica, no ano de
1992, na cidade do Rio de Janeiro, aconteceu a Conferência das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Rio-92ou
Eco-92. Primeira grande reunião internacional após a Guerra Fria, segundo
Carvalho (2006), que a pedido do Brasil reuniu representantes de 175 países e de
Organizações Não Governamentais (ONG’s) e buscou discutir sobre: Mudança
Climática, Biodiversidade e Declaração sobre Florestas, além de propor e aprovar
uma Agenda 21.
Educação ambiental 38
Capítulo 2
Educação ambiental 39
Capítulo 2
Você Sabia?
Educação ambiental 40
Capítulo 2
Glossário
Educação ambiental 41
Capítulo 2
Educação ambiental 42
Capítulo 2
Educação ambiental 43
Capítulo 2
Educação ambiental 44
Capítulo 2
Educação ambiental 45
Capítulo 2
Educação ambiental 46
Capítulo 2
15. A Carta da Terra – Devemos somar forças para gerar uma sociedade
sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos
Educação ambiental 47
Capítulo 2
universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propó-
sito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade
uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras
gerações.
Como nunca na história, o destino comum nos conclama a buscar um novo
começo. Tal renovação é a promessa dos princípios da Carta da Terra. Para
cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os
valores e objetivos da Carta.
Isso requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de
interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e
aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável aos níveis local,
nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa, e
diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta
visão. Devemos aprofundar expandir o diálogo global gerado pela Carta daTerra,
porque temos muito que aprender a partir da busca iminente e conjunta por verdade
e sabedoria.
A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isso pode
significar escolhas difíceis, porém, necessitamos encontrar caminhos para
harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem
comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo.
Todo indivíduo, família, organização e comunidade têm um papel vital a
desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os
meios de comunicação, as empresas, as organizações não governamentais e os
governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa.
A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma
governabilidade efetiva. Para construir uma comunidade global sustentável, as
nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas,
cumprir com suas obrigações, respeitando os acordos internacionais existentese
apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento
internacional legalmente unificador quanto ao ambiente e ao desenvolvimento.
Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face
à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação
Educação ambiental 48
Capítulo 2
Revisando
Saiba mais
Educação ambiental 49
Fundamentos de Educação Ambiental
INTRODUÇÃO
Bem vindo aluno (a) a esta disciplina. A partir de agora iremos tratar
das questões introdutórias sobre a educação e o meio ambiente, além de
contextualizar acerca da educação ambiental como instrumento de reflexão
sobre as questões ambientais como um todo. Assim, as informações que
se seguem darão subsídios para organização do conteúdo de forma clara,
pontual e dinâmica. Sejam todos muito bem vindos.
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/biologia
8
Educação e Meio Ambiente: uma breve contextualização Aula 1
O motivo do estreitamento das relações entre educação e educação
ambiental demanda da necessidade de repensarmos sobre as formas que o
homem, historicamente, vem se utilizando para relacionar-se com a natureza,
fazendo um redimensionamento da visão pedagógica que contemple uma
prática educativa integradora, abrangente e democrática, considerando não
só a sistemática escolar, mas também o cotidiano dos educados.
Sabemos que o processo educativo permeia a existência humana e, sua
constituição envolve uma gama de questões que perpassam pelo âmbito
histórico, político, cultural e social, que em muito faz transparecer a nossa
própria formação enquanto sujeitos. Esta trajetória é marcada pela busca de
respostas e alternativas que, se não dão conta de todas as necessidades ao
menos conforta e justifica nossos ideais, agindo como ferramentas para a
entrada neste mundo apresentado pelas questões ambientais.
Neste momento, a Educação Ambiental passa a ser entendida como
uma eficiente forma de divulgação dos conteúdos e práticas relativas às
questões ambientais e à propagação das necessidades de estreitamento e
envolvimento responsável da sociedade em geral, contribuindo dessa forma,
com a formação de uma nova sociedade, muito mais preocupada com as
gerações futuras e os preceitos da sustentabilidade, do que simplesmente,
o uso dos recursos de maneira irracional.
9
Fundamentos de Educação Ambiental
10
Educação e Meio Ambiente: uma breve contextualização Aula 1
Por se tratar de um tema tão abrangente e interdisciplinar a educação
ambiental deve estar inserida nas disciplinas escolares não como uma matéria Ver glossário no
única e isolada, sendo lembrada apenas nos dias marcados no calendário final da Aula
letivo, mas como uma disciplina transversal / multidisciplinar.
Fonte: http://www.revistapontocom.org.br/
ATIVIDADE 1
Analise como são trabalhadas as ideias de interdisciplinaridade ea relação
homem - meio ambiente nos Parâmetros Curriculares Nacionais dos ensinos
fundamental e médio.
11
Fundamentos de Educação Ambiental
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/biologia
Para que este sonho utópico torne-se realidade faz-se necessário tornar
conhecida a importância de se preservar.
Segundo Drew (2005, p. 89):
A Educação Ambiental não deve ser entendida como um tipo
especial de educação. Trata-se de um processo longo e contínuo
de aprendizagem de uma filosofia de trabalho participativo em que
todos: família, escola e comunidade, devem estar envolvidas. O
processo de aprendizagem de que trata a Educação Ambiental, não
pode ficar restrito exclusivamente à transmissão de conhecimentos,
à herança cultural do povo às gerações mais novas ou a simples
preocupação do educador inserindo em seu contexto social. Deve
ser um processo de aprendizagem centrado no aluno, gradativo,
contínuo e respeitado de sua cultura e de sua comunidade.
12
Educação e Meio Ambiente: uma breve contextualização Aula 1
o nível de conscientização da sociedade. É oportuno que ações de curto
prazo, emergenciais, exerçam o controle e o impedimento da degradação
ambiental, tendo em vista a conservação.
Ver glossário no
final da Aula
CONCLUSÃO
A partir dessa abordagem é possível compreender a forma com que a
educação ambiental pode ser inserida no cotidiano educacional e como o
meio ambiente é visto pela relação homem natureza.
RESUMO
A compreensão de que a educação é a base para qualquer relação exi-
tosa, é que o texto traz as abordagens entre a educação e o meio ambiente
como eles de uma corrente importante para a manutenção dos recursos
ambientais necessários para a existência pacífica do homem no planeta.
ATIVIDADE
De que forma você percebeu, ao longo do texto, o papel da educação
na formação de uma educação ambiental? Através de um texto discursivo,
apresente os elementos que ponderaram essa questão e como você, futuro
professor, poderia intervir nesta questão. (Mínimo de 20 linhas)
13
O ENSINO DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS
Matheus de Souza Dimas1
Ana Maria Pires Novaes2
Kátia Eliane Santos Avelar3
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2851943150559137
3 Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM). E-mail: katia.avelar@gmail.com, Link para o Lattes:
Revista brasileira
http://lattes.cnpq.br/6772085183251168 de
educação
Revbea, São Paulo, V. 16, No 2: 501-512, 2021. ambiental
501
Introdução
O ser humano sempre impactou o meio ambiente. Desde a aterrissagem
do homem na lua, a humanidade reflete sobre a finitude do nosso planeta e seus
recursos naturais que nos mantêm vivos. A relação das pessoas com o ambiente
vai se distanciando à medida que grandes corporações produzem ambientes
artificiais, resultado de um processo histórico, que envolve fatores econômicos,
sociais, culturais e tecnológicos.
Revista brasileira
de
educação
Revbea, São Paulo, V. 16, No 2: 501-512, 2021. ambiental
505
A finalidade da Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999),
é tornar permanente a preocupação com as questões ambientais bem como a
aquisição do conhecimento, valor, atitude, compromisso e habilidade
necessários à proteção do meio ambiente. Essa lei teve como objetivo melhorar
a praticidade daquilo que já estava legalizado por meio da Constituição,
conferindo à EA um caráter socioambiental para gerar um desenvolvimento
sustentável. Essa política consolida, legalmente, diversos temas significativos e
debatidos pelos educadores, como a interdisciplinaridade (a EA deve estar
presente em todos os níveis de ensino e a prática educativa deve ser integrada),
o direito coletivo (sem quaisquer distinções), a sustentabilidade (o enfoque
holístico, democrático e concepção em sua totalidade), a capacitação (dos
recursos humanos, para lidar com as várias esferas da sociedade) e o órgão
gestor (que regulamentará todos os processose procedimentos).
E este processo, como todo processo educacional, depende sobretudo da
dedicação por parte dos docentes, através de sua didática e práticas
pedagógicas. Dessa maneira, em 1996, foi aprovada a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN), que, em seu artigo 26, regulamenta uma
base nacional comum para a Educação Básica. Nos 3 anos seguintes, foram
consolidados os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para Ensino
Fundamental e Médio. Um dos objetivos dos PCN é capacitar os alunos para que
eles se percebam integrantes, dependentes e agentes transformadores do
ambiente, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. Esse
objetivo aponta para a adequação das metodologias utilizadas que deverão ser
voltadas à possibilidade de relacionar o conhecimento sistematizado com as
questões locais do cotidiano dos discentes (BRASIL, 2000). Dessa forma, as
escolas devem entender seu papel transformador e proporcionar a integração
entre alunos, professores e comunidade local numa dimensão sustentável e
adequada. Segundo Marinho (2004), os PCN do Ensino Médio passaram a servir
como norteadores das práticas pedagógicas dos professores e do currículo
escolar. Isso reforça a ideia de que a EA é um processo formador de valores e
de atitudes que integram os alunos ao meio em que vivem.
Mais recentemente, em 2012, o Governo Brasileiro instituiu as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Ambiental, na mesma época de
um momento singular na história do Brasil: A RIO+20. As DCN são diretrizes
responsáveis por orientar a organização, articulação, desenvolvimento e
avaliação das propostas pedagógicas de todas as redes de ensino brasileiras,
promovendo os sistemas educativos em seus vários níveis para que se
desenvolvam plenamente, com uma formação de qualidade, respeitando suas
condições sociais, culturais, emocionais, físicas e étnicas (BRASIL, 2013).
Revista brasileira
de
educação Revbea, São Paulo, V. 16, No 2: 501-512, 2021.
ambiental
506
A Base Nacional Comum Curricular
Fundamentada nas DCN, após diversas mobilizações, surge, em 2015, a
1ª versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada de forma
completa apenas três anos mais tarde. A partir da homologação, começou o
processo de formação e capacitação dos professores e apoios aos sistemas de
Educação estaduais e municipais para a elaboração e adequação dos currículos
escolares. A BNCC visa à formação humana integral e à construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva, assegurando aos estudantes o
desenvolvimento de dez competências gerais, que consubstanciam, no âmbito
pedagógico, os direitos de aprendizagem e desenvolvimento (BRASIL, 2018). Ao
definir essas competências, a BNCC direciona o ensino para três pilares: tornar
a sociedade mais humana, socialmente justa e voltada para a preservação do
meio ambiente (BRASIL, 2013), mostrando-se alinhada à ODS 4, da Agenda
2030 da Organização das Nações Unidas, que visa assegurar a educação
inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longa da vida para todas e todos (ONU, 2015).
A BNCC contempla a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Ensino
Médio. Os alunos, em todas as etapas, devem desenvolver dez competências
gerais (BRASIL, 2018):
1) Conhecimento
2) Pensamento científico, crítico e criativo
3) Repertório cultural
4) Comunicação
5) Cultura digital
6) Trabalho e projeto de vida
7) Argumentação
8) Autoconhecimento e autocuidado
9) Empatia e colaboração
10) Responsabilidade e cidadania
Conclusões
A Educação Ambiental, apesar de grandes eventos e conferências
realizados em todo o mundo, ainda é um tema bastante inovador e, de fato,
pouco trabalhado no contexto escolar brasileiro. Dessa forma, conhecer o tema
e aprender a mudar as atitudes com relação ao processo de aprendizagem é
de suma importância para gerar condições melhores de vida para as futuras
gerações.
Conforme Carvalho (2016), é preciso que a escola mude suas regras para
se fazer Educação Ambiental de uma forma mais humana. O trabalho
pedagógico deve se concentrar nas realidades locais de vida dos alunos, para
que cada um dê a devida importância à conscientização. Portanto, é possível
perceber, através do que foi exposto, que a EA é um caminho importante para
a mudança de pensamento individual e coletivo, permitindo aos alunos uma nova
forma de compreender a sociedade e suas relações, a fim de que se tornem
sujeitos ambientalmente conscientes exercendo de fato a cidadania, a ética, a
liberdade e a sustentabilidade, gerando, de fato, desenvolvimento local das
comunidades.
Além disso, apesar de exigência da Política Nacional de Educação de que
a dimensão ambiental deve constar nos currículos de formação dos professores
bem como a necessidade de cursos de formação complementar na área
(BRASIL, 1999), grande parte dos docentes não dispõe de ferramentas
pedagógicas aplicáveis à sua localidade.
Revista brasileira
de
educação Revbea, São Paulo, V. 16, No 2: 501-512, 2021.
ambiental
510
Fazer uso das tecnologias (com a utilização de plataformas, aplicativos,
jogos lúdicos, dentre outros) na educação é uma necessidade inadiável e, se
bem utilizada, pode contribuir tanto na questão ambiental, quanto nas diversas
áreas de ensino, surgindo como uma potencial solução para os diversos conflitos
e desafios na prática pedagógica. Através da Educação Ambiental, tem-se o
desenvolvimento de uma conscientização focada no interesse do aluno pela
preservação e construído de forma coletiva (CUBA, 2010).
Referências
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 1996.
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação
Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF,
1999.
BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):
Meio Ambiente. Brasília: MEC, 2000. Disponível em:
<https://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf>. Acesso em: 16
dez. 2019.
BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para
Educação Básica. Brasília: MEC, 2013. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/docman/julho-2013-pdf/13677-diretrizes-educacao-
basica-2013-pdf/file>. Acesso em 10 jan. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC):
Meio Ambiente. Brasília: MEC, 2018. Disponível
em:<https://basenacionalcomum.mec.gov.br>. Acesso em: 15 dez. 2019.
CARVALHO, I. C. M. Educação Ambiental: a formação do sujeito
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ambiental
512
Racismo ambiental é uma realidade que atinge
populações vulnerabilizadas
jornal.usp.br/atualidades/racismo-ambiental-e-uma-realidade-que-atinge-populacoes-vulnerabilizadas/
9 de dezembro de 2021
Esgoto a céu aberto em rua periférica do bairro Cidade Estrutural, situada no SCIA, Distrito Federal/ Foto:
Valter Campanato
0:00 / 0:00
“Há um senso comum, e até um mito criado em torno da questão ambiental, de que ela nos
atinge a todos igualmente”, conta Marcos Bernardino de Carvalho, professor de Gestão
Ambiental da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, ao explicar a origem do
termo.
1/3
Segundo Carvalho, a história do termo está intrinsecamente ligada ao movimento dos
direitos civis americanos, que ocorreram entre as décadas de 50 e 60. A criação do termo
foi atribuída ao ativista afro-americano Benjamin Franklin Chavis Jr, que chegou a atuar
como secretário de Martin Luther King Jr., um dos líderes do movimento dos direitos civis.
“Ele se destacou por fazer denúncia sobre a questão de que a população mais
vulnerabilizada, especificamente a população negra, é que era a população mais vitimada
pela degradação ambiental, que essa degradação a tinha, digamos assim, como um alvo
preferencial”, explica Carvalho.
Racismo ambiental
Apesar de ser um termo que denuncia uma violação de direitos, sua definição e aplicação
ainda não são totalmente aceitas pelas implicações sociais e históricas que traz consigo. O
professor ilustra que, em países como o Brasil, não se trata de uma coincidência que as
populações negras, por exemplo, sejam as mais afetadas pelos danos ambientais. Devido
ao seu passado colonial, com estruturas sociais baseadas na escravização de pessoas
negras, estas passaram a ser invisibilizadas, o processo de alforria foi realizado sem
nenhum tipo de reparação dos danos causados pela escravidão ou integração dos libertos.
2/3
“Não é coincidência que esses bolsões de gente vulnerabilizada, que acaba sendo vitimada
por esse processo de degradação, acabam sendo as pessoas não apenas vulnerabilizadas
e empobrecidas, mas as pessoas negras”, afirma o professor. O crescimento de
comunidades periféricas ou que moram em zonas de risco e insalubres tornou esse tipo de
discriminação mais evidente nos últimos tempos.
O racismo ambiental, apesar de ser causado pelas injustiças sociais, também tem papel
ativo em sua criação e em seu crescimento. Segundo Carvalho, a falta de políticas públicas
que impeçam essa forma de discriminação contribui para a manutenção desse cenário de
exclusão.“ Ela evidencia a situação desigual em que nos encontramos, tanto econômica
como politicamente, […] ela acaba consolidando uma situação e não é só uma evidência da
desigualdade”, explica o professor, ao contar como a falta de acesso a serviços públicos
básicos, como serviços de saneamento, aprofunda o abismo social. “Quanto mais resíduo,
quanto mais maltratado for o ambiente e quanto mais você despejar dejetos nesses lugares,
mais você consolida essa situação de desigualdade e discriminação absurda”, conclui
Carvalho.
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de
Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição
das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às
16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação
de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em
Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da
USP no celular.
3/3
UNIDADE II
Resumo
Na Unidade II exploramos estratégias e desafios na integração dessas
áreas cruciais. Ao destacar a importância da conscientização ambiental
na formação de consumidores sustentáveis, examinamos como as
políticas educacionais moldam práticas sustentáveis, desdea sala de
aula até o cotidiano do consumo. Adicionalmente, apresentaremos
trechos significativos das legislações relevantes sobre educação
ambiental, enriquecendo a análise e proporcionando uma
compreensão mais profunda do cenário normativo que fundamenta
essas práticas educativas e seu impacto no consumoconsciente. Esta
Unidade busca ressaltar a interconexão vital entre educação ambiental
e consumo sustentável, utilizando as legislações como guia para uma
implementação efetiva dessas políticas transformadoras.
UNIDADE II
Políticas de Educação Ambiental e Educação para o Consumo Sustentável
Relação de textos
Texto 1 GUIMARÃES, Leandro Belinaso; SAMPAIO, Shaula Maíra
Vicentini; NOAL, Fernando Oliveira. Educação, meio ambiente
e sustentabilidade. Florianópolis: Universidade Federal de
Santa Catarina, 2009. 119p.
Florianópolis, 2009.
Governo Federal Comissão Editorial Viviane Mara Woehl, Alexandre
Verzani Nogueira, Milton Muniz
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Educação Fernando Haddad
Projeto Gráfico Material impresso e on-line
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Menezes Coordenação Laura Martins Rodrigues,
Pró-Reitora de Pós-Graduação Maria Lúcia Camargo Thiago Rocha Oliveira
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Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
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Coordenadora de Tutoria Zenilda Laurita Bouzon Vanessa Gonzaga Nunes
Coordenação Pedagógica LANTEC/CED
Coordenação de Ambiente Virtual LANTEC/CED
S007d
SOBRENOME, Nome.
Título do livro/Nome e Sobrenome do autor. Florianópolis: Universidade
Federal de Santa Catarina, 2009. 007p. ilust.
inclui bibliografia.
ISBN:07.007.007-7
1.Temática 2.Temática - subtema 3.Temática I.Tema II.Tema
Apresentação .......................................................................... 7
Terminamos nosso livro discutindo uma questão muito atual, que captura
muitos daqueles interessados nas questões ambientais: o aquecimento glo- bal.
Operamos com os conceitos e noções que aprendemos ao longo do livro para
chamar sua atenção a alguns dos modos como tal temática vem sendo
ensinada em textos midiáticos que circulam pela rede mundial de computa-
dores, a web.
Como você pôde notar, nosso objetivo central com este livro é propor uma
reflexão sobre educação, meio ambiente e sustentabilidade que contemple,
também, pensar a cultura e a linguagem.
Leia atentamente cada um dos capítulos do livro, acreditamos que você irá
aproveitá-lo ao máximo se mergulhar efetivamente na sua leitura. Um ótimo
estudo e boas vindas aos temas que envolvem a disciplina de Educação, Meio
Ambiente e Sustentabilidade.
1.1 Introdução
Gostaríamos de iniciar esse texto, que tem como foco as relações
entre meio ambiente, educação e sustentabilidade, apresentando
algumas discussões sobre a noção de natureza que permitam pen-
sar em como essa noção tem circulado nos discursos ambientais.
Por outro lado, também consideramos importante abordar os di-
versos outros modos de se dar significados à natureza que pre-
senciamos nestes tempos atuais, pois as formas com que lemos o
mundo – ou seja, com que o interpretamos e nos relacionamos com
ele – são produzidas a partir das redes de significações nas quais
estamos inseridos. Em outras palavras, estamos dizendo quenão há
um sentido único de natureza, mas muitos sentidos (que algumas
vezes podem ser, até, divergentes) e que a construção des- ses
sentidos se dá a partir das mais variadas instâncias, como, por
exemplo, pelos programas de televisão que assistimos, textos lite-
rários que lemos, pelas atividades educativas das quais participa-
mos, conversas cotidianas nas quais nos envolvemos, músicas que
escutamos, pelos sites que acessamos, entre tantos outros espaços
em que são produzidos e compartilhados significados.
Essa discussão é desenvolvida de modo bastante interessante
por Maria Lúcia Wortmann no texto Da inexistência de um discur-
so único para falar da natureza (2001). Nele, a autora argumenta
que há muitas e diferentes maneiras de se entender a natureza e
estas foram configuradas em diferentes momentos históricos, com
a predominância e persistência de algumas. Cabe destacar que,
12 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
Parada 1
Estamos na Europa, em algum momento impreciso entre o sé-
culo XVI e XVII. Neste período estão acontecendo muitas trans-
formações com relação aos modos de pensar o mundo, a natureza,
as relações sociais... Ocorre, então, o que se convencionou chamar
de Revolução Científica, visto que os parâmetros de racionalida-
de e de produção do conhecimento sofrem fortes modificações,
influenciadas por grandes pensadores e cientistas, como Galileu
Galilei, Isaac Newton, Francis Bacon e René Descartes.
Mauro Grün aborda, de modo bastante instigante, essas recon-
figurações no livro Ética e Educação Ambiental: a conexão neces-
sária (1996), no qual o autor explica como foram implantadas as
bases para um modelo de pensamento que prevaleceu (e ainda
prevalece) na constituição dos modos de entender e fazer ciência:
o cartesianismo. O cartesianismo – fundamentado na filosofia de
René Descartes – pressupõe a “predominância do humano sobre
todas as coisas e criaturas do mundo” (GRÜN, 1996, p. 24). Essa
ética antropocêntrica associa-se, então, à consolidação de um pa-
radigma mecanicista na ciência. Tal paradigma permitiu que a na-
16 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
Parada 2
Continuamos no continente europeu, mas agora nos séculos
XVIII e XIX. Nessa época, como uma espécie de reação ao racio-
nalismo mecanicista que ainda predominava (e o qual, gostaría-
mos de insistir, ainda segue predominando, sobretudo, no meio
acadêmico), emergem outras sensibilidades e sociabilidades que
produzem algumas novas maneiras de entender as relações entre
seres humanos e natureza. As consequências da Revolução Indus-
Um filme que retrata de forma trial começam a ser sentidas nas grandes cidades (e, nesse sentido,
bela e, ao mesmo tempo,
bastante crítica as condições Londres é um exemplo emblemático): poluição, doenças respirató-
de vida nas cidades industriais rias, condições extremamente precárias de trabalho, crescimento
neste período é Modern Times
(Tempos Modernos, 1936), de alucinado da população urbana, insalubridade e epidemias. Como
Charles Chaplin. resume Isabel Carvalho (2001, p. 45), neste momento a experiên-
cia urbana “condensava violência social e degradação ambiental
como duas faces indissociáveis do novo modo de produção”.
Desse modo, essas novas sensibilidades – que provinham, predo-
minantemente, da classe burguesa – passaram a primar pela valori-
zação da natureza. Mas, nesse caso, a natureza diferia daquela obje-
tificada pelo conhecimento científico. Trata-se, então, de uma nova
leitura da natureza: essa seria representada por uma visão idílica e
Ainda que o filme seja bucólica da vida no campo. Também não se trata da vida selvagem,
ambientado nos Estados inóspita, mas de uma natureza domesticada de acordo com deter-
Unidos, trata-se de uma
paisagem que representa minados parâmetros estéticos. Pensemos, para utilizar uma imagem
tipicamente o ideal estético conhecida por muitos, na paisagem da fazenda onde vivia Scarlett
de natureza deste período ao
qual estamos nos referindo. O’Hara, personagem do filme clássico Gone With The Wind (...E o
vento levou, 1939) - observemos os momentos antes das penúrias da
Guerra da Secessão que são retratadas no filme, lógico!
Parada 3
Enfim, chegamos à nossa última parada. Já estamos no século
XX. O local é indefinido, pois estamos tratando de acontecimentos
que ocorreram em diversas partes do globo: a emergência de mo-
A natureza tem uma história natural? 19
Referências
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jetórias da educação ambiental no Brasil. Porto Alegre: Editora da
Universidade, 2001.
GUIMARÃES, Leandro B. A importância da história e da cultura
nas leituras da natureza. In: Inter-ação, Goiânia, v. 33, n. 1, p.87-
101, jan./jun. 2008.
A natureza tem uma história natural? 21
2.1 Introdução
Vimos no Capítulo anterior que as leituras de natureza não são
naturais, isto é, não são fixas, imutáveis ou uniformes, mas têm sido
modificadas ao longo do tempo, a partir dos valores e das verdades
que predominam em cada período histórico. Cabe salientar, tam-
bém, que em um mesmo momento histórico pode haver diferentes
formas de atribuir significados à natureza, o que é intensificado no
tempo presente, pois vivemos em um mundo no qual as informa-
ções circulam rapidamente, em que podemos nos comunicar com
pessoas que vivem muito longe de nós e, assim, pode-se dizer que
as culturas estão mais próximas umas das outras e, até, mais pare-
cidas entre si. Muitos autores têm destacado que a cultura exerce
um papel cada vez mais central no mundo contemporâneo, devido
ao incremento das formas de comunicação propiciado pela inter-
net e, também, pela influência que a mídia tem na vida das pessoas
por meio da produção e divulgação massiva de informações.
centar que também nesse início do século XXI], parece tão sig-
nificativo e abrangente que justifica a afirmação de que a subs-
precedentes.
26 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
Referências
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contam em práticas pedagógicas. Tese (Doutorado). Porto Alegre,
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SAMPAIO, Shaula M.V. Notas sobre a “fabricação” de educado-
res/as ambientais: identidades sob rasuras e costuras. Dissertação
(Mestrado). Porto Alegre, RS: Programa de Pós-Graduação em
Educação da UFRGS, 2005.
Há uma forma “correta” de ler e se relacionar com a natureza? 33
3.1 Introdução
No início do Capítulo 01 já comentamos que os significados so-
bre natureza e meio ambiente que circulam atualmente são produ-
zidos nos mais diversos espaços culturais: na mídia, nas conversas,
na escola, nos livros etc. Com isso, não é absurdo dizer que todos
esses espaços nos ensinam algumas coisas sobre natureza; ou seja,
não é apenas nas instituições educativas que aprendemos coisas
(não somente sobre natureza, mas sobre qualquer tema). Guima-
rães (2007, p. 241) explica essa forma de pensar os diferentes espa-
ços onde aprendemos nos dias de hoje de um modo bastante claro:
[...] a cultura, através das práticas derivadas dos inúmeros ar-
tefatos (os filmes, os vídeos educativos, as revistas, as histórias
em quadrinhos, os livros didáticos, os romances, as novelas te-
levisivas, os documentos históricos, os relatos de viagem, entre
inúmeros outros) produzidos em diferentes instâncias de pro-
dução cultural, é o locus central das disputas e negociações dos
significados dados à natureza e, também, às possíveis formas de
estabelecermos relações com a mesma.
Usamos o termo pós-moderno que constitui uma parte significativa da vivência desses sujeitos.
aqui para referirmos simples- Ao dizer isso, não queremos negar a importância da educação
mente esse tempo de circula-
ção acelerada de informações, formal e apenas celebrar as “maravilhas” das novas tecnologias,
que geram uma série de mas chamar à atenção para uma característica fundamental des-
mudanças nos modos de so-
ciabilidade contemporâneos.
ses tempos pós-modernos e que não pode ser menosprezada pelas
Mas, certamente, há diversas pessoas que trabalham ou trabalharão com educação.
implicações que os autores
que debatem a noção de pós-
modernidade têm discutido,
as quais não teríamos como
Tomaz Tadeu da Silva (1999) tece algumas discussões rele-
abordar em profundidade
neste material. Para conhecer vantes sobre as relações entre as pedagogias culturais e o currí-
um pouco sobre esses debates, culo. Apresentamos um trecho em que este autor desenvolve essa
sugerimos um texto do filósofo
Sílvio Gallo, intitulado Moder- argumentação:
nidade/Pós-modernidade:
tensões e repercussões na
produção de conhecimentos
em educação (2006). O texto
pode ser pesquisado no site
que elas não têm um currículo no sentido mais restrito de que
Scielo, no endereço eletrônico: tenham um objetivo planejado de ensinar um certo corpo de co-
<http://www.scielo.org>.
Anúncios publicitários
Em sua dissertação (1997), Marise Amaral examinou as repre-
sentações culturais de natureza no discurso publicitário (tanto em
propagandas televisivas quanto em anúncios publicados na mídia
impressa). A autora indica que, nas peças publicitárias, a nature-
za é utilizada para vender os produtos mais diversos (inseticidas,
produtos de beleza, cigarros, bebidas, automóveis, entre outros).
A autora verificou que, nos anúncios analisados, a natureza é as-
sociada a diferentes significações: algo que é oposto ao artificial
(e, por isso, melhor, mais saudável); algo exótico, hostil; algo que
serve como contraponto à tecnologia (no sentido de apontar que
a tecnologia dos produtos em foco consegue superar a natureza e,
por isso, é excepcional); algo relacionado à pureza e bem-estar etc.
Nas palavras da autora (1997):
A publicidade, como outras instâncias culturais [...], em que se
engendram os processos de construção e divulgação dos conhe-
cimentos, valores e subjetividades, portanto de representação do
mundo, passa literalmente a produzir uma nova natureza. Po-
As pedagogias culturais sobre a natureza e o meio ambiente 41
Filmes infantis
Na sua pesquisa de doutorado (2003), Eunice Kindell analisou
filmes em desenho animado bastante conhecidos e assistidos pe-
Os filmes em questão foram: las crianças (e também por adultos que gostam deste gênero) que
A Bug’s Life (Vida de Inseto,
1998); The Lion King (O Rei tinham a natureza como cenário. A autora (2007) indica que nos
Leão, 1994); The Lion King desenhos animados são ensinados, além dos modos de ver e li- dar
II - Simba’s Pride (O Rei Leão
II – O reino de Simba, 1998); com a natureza, aspectos relacionados à construção de modosde
Pocahontas (1995); se pensar o corpo, a raça, a etnia, a nacionalidade, o gênero, a
Tarzan (1999); e Antz
(FormiguinhaZ, 1998)
classe social, entre diversas outras questões. Kindell (2007, p. 234)
ressalta que
[...] as crianças os assistem dezenas de vezes, seja nas creches,
nas escolas ou mesmo em suas próprias casas e, nesse processo
repetitivo, são colocadas em destaque determinadas identidades
e criam-se padrões de homem, de mulher, além de localizarem-se
preferencialmente em alguns estereótipos de sujeitos qualidades
O conceito de representação
cultural aqui indicado articula-
como bondade, maldade, beleza etc. Ou seja, nesses filmes, tan-
se à teorização desenvolvida tas vezes definidos como ingênuos e inocentes, também classifi-
por Stuart Hall (1997), a cam-se sujeitos e nações como fortes ou fracos, desenvolvidos ou
partir da qual se entende que
a representação funciona
atrasados, tal como sucede em outras pedagogias culturais.
como uma forma de dar
sentido ao mundo por meio da Literatura infanto-juvenil
linguagem. Como afirma Hall
(1997, p. 24), “o significado Maria Lúcia Wortmann tem desenvolvido pesquisas enfocando
não é inerente às coisas no
a literatura infanto-juvenil, buscando discutir como a natureza é
mundo. Ele é construído,
produzido. É resultado de uma narrada e representada nestas produções culturais. Assim, a au-
prática de significação [...]”. tora analisou, por exemplo, alguns aspectos relacionados a tal en-
Assim, as práticas culturais,
que produzem os significados foque na obra infanto-juvenil de Monteiro Lobato, Érico Veríssi-
que atribuímos às coisas, são mo e Angelo Machado. Nesse sentido, a autora (2007) examina as
o que o autor denomina de
representações culturais. representações culturais que instituem e colocam em circulação
alguns significados sobre natureza, os quais são frequentemente
vinculados a outras questões. Apresentamos, então, um fragmento
da abordagem tecida pela autora:
42 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
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to Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2007.
. Um olhar nacional sobre a Amazônia: apreendendo
a floresta em textos de Euclides da Cunha. Tese (Doutorado em
44 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
4.1 Introdução
Podemos considerar que a ampla difusão de uma preocupação
ambiental pelas nossas sociedades seja algo recente, algo relativo
à segunda metade do século XX. Talvez, nossos parentes mais dis-
tantes na árvore genealógica da nossa família não tenham parado
para pensar sobre suas atitudes e hábitos com relação ao ambiente
no qual teciam e gestavam suas vidas. Porém, questões relativas à
proteção da natureza já compunham alguns dos cenários sociais
de diferentes tempos históricos. Em um interessante livro que re-
trata a história ambiental do Brasil nos séculos XVIII e XIX, Pá-
dua (2002) nos mostra como, por exemplo, José Bonifácio, um dos
principais intelectuais atuantes no processo de independência do
Brasil (conhecido como nosso patriarca da independência), já no
início do século XIX, preocupava-se intensamente com as práticas
de desmatamento e de queimadas nas florestas tropicais brasilei-
ras, alertando para a possível desertificação das terras e o desseca-
mento das águas.
Em um dos primeiros textos escritos por um dos mais impor-
tantes escritores brasileiros, Euclides da Cunha – autor do consa-
grado livro Os Sertões (1902) –, já se podia ler, e isso nos primeiros
anos do século XX, ou seja, em pleno período inaugural da nossa
República, uma preocupação com relação ao progresso represen-
tado, entre outros objetos, pelo trem e pelas máquinas a vapor, e
seu impacto sobre a natureza que tanto havia sido exaltada pelos
naturalistas românticos do século XIX.
50 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
Naturalistas Românticos
(o chamado “selvagem” naquela época) foi alçado
O Romantismo dotou a irracionalidade com uma
como “superior” ao civilizado europeu.
força positiva. Como argumentou Gerd Borheim
(2002, p. 81), segundo as premissas do movimen-
to romântico do século XVIII, seria a partir de nos-
Figura 4.1 - Os índios de Rugendas
sa interioridade que poderíamos “compreender [...]
a natureza [como] ainda isenta da mácula de mão
humana, estranha e anterior à cultura”. Naturalistas
românticos como Alexander Von Humboldt inver-
teram, no início do século XIX, a descrição nega-
tiva do, naquela época, chamado Novo Mundo (o
atual continente americano), unindo ciência e arte
na descrição da natureza. Além disso, a partir das
premissas românticas edificadas por pensadores
como Rousseau (século XVIII), o “homem natural”
Acesse a página do grupo recente nas nossas sociedades, como veremos) têm conotações
Greenpeace, disponível no muito distintas, com interesses muito díspares (ou seja, pessoas
endereço <www.greenpeace.
org/brasil/> e veja algumas podem desejar proteger um determinado ambiente por interesses
das questões pelas quais essa econômicos, por “consciência” ambiental, por algum sentimento
importante entidade vem
exercendo suas lutas. Acesse que remete a um momento importante da sua vida etc.). E mais,
também o blog da Associação para certas pessoas as questões ambientais são consideradas de
Gaúcha de Proteção ao Am-
biente Natural (AGAPAN), uma pouca importância. Se você estiver incluído(a) nesse último rol
das organizações ambien- de sujeitos, esperamos que este material possa despertar em você
talistas do Sul do Brasil mais
antigas do país, disponível
uma atenção e, quem sabe, um maior comprometimento com re-
no endereço <http://agapan. lação às questões socioambientais.
blogspot.com>. Por fim,
acesse a página da Federa-
ção de Entidades Ecologistas
Catarinenses, disponível no
endereço <www.feec.com.br>,
e descubra alguma que você
possa considerar interessante
para participar ou mesmo
apenas para acompanhar as
discussões processadas no
âmbito dessas entidades.
Referências
BORNHEIM Gerd. A Filosofia do Romantismo. In: GUINSBURG,
J. O Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2002.
CARSON, Rachel. Primavera silenciosa. Barcelona: Grijalbo,
1980.
CASTORIADIS, Cornelius; COHN-BENDIT, Daniel. Da ecolo-
gia à autonomia. Coimbra: Centelha, 1983.
FIGUEIREDO, Paulo J. M. A sociedade do lixo. Piracicaba: Uni-
mep, 1994.
5.1 Introdução
Será na esteira dos movimentos ecologistas dos anos 70 que al-
guns princípios “educativos” começaram a se singularizar como
estreitamente vinculados ao meio ambiente (GUIMARÃES, 1998).
Embora não possamos falar, no início dos anos 70, de uma Educa-
ção Ambiental, pois esta só começará a se consolidar nos anos 80,
podemos ver fortemente um “educativo” sendo articulado através
das práticas dos militantes daqueles movimentos. Parece-nos im-
portante destacar um trecho do Manifesto escrito por José Lutzen-
berger (1977), no qual podemos ler a centralidade que a educação
vai assumindo, enquanto importante campo de luta contra a enor-
me crise ambiental pela qual passávamos, conforme os militantes
daqueles movimentos procuraram nos alertar:
Fundamentalmente, a solução dos problemas ambientais está na
educação. Mas a educação é um processo lento, demasiado len-
to para conter ainda a avalanche que se aproxima do estrondo.
Já não podemos esperar que a próxima geração indique o novo
rumo e repare os estragos. Se nada fizermos hoje, não lhes deixa-
remos chance para tanto. Que adianta ensinar aos jovens o amor
à Natureza se, daqui a dez ou vinte anos, quando a eles couber o
poder de decisão, não mais existir natureza para salvar. Para que
ainda tenha sentido a educação da juventude, devemos fixar já
os novos caminhos, devemos começar logo a reparar o que pode
ser reparado, devemos evitar a continuação e o incremento dos
estragos e devemos iniciar hoje os processos que só frutificarão
em longo prazo (LUTZENBERGER, 1977, p. 60).
62 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
ONGs e os movimentos sociais de todo o mundo Com esse breve panorama histórico da EA no Brasil,
reunidos no Fórum Global formularam o Tratado de quisemos destacar que ela constitui uma propos- ta
Educação Ambiental para sociedades sustentáveis, pedagógica concebida como nova orientação em
cuja importância foi definir o marco político para educação a partir da consciência da crise am-
o projeto pedagógico da EA. Esse tratado está na biental. No Brasil, a EA que se orienta pelo Trata-
base da formação da Rede Brasileira de Educação do de Educação Ambiental para sociedades susten-
Ambiental, bem como das diversas redes estadu- táveis tem buscado construir uma perspectiva in-
ais, que formam grande articulação de entidades terdisciplinar para compreender as questões que
não-governamentais, escolas, universidades e pes- afetam as relações entre os grupos humanos e seu
soas que querem fortalecer as diferentes ações, ati- ambiente e intervir nelas, acionando diversas áreas
vidades, programas e políticas em EA. do conhecimento e diferentes saberes - também os
Essa aposta na formação de novas atitudes e pos- não-escolares, como os das comunidades e popu-
turas ambientais como algo que deveria integrar a lações locais - e valorizando a diversidade das cul-
educação de todos os cidadãos passou a fazer par- turas e dos modos de compreensão e manejo do
te do campo educacional propriamente dito e das ambiente. No plano pedagógico, a EA tem-se ca-
preocupações das políticas públicas. Essa compre- racterizado pela crítica à compartimentalização
ensão também é ratificada pela Política Nacional do conhecimento em disciplinas. É, nesse sentido,
de Educação Ambiental, que entende por esse tipo uma prática educativa impertinente, pois questio-
de educação: na as pertenças disciplinares e os territórios de sa-
ber/poder já estabilizados, provocando com isso
Os processos por meio dos quais os indivíduos e mudanças profundas no horizonte das concepções
a coletividade constroem valores sociais, conheci- e práticas pedagógicas.
mentos, habilidades, atitudes e competências vol-
tadas para a conservação do meio ambiente, bem Fonte: Carvalho, Isabel Cristina de Moura. Educa-
de uso comum do povo, essencial à sadia quali- ção Ambiental: a formação do sujeito ecológico.
dade de vida e sua sustentabilidade (Lei 9.705 de São Paulo: Cortez, 2004. p. 51-55.
27/4/1999).
Referências
BARCELOS, Valdo. Educação Ambiental: sobre princípios, me-
todologias e atitudes. Petrópolis: Vozes, 2008.
CARVALHO, Isabel. Educação ambiental: a formação do sujeito
ecológico. São Paulo: Cortez, 2004.
GUIMARÃES, Leandro Belinaso. O educativo nas ações, lutas e
movimentos de defesa ambiental: uma história de descontinui-
dades. 1998. 104 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Facul-
dade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 1998.
68 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
“Identidade” social rios, ainda que sejam plurais, não são ilimita-
Quando falamos em identidade, estamos nos refe- dos (SAMPAIO, 2005, p. 14).
rindo aos modos pelos quais as pessoas passam a
Dessa forma, as narrativas ambientais que nos
narrar-se de determinadas formas em um processo
acessam atuam nos processos de fabricação de
que é permanentemente construído e negociado.
nossas identidades. Os repertórios discursivos,
A identidade não é algo que progressivamente en-
mencionados na citação de Sampaio, quando liga-
contramos ou descobrimos, mas é algo que fabri-
dos às questões ecológicas, constituem as políticas
camos, inventamos e construímos nessa gigantes-
de identidade em educação ambiental. Essas polí-
ca e polifônica conversação de narrativas que é a
ticas não necessariamente são produzidas em al-
vida (LARROSA, 1996). Por outro lado,
guma instância determinada, mas contêm e se es-
quando fabricamos narrativamente a nos- truturam em discursos e representações culturais
sa identidade não é de qualquer maneira relacionados à educação ambiental que atraves-
que podemos fazê-lo; não se trata, portanto, sam diferentes instâncias, configurando um ema-
de uma operação individual, autônoma, se- ranhado que é difícil dizer onde começa e onde
não que mediada pelas relações culturais das termina. Por outro lado, tais políticas de identida-
quais participamos e que estabelecem deter- de convivem e interagem com outras questões que
minados repertórios discursivos. Tais repertó- definem os modos como nos constituímos
74 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
Referências
CARVALHO, Isabel. O sujeito ecológico: a formação de novas
identidades culturais e a escola. In: MELLO, Soraia S.; TRAJBER,
Rachel (Orgs.). Vamos Cuidar do Brasil: Conceitos e práticas em
educação ambiental na escola. Brasília: Ministério da Educação,
Coordenação Geral de Educação Ambiental; Ministério do Meio
Ambiente, Departamento de Educação Ambiental; UNESCO,
2007. p. 135-142.
______. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico.
São Paulo: Cortez, 2004.
GARCIA, Maria Manuela. Pedagogias críticas e subjetivação:
uma perspectiva foucaultiana. Petrópolis: Vozes, 2002.
LARROSA, Jorge. Narrativa, identidad y desidentificación. In:
. La experiencia de la lectura. Barcelona: Laertes, 1996.
p.461-482.
Ecodesenvolvimento: o antecessor do
desenvolvimento sustentável O ecodesenvolvimento buscava, portanto, uma via
intermediária entre o que Sachs denominava de
Neste clima de propostas e críticas aos limites do “ecologismo absoluto” e o “economicismo arrogan-
desenvolvimento é que surge o conceito precursor te”, que pudesse conduzir a um desenvolvimento
do desenvolvimento sustentável: o ecodesenvolvi- orientado pelo princípio de justiça social em har-
mento. Este conceito foi apresentado em 1973, por monia com a natureza. Dentro desta orientação o
Maurice Strong, e teve seus princípios formulados conceito de ecodesenvolvimento foi definido por
por Ignacy Sachs. O ecodesenvolvimento busca- Sachs como
va superar a polarização do debate, que oscilava
entre a defesa do desenvolvimento sem limites e um processo criativo de transformação do meio
uma visão catastrofista sobre os limites do cresci- com a ajuda de técnicas ecologicamente pru-
mento, como descreve o próprio Sachs ao retomar dentes, concebidas em função das potenciali-
o contexto histórico da formulação do conceito de dades deste meio, impedindo o desperdício in-
ecodesenvolvimento: considerado dos recursos, e cuidando para que
estes sejam empregadosnasatisfação dasneces-
No início dos anos 70, duas correntes diame- sidades de todos os membros da sociedade, dada
tralmente opostas se confrontavam. Os defen- a diversidade dos meios naturais e dos contextos
sores do crescimento a qualquer preço perce- culturais. As estratégias do ecodesenvolvimen-
biam o meio ambiente como sendo um mero to serão múltiplas e só poderão ser concebidas a
capricho de burgueses ociosos, ou então como partir de um espaço endógeno das populações
mais um obstáculo colocado ao avanço dos consideradas. Promover o ecodesenvolvimento
países do Hemisfério Sul em processo de indus- é, no essencial, ajudar as populações envolvidas
trialização. Segundo eles, haveria tempo de so- a se organizar, a se educar, para que elas repen-
bra para nos ocuparmos do meio ambiente, a sem seus problemas, identifiquem as suas neces-
partir do momento em que os países periféri- sidades e os recursos potenciais para conceber e
cos atingissem os níveis de renda per capita dos realizar um futuro digno de ser vivido, conforme
países do Centro. A esquerda e a direita com- os postulados de justiça social e prudência ecoló-
praziam-se, além disso, em cultivar um otimis- gica (SACHS, 1986, p. 09).
mo epistemológico a toda prova, baseado no
Como Sachs reconhece, o ecodesenvolvimento
pressuposto de que a humanidade encontraria
desdobrou-se nas idéias de desenvolvimento du-
sempre as inovações técnicas necessárias para
rável ou viável, algo muito próximo de uma con-
prosseguir em sua marcha ininterrupta rumo
cepção de harmonização de objetivos sociais, am-
ao progresso material. No outro extremo, os ca-
bientais e econômicos que foi retomada como pre-
tastrofistas que anunciavam o apocalipse para
ocupação central das resoluções firmadas durante
o dia seguinte dividiam-se em duas facções: por
a Cúpula da Terra, bem como da Agenda 21, que
um lado, aqueles que apregoavam o fim imi-
dela resultou. Poderíamos dizer que a idéia de
nente em conseqüência do esgotamento dos
desenvolvimento durável foi encampada pelo con-
recursos naturais; e, por outro, aqueles que an-
ceito de desenvolvimento sustentável e está forte-
teviam a chegada da catástrofe em conseqüên-
mente associada a este conceito no debate que se
cia da poluição excessiva. Para se evitar o pior,
estende durante os anos 90 e permanece em pau-
seria necessário conter o crescimento demográ-
ta até agora.
fico e econômico ou, pelo menos, o crescimento
do consumo de bens materiais. Aparentemente, Fonte: SCOTTO, Gabriela; CARVALHO, Isabel; GUI-
não lhes ocorria a idéia de que a explosão social MARÃES, Leandro Belinaso. Desenvolvimen-
pudesse preceder a irrupção da catástrofe eco- to Sustentável. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. p.
lógica (SACHS, 1986, p. 71). 24-26.
A noção de desenvolvimento sustentável 83
Referências
LEFF, Enrique. Tiempo de sustentabilidad. In: Ambiente e Socie-
dade. Campinas, ano III, n. 06 e 07, p. 05-13.
OPHULS, Willian. Ecology and the politics of scarcity. San Fran-
cisco: Freeman, 1977.
PÁDUA, José Augusto Valladares. Produção, consumo e sustenta-
bilidade: o Brasil e o contexto planetário. In: Cadernos de debate.
Brasil Sustentável e Democrático, nº 6, Rio de Janeiro, 2005.
PONTING, Clive. Uma história verde do mundo. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1995.
A noção de desenvolvimento sustentável 85
dua, “a responsabilidade por esta destruição cabe, samento que homogeneiza em somente uma di-
de forma quase total, a uma minoria de 1/5 da hu- mensão as relações de consumo (vê-lo, simples-
manidade” (PÁDUA, 2003: 10). mente, como um mal, por exemplo). Porém, em-
bora possa nos parecer interessante a vincula-
Tais análises nos mostram que os diferentes
ção entre consumo e cidadania, a qual opera uma
agrupamentos humanos alijados do processo de
politização das nossas práticas de consumo coti-
consumo teriam um direito legítimo de consumir
diano, ela apresenta também certa limitação. Na
mais do planeta, enquanto outros necessitariam
escala de desigualdades distributivas de acesso ao
reduzir, drasticamente, seus índices. Nessa direção,
consumo dos bens materiais e simbólicos, exigin-
coloca-se em pauta, não uma redução geral dos
do-se um patamar mais eqüitativo dos usos dos re-
padrões de consumo, mas o necessário uso eqüi-
cursos ambientais, saídas operadas no interior da
tativo dos recursos ambientais do planeta. Isso im-
lógica de mercado, mesmo que possam tencioná-
plicaria propostas alternativas de desenvolvimen-
las em alguma medida, nos parecem insuficien-
to (se essa continuar sendo a palavra mais adequa-
tes (voltaremos a esta questão na seção final deste
da), que levem em consideração, como diz Pádua,
capítulo).
as “potencialidades do território e da variedade de
ecossistemas e formas culturais presentes no mes- Fonte: SCOTTO, Gabriela; CARVALHO, Isabel; GUI-
mo” (PÁDUA, 2003: 7). MARÃES, Leandro Belinaso. Desenvolvimen-
to Sustentável. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. p.
Das considerações que estamos fazendo podemos 72-77.
concluir que se toma simplista a estratégia de pen-
Referências
BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de consumo. Rio de Janeiro:
Elfos, 1995.
BAUMAN, Zigmunt. Vida para consumo. A transformação das
pessoas em mercadorias. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2008.
GARDNER, Gary; ASSADOURIAN, Erik; SARIN, Radhika. O es-
tado do consumo hoje. In: WORLDWATCH INSTITUTE. Esta-
do do Mundo, 2004: estado do consumo e o consumo sustentável.
Trad. Henry Mallett e Célia Mallett. Salvador: Uma, 2004. p. 03-24.
PONTING, Clive. Uma história verde do mundo. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1995.
9.1 Introdução
A educação em geral e a educação ambiental em particular, nes-
ses tempos pós-modernos, não têm a pretensão de dar respostas
prontas, acabadas e definitivas, mas sim instigar questionamen-
to sobre as nossas relações com a alteridade, com a natureza,
com a sociedade em que vivemos, com o nosso presente e com o
nosso eventual porvir. (REIGOTA, 2002, p. 140).
Referências
KRELLING, Aline G. Um Bosque com vida: encontros e experi-
ências através da Educação Ambiental. Trabalho de Conclusão de
Curso. (Graduação em Ciências Biológicas) - Universidade Fede-
ral de Santa Catarina, 2009.
GUIMARÃES, Leandro Belinaso. A natureza na arena cultural. In:
Jornal A Página. Portugal: ano 15, número 155, página 7, abril
2006. Disponível em: <http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.
asp?ID=4517>. Acesso em: 05 mar. 2007.
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber da experi-
ência. In: Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, nº 19, p.
20-28, jan./abr. 2002.
MASSEY, Doreen. Pelo espaço: uma nova política da espacialida-
de. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
RECH, Priscila F. Vidas em torno de um rio: narrativas sobre
desertos e saberes. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação
em Ciências Biológicas) - Universidade Federal de Santa Catarina,
2008.
REIGOTA, Marcos. A floresta e a escola: por uma educação am-
biental pós-moderna. 2a ed. São Paulo: Cortez, 2002.
SERRÃO-NEUMANN, Silvia Maria. Para além dos domínios da
mata: estratégias de preservação de fragmentos florestais no Brasil
(Santa Genebra, Campinas, SP). São Paulo: Annablume, 2007.
106 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
10.1 Introdução
Entre as muitas reportagens que foram publicadas em jornais
brasileiros entre os anos de 2007 e 2009, salta aos olhos o crescen-
te número que aborda a temática do aquecimento global. E elas
estão espraiadas por todos os “cadernos” de um jornal que dia-
riamente folheamos, bem como pelos diferentes links disponíveis
nos portais de notícias que acessamos na internet. Nos jornais im-
pressos e, ainda, em seus sites, tais notícias não se circunscrevem a
somente um “caderno” ou a um link, sendo que a elas articulam-se
inúmeras outras temáticas. Nesse sentido, interessou-nos marcar,
inicialmente, neste Capítulo, como se conectam ao aquecimento
global questões muito variadas. A ele se incorporam notícias, por
exemplo, sobre eventos de moda, sobre casamentos de pessoas fa-
mosas, a respeito de shows musicais, de práticas empresariais, de
políticas governamentais, de críticas cinematográficas; enfim, a te-
mática do aquecimento global dissemina-se por muitos terrenos.
Ademais, muitas reportagens estão focadas em nos ensinar quais
seriam as ações responsáveis pela sua diminuição e pelo seu con-
trole (já que tal questão é tomada e instituída como “uma verdade
inconveniente” – título de um controverso documentário sobre o
tema que você já assistiu na primeira fase do Curso, na disciplina
de Tópicos – que precisa ser combatida urgentemente).
As análises foram processadas sob inspiração do campo multifa-
cetado dos estudos culturais (retome o livro da disciplina de Tópicos
para saber mais), no qual a cultura tem sido apontada como algo
110 Educação, meio ambiente e sustentabilidade
cada vez mais central nas nossas vidas. A partir desse campo de
estudos, ressalta-se que as pessoas (e, inclusos, nós mesmos) não
aprendem sobre sustentabilidade ambiental e sobre aquecimento
global, apenas, nas universidades ou nas escolas, mas, também, na-
vegando nos sites de empresas, envolvendo-se em ações educativas
promovidas por Organizações Não-Governamentais, lendo notícias
sobre aquecimento global na mídia impressa brasileira, assistindo
campanhas publicitárias focadas em expor projetos sustentáveis,
entre tantos outros lugares e instâncias que povoam nossa cultura.
Assumir tal visão permite também considerar que os sujeitos
se enredam aos textos da cultura, ou seja, que um conjunto de
artefatos e práticas culturais inunda e interpela nossas vidas nos
ensinando “coisas” diversas (WORTMANN, 2004). Em outras pa-
lavras, somos “herdeiros” dos textos da cultura, a eles nos enre-
damos, a eles somos dobrados, através deles nos tornamos aquilo
que somos. Como nos diz Derrida (1994, p. 78), “a herança não é
jamais dada, é sempre uma tarefa. Permanece diante de nós, tão
incontestavelmente que, antes mesmo de querê-la ou recusá-la, so-
mos herdeiros enlutados, como todos os herdeiros”.
Plante uma árvore. Uma árvore absorve uma tonelada de gás carbô-
nico durante sua vida. Plante árvores no seu jardim ou inscreva-se em
programas como o SOS Mata Atlântica ou Iniciativa Verde.
Voe menos. Deixar de pegar um avião apenas uma ou duas vezes por ano
faz uma diferença significativa para a atmosfera. Se você não pode se
dar esse luxo, que tal neutralizar suas emissões? Você pode fazer o
cálculo aqui.
Vá de escada. Para subir até dois andares ou descer três, que tal ir de
escada? Além de fazer exercício, você economiza energia. Se você vai
de elevador, a boa educação manda que você espere quem ainda está
chegando, certo?
Divulgue essa lista! Envie essa lista por e-mail para seus amigos, di-
vulgue o link do post no seu blog ou orkut, reproduza-a livremente, e,
quando possível, cite a fonte. O Mude o Mundo agradece, e o planeta
também!
Referências
CANCLINI, Nestor Garcia. Consumidores e cidadãos: conflitos
multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1996.
DERRIDA, Jacques. Espectros de Marx. Rio de Janeiro: Relume-
Dumará, 1994.
FISCHER, Rosa B. O estatuto pedagógico da mídia. In: Educação
e Realidade, Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 59-79, 1997.
Aquecimento global: somos todos responsáveis? 119
1 Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI, campus de Piracuruca
revista brasileira
de
educação
Revbea, São Paulo, V.11, No 2: 22-42, 2016. ambiental
23
Revisão de literatura
Sabe-se que a EA (Educação Ambiental) surgiu como resposta às
necessidades que não estavam sendo completamente correspondidas pela
educação formal. Em outras palavras, a educação deveria incluir valores,
capacidades, conhecimentos, responsabilidades e aspectos que promovessem
o progresso das relações éticas entre as pessoas, seres vivos e a vida no
planeta. No entanto, o problema do descuido com o meio ambiente, constitui uma
das questões sociais que tem deixado a humanidade preocupada, por isso,
talvez, seja um dos fatores, mais relevantes, a serem estudado nas escolas,
porque tem a ver com o futuro da humanidade e com a existência do planeta.
(MEDEIROS et al., 2011).
Segundo a UNESCO (2005, p. 44), “Educação Ambiental é uma
disciplina bem estabelecida que enfatiza a relação dos homens com o ambiente
natural, as formas de conservá-lo, preservá-lo e de administrar seus recursos
adequadamente”.
A definição oficial de Educação Ambiental, do Ministério do Meio
Ambiente é: “Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os
indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem
conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os
tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas
ambientais presentes e futuros” (BOSA; TESSER, 2014).
Para Antunes (2004, p.8), o conceito de Educação Ambiental baseia-se
em uma prática de educação para a sustentabilidade, sendo a tradução das
relações humanas com o ambiente. É também um processo contínuo de ajuda
ao ser humano na identificação dos sintomas e das causas reais dos problemas
ambientais e procura ainda desenvolver conhecimentos, aptidões, atitudes,
motivações e a disposição necessária para o trabalho individual e coletivo na
busca de soluções.
Já Meirelles e Santos (2005, p.34) afirmam que a Educação Ambiental
é uma atividade meio que não pode ser percebida como mero desenvolvimento
de “brincadeiras” com crianças e promoção de eventos em datas comemorativas
ao meio ambiente. Na verdade, as chamadas brincadeiras e os eventos são parte
de um processo de construção de conhecimento que tem o objetivo de levar a
uma mudança de atitude. O trabalho lúdico, reflexivo e dinâmico respeita o saber
anterior das pessoas envolvidas (CARDOSO; FRENEDOSO; ARAÚJO, 2015).
Para tanto, se faz necessário a realização de estudos sobre os
problemas ambientais, conscientizando e propondo estudos sobre a importância
da inclusão de questões ambientais e sociais no currículo escolar a partir da
transversalidade. Autores como Zuben (1998), Britto (2000), Guimarães (2005),
entre outros, contribuem para a discussão dessa temática.
Nas sociedades atuais o ser humano afasta-se da natureza, e age de
forma irresponsável em relação ao meio ambiente, causando grandes
revista brasileira
de desequilíbrios na natureza. Segundo Guimarães (2005), é pela gravidade da
educação
Revbea, São Paulo, V. 11, No 2: 22-42, 2016.
ambiental
24
situação ambiental, em todo o mundo, que se tornou necessário a implantação
da Educação Ambiental para as novas gerações em idade de formação de
valores e atitudes, como também para a população em geral, pela emergência
da situação em que nos encontramos.
É nessa perspectiva, que o autor afirma que a Educação Ambiental é
transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e
conhecimentos, conscientizadora para as relações integradas do ser humano,
sociedade, natureza objetivando o equilíbrio local e global, melhorando a
qualidade de todos os níveis de vida (GUIMARÃES, 2005, p.17).
A EA busca assegurar que o futuro do planeta esteja equilibrado noque
se refere à natureza. A sua Política Nacional, instituída pela Lei n º 9.795de 27
de abril de 1999, tem como um de seus princípios o pluralismo de ideias e
concepções pedagógicas na perspectiva da interdisciplinaridade. Esta lei
determina que a EA não seja trabalhada na forma de disciplina especifica, mas
que permeie o currículo das disciplinas.
Materiais e métodos
Caracterização da área de estudo
O município de Parnaíba situa-se no extremo Norte do Estado do Piauí,
localiza-se a 339 km da capital, Teresina, com uma área de 436 km,
apresentando uma população de 148.832 hab. e taxa de alfabetização de98,8%
(IBGE, 2015).
A Escola Municipal Comendador Cortez, com 14 anos de existência, está
localizada na zona urbana do município de Parnaíba, Piauí, a 339 km da capital,
Teresina, bairro Igaraçu, e funciona no turno da manhã com turmas de ensino
fundamental menor, turno da tarde com turmas de ensino fundamental maior e a
noite com turma de EJA (Educação de jovens de adultos). A escola conta com
uma estrutura de 09 salas de aula, 410 alunos, 38 funcionários, dentre esses, 24
professores.
Coleta de dados
A pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e de campo, através de
questionários, para obter informações sobre a Educação Ambiental na escola
pública municipal Comendador Cortez na cidade de Parnaíba (PI).
O presente trabalho partiu de uma revisão bibliográfica, em seguida
diagnosticou a situação do ensino da Educação Ambiental na escola pública.
revista brasileira
de
educação
Revbea, São Paulo, V.11, No 2: 22-42, 2016. ambiental
27
Inicialmente, realizou-se pesquisa em (monografias, dissertações, teses,
artigos e revistas cientificas) sobre o tema Educação Ambiental para
fundamentar os objetivos pretendidos neste artigo.
Posteriormente foi visitada a escola municipal Comendador Cortez, na
zona urbana de Parnaíba - PI, para possibilitar um contato e aproximação
principalmente para conversar com a coordenadora, explicar o objetivo do
trabalho, solicitar a autorização para realização da pesquisa e agendar a
segunda visita.
Para coleta de dados elaboraram-se os questionários semi-
estruturados, com questões objetivas sobre o tema Educação Ambientais, que
foram aplicados no mês de março de 2015 aos participantes da pesquisa
(professores e alunos). Foram selecionados aleatoriamente 80 alunos entre as
sete turmas de 6º ao 9º ano, do ensino fundamental. Essas perguntas se referiam
de um modo geral sobre os aspectos ambientais como, por exemplo: sua
importância, como eles são abordados na escola, quais atividades seriam mais
viáveis para tratar do assunto, quais problemas cada entrevistado considera
mais grave na cidade.
As observações buscaram, sobretudo, informações relacionadas ao
espaço ambiental, ao comportamento socioambiental dos atores - professores
e alunos, nesse espaço e ambiência cotidiana.
.
Análise dos dados
Após a coleta e seleção dos dados, estes foram tratados e analisados
qualitativamente. Os critérios de seleção dos dados foram definidos, levando-
se em consideração as respostas que cada participante apresentou em cada
questão, tirando-se assim a porcentagem geral. Para quantificar os dados dos
questionários, foram elaboradas planilhas no Excel 2010. Para expressar os
dados analisados foram elaborados gráficos como forma de facilitar a
compreensão das questões individualmente.
Resultados e discussão
Feita a apresentação dos procedimentos operatórios desta investigação,
passou-se, a partir de então, à análise e discussão de alguns pontos específicos
a serem considerados, como seguem:
Com relação à identificação dos alunos em relação ao sexo, 57,5% são
representados pelo sexo feminino e 42,5% do sexo masculino. A idade dos
entrevistados ficou entre 11 e 16 anos. Tempo em anos que os alunos estudam
na escola é de 10% até um ano, 25% de um a dois anos, 25% de 2 a 3 anos,
40% mais de 3 anos.
Na questão de número 1, que indagou: Você sabe o que é meio ambiente?
Foi analisada de acordo com a metodologia baseada na interação
socioambiental proposta por Lopes (1997) o qual prevê a possibilidade de avaliar
revista brasileira os níveis de consciência de uma sociedade através de práticas
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contemplativas e comunicativas, que devem expressar os mais profundos
pensamentos humanos na interação com seu meio.
A partir dos dados analisados na questão 1, percebeu-se que o conceito
de meio ambiente é bem conhecido pelos alunos, pois 100% responderam que
sabem sim o que é meio ambiente.
Na questão 2: Você se considera parte do meio ambiente? Observou-se
que 90% dos alunos, se consideram inseridos no meio ambiente, e apenas 2,5
% não se consideram inseridos, e não souberam responder 7,5% (Figura 2).
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Figura 4: Concepção do nível de importância das atividades de EA dos alunos da Escola
Municipal Comendador Cortez, Parnaíba (PI), 2015.
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Figura 5: Visão dos alunos sobre a frequência de abordagem de temas ambientais pelos
professores em suas aulas na Escola Municipal Comendador Cortez, Parnaíba (PI), 2015.
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educação Revbea, São Paulo, V. 11, No 2: 22-42, 2016.
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Figura 6: As melhores atividades para trabalhar a Educação Ambiental na visão dos alunos da
Escola Municipal Comendador Cortez - Parnaíba (PI), 2015.
Figura 10: Frequência da abordagem dos temas relacionados à Educação Ambiental e meio
ambiente de acordo com os professores da Escola Municipal Comendador Cortez em Parnaíba
(PI), 2015.
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Conforme o exposto na Figura 11, entre os recursos mais utilizados para
se desenvolver a Educação Ambiental, a aula passeio aparece como uma forte
opção para auxiliar nas atividades de Educação Ambiental.
Sair da sala de aula e ir a campo com o objetivo de ter contato com o
objeto de estudo é uma forma eficaz de pôr o aluno em contato com a realidade
que o cerca. A sala de aula é uma grande ferramenta, que vem sendo utilizada
durante muitas gerações, o que se precisa é investir na formação de professores
que saibam utilizar todo e qualquer espaço para ensinar Educação Ambiental,
sendo assim “o professor pode educar ambientalmente em qualquer lugar”
(REIGOTA, 1994, p.30).
Nessa pesquisa ainda foram indagados outros temas relacionados à EA
e meio ambiente, pois são assuntos recorrentes e de extrema importância para
o aprendizado escolar. Assim, em sete perguntas os professores foram
indagados se abordam os termos; biodiversidade, recursos naturais, unidadede
conservação, conservação e preservação do solo, coleta seletiva de lixo,
compostagem e movimentos ambientalistas.
Em relação aos temas relacionados à EA e meio ambientes que são
abordados nas aulas dos professores, pode-se verificar que o de biodiversidade
foi o mais citado com 35% das respostas, seguido de coleta seletiva do lixo com
23%, e compostagem com 20%, seguida ainda de recursos naturais com 13%,
5% para conservação e preservação do solo, 2% para unidades de conservação
e 2% movimentos ambientalistas (Figura 12).
Figura 12: Temas relacionados à Educação Ambiental e Meio Ambiente trabalhados pelos
professores na Escola Municipal Comendador Cortez, Parnaíba (PI), 2015.
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educação Revbea, São Paulo, V. 11, No 2: 22-42, 2016.
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Educação Ambiental na Base Nacional Comum Curricular
Resumo: O trabalho se propõe a analisar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em sua última
versão, realizando algumas reflexões referentes à inserção da Educação Ambiental, dentro do que
dispõe o documento, para as relações de ensino e aprendizagem nas escolas do país, realizando um
debate sobre as possibilidades propostas para o desenvolvimento de uma consciência do sujeito em
relação aos problemas socioambientais. Desse modo, através de pesquisa com base em análise
documental, o trabalho tem como proposição dialogar, tanto com alguns autores do campo de
pesquisa da Educação Ambiental, como outros que venham a colaborar para o estudo,
problematizando como o documento trata a temática, no nível do Ensino Fundamental.
Palavras-chave: BNCC. Educação Ambiental. Ensino Fundamental.
Resumen: El trabajo propone analizar la Base Curricular Común Nacional (BNCC), en su última
versión, realizando reflexiones sobre la inserción de la Educación Ambiental, dentro de lo dispuesto
en el documento, para las relaciones de enseñanza y aprendizaje en las escuelas del país. , llevando a
cabo un debate sobre las posibilidades propuestas para el desarrollo de la conciencia de un sujeto
sobre los problemas socioambientales. Por lo tanto, a través de la investigación basada en el análisis
documental, el trabajo tiene como objetivo el diálogo, tanto con algunos autores en el campo de la
investigación de Educación Ambiental, como con otros que pueden colaborar para el estudio,
cuestionando cómo el documento aborda el tema, en Nivel de escuela primaria.
Palabras clave: BNCC. Educación ambiental. Enseñanza fundamental
1 Licenciado em História (UFPel), Licenciado em Educação Física (UFPel). Especialista em Educação com ênfase em
Ensino e Formação de Professores (IF-Sul/Pelotas). Especialista em Educação com ênfase em Educação de Surdos
(FaE/UFPel). Especializando em Educação com ênfase em Educação (FaE/UFPel). e-mail: giovanibarbos@live.com
2 Mestre/Doutora em Educação Ambiental (FURG) – Professora Adjunta - Faculdade de Educação (UFPel). e-mail:
caroline.terraoliveira@gmail.com
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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Environmental Education in the Curricular Common National Base
Abstract: This paper aims to analyze the Common National Curriculum Base (BNCC), in its latest
version, making some reflections regarding the insertion of Environmental Education, within the
terms of the document, for the teaching and learning relations in the country's schools, holding a
debate about the possibilities proposed for the development of an awareness of the subject in relation
to social and environmental problems. Thus, through research based on documentary analysis, the
work proposes to dialogue, both with some authors in the field of environmental education research,
as well as others who may collaborate for the study, problematizing how the document deals with
the theme in elementary school level.
Keywords: BNCC. Environmental Education. Elementary School.
Considerações iniciais
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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trabalhados “preferencialmente, de maneira transversal e integradora” (BNCC, 2017, p.
19). Assim, sobre os temas transversais, o documento dispõe, em seu texto:
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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no intuito de debater as suas diretrizes, como também o processo e os impactos gerados a
partir de sua inserção nas escolas. Conforme é destacado no documento, as competências,
os princípios, valores e direitos de aprendizagem ratificados devem ser explorados,
respeitando-se a autonomia de decisão das redes de ensino e instituições, bem como o
contexto de realidade histórico e cultural da escola e as características dos alunos.
Assim, partindo-se da análise crítica da BNCC, em uma busca relacionada ao tema
da Educação Ambiental, há referências em relação ao termo ambiental como componente
do que seria, segundo a BNCC, um princípio das “competências gerais da educação básica”
(BNCC, 2017, p. 9). Estas competências gerais, que incluem um total de dez, comporiam a
formação do aprendizado fundamental dos estudantes. O termo está vinculado ao prefixo
“sócio”, no trecho disposto no item 7, que versa sobre a seguinte competência:
Podemos observar que a BNCC não cita a Educação Ambiental como princípio
necessário para o desenvolvimento das competências gerais e habilidades no Ensino
Fundamental, mas faz referência à promoção da consciência socioambiental e do consumo
responsável. Neste sentido, há uma exclusão do conceito de Educação Ambiental, como
importante área de conhecimento para os estudos realizados na Educação Básica sobre as
problemáticas ambientais do período atual. Esta exclusão desconsidera o processo histórico
de lutas dos movimentos ambientalistas, dos povos tradicionais e de outros grupos sociais
que se dedicam às causas ambientais pela construção de políticas públicas que venham
fortalecer a Educação Ambiental no Brasil. Enfatizamos que as questões ambientais citadas
neste documento, fazem referência aos seguintes termos: consciência socioambiental;
consumo responsável; conservação ambiental; diversidade ambiental; qualidade ambiental;
qualidade de vida socioambiental; sustentabilidade socioambiental; degradação ambiental;
equilíbrio ambiental; conservação ambiental.
Enfatizamos a crítica à exclusão, especificamente, desta área do conhecimento na
BNCC, pois consideramos que, diante da crise socioambiental anunciada na
contemporaneidade, a Educação Ambiental se constitui, neste cenário, como um importante
agente de análise crítica e transformação social, no qual a Educação Básica é
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Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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campo de atuação e possibilidades para a construção de uma consciência sobre os problemas
ambientais, sendo estes visíveis a partir da intensificação da exploração da natureza humana
e não humana, do esgotamento dos recursos naturais e da mercantilização da natureza,
fundamentada num modelo de produção e consumo baseado na obsolescência planejada,
conforme destaca Mészáros (2002). Assim, a escola é componente fundamental para a
problematização sobre a degradação do meio ambiente, estudo e reflexão sobre a construção
das possibilidades e alternativas necessárias para o seu rompimento. Desta forma, existe um
consenso da sociedade em relação ao “(...) reconhecimento da gravidade dos problemas
ambientais, que estes são decorrência de um modelo de desenvolvimento econômico de forte
impacto ambiental e que a Educação Ambiental é uma importante ação para a superação
destes problemas” (GUIMARÃES, 2016, p. 14).
Neste debate, entra em cena, o papel da Educação Ambiental como relevante área do
conhecimento para a escola, sendo um dever do Estado e um direito das crianças e
adolescentes a garantia de acesso a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, essencial
à saúde e qualidade de vida, conforme é destacado na Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 225. Para este direito ser efetivado, portanto, é necessário, conforme dispõe a
Constituição Federal de 1988, Artigo 225, em seu parágrafo VI: “Promover a educação
ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do
meio ambiente”. Nesta perspectiva, a necessidade de trabalhar a Educação Ambiental na
escola está amparada em um direito previsto na legislação brasileira, como também está
relacionado a um direito fundamental do ser humano - que se revela no “sentido de
pertencimento e convivência com a natureza” (TIRIBA, 2018). E o modo como o contexto
urbano e as escolas estão configurados prevê um distanciamento, cadavez maior, da
concretização deste direito nas instituições escolares.
Enfatizamos que a educação e as relações de ensino e aprendizagem não se dão
somente entre os muros da escola, temos que levar em conta que estamos, a todo momento,
dentro de uma complexa rede de relações que nos compõem intermitentemente, com a escola
refletindo a comunidade do indivíduo, em trocas e aprendizados constantes. A partir das
relações indissociáveis nos locais onde vivem, os estudantes aprendem coletivamente, no
seu cotidiano, com seus pares, um tipo de conhecimento prático que não transparece em
ambientes acadêmicos ou relacionados à escola: neste âmbito, estão incluídas as estreitas
relações que possuem com as realidades que vivem diariamente. O contexto de realidade que
os circunda os afeta e, por consequência, interfere nos seus processos e subjetivações. Dentro
deste contexto, apresentam-se os prismas com os quais enxergam e se relacionam
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Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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com as questões do ambiente no qual vivem, comunitariamente, em um sentido coletivo de
anseios, no qual o “enxergar-se” no outro é uma premissa importante para o despertar de
uma “inteligência coletiva”, política, de formação de identidade de um grupo. Segundo
Santos Jr. & Nunes:
Mais uma vez, e de forma explícita, a BNCC refere-se às questões ambientais como
de interesse coletivo, com respeito ao outro e levando o estudante a desenvolver um
posicionamento crítico sobre o tema, com o objetivo de que esta aprendizagem resulte em
intervenção ativa na realidade da qual faz parte. Especificamente, esta referência se faz
presente na área de Ciências da Natureza, em que a BNCC cita o papel desta área de
conhecimento no desenvolvimento de “ações de intervenção para melhorar a qualidade de
vida individual, coletiva e socioambiental” (BNCC, 2017, p. 321).
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Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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Relacionada à área de Ciências da Natureza, portanto, a consciência socioambiental
diz respeito à possibilidade dos alunos identificarem, compreenderem e realizarem ações de
intervenção, a partir de sua realidade local, no que tange aos problemas ambientais que
circundam o seu entorno, mas inclui-se nessa análise, a inter- relação com o contexto espacial
regional e global. Em relação à Unidade Temática Terra e Universo, são destacados como
temas importantes a sustentabilidade socioambiental, o ambiente e a saúde (BNCC, 2017, p.
327).
O entendimento das questões ambientais como parte de um estudo e planejamento
das ações de intervenção, como coloca a BNCC, aponta para a compreensão do papel da
escola neste processo, destacando um necessário posicionamento e um direcionamento das
ações políticas no âmbito da coletividade, no intuito de mobilizar a construção de
alternativas para minimizar e romper com a degradação ambiental a partir das realidades
locais. Em relação à consciência crítica da realidade, Freire destaca que: “A conscientização
implica, pois, que ultrapassemos a esfera espontânea de apreensão da realidade, para
chegarmos a uma esfera crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual
o homem assume uma posição epistemológica” (FREIRE, 1979, p. 15).
Ante a homologação de uma Base Nacional Comum Curricular no país, não bastam
que as questões ambientais sejam somente citadas neste documento, torna-se necessário que
a Educação Ambiental tenha significado na escola, integrando o Projeto Político-
Pedagógico, a formação continuada dos professores e os processos de planejamento docente.
Ademais, deve-se ampliar o aprofundamento teórico-conceitual em Educação Ambiental na
formação inicial e continuada de professores. Neste sentido, a Educação Ambiental, numa
perspectiva crítica e transformadora, para além da concepção de práticas pedagógicas
pautadas em princípios individualistas, imediatistas e que compreendem as soluções
simplistas, deve estar incluída na formação inicial e continuada dos docentes.
Assim, compreendemos que um indivíduo capaz de interferir criticamente e
conscientemente dentro de sua realidade precisa significar o conhecimento junto ao seu fazer
cotidiano, vinculando-o às características sócio ambientais nas quais está incluído e com elas
interagir, incidindo e relacionando essas informações com o meio no qual está colocado,
como enfatizam os autores: “A educação, o “entre” o aprender e o ensinar, (…) se tornou
parte orgânica do viver cotidiano, de cada um que nele (...) se envolveu (Santos Jr. & Nunes,
2007, p. 64). Portanto, destacamos que os indivíduos aprendem coletivamente, na relação
social e, a partir dela, subjetivamente. Existiria uma Base
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Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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Nacional Comum Curricular que contemple as aprendizagens construídas fora da escola?
Como se relaciona um documento que estipula diretrizes curriculares normativas com as
irregularidades da existência?
Dentro das competências específicas de Ciências da Natureza para o Ensino
Fundamental, contendo 8 itens dispostos, temos no 5º disposto, que seria um dos objetivos:
Uma vez mais, então, aparece o prefixo “sócio”, verificando inclusive que, para a
BNCC, as questões ambientais estão atreladas, geralmente, às questões sociais, compreensão
necessária ao conceito de Educação Ambiental, conforme aponta Acselrad: “o meio
ambiente é múltiplo em qualidades sócio culturais; não há ambiente sem sujeito (Acselrad,
2005, p. 220), o que nos remete à indissociabilidade entre ambiente e sociedade,entre o tema
ambiental e o tema social, ou seja, as questões ambientais são permeadas por discussões
políticas; e essas não são apenas problematizações específicas de nossa realidade local, mas
devem estar relacionadas e serem debatidas integradas ao contexto global, em todas as etapas
de escolarização. Relacionado a este tema, enfatizamos o conceito da ecopolítica que,
segundo Veiga-Neto, consiste “numa primeira aproximação bem ampla, atualmente
compreendemos a ecopolítica como o conjunto de políticas orientadas para o controle da
vida no ambiente, no nível planetário” (VEIGA-NETO, 2014,
p. 40). Assim, a ecopolítica entraria no contexto da Educação Ambiental trazendo um
discurso mais sensível de retomada de valores e respeito a um equilíbrio entre os indivíduos
e o meio ambiente. Ainda, conforme destaca Veiga-Neto:
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
E-ISSN 1517-1256
Construir argumentos com base em informações geográficas, debater e
defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam a consciência
socioambiental e o respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos
de qualquer natureza (BNCC, 2017, p. 366).
Mais uma vez, o conceito de alteridade é citado, indo ao encontro da ideia de enxergar
e reconhecer o outro em si, sendo um dos pontos basilares das discussões contemporâneas
no que diz respeito às relações sociais e reforçado, ainda mais, pelo contexto atual que
estamos vivenciando. Perrenoud diz que:
Nesse sentido, assim como não podemos dissociar a Educação Ambiental das pautas
sociais, também não podemos separar as relações sociais do tema ambiental; é preciso que
os indivíduos se desenvolvam globalmente, que encontrem condições para que suas
subjetividades floresçam, para que seu nível de entendimento de si, do outro e do entorno
possam frutificar e produzir uma consciência mais abrangente, que abarque a compreensão
da totalidade, entendendo que há uma interligação, uma teia que conduz e une ser humano,
conhecimento, meio ambiente e vida. Conforme aponta Morin:
Assim, os estudantes não aprendem de uma só forma, ou por um único canal, disposto
em regras essenciais: existe todo um fluxo que permeia o aprendizado, uma pluralidade de
significados e significantes que perpassam os indivíduos e suas relações. Para uma
consciência global, é preciso um desenvolvimento global, movimentos de compreensão da
realidade que incluem as relações do micro ao macro, formando indivíduos conscientes de
sua condição humana e de uma educação planetária, a qual seria, segundo Boaventura:
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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direitos humanos, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e
compreensão internacional (BOAVENTURA, 2001, p. 197).
Considerações finais
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
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que deverá ser ensinado, e que considere temas de cunho transversal, como é o caso da
Educação Ambiental, talvez a BNCC não ofereça as condições necessárias para que os
saberes da área sejam oportunos ao ponto de se desenvolver uma consciência crítica em
relação aos problemas socioambientais. Além disso, classificar algumas temáticas como
transversais hierarquiza as áreas do conhecimento, relegando algumas à margem, em
detrimento de outras, consideradas mais relevantes. Outrossim, inserir a Educação
Ambiental na escola, como temática transversal, por si só, não atende à necessária
complexidade que as discussões e os estudos exigem no tratamento dos conteúdos.
Precisaríamos tratar determinadas questões interligando-as, e não separando-as em áreas
ou graus de importância. Ante a complexidade desta área de conhecimento, é fundamental
que a Educação Ambiental esteja prevista no Projeto Político-Pedagógico da escola e que
integre os processos de formação continuada e de planejamento docente.
A Educação Ambiental como parte de uma utopia pedagógica da escola, passa pelo
entendimento e questionamento das desigualdades e conflitos ambientais presentes na
atualidade e, para isso, é imperativa uma compreensão crítica deste campo deconhecimento,
afastando-se das soluções individualistas e imediatistas. Desse modo, os professores devem
compreender as concepções divergentes de Educação Ambiental presentes na sociedade, o
sentido e a relevância desta temática na escola para a formação intelectual dos alunos, sendo
preciso fundamentar outras epistemologias para embasar o planejamento e as práticas
pedagógicas na escola.
Neste sentido, entendemos que, mais que dividirmos ou subtrairmos áreas de
conhecimentos nos currículos das escolas, enquanto sociedade, ao não considerarmos, ou
não encontrarmos subsídios para tornar a Educação Ambiental uma temática relevante, se
não tão ou mais importante que o Português e a Matemática, por exemplo, no mínimo, é
imperativo construir as condições para a mesma seja trabalhada com maior complexidade e
aprofundamento em sala de aula. Para isso, é importante que os estudos e as pesquisas sobre
a Educação Ambiental sejam ampliados desde a formação inicial de professores e estendidos
aos processos de aprendizagem e reflexão contínua sobre suas práticas pedagógicas
construídas nas escolas.
Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
E-ISSN 1517-1256
Referências
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Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande. v. 37, n. 1. Seção especial: XI EDEA - Encontro e Diálogos com a
Educação Ambiental. p. 323-335. jan/abr. 2020.
E-ISSN 1517-1256
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CONSELHO PLENO
CONSIDERANDO que:
(*)
Resolução CNE/CP 2/2012. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de junho de 2012 – Seção 1 – p. 70.
atores sociais comprometidos com a prática político-pedagógica transformadora e
emancipatória capaz de promover a ética e a cidadania ambiental;
O reconhecimento do papel transformador e emancipatório da Educação
Ambiental torna-se cada vez mais visível diante do atual contexto nacional e mundial em que
a preocupação com as mudanças climáticas, a degradação da natureza, a redução da
biodiversidade, os riscos socioambientais locais e globais, as necessidades planetárias
evidencia-se na prática social,
RESOLVE:
TÍTULO I
OBJETO E MARCO LEGAL
CAPÍTULO I
OBJETO
2
CAPÍTULO II
MARCO LEGAL
TÍTULO II
PRINCÍPIOS E OBJETIVOS
CAPÍTULO I
PRINCÍPIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 12. A partir do que dispõe a Lei nº 9.795, de 1999, e com base em práticas
comprometidas com a construção de sociedades justas e sustentáveis, fundadas nos valores da
liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade,
sustentabilidade e educação como direito de todos e todas, são princípios da Educação
Ambiental:
I - totalidade como categoria de análise fundamental em formação, análises,
estudos e produção de conhecimento sobre o meio ambiente;
II - interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o
enfoque humanista, democrático e participativo;
III - pluralismo de ideias e concepções pedagógicas;
IV - vinculação entre ética, educação, trabalho e práticas sociais na garantia de
continuidade dos estudos e da qualidade social da educação;
3
V - articulação na abordagem de uma perspectiva crítica e transformadora dos
desafios ambientais a serem enfrentados pelas atuais e futuras gerações, nas dimensões locais,
regionais, nacionais e globais;
VI - respeito à pluralidade e à diversidade, seja individual, seja coletiva, étnica,
racial, social e cultural, disseminando os direitos de existência e permanência e o valor da
multiculturalidade e plurietnicidade do país e do desenvolvimento da cidadania planetária.
CAPÍTULO II
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 13. Com base no que dispõe a Lei nº 9.795, de 1999, são objetivos da
Educação Ambiental a serem concretizados conforme cada fase, etapa, modalidade e nível de
ensino:
I - desenvolver a compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e
complexas relações para fomentar novas práticas sociais e de produção e consumo;
II - garantir a democratização e o acesso às informações referentes à área
socioambiental;
III - estimular a mobilização social e política e o fortalecimento da consciência
crítica sobre a dimensão socioambiental;
IV - incentivar a participação individual e coletiva, permanente e responsável,
na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental
como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - estimular a cooperação entre as diversas regiões do País, em diferentes
formas de arranjos territoriais, visando à construção de uma sociedade ambientalmente justa e
sustentável;
VI - fomentar e fortalecer a integração entre ciência e tecnologia, visando à
sustentabilidade socioambiental;
VII - fortalecer a cidadania, a autodeterminação dos povos e a solidariedade, a
igualdade e o respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e da
interação entre as culturas, como fundamentos para o futuro da humanidade;
VIII - promover o cuidado com a comunidade de vida, a integridade dos
ecossistemas, a justiça econômica, a equidade social, étnica, racial e de gênero, e o diálogo para
a convivência e a paz;
IX - promover os conhecimentos dos diversos grupos sociais formativos do País
que utilizam e preservam a biodiversidade.
Art. 14. A Educação Ambiental nas instituições de ensino, com base nos
referenciais apresentados, deve contemplar:
I - abordagem curricular que enfatize a natureza como fonte de vida e relacione
a dimensão ambiental à justiça social, aos direitos humanos, à saúde, ao trabalho, aoconsumo,
à pluralidade étnica, racial, de gênero, de diversidade sexual, e à superação do racismo e de
todas as formas de discriminação e injustiça social;
II - abordagem curricular integrada e transversal, contínua e permanente em
todas as áreas de conhecimento, componentes curriculares e atividades escolares e acadêmicas;
III - aprofundamento do pensamento crítico-reflexivo mediante estudos
científicos, socioeconômicos, políticos e históricos a partir da dimensão socioambiental,
valorizando a participação, a cooperação, o senso de justiça e a responsabilidade da
comunidade educacional em contraposição às relações de dominação e exploração presentes
na realidade atual;
IV - incentivo à pesquisa e à apropriação de instrumentos pedagógicos e
metodológicos que aprimorem a prática discente e docente e a cidadania ambiental;
4
V - estímulo à constituição de instituições de ensino como espaços educadores
sustentáveis, integrando proposta curricular, gestão democrática, edificações, tornando-as
referências de sustentabilidade socioambiental.
TÍTULO III
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR
5
f) uso das diferentes linguagens para a produção e a socialização de ações e
experiências coletivas de educomunicação, a qual propõe a integração da comunicação com o
uso de recursos tecnológicos na aprendizagem.
II - contribuir para:
a) o reconhecimento da importância dos aspectos constituintes e determinantes
da dinâmica da natureza, contextualizando os conhecimentos a partir da paisagem, da bacia
hidrográfica, do bioma, do clima, dos processos geológicos, das ações antrópicas e suas
interações sociais e políticas, analisando os diferentes recortes territoriais, cujas riquezas e
potencialidades, usos e problemas devem ser identificados e compreendidos segundo a gênese
e a dinâmica da natureza e das alterações provocadas pela sociedade;
b) a revisão de práticas escolares fragmentadas buscando construir outras
práticas que considerem a interferência do ambiente na qualidade de vida das sociedades
humanas nas diversas dimensões local, regional e planetária;
c) o estabelecimento das relações entre as mudanças do clima e o atual modelo
de produção, consumo, organização social, visando à prevenção de desastres ambientais e à
proteção das comunidades;
d) a promoção do cuidado e responsabilidade com as diversas formas de vida,
do respeito às pessoas, culturas e comunidades;
e) a valorização dos conhecimentos referentes à saúde ambiental, inclusive no
meio ambiente de trabalho, com ênfase na promoção da saúde para melhoria da qualidade de
vida;
f) a construção da cidadania planetária a partir da perspectiva crítica e
transformadora dos desafios ambientais a serem enfrentados pelas atuais e futuras gerações.
III - promover:
a) observação e estudo da natureza e de seus sistemas de funcionamento para
possibilitar a descoberta de como as formas de vida relacionam-se entre si e os ciclos naturais
interligam-se e integram-se uns aos outros;
b) ações pedagógicas que permitam aos sujeitos a compreensão crítica da
dimensão ética e política das questões socioambientais, situadas tanto na esfera individual,
como na esfera pública;
c) projetos e atividades, inclusive artísticas e lúdicas, que valorizem o sentido
de pertencimento dos seres humanos à natureza, a diversidade dos seres vivos, as diferentes
culturas locais, a tradição oral, entre outras, inclusive desenvolvidas em espaços nos quais os
estudantes se identifiquem como integrantes da natureza, estimulando a percepção do meio
ambiente como fundamental para o exercício da cidadania;
d) experiências que contemplem a produção de conhecimentos científicos,
socioambientalmente responsáveis, a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da
sociobiodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra;
e) trabalho de comissões, grupos ou outras formas de atuação coletiva
favoráveis à promoção de educação entre pares, para participação no planejamento, execução,
avaliação e gestão de projetos de intervenção e ações de sustentabilidade socioambiental na
instituição educacional e na comunidade, com foco na prevenção de riscos, na proteção e
preservação do meio ambiente e da saúde humana e na construção de sociedades sustentáveis.
TÍTULO IV
SISTEMAS DE ENSINO E REGIME DE COLABORAÇÃO
6
Art. 19. Os órgãos normativos e executivos dos sistemas de ensino devem
articular-se entre si e com as universidades e demais instituições formadoras de profissionais
da educação, para que os cursos e programas de formação inicial e continuada de professores,
gestores, coordenadores, especialistas e outros profissionais que atuam na Educação Básica e
na Superior capacitem para o desenvolvimento didático-pedagógico da dimensão da Educação
Ambiental na sua atuação escolar e acadêmica.
§ 1º Os cursos de licenciatura, que qualificam para a docência na Educação
Básica, e os cursos e programas de pós-graduação, qualificadores para a docência na Educação
Superior, devem incluir formação com essa dimensão, com foco na metodologia integrada e
interdisciplinar.
§ 2º Os sistemas de ensino, em colaboração com outras instituições, devem
instituir políticas permanentes que incentivem e dêem condições concretas de formação
continuada, para que se efetivem os princípios e se atinjam os objetivos da Educação
Ambiental.
Art. 20. As Diretrizes Curriculares Nacionais e as normas para os cursos e
programas da Educação Superior devem, na sua necessária atualização, prescrever o adequado
para essa formação.
Art. 21. Os sistemas de ensino devem promover as condições para que as
instituições educacionais constituam-se em espaços educadores sustentáveis, com a
intencionalidade de educar para a sustentabilidade socioambiental de suas comunidades,
integrando currículos, gestão e edificações em relação equilibrada com o meio ambiente,
tornando-se referência para seu território.
Art. 22. Os sistemas de ensino e as instituições de pesquisa, em regime de
colaboração, devem fomentar e divulgar estudos e experiências realizados na área da Educação
Ambiental.
§ 1º Os sistemas de ensino devem propiciar às instituições educacionais meios
para o estabelecimento de diálogo e parceria com a comunidade, visando à produção de
conhecimentos sobre condições e alternativas socioambientais locais e regionais e à intervenção
para a qualificação da vida e da convivência saudável.
§ 2º Recomenda-se que os órgãos públicos de fomento e financiamento à
pesquisa incrementem o apoio a projetos de pesquisa e investigação na área da Educação
Ambiental, sobretudo visando ao desenvolvimento de tecnologias mitigadoras de impactos
negativos ao meio ambiente e à saúde.
Art. 23. Os sistemas de ensino, em regime de colaboração, devem criar políticas
de produção e de aquisição de materiais didáticos e paradidáticos, com engajamento da
comunidade educativa, orientados pela dimensão socioambiental.
Art. 24. O Ministério da Educação (MEC) e os correspondentes órgãos
estaduais, distrital e municipais devem incluir o atendimento destas Diretrizes nas avaliações
para fins de credenciamento e recredenciamento, de autorização e renovação de autorização, e
de reconhecimento de instituições educacionais e de cursos.
Art. 25. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
7
UNIDADE III
Resumo
Na Unidade III iremos explorar a integração da Educação Ambiental
no contexto pedagógico, destacando seu papel crucial na formação
de cidadãos conscientes e engajados com a sustentabilidade. Esta
Unidade examina como a Educação Ambiental pode ser incorporada
de maneira efetiva nos projetos educacionais, promovendo práticas
sustentáveis e desenvolvendo uma compreensão profunda da
interação entre o ser humano e o meio ambiente. Ao abordar
iniciativas sustentáveis em diversos campos educacionais,
buscamos inspirar a implementação de projetos significativos que
estimulem a consciência ambiental e promovam a construção de
um futuro mais sustentável.
UNIDADE III
Clique aqui para digitar o título da Unidade III
Relação de textos
CONTE, Ivo Batista. Educação ambiental na escola. Fortaleza:
Texto 1 EdUECE, 2016. 100 p.
Introdução
Os professores têm um papel fundamental no processo de conscientização
da sociedade, pois é por intermédio dele que sucederão todas as mobiliza-
ções. O enfoque interdisciplinar preconiza a ação ligada das diversas discipli-
nas em torno de temas específicos.
Assim as práticas interdisciplinares de educação ambiental tornam-se
relevantes uma vez que possibilita a construção de conhecimento diversifica-
do sobre o meio natural e social contribuindo na criação de valores indispen-
sáveis para a formação da cidadania. A educação ambiental deve ser traba-
lhada com os alunos em uma visão sistêmica e de forma interdisciplinar, onde
as disciplinas trabalham interligando os fenômenos da natureza.
Cabe ao professor através de prática interdisciplinar, promover novas
metodologias afim de favorecer a implementação da Educação Ambiental,
levando sempre em conta o ambiente que faz parte da realidade dos educan-
dos, estabelecendo relações com problemas ambientais atualizados.
4. Oficinas Ecopedagógicas
Talvez o maior desafio vivenciado nos trabalhos em grupo seja inserir con-
teúdos de forma contextualizada, ordenada e que garanta a participação de
todos. Infelizmente, observamos que algumas vezes as informações são im-
postas, transmitidas de forma unilateral. Em outras, os participantes dos en-
contros são estimulados a se manifestarem de forma espontânea, se desvin-
culando das informações e objetivos dos mesmos.
Ao enfocar a temática ambiental, trabalhando conjuntamente com as ofi-
cinas pedagógicas, busca-se sensibilizar o olhar, tanto do educando, como do
educador, contextualizando e aproximando do cotidiano, envolvendo o educando,
que participa, age e transforma, promovendo trocas coletivas, a integração e in-
serção das diferentes leituras de mundo, de questões urgentes e essenciais, para
nossa constituição como ser humano no presente (VEGA; SCHIRMER, 2008).
Ecopedagogia
Ecopedagogia é um conceito em permanente construção. Ela surge como um novo
olhar a partir das práticas pedagógicas formais, fundamentalmente antropocêntricas,
apontando a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas como elementos a serem
incorporados no processo educativo. Sua proposta ao encontro da necessidade de
que a Educação Ambiental aconteça na prática, de que seu campo de reflexão e ação
seja ampliado, envolvendo o maior número possível de atores sociais no processo de
revisão de valores e elaboração de intervenções voltadas à construção da cultura da
sustentabilidade (GADOTTI, 2005).
Hortas de formato circular ainda não são muito comuns, embora a ideia
de fazê-las assim tenha mais de 30 anos. Ganhou atenção na década de
1970, com o movimento de permacultura, criado pelo ambientalista Bill Molli-
son, na Austrália. Ele preconizava outra forma de dispor as espécies vegetais,
mais de acordo com o ecossistema. Com a crescente preocupação envolven-
do a natureza, esse conceito adquire fôlego novo e se espalha entre os agrô-
nomos. “Esse tipo de horta economiza água, trabalha com a diversidade de
plantas, aproveita melhor o espaço, usa apenas fertilizantes orgânicos e pou-
pa o solo. Além disso, horta pode ser um meio de complementação da renda
familiar”, explica o agrônomo paulista Marcelo Martins (STRINGUETO, 2007).
Praticar a agricultura sustentável é proteger os recursos naturais: solo,
água, ar e florestas, enfocando especialmente as três atividades básicas, en-
globadas na conservação desses elementos – manutenção, preservação e
restauração ou recuperação (EHLERS, 1994).
De modo geral, a agricultura sustentável é uma evolução do atual mo-
delo de produção agrícola, sendo possível que a agricultura alternativa esteja
mais próxima das situações sustentáveis. Mas isto não quer dizer que as ver-
tentes alternativas possam substituir, em curto prazo, o papel da agricultura
convencional no tocante ao volume de produção. Sugerem-se então soluções
intermediárias aliando vantagens do sistema alternativo e convencional (GUI-
VANT, 1995).
Ehlers (1994) sugere um novo padrão de sustentabilidade, mais tan-
gível e em curto prazo, utilizando a agricultura familiar e um conjunto de
práticas e regras produtivas mais racionais, com a diminuição de insumos
industriais e utilização de insumos biológicos. Desta forma, nenhum dos mo-
delos agrícolas pode ser considerado “sustentável”, se for considerada a
abrangência do termo.
O conceito de permacultura (MOLLISON; HOLMGREEN, 1978), criado
pelos australianos Bill Mollison e David Holmgren nos anos 70, inicialmente
significava a junção das palavras “permanent” e “agriculture”, sendo depois
considerada a união de “permanent” e “culture”. Trata-se de uma idéia de criar
“modelos sustentáveis de ocupação humana em harmonia com o meio am-
biente e que fornecem alimento, água, energia, habitação e retornos financei-
ros para uma determinada comunidade” (IPOENA, 2010).
A Permacultura aproveita todos os recursos disponíveis e faz uso da
maior quantidade de funções possíveis, aproveitando cada elemento presente
na composição natural do espaço. Excedentes e dejetos produzidos por plan-
tas, animais e atividades humanas são utilizados para beneficiar outras partes
do sistema (MOLLISON, 1991).
93
Saiba mais
Permacultura
sandralucribb@yahoo.com.br
Resumo
Abstract
This article provides important information about environmental education through the
school garden and how both have contributed to the formation of a consciousness of
respect for nature and the need to preserve the environment. Besides the influence on
improving nutrition of children and adolescents. The involvement with work carried out
in a vegetable garden exercistes creativity, leads to understanding that solidarity and
respect are essential attitudes for teamwork and to build the sense of responsibility of
care practices and cooperation. Environmental education as a crosscutting theme is
an educational action that helps students in changing habits and attitudes that contribute
to the reduction of environmental degradation; encourage better nutritionand form
critical citizens on the issues of life.
Introdução
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A educação para a cidadania requer uma abordagem que seja cada vez menos
fragmentada, que envolva metodologias interdisciplinares e inclua as questões sociais
e que estas sejam submetidas à aprendizagem e à reflexão dos alunos, apartir de
um tratamento didático que perceba a sua complexidade e dinâmica, atribuindo-lhes a
mesma importância das áreas convencionais. Desta forma o currículo ganha em
flexibilidade e abertura, já que os temas podem ser contextualizados e priorizados
conforme as diversas realidades locais e regionais, possibilitando ainda a inclusão de
novos temas (GALLO, 2001).
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A idéia expressa por Freire (2000) é a de que temos que assumir o dever de
lutar pelos fundamentos éticos mais imprescindíveis quanto ao respeito à vida como um
todo.
... urge que assumamos o dever de lutar pelos princípios éticos mais
fundamentais como do respeito à vida dos seres humanos, à vida dos outros
animais, à vida dos pássaros, à vida dos rios e das florestas. Nãocreio na
amorosidade entre mulheres e homens, entre os seres humanos se não nos
tornamos capazes de amar o mundo. A ecologia ganha uma importância
fundamental neste fim de século. Ela tem de estar presente em qualquer
pratica educativa de caráter radical, critico ou libertador. (FREIRE, 2000, p.
31).
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Nesse sentido afirmamos que a horta escolar é o espaço propício para que as
crianças aprendam os benefícios de formas de cultivo mais saudáveis. Além
disso, aprendem a se alimentar melhor, pois como se sabe, as crianças
geralmente não gostam de comer verduras e legumes e o fato de cultivar o
alimento que levarão para casa os estimula a comê-los, especialmente
quando conhecem a origem dos vegetais e sabem que são cultivados sem a
adição de insumos químicos. O espaço da horta escolar é caracterizado por
Capra (idem) como um local capaz de religar as crianças aos fundamentos
básicos da comida e ao mesmo tempo integra e enriquece todas as atividades
escolares. As atividades na horta despertam para não depredar, mas para
conservar o ambiente e a trilhar os caminhos paraalcançar o desenvolvimento
sustentável (CRIBB, 2007).
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Oliveira (idem) também aborda o aspecto da criatividade, para além daquilo que é
imposto ou norma curricular, ou seja, as artes do currículo, são as maneiras que se
fazem, produzem currículos reais através de procedimentos e mecanismos que
procuram o desenvolvimento de uma ação educativa mais eficaz. De maneira que a
relação com a realidade sua articulação com outras possibilidades do real, o
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comunidade escolar (além dos alunos, responsáveis e funcionários) e para isto eles
devem ser estimulados a que fazerem uma pesquisa com a comunidade.
Nesta feirinha também podem ser vendidas os vegetais excedentes que não
forem para os alunos nem para o restaurante.
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interesse e ótimas participações dos alunos. Ou ainda uma boa proposta seria a
associação entre História e Natureza no Brasil, apresentando e debatendo as diversas
concepções de natureza que o Brasil tem produzido e vivido, associando a ligação entre
natureza e cultura a partir da ideia de que as nossas práticas ambientais estão
relacionadas com matrizes culturais de povos que se relacionaram conosco ajudando
a formar a nossa cultura.
Os alunos podem ainda ser estimulados a criar uma música ou montar uma
peça de teatro que apresente o tema por eles escolhidos.
https://revistaea.org/pf.php?idartigo=2984 11/16
26/12/2023, 13:48 revistaea.org/pf.php?idartigo=2984
Considerações finais
https://revistaea.org/pf.php?idartigo=2984 12/16
26/12/2023, 13:48 revistaea.org/pf.php?idartigo=2984
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1988.
https://revistaea.org/pf.php?idartigo=2984 16/16
ABORDAGEM PRÁTICA
21
O objetivo é que, no âmbito escolar, estratégias e conteúdos sejam
desenvolvidos em todos os níveis de complexidade, cruzando as abordagens de
implementação intra, inter e transdisciplinar com as esferas de organização do
trabalho pedagógico: currículos, planos pedagógicos e planos de aula. Este é o
objetivo maior deste material orientador: apoiar os profissionais da educação a
desenvolver suas atividades pedagógicas, considerando a inclusão dos TCTs.
22
ABORDAGEM PRÁTICA
23
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do
ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada
sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte
diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da
cultura, da economia e dos educandos. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013)
[...]
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas
de ensino, projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que trata
o caput. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
....................................................................................
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica observarão,
ainda, as seguintes diretrizes:
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos
direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e a ordem
democrática;
[...]
III - orientação para o trabalho.
[...]
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com
duração mínima de três anos, terá como finalidades:
....................................................................................
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando,
para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com
flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores.
24
Em grande medida, as temáticas levantadas – relativas aos seus principais
conceitos - podem ser trabalhadas em todas as faixas etárias dos estudantes,
distribuídas em todas as etapas e modalidades da Educação Básica, com
metodologias direcionadas e abordagens amparadas na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), que devem constar nas propostas curriculares de todas as redes
de ensino, baseadas nos seguintes referenciais, a saber:
25
• Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais as
mundiais, e participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
• Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o
mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
5
Um conceito real de cidadania ambiental enfatiza os direitos e obrigações para com o meio
ambiente, considera a obrigação de preservar os recursos naturais, cuida dos ecossistemas e
minimiza os impactos ambientais devidos a contaminação.
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EDUCAÇÃO PARA O CONSUMO
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do consumidor crítico, desde a mais tenra idade. Ou seja, há uma forte relação
entre o indivíduo que é submetido a uma postura crítica sobre os hábitos de consumo
no âmbito escolar e uma sociedade mais sustentável, que passa pela construção do
consumo consciente.
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As crianças, que vivenciam uma fase de peculiar desenvolvimento e, portanto, mais vulneráveis
que os adultos, não ficam fora dessa lógica e infelizmente sofrem cada vez mais cedo com as graves
consequências relacionadas aos excessos do consumismo: obesidade infantil, erotização precoce,
consumo precoce de tabaco e álcool, estresse familiar, banalização da agressividade e violência,
entre outras. Nesse sentido, o consumismo infantil é uma questão urgente, de extrema importância
e interesse geral.” Fonte: https://criancaeconsumo.org.br/consumismo-infantil/ 12/07/22
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ABORDAGEM PRÁTICA
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Orientações básicas para a Educação Infantil
Nessa fase, duas concepções assumem um papel chave como condições para
o desenvolvimento da criança, as noções de educar e cuidar. As creches e escolas
vão acolher o acúmulo de experiências dessas crianças levadas a cabo no ambiente
da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas
pedagógicas, ampliando assim o seu universo de vivências, conhecimentos e
habilidades, diversificando e ampliando novas aprendizagens.
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Educomunicação é uma maneira de unir educação com comunicação e defender o direito que as
pessoas têm de produzir, difundir informação e comunicação no espaço educativo.
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• Organizar e instituir espaços que permitam novas formas de sociabilidade,
garantindo a diversidade e a inclusão (Deck Cultural, o cultivo de um jardim, a
construção de uma fonte ou de um lago);
• Promover a interação com outras crianças por meio de atividades lúdicas como
o piquenique coletivo e a corrida do saco, entre outras inúmeras
possibilidades;
• Promover brincadeiras que estimulem a percepção e a sensibilidade (Trilha da
Vida, Jardim dos Cheiros, Caminho Sensorial);
• Promover vivências intergeracionais;
• Promover vivências com elementos da natureza: terra, fogo, água e ar;
• Promover, por meio de atividades lúdicas e brincadeiras, o despertar da criança
para a importância dos recursos naturais para a nossa vida e para a vida das
outras formas de vida (construção de observatórios do bioma que se situem no
entorno da escola (mangues, arroios, rios, matas; programar passeios
coletivos em ambientes livres: bosque, linha de praia, dunas, áreas
gramadas...).
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Assim, implica trabalhar a Macroárea Meio Ambiente junto ao ensino
fundamental e propor atividades que articulem:
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• Incentivar o uso da internet e das redes sociais para ampliar o acesso a
informações e para produção de conhecimentos;
• Incentivar trabalhos coletivos;
• Promover ações e iniciativas combinadas e articuladas com diferentes
segmentos comunitários;
• Propor a criação de materiais didáticos próprios;
• Propor atividades que viabilizem tornar o lugar onde se vive em espaço de
aprendizado: conhecer o ambiente natural e social, o sistema político e
econômico, compreender as artes e a cultura do lugar;
• Proporcionar espaços com vista a sociabilização e, portanto, ao aprendizado
mútuo.
Promover uma maior integração entre as áreas do conhecimento. Com isso levando em
consideração a transição das mudanças pedagógicas em sua estrutura educacional
decorrentes, principalmente, da diferenciação dos componentes curriculares;
Maior Complexidade Fomentar o aprimoramento dos conhecimentos visando o aprofundamento dos temas a
serem trabalhados;
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Sugestões e aporte bibliográfico e/ou audiovisual
• DIETZ, Lou A.; TAMAIO, Irineu. Aprenda Fazendo: apoio aos processos de Educação Ambiental.
Brasília: WWF Brasil, 2000. 386 p. Vídeo “O Futuro que queremos” (07:44). Plataforma do
Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dr5dueiANhI&t=71s
• TRAJBER, R.; MELLO, S. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental
na escola. Brasília: MEC, 2007. 248 p. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao3.pdf
• SILVA, F.S; TERÁN, A.F. Práticas Pedagógicas na Educação Ambiental com estudantes do ensino
fundamental. In: Experiências em Ensino de Ciências V.13, Nº 5, 2018. 13 p. Disponível em:
http://if.ufmt.br/eenci/artigos/Artigo_ID543/v13_n5_a2018.pdf
• Vídeo “Educação para o consumo consciente e sustentabilidade ambiental”. (10:49). Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=Ooyv2AVSwQ0
A partir das orientações que norteiam o Ensino Médio junto a BNCC, um dos
itens fundamentais é o entendimento das culturas juvenis em suas singularidades
como sujeitos ativos das sociedades nas quais estão inseridos.
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SUGESTÃO DE ATIVIDADES
DESCRIÇÃO REFERÊNCIA
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INDICAÇÕES DE FILMOGRAFIAS
(filmes, documentários, vídeo conferência)
DESCRIÇÃO REFERÊNCIA
Lixo Extraordinário, é um
documentário de 2010, com
direção de Lucy Walker, João
Jardim e Karen Harley. O enredo
do documentário exibe uma
realidade brasileira sobre a qual
se reflete uma sociedade
consumista e desigual. O grupo
que protagoniza essa história é
uma das maiores forças de
trabalho do país, indivíduos
invisibilizados pela sociedade,os
catadores de lixo. No
documentário, é retratado oaterro
de Gramacho (RJ), no qual um
dia já significou o maior aterro
sanitário do mundo. Vik Muniz,
artista plástico e idealizador do Lixo Extraordinário. Direção: Lucy Walker; João
projeto que originou o Jardim; Karen Harley. Brasil/Reino Unido: Waste
documentário, leva alguns desses Land, 2010. (99 min.).
catadores para dentro de um
estúdio artístico, no qual
produziram obras a partir de
fotos de si mesmos, construídas
com material reciclável, o “lixo”
que é descartado a todo
momento pelos brasileiros que,
na maioria dos casos, não
possuem consciência de sua
destinação. Desse modo, o
documentário aborda reflexões
em torno da desigualdade social,
pobreza, descarte de resíduos,
reciclagem, além da importância
do papel do catador para a
sociedade
brasileira.
Seaspiracy é o resultado de anos
de investigações, conduzidas pelo
diretor Ali Tabrizi em conjunto
com o produtor executivo Kip
Andersen, conhecido por seu
documentário Cowspiracy.
Seaspiracy foi inspirado na
missão de Ali Tabrizi de explorar
o impacto das nossas ações nas
seres que vivem nos mares e
oceanos. Ali estava
especificamente interessado em
investigar práticas comerciais
como a caça às baleias. Quanto
mais Ali investigava, mais claro
Seaspiracy: mar vermelho. Direção de Ali trabizi, 2021.
ficava que o verdadeiro culpado
Disponível em Netflix. (89 min).
pelo fim da vida no oceano era a
pesca industrial, realizada para
suprir o desejo do ser humano em
consumir peixes e outras espécies
marinhas. O documentário é
impactante e revela as estratégias
que a poderosa indústriapesqueira
utiliza para que ninguém descubra
que ela é a responsável por acabar
com a vida nos oceanos.
Seaspiracy jáinspirou milhares de
pessoas a mudarem seus habitos e
pararem de consumir peixes e
outros
animais.
PARA SABER MAIS
(blogs, sites, e-mails etc.)
DESCRIÇÃO REFERÊNCIA
Canal Olá, ciência. O perigo invisível do plástico que a
ciência acabou de descobrir. Vídeo. YouTube. 2023.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=H7-
Canal do YouTube “Olá, F6vowoZQ&list=PLsk1vHVmaAT6aBLmVqKvCl-
Ciência”. kKBUCLFye6&index=9. Acesso em 26 de dezembro de
2023.