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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por MARCOS BEZERRA DE LIMA e Tribunal de Justica do Estado de Sao Paulo,

protocolado em 30/10/2023 às 10:36 , sob o número 10727069620238260053.


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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1072706-96.2023.8.26.0053 e código 4K91eE38.
DOS FEITOS DE FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO, FORO
CENTRAL, COMARCA DA CAPITAL.

GEZIEL LEITE DE OLIVEIRA, brasileiro, casado,


Servidor Público Estadual, atualmente na função de Soldado da Polícia Militar do
Estado de São Paulo, endereço eletrônico geziel_leite@hotmail.com, portador da
Cédula de Identidade RG nº 26.968.385-0 SSP/SP, inscrito no CPF/MF sob nº
143.134.847-36, com domicílio necessário no Centro de Suprimento e Manutenção de
Material Operacional de Bombeiros(CSM/MOpB), sediada na Av. Morvan Dias de
Figueiredo nº 4221, Vila Maria, CEP 02170-000, São Paulo, Capital, vem
respeitosamente à presença de VOSSA EXCELÊNCIA, através de seu advogado e
bastante procurador (procuração anexa), que esta subscreve e assina, com base e
fundamentos nos preceitos constitucionais, legislação em vigor, doutrina e
jurisprudência, interpor o presente MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO
DE LIMINAR “INAUDITA ALTERA PARS”, com supedâneo legal no artigo 5º,
inciso LXIX da Constituição Federal de 1988, disciplinado pela lei nº 12.016, de 07 de
agosto de 2009, contra ato do DIRETOR DE PESSOAL DA POLÍCIA MILITAR
DO ESTADO DE SÃO PAULO, com domicílio necessário na Av. Cruzeiro do Sul
nº 260, Ponte Pequena, CEP 01109-000, São Paulo, Capital, Centro Administrativo da
Polícia Militar, sendo órgão de representação judicial da Pessoa Jurídica interessada,
que está afeto a autoridade coatora, a FAZENDA PÚBLICA DO ESTADO DE
SÃO PAULO, inscrita no CNPJ sob nº 46.377.222/0002-00, com sede à Rua
Pamplona, 227, Bela Vista, CEP 01405-000, São Paulo, Capital, pelos fundamentos de
fato e de direito a seguir aduzidos.

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DO PEDIDO DE JUSTIÇA GRATUITA

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O impetrante requer nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV da
Constituição Federal de 1988, Lei nº 1060/50 e artigos 98 e 99 do Código de Processo
Civil, os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, por ser pessoa pobre na
acepção jurídica do termo, portanto, sem condições financeiras o suficiente para arcar
com as despesas judiciais, sem prejuízo do sustento próprio e o da família,
corroborado pelos demonstrativos de pagamentos anexos(ícone recibo de pagamento),
contando com vencimentos líquidos de R$4.858,91 em 07/07/2023, R$4.748,23 em
07/08/2023, já excluindo R$848,43 referente à 1/3 de férias, e R$1.370,40 de Atividade
DEJEM, por serem eventuais, R$4.999,76 em 08/09/2023, e R$4.545,87 em
06/10/2023, sem contar as despesas com alimentação, vestuário, saúde, água, luz,
condomínio(valor mensal de R$447,56 - documento anexo junto ícone justiça gratuita)
e financiamento imobiliário junto à Caixa Econômica Federal(valor de R$1.743,16 -
documento anexo junto ícone justiça gratuita).

QUANTO AO DOMICÍLIO NECESSÁRIO DO IMPETRANTE

Nos termos do artigo 76 do Código Civil Brasileiro, o impetrante


possui domicílio necessário no Centro de Suprimento e Manutenção de Material
Operacional de Bombeiros (CSM/MOpB), sediada na Av. Morvan Dias de Figueiredo nº
4221, Vila Maria, CEP 02170-000, São Paulo, Capital, local onde exerce suas funções,
conforme comprovam os demonstrativos de pagamento anexos, mais precisamente
junto ao campo endereçamento, canto superior direito.

QUANTO À LEGITIMIDADE PASSIVA DO DIRETOR DE PESSOAL

Conforme artigo 40, inciso IV, e artigo 41, inciso XV, todos do
Regulamento Geral da Polícia Militar, alterado pelo Decreto 8.947/76, a
competência para movimentação de Praças dentro da instituição
pertence à Diretoria Pessoal, daí figurar no polo passivo da presente
ação mandamental, in verbis: Artigo 40 - São atribuições da Diretoria de Pessoal (DP): (...)
IV - Desenvolver os planos e baixar as ordens decorrentes das diretrizes da política de pessoal da
Corporação. Artigo 41 - Compete ao Diretor de Pessoal: (...)XV - Classificar e transferir praças, nos
termos da legislação e instruções em vigor, de acordo com as diretrizes do Comandante Geral.
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DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO À REMOÇÃO COM BASE NO

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PARÁGRAFO ÚNICO, DO ARTIGO 11, DA I-2-PM (INSTRUÇÕES PARA
MOVIMENTAÇÕES DE POLICIAIS MILITARES)

Artigo 11 - Preenchidas as condições, o policial militar será movimentado ou incluído no banco de


dados (oficial) ou na relação de prioridade de transferência (praça).

Parágrafo único - O caso que excepcione as normas previstas para o banco de dados ou para
a relação de prioridade de transferência deve ser instruído com a documentação
comprobatória que justifique a necessidade imediata da movimentação e
encaminhado para análise e decisão, nos termos do artigo 18.

O pedido de remoção por motivo de saúde de sogra


(pessoa em família) não se subordina ao interesse da Administração, não havendo de
se falar em eventual violação ao princípio da supremacia do interesse público.

Como se vê, o dispositivo transcrito trata da remoção como


direito subjetivo do servidor, sendo certo que, uma vez preenchidos os requisitos ali
elencados, a Administração Pública tem o dever de promover a remoção do servidor.

In casu, considera-se demonstrada a presença simultânea


dos pressupostos autorizadores da concessão da tutela provisória de urgência:
“elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de
dano ou o risco ao resultado útil do processo”.

Tal movimentação não pode estar condicionada à


existência de vaga, muito menos ao interesse público, visto tratar-se de remoção em
caráter excepcional, prevista no parágrafo único do artigo 11 das I-2-PM (instruções
para movimentações de policiais militares), visando tratamento de saúde de
sogra, conforme assevera os Laudos Médicos anexos à mandamental.

O Poder Público tem, portanto, o dever político-


constitucional impostergável de assegurar a todos proteção à saúde, bem jurídico
constitucionalmente tutelado e consectário lógico do direito à vida, qualquer que seja a
dimensão institucional em que atue, mormente na qualidade de empregador.

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A vida e a dignidade da pessoa humana são direitos

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subjetivos indisponíveis, tendo fundamento no Direito Natural, e estão
constitucionalmente assegurados ao cidadão, devendo ser certos e exigíveis, razão
pela qual, nenhum óbice é capaz de suplantar o dever do Estado de promover a
garantia da vida dos seus cidadãos com o mínimo de dignidade.

Como se verifica nas provas pré-constituídas juntadas à


presente ação mandamental, estão satisfatoriamente preenchidas as condições
elencadas nos dispositivos para a remoção pretendida pelo impetrante, sendo certo
que a “Relação de Prioridade de Transferência” (RPT) não se aplica à hipótese dos
fatos narrados, qual seja, remoção para tratamento de saúde de sogra, JÁ QUE SE
TRATA DE CASO EXCEPCIONAL PREVISTO NO ARTIGO 11,
PARÁGRAFO ÚNICO DAS I-2PM, CONFORME LAUDOS ANEXOS.

DA OMISSÃO ADMINISTRATIVA NA ANÁLISE DO PLEITO

Há omissão administrativa na análise do pleito


do impetrante, por ser de natureza URGENTE, envolvendo saúde de
pessoa em família(sogra), Sra. Maria Lucia de Souza Reis, portadora de
sequelas de acidente vascular cerebral e hidrocefalia, com cateter de
derivação ventrículo peritoneal, respectivamente compatíveis com CID
I69, G91.9, M16 e M54, conforme asseveram os Laudos Médicos
anexos à presente ação mandamental, todos da lavra do Dr. Mário
Araújo Júnior, Médico Neurologista inscrito no CRM sob nº 5256795-2,
necessitando de cuidados permanentes de terceiros, por se tratar de
enfermidade degenerativa, não possuindo familiares próximos que
possam auxiliar, daí a necessidade dos cuidados por parte do
impetrante e seu cônjuge, Sra. Cleila Fátima de Souza Reis Leite(filha
da mesma), de forma mais assídua e efetiva, com o intuito de
possibilitar o enfrentamento de crise familiar, no tocante a superação
de seus problemas de saúde, cujo agravamento da enfermidade se deu
após seu ingresso na Polícia Militar, o que causa prejuízo e está em
dissonância com os princípios da razoabilidade e eficiência
administrativas, previsto no art. 111, da Constituição Estadual.

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A sogra do impetrante também apresenta

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hemiparesia esquerda com heperreflexia, associada a seringomielia,
observada em ressonância magnética de coluna cervical, sem contar o
fato de também ser portadora de espondiloartrose lombar e coxartrose
à esquerda, onde em virtude de seu quadro clínico, encontra-se
incapaz para deambulação independente e para atividades loborativas.

DOS FATOS DA PRESENTE AÇÃO MANDAMENTAL

Com supedâneo legal no artigo 11, § único, das I-2-PM,


artigos 196, 226 e 229 da Constituição Federal, em 04/10/2023, o impetrante
protocolizou Pedido Administrativo em Regime de Urgência, representado
pela PARTE Nº CSMMOpB - 015/117/23 (doc. 01), requerendo transferência em
caráter humanitário e excepcional para o 11ºGB, São José dos
Campos, São Paulo, Unidade mais próxima de sua residência, visando
auxiliar no tratamento da saúde de sua sogra, Sra. Maria Lucia de
Souza Reis, já que exercer suas funções na Cidade de São Paulo está
causando prejuízos irreparáveis aos cuidados do respectivo ente
querido, visto o agravamento do quadro.

Ocorre que até a presente data não houve uma


resposta ao pleito administrativo, mesmo diante da URGÊNCIA dos
fatos ali narrados, e o pior, conforme informações obtidas junto à
Administração Pública, a decisão administrativa poderá perdurar
meses, visto a longa cadeia hierárquica à seguir, o que causará
prejuízos irreparáveis aos cuidados da saúde de sua sogra, daí a
necessidade de intervenção do Poder Judiciário visando garantir o
direito à saúde desta cidadã, além do direito líquido e certo do próprio
impetrante, previsto no artigo 11, parágrafo único, das I-2-PM, artigos
196, 226 e 229, da Constituição Federal, afinal se deixar para depois
poderá ser tarde demais, já que necessita de apoio familiar com
vigilância ininterrupta, não possuindo parentes próximos para auxiliar.

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Uma vez formulado requerimento administrativo

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com pedido de apreciação em regime de urgência, este deve ser analisado
pela Administração imediatamente, ou seja, trata-se de dever de dar uma resposta ao
administrado, com celeridade, seja para deferir ou não o que foi pleiteado, razão
pela qual, a demora para ter uma resposta diante de fatos desta natureza, atenta
contra os princípios da razoabilidade e da eficiência.

Por outro lado, a inércia real da Administração Pública na


apresentação da resposta ao pedido administrativo em regime de urgência deixa de
cumprir o princípio da eficiência, previsto de forma implícita no artigo
37, “caput”, da Carta da República Federativa do Brasil.

O impetrante esclarece que já cumpriu o prazo exigido em


Edital de Concurso Público, desde 03/12/2022, segundo o qual só é possível pleitear
movimentação após permanência mínima de três anos, estando inscrito na Relação
Prioridade de Transferência, para o 11ºGB, desde dezembro do ano de 2022, portanto
não havendo nenhum óbice administrativo para o pedido de remoção.

Por outro lado, não possui qualquer condição financeira de


trazer sua família para a Cidade de São Paulo, já que teria que arcar com altos custos
de aluguel, o que afetaria sua subsistência, corroborado pelo fato de todo tratamento
médico de sua sogra estar sendo realizado pela Cidade de São José dos Campos.

Sua sogra, Sra. Maria Lucia de Souza Reis, é


portadora de sequelas de acidente vascular cerebral e hidrocefalia,
com cateter de derivação ventrículo peritoneal, respectivamente
compatíveis com CID I69, G91.9, M16 e M54, conforme asseveram os
Laudos Médicos anexos(campo laudo), todos da lavra do Dr. Mário
Araújo Júnior, Médico Neurologista inscrito no CRM sob nº 5256795-2,
portanto necessitando de cuidados permanentes de terceiros, não
possuindo familiares próximos que possam auxiliar, daí a necessidade
dos cuidados por parte do impetrante e seu cônjuge, Sra. Cleila Fátima
de Souza Reis Leite, filha da mesma, de forma mais assídua e efetiva,
com o intuito de possibilitar o enfrentamento de crise familiar, no
tocante a superação de seus problemas de saúde.

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Além disso, apresenta hemiparesia esquerda

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com heperreflexia, associada a seringomielia, observada em
ressonância magnética de coluna cervical, sem contar o fato de
também ser portadora de espondiloartrose lombar e coxartrose à
esquerda, sendo que em virtude de seu quadro clínico, encontra-se
incapaz para deambulação independente e para atividades loborativas.

A mesma é viúva do Sr. Hélio Jacinto dos Reis,


o qual anteriormente lhe prestava os devidos cuidados, residindo com
o impetrante e sua filha(cônjuge do impetrante), na Rua Sandro
Bezerra da Silva nº 223, Bloco 2, Apartamento 94, Residencial
Flamboyant, CEP 12200-000, São José dos Campos, São Paulo,
distante aproximadamente 91Km(noventa e um quilômetros) do local
de trabalho do militar, o que leva 2h30(duas horas e trinta minutos) de
deslocamento, tanto na ida, como na volta, razão pela qual exercer
suas funções na Cidade de São Paulo está gerando dificuldades para
atender às necessidades que inesperadamente surgiram, desde já
ressaltando que o estado de saúde de sua sogra é degenerativo.

Por outro lado, a esposa do impetrante, Sra.


Cleila Fátima de Souza Reis Leite, é Funcionária Pública Municipal, na
Cidade de Jambeiro, atualmente exercendo o cargo de Ajudante Geral,
conforme demonstra o documento oriundo da Prefeitura Municipal de
Jambeiro (documento em anexo), com escala de serviço de segunda à
sexta feira, das 06h00 às 16h00, razão pela qual ambos têm que
conciliar os horários de serviço visando cuidar da Sra. Maria Lucia de
Souza Reis, a qual necessita de cuidados especiais, constantes e
permanentes, além de terem o dever legal de assistir, criar e educar a
filha, Liz Reis Leite, atualmente com 8(oito) anos de idade, conforme
comprova a Certidão de Nascimento anexa à presente Mandamental.

Como a preservação da unidade familiar e a presença do


impetrante são elementos essenciais ao tratamento da saúde de sua sogra, sua
remoção é medida necessária, sob pena de violação à Constituição Federal,
corroborado pelo fato dos documentos médicos anexos atestarem as reais condições
de saúde do respectivo ente querido.
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O impetrante e sua esposa são peças fundamentais para o

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tratamento da saúde de minha sogra, Maria Lucia de Souza Reis, afinal tudo o que
fazemos é em função da mesma, corroborado pelo fato de minha esposa ter o dever
legal de cumprir na íntegra o disposto no art. 229 da Carta da República Federativa do
Brasil, o qual assevera que: “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os
filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na
velhice, carência ou enfermidade”.

Estando próximo de sua residência, o impetrante


auxiliará sua esposa, no tratamento da saúde da Sra. Maria Lucia de
Souza Reis, prestando-lhe a devida assistência moral e material, dever
ético policial militar previsto no artigo 8º, inciso XXII, da Lei Complementar Estadual nº
893, de 09/03/01(Regulamento Disciplinar da Polícia Militar).

A movimentação do impetrante não pode estar


condicionada ao interesse público, visto tratar-se de remoção em caráter
excepcional, prevista no parágrafo único do artigo 11 das I-2-
PM(Instruções para Movimentações de Policiais Militares), visando
tratamento de saúde de sogra com enfermidade degenerativa, senão
vejamos:

Artigo 11 da I-2-PM – Preenchidas as condições, o policial militar será movimentado ou


incluído no banco de dados (oficial) ou na relação de prioridade de transferência
(praça).

Parágrafo único – O caso que excepcione as normas previstas para o banco de


dados ou para a relação de prioridade de transferência deve ser instruído com a
documentação comprobatória que justifique a necessidade imediata da
movimentação e encaminhado para análise e decisão, nos termos do artigo 18.
Nas hipóteses de remoção de servidor público para
acompanhamento de saúde de ente familiar, quando esbarra nas situações de
impossibilidade de conciliação entre o interesse da Administração e a do servidor, a
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal aponta no sentido da prevalência do
princípio constitucional de proteção da família (art. 226 da CF/88), sendo cediço o
entendimento de nossos Tribunais no sentido de que não se pode, em prol do
interesse da Administração, desagregar a família, base da sociedade.

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"Apelação Cível – Administrativo – Mandado de Segurança - Policial Militar que visa transferência para o 23º

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Batalhão da PM no Município de Bananal, local próximo de sua residência para melhor tratamento de sua filha
menor acometida de dermatite atópica grave - Sentença que denega a segurança - Recurso do impetrante -
Provimento de rigor. 1. A negativa da Diretoria de Pessoal da PM da transferência por não vislumbrar
excepcionalidade da situação constitui patente ofensa a direito líquido e certo da impetrante - Pedido de
transferência que fora acompanhado de farta prova comprobatória da grave doença filha menor e está amparado
tanto no art.226 da CF como no art. 130 da Constituição do Estado de São Paulo. 2.Situação excepcional a permitir a
transferência almejada – Inexistência de prejuízo ao interesse público no caso, mas ao contrário, posto que melhor
poderá o impetrante cumprir suas atribuições uma vez estando mais próxima de sua filha menor que dele necessita
de cuidados e, concomitantemente, melhor desempenhar suas atribuições como policial militar – Precedentes da
Câmara e da Corte além do C. STJ. Sentença reformada - Apelação provida"(TJSP; Apelação Cível 1045171-
66.2021.8.26.0053; Relator (a): Sidney Romano dos Reis; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Público; Foro Central-
Fazenda Pública/Acidentes - 1ª Vara de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 27/05/2022; Data de Registro:
27/05/2022)

MANDADO DE SEGURANÇA. REMOÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO POR MOTIVO DE SAÚDE. CONCESSÃO. Cuidando-se
da hipótese de remoção precária de servidor público por motivo de saúde, mesmo que a pedido, não se cuida mais de
ato discricionário da administração pública, mas de direito do servidor (art. 36, III, b, Lei 8112/1990), pouco
importando a existência de vagas. (TRE-PR - MS: 77142 PR, Relator: LUCIANO CARRASCO FALAVINHA SOUZA, Data de
Julgamento: 16/11/2011, Data de Publicação: DJ - Diário de justiça, Data 21/11/2011)

Ementa: RECURSO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. PEDIDO DE REMOÇÃO. TRATAMENTO DE SAÚDE DE


DEPENDENTE. ATO VINCULADO. A remoção, por motivo de saúde, encontra-se elencada entre aquelas realizadas a
pedido do servidor, condicionada à presença de requisitos determinados na Lei, independentemente do interesse da
Administração. (Art. 36, III, b, da Lei nº 8.112 /90). Tem como base a proteção conferida constitucionalmente à família,
assim como o direito fundamental à saúde, insertos nos arts. 226 e 196 da Constituição Federal. Uma vez preenchidos
os requisitos descritos na lei, constitui ato vinculado, ou seja, incumbe à Administração Pública conceder, de plano, a
remoção pleiteada, sem submeter o pedido aos juízos de discricionariedade, oportunidade e conveniência. Não há
perquirir a respeito de existência de vaga ou interesse da Administração Pública. Dou provimento.

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. REMOÇÃO A PEDIDO POR
MOTIVO DE SAÚDE DE DEPENDENTE. COMPROVAÇÃO POR LAUDO MÉDICO PARTICULAR. CABIMENTO. LIVRE
APRECIAÇÃO DA PROVA. ART. 131 DO CPC. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.1. A alínea b do art. 36, parágrafo
único, III da Lei 8.112/90 dispõe que o pedido de remoção por motivo de saúde de dependente não se subordina ao
atendimento do interesse da Administração, bastando a comprovação por junta médica oficial, ou prova pericial,
como é o caso. Trata-se, portanto, de questão objetiva.2. Neste caso, tem aplicação o princípio do livre
convencimento judicial motivado (art. 131 do CPC), a permitir que o Juiz forme a sua convicção pela apreciação do
acervo probatório disponível nos autos, não ficando vinculado, exclusivamente, à chamada prova tarifada, já em
franco desprestígio, ou seja, aquela prova que a lei prevê como sendo a única possível para a certificação de
determinado fato ou acontecimento. 3. Destarte, restou comprovado nos autos que a filha da recorrente possui
problema de saúde que é agravado em razão das condições climáticas da cidade de Uruguaina/RS, fazendo jus,
portanto, à remoção.4. Agravo Regimental da UNIÃO FEDERAL desprovido. (AgRg no REsp 1209909/PE, Rel. Ministro
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/08/2012, DJe 20/08/2012).

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ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL – REMOÇÃO A PEDIDO INDEPENDENTEMENTE DO INTERESSE DA

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ADMINISTRAÇÃO – LEI N. 8.112/90. 1. Conforme preceitua o art. 36, inciso III, b, da Lei n. 8112/90, o servidor público
tem direito à remoção a pedido, independentemente do interesse da Administração, desde que seja por motivo de
saúde do servidor, do cônjuge, do companheiro ou de dependente que viva às suas expensas, condicionado à
comprovação por junta médica oficial. 2. A lei, no presente caso, apenas exige que a junta médica oficial comprove o
motivo de saúde, não exigindo que esse laudo direcione a localidade onde o dependente precisa ser tratado. 3.
Versando a causa sobre pedido de remoção de Auditor-Fiscal da Receita Federal da cidade de Campos dos
Goitacazes-RJ para Nova Iguaçu/RJ, por motivo de sua própria saúde, em virtude de ser portador de retocolite
ulcerativa, carecendo de tratamento especializado e, constando dos autos documentos comprobatórios da
necessidade da medida, é de ser concedida a remoção. 4. Apelação e remessa oficial não providas. (AC 0010221-
57.2003.4.01.3400 / DF, Rel. JUIZ FEDERAL MARK YSHIDA BRANDÃO, 1ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 p.314 de
28/02/2012).

MANDADO DE SEGURANÇA. Agente de Segurança Penitenciária. Pretensão de remoção em caráter humanitário para
uma das penitenciárias próximas à residência do impetrante Servidor, genitora e esposa que estão doentes e filho
menor - Sentença de denegação da ordem fundada no fato de que a esposa não é servidora pública e de que não foi
comprovada vaga na unidade de destino. Requisitos da remoção por união de cônjuge, que não é a hipótese dos autos
- Indeferimento administrativo por não atender interesse público -Não obstante a inexistência de previsão legal na
Constituição Estadual, no Estatuto dos Funcionários Públicos e na Lei Complementar Estadual de regência sobre a
transferência por problemas de saúde do servidor e de seus familiares, devem ser preservados os princípios da
razoabilidade, da proteção à família (art. 226 da CF), da dignidade da pessoa humana (art.1º, III, da CF) e da
solidariedade (art. 3º, I, da CF) - Segurança denegada em primeiro grau - Recurso provido.(TJSP; Apelação Cível
1000714-85.2019.8.26.0483; Relator (a): Reinaldo Miluzzi; Órgão Julgador: 6ª Câmara de Direito Público; Foro de
Presidente Venceslau - 1ª Vara; Data do Julgamento: 27/09/2019; Data de Registro:27/09/2019).

Apelação e remessa necessária. Policial militar. Remoção funcional. Admissibilidade. Comprovação acerca de
situação excepcional (doença suportada pelo filho de dois anos de idade) a autorizar a transferência
objetivada pelo servidor. Remoção, ainda, que atende à preservação da unidade familiar. Inteligência dos artigos
226 e227 da Constituição da República e 11, parágrafo único, da Instrução Normativa 2 da Polícia Militar. Sentença
mantida. Logo, apelação e remessa necessária improvidas. (TJSP; Apelação Cível1013424-35.2020.8.26.0053; Relator
(a): Encinas Manfré; Órgão Julgador: 3ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda Pública/Acidentes - 4ªVara
de Fazenda Pública; Data do Julgamento: 05/10/2020; Data de Registro: 05/10/2020.

Mandado de segurança - Pretensão à remoção para o 5º Batalhão da Polícia Militar do Interior Ordem
denegada na origem. Inconformismo. Cabimento. Cônjuge com doença grave e incurável -Inteligência do art. 11,
parágrafo único, das Instruções para a Movimentação de Policiais Militares Convívio familiar facilitado e real
benefício ao serviço público mediante a transferência do impetrante. Inteligência do art. 226 da CRFB. Inexistência de
comprometimento de prejuízo ao serviço público Precedente deste E. Tribunal. Ilegalidade do ato administrativo
impugnado. Decisão reformada - Recurso provido. (TJSP; Apelação Cível 1029287-70.2016.8.26.0053; Relator (a):
Souza Meirelles; Órgão Julgador: 13ª Câmara de Direito Público; Foro Central -Fazenda Pública/Acidentes - 2ª Vara de
Fazenda Pública; Data do Julgamento: 08/03/2017; Data de Registro: 08/03/2017)

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Por fim, conforme já apreciado pelo C. Superior Tribunal de Justiça:

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AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL.ADMINISTRATIVO. REMOÇÃO DE SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.
ART. 36, III DALEI 8.112/90. GENITOR EM ESTADO GRAVE DE SAÚDE. PREENCHIDOS OS REQUISITOS
AUTORIZADORES DA REMOÇÃO POR MOTIVO DE SAÚDE DO SERVIDOR OU DE SEUS DEPENDENTES, NÃO HÁ QUE
SE FALAR EM DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO NO DEFERIMENTO DO PEDIDO DE REMOÇÃO. A
DEPENDÊNCIA FAMILIAR NÃO PODE SE RESTRINGIR TÃO SOMENTE A FATORES ECONÔMICOS. GARANTIA
CONSTITUCIONAL DE PROTEÇÃO À SAÚDE E À FAMÍLIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.1. A teor do art. 36 da
Lei 8.112/90, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 36 da Lei 8.112/90, a concessão de remoção é ato discricionário
da Administração, ao passo que, nos casos enquadrados no inciso III, o instituto passa a ser direito subjetivo do
Servidor, de modo que, uma vez preenchidos os requisitos, a Administração tem o dever jurídico de promover o
deslocamento horizontal do Servidor dentro do mesmo quadro de pessoal. No caso em tela, o Tribunal de origem, com
base no acervo probatório dos autos, reconheceu que o genitor do recorrente é portador de neoplasia maligna do
cérebro, necessitando dos cuidados e acompanhamento de seu único filho homem.2. Assim, comprovado estado de
saúde do dependente por junta médica, a questão é objetiva e independe do interesse da Administração. Precedentes
do STJ. No tocante à comprovação da dependência, o Tribunal de origem reconheceu o preenchimento do requisito
legal, ao fundamento de que a dependência a ser observada em casos de doença de familiares, não pode ser vista
apenas sob o enfoque econômico, devendo-se levar em conta a gravidade da doença, que exige acompanhamento,
além do sofrimento psicoemocional que envolve quadros dessa gravidade. 3. Não se pode desconsiderar, na análise
de situação como essa, que a família goza de especial proteção do estado, tendo os filhos maiores o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade (art. 229, Constituição Federal). O Poder Público tem,
portanto, o dever político-constitucional impostergável de proteger a família e o direito à saúde, bens jurídicos
constitucionalmente tutelados e consectário lógico do direito à vida, qualquer que seja a dimensão institucional em
que atue, mormente na qualidade de empregador. 4. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no REsp1467669/RN, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/11/2014, DJe 18/11/2014), sublinhou-se.

O artigo 196 da Constituição Federal assevera que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

O artigo 226 da Constituição Federal assevera que “a família, base da sociedade, tem especial proteção do
Estado”. Seu parágrafo 8º, que “o Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a
integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito familiar”.

O artigo 229 da Carta Cidadã assevera que “os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

Sabemos que está expressamente consagrado


na Constituição Federal a possibilidade de aproximação dos
integrantes da unidade familiar a fim de permitir o melhor cuidado
daquele que o necessita, sem prejuízo do regular desempenho da
função pública, não havendo como se pretender conceder à dita
Instrução Normativa da Polícia Militar força cogente suficiente a afastar

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os ditames da Constituição Federal, sendo que os fatos aqui narrados

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demonstram a excepcionalidade capaz de justificar a transferência do
impetrante, corroborado pelos documentos comprobatórios da saúde
debilitada de sua sogra, Sra. Maria Lucia de Souza Reis, daí a
necessidade de intervenção do Poder Judiciário visando garantir o
direito à saúde deste ente querido, além do direito líquido e certo do
próprio impetrante, previsto no artigo 11, parágrafo único, das I-2-PM,
artigos 196, 226 e 229 da Constituição Federal de 1988.

Enfim, o ato discricionário deve ser praticado


levando-se em conta as peculiaridades de cada caso, e, no caso
vertente, dúvida alguma há de que se trata de situação excepcional,
relacionada à doença grave e que reclama cuidados especiais,
constantes e permanentes.

Verifica-se, assim, que estão presentes os


requisitos a amparar a concessão da liminar, na medida em que há nos
autos elementos suficientes para afastar a presunção de legitimidade e
legalidade do ato administrativo impugnado, sem que se possa cogitar
de ofensa ao princípio da isonomia, o qual, consoante pacificado,
consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais,
na medida de suas desigualdades.

É de se ressaltar ainda os princípios de


proteção à família (art. 226 da Constituição Federal), da dignidade da
pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal), da justiça e
solidariedade (art. 3º, I, da Constituição Federal), além de que nos
termos do art. 229 da Constituição Federal, os filhos maiores têm o
dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade”.

O problema de saúde da sogra do impetrante,


dificilmente afeta única e exclusivamente a pessoa doente, sendo que
durante o diagnóstico e todo o tratamento, a família e toda a
constelação familiar se envolve e acaba afetada de alguma forma do

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ponto de vista emocional, razão pela qual a participação familiar é tão

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importante quanto o tratamento definido.

Resta comprovada a necessidade de tutela do


impetrante, de forma mais assídua e efetiva, com o intuito de
possibilitar o enfrentamento de crise familiar, no tocante a superação
dos problemas de saúde de sua sogra, com enfermidade degenerativa,
cujo tratamento é urgente e imprescindível para fins de melhora dos
sinais clínicos apresentados, conforme laudos médicos anexos à
presente ação mandamental, ressaltando que o agravamento do
quadro clínico se deu após seu ingresso na Polícia Militar, sendo
indispensável permitir em caráter humanitário e excepcional, sua
transferência para o 11ºGB, São José dos Campos, São Paulo,
Unidade mais próxima da sua residência, onde poderá prestar auxílio
na íntegra à sua sogra, proporcionando-lhe uma melhor qualidade de
vida, já que esta necessita de apoio familiar com vigilância
ininterrupta, o que não vem sendo possível trabalhando na Cidade de
São Paulo, devido à distância e tempo despendido no deslocamento.

DO DIREITO

O artigo 196 da Constituição Federal assevera que “a saúde


é direito de todos e dever do Estado”, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

O artigo 226 da Constituição Federal assevera que “a


família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado”. Seu parágrafo 8º, que “o Estado
assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos
para coibir a violência no âmbito familiar”.

O artigo 229 da Constituição Federal assevera que “os pais


têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar
e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade”.

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Cabe trazer à colação, nesse momento, a lição impecável

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do mestre Celso Antonio Bandeira de Mello a respeito dos limites de intangibilidade do
controle do ato administrativo pelo Poder Judiciário: “O mérito do ato administrativo não
pode ser mais que o círculo de liberdade indispensável para avaliar, o que é conveniente e oportuno
à luz do escopo da lei”. “Nunca será liberdade para decidir em dissonância com este escopo”. “Por
tal razão extrapolam o mérito e maculam o ato de ilegitimidade os critérios que o agente adote para
decidir-se que não tenham sido idoneamente orientados para atingir o fim legal”. É o que passa
naqueles: a) contaminados por intuitos pessoais: pois a lei está serviço da coletividade e não do
agente; b) correspondentes à outra regra de competência, distinta da exercitada: pois à lei não são
indiferentes os meios utilizados; c) que revelam opção desarrazoada: pois a lei não confere
liberdade para providências absurdas; d) que exprimem medidas incoerentes: 1) com os fatos sobre
os quais o agente deveria exercitar seu juízo; 2) com as premissas que o ato deu por estabelecidas;
3) com decisões tomadas em casos idênticos, contemporâneos ou sucessivos – pois a lei não
sufraga ilogismos, nem perseguições, nem soluções aleatórias; e) que incidem em
desproporcionalidade de ato em relação aos fatos: pois a lei não endossa medidas que excedem ao
necessário para atingimento de seu fim.

Em todos estes casos, a autoridade haverá desbordado o


mérito do ato, evadindo-se ao campo de liberdade que lhe assistia, ou seja, terá
ultrapassado a sua esfera discricionária para invadir setor proibido.
O ato será ilegítimo e o Poder Judiciário deverá fulminá-lo, pois estará colhendo, a
talho de foice, conduta ofensiva ao direito, que de modo algum poderá ser havida como
insindicável, pena de considerar-se o direito como a mais inconseqüente das
normações e a mais rúptil e quebradiça das garantias.

Portanto, o que é vedado ao Poder Judiciário é, tão


somente, a apreciação do mérito do ato administrativo, pois cabe a Administração
Pública, exclusivamente, a ponderação da conveniência e oportunidade de sua prática.
Fora daí a legitimidade do ato administrativo pode ser questionada pelo administrado.
De acordo com Caio Tácito: “Se inexiste o motivo, ou dele o administrador extraiu
conseqüências incompatíveis com o princípio de direito aplicado, o ato será nulo por violação da
legalidade. Não somente o erro de direito, como o erro de fato autorizam a anulação jurisdicional do
ato administrativo. Negar ao juiz a verificação objetiva da matéria de fato, quanto influente na
formação do ato administrativo, será converter o Poder Judiciário em mero endossante da
autoridade administrativa, substituir o controle da legalidade por um processo de referenda
extrínseco”.

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De acordo com o Mestre Doutrinador Hely Lopes Meirelles

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em sua obra Direito Administrativo Brasileiro, 28º edição, Editora Malheiros: “O desvio de
finalidade ou de poder verifica-se quando a autoridade, embora atuando nos limites de sua
competência, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidos pelo
interesse público. O desvio de finalidade ou de poder é, assim, a violação ideológica da lei, ou por
outras palavras, a violação moral da lei, colimando o administrador público fins não queridos pelo
legislador, ou utilizando motivos e meios morais para a prática de um ato administrativo
aparentemente legal. O ato praticado com desvio de finalidade, como ato ilícito ou imoral, ou é
consumado às escondidas ou se apresenta disfarçado sob o capuz da legalidade e do interesse
público. Diante disto, há que ser surpreendido e identificado por indícios e circunstâncias que
revelem a distorção do fim legal, substituindo habilidosamente por um fim ilegal ou imoral não
desejado pelo legislador. A propósito, já decidiu o STF que indícios vários e concordantes são provas
e a lei regulamentar da ação popular (Lei nº 4717 de 29/06/65) já consignam o desvio de finalidade
como vício nulificador do ato administrativo”.

No dizer de Celso Antonio Bandeira de Mello: “Segundo os


cânones da lealdade e da boa fé, a Administração haverá de proceder com sinceridade e lhaneza,
sendo-lhe enterdito qualquer comportamento astucioso, eivado de malícia, produzido de maneira a
confundir, dificultar ou minimizar o exercício de direitos por parte dos cidadãos”. (Curso de Direito
Administrativo, 9º Ed., SP, Malheiros, 19). De acordo com a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal:
“A Administração pode anular seus próprios atos, quando eiva de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos, ou revogá-los por motivo de conveniência e oportunidade,
respeitadas os direitos adquiridos, e ressalvadas, em todos, a apreciação judicial”.

DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO

Direito líquido e certo é o que se patenteia claramente,


incorporado de modo definitivo ao patrimônio do impetrante, qual seja, ter assegurado
o direito de ser removido para o 11ºGB, São José dos Campos, São Paulo, Unidade
mais próxima de sua residência, visando auxiliar no tratamento da saúde de sua sogra,
já que sua classificação na Cidade de São Paulo está causando prejuízos irreparáveis
aos cuidados do respectivo ente querido, cujo tratamento é urgente e imprescindível
para fins de melhora dos sinais clínicos apresentados, conforme comprovam os laudos
anexos à presente ação mandamental (campo laudo).

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DO FUMUS BONI JÚRIS

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No tocante à plausibilidade e relevância do direito (“fumus
boni júris”), não pode restar dúvida quanto à sua presença, tendo em vista os princípios
legais e constitucionais aludidos que foram afrontados pela autoridade impetrada,
sendo que a legislação, jurisprudência e a doutrina indubitavelmente amparam as
pretensões do impetrante, que se não atendidas de pronto causarão graves
consequências à saúde de sua sogra, já que se deixar para depois
poderá ser tarde demais, visto que necessita de apoio familiar com
vigilância ininterrupta em virtude de enfermidade degenerativa.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS DA AÇÃO MANDAMENTAL

Diante do exposto, requer o impetrante:

1) face ao “periculun in mora” e “fumus boni


juris”, corroborado pela OMISSÃO ADMINISTRATIVA NA ANÁLISE DE
PEDIDO ADMINISTRATIVO DE NATUREZA URGENTE, ENVOLVENDO
SOGRA COM ENFERMIDADE DEGENERATIVA, que seja concedida
MEDIDA LIMINAR “INAUDITA ALTERA PARS”, com supedâneo legal no
artigo 11, § único, das I-2-PM (Instruções para Movimentações de
Policiais Militares), artigos 196, 226 e 229 da Constituição Federal,
assegurando-se ao impetrante o direito líquido e certo de ser removido
imediatamente para o 11ºGB, São José dos Campos, São Paulo,
Unidade com vagas existentes e mais próxima de sua residência,
visando auxiliar no tratamento da saúde de sua sogra, Sra. Maria Lucia
de Souza Reis, portadora de sequelas de acidente vascular cerebral e
hidrocefalia, com cateter de derivação ventrículo peritoneal,
respectivamente compatíveis com CID I69, G91.9, M16 e M54, além de
apresentar hemiparesia esquerda com heperreflexia, associada a
seringomielia, observada em ressonância magnética de coluna
cervical, sem contar o fato de também ser portadora de

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espondiloartrose lombar e coxartrose à esquerda, encontrando-se

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incapaz para deambulação independente e para atividades loborativas,
conforme Laudos Médicos anexos, todos da lavra do Dr. Mário Araújo
Júnior, Médico Neurologista inscrito no CRM sob nº 5256795-2,
portanto necessitando de cuidados permanentes de terceiros, com
vigilância ininterrupta, não possuindo familiares próximos que possam
auxiliar, desde já ressaltando que exercer suas funções na Cidade de
São Paulo, distante aproximadamente 91Km(noventa e um
quilômetros) do seu local de trabalho, está causando prejuízos
irreparáveis aos cuidados do respectivo ente querido, cujo tratamento
é urgente e imprescindível para fins de melhora dos sinais clínicos
apresentados, afinal se deixar para depois poderá ser tarde demais;

2) a notificação da autoridade coatora, sobre o conteúdo da


petição inicial, entregando-lhe a senha de acesso aos autos digitais, a fim de que, no
prazo de dez dias, preste informações (art. 7º, I, da Lei nº 12.016/2009), além de ser
cientificada a Fazenda Estadual para fins do artigo 7º, inciso II, da Lei 12.016/09, e
após prestadas as informações, abra-se vista ao Ministério Público (art. 12 da Lei
12.016/09);

3) nos termos do artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição


Federal de 1988, bem como Lei nº 1060/50, bem como artigos 98 e 99 do Código de
Processo Civil, a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária
Gratuita (justiça gratuita), por ser pessoa pobre na acepção jurídica do termo,
portanto, sem condições financeiras o suficiente para arcar com as despesas judiciais,
sem prejuízo do sustento próprio e o da família, corroborado pelos demonstrativos de
pagamentos anexos junto ao ícone justiça gratuita, sem contar as oriundas com
alimentação, vestuário e saúde;

4) não ser prejudicado em virtude de estar buscando a


prestação jurisdicional do Estado visando reconhecimento de direito líquido,
ressaltando que a autoridade impetrada figura no polo passivo desta mandamental em
virtude de possuir poderes para corrigir o ato impugnado;

5) seja a autoridade impetrada condenada ao pagamento


das custas processuais, protestando por todos os meios de provas em direito admitidos
e demais providências que se fizerem necessárias.

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Face ao requer ser concedida a


exposto,

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segurança, por medida de direito e comedida justiça, confirmando e
mantendo a liminar, assegurando-se ao impetrante, o direito líquido e
certo de ser removido para o 11ºGB, São José dos Campos, São Paulo,
Unidade com vagas existentes e mais próxima à sua residência, nos
termos do parágrafo único do artigo 11 das I-2-PM (Instruções para Movimentações de
Policiais Militares), artigos 196, 226 e 229 da Constituição Federal, visando assegurar
um tratamento digno e adequado à saúde de sua sogra, Sra. Maria Lucia de Souza
Reis, conforme pormenorizadamente descrito no Laudo Médico(campo laudo), pois
só assim poderá proporcionar uma melhor qualidade de vida ao
respectivo ente querido, com auxílio de seu cônjuge(filha da mesma),
amparando e ajudando sua sogra na presente enfermidade, papel
decisivo do núcleo familiar, não havendo parentes próximos que
possam auxiliar, DAÍ A URGÊNCIA DA IMPETRAÇÃO DA PRESENTE
MANDAMENTAL, AFINAL, CONFORME RELATADO ANTERIORMENTE,
SE DEIXAR PARA DEPOIS PODERÁ SER TARDE DEMAIS, VISTO
TRATAR-SE DE ENFERMIDADE DEGENERATIVA.

Atribuiu-se a presente causa o valor de R$1.000,00 (um mil


reais) para efeitos fiscais e de alçada.

Termos em que,
Pede a concessão da segurança.

São Paulo, 14 de outubro de 2023.

MARCOS BEZERRA DE LIMA


OAB/SP 398.546

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