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DIREITO ADMINISTRATIVO
1 ª Aula
chance. Pode não ser exatamente isso, você não sabe o porquê. Mas aí, responda através
de princípios. Isso porque no direito comum, no direito privado, as relações são de
coordenação.
Os textos legais fazem equivaler os interesses das partes envolvidas. A
atividade delas é que vai fazer no caso concreto pender para uma ou para outra, mas os
interesses não valem por princípio mais uns que outros no direito civil. No direito
publico, não. O principio do interesse público prepondera sobre o interesse privado. Por
quê? Por que nós temos um princípio constitucional. O da supremacia do interesse
público sobre o interesse privado. Onde é que está isso?
Dêem um lida, com olhos de direito público no artigo 5º da CF/88. Você
vai ver que a maioria dos direitos e garantias individuais são limitados, são
subordinados ao interesse público. Nem todos, pois há alguns, ilimitados. Mas a maioria
deles vai sofrer restrição, ainda que sejam garantias e direitos constitucionais a leis que
vão subordinar o seu exercício ao interesse público que essa lei prevê, fixa,
necessariamente devendo subordinar o interesse privado. Exemplo. Ver os incisos XXII
e XXIV do art. 5º da CF/88, com olhos de direito público. Incisos: XXII - é garantido
o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; (há
subordinação, o atenderá, está com a garantia individual que a propriedade atenderá fim
social); XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação (que está na
garantia individual) por necessidade ou utilidade pública, (quer dizer intervenção
máxima na propriedade privada retirar a propriedade à força, contra a vontade do
particular, quando injusta cabe indenização conforme CF) ou por interesse social,
mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos
nesta Constituição; ).
E aí vem a garantia: mediante justa e prévia indenização em
dinheiro(...). Nitidamente norma de subordinação. Por quê?
Porque o direito de propriedade é sagrado no regime capitalista(...) Outro
exemplo, para a gente verificar isso concretamente, não é teoria não. Dá uma lida por
favor no artigo 78, XII da lei 8666/93. ( Art. 78 -Constituem motivo para rescisão do
contrato: XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento,
justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está
subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o
contrato; ) mais o artigo 79 da lei 8666/93 ( lei de licitações e contratos administrativos.
“Art. 79. (...) I – Essa rescisão se determina por ato unilateral”. - Por ato administrativo
unilateral da administrativa pública contratante. Contrato administrativo. Uma das
partes, a administração pública contratante, extrajudicialmente, diz rescindo por tal
razão de interesse público. Não precisa nem ir a juízo. Pacta sunt servanda, o contrato
faz lei entre as partes e existe para ser cumprido. Isso é lá, na matéria de direito civil.
OBS: A administração pública não se vincula a execução obrigatória do
contrato, porque o interesse público prevalece sobre o interesse privado. Caso contrário,
o interesse das partes contratantes estariam no mesmo nível. E razões de interesse
público podem levar a rescisão do contrato.
Ex. A execução da lei orçamentária demonstra que a receita é 30%
inferior aquela prevista na lei e as despesas com os serviços públicos essenciais não
mais serão atendidos se houver gastos com obras públicas objeto de contrato. Rescindo
o contrato, não preciso nem ir a juízo. Eu, administração pública. Por prevalência,
predominância, por supremacia do interesse público. Relação de subordinação. Essa
relação de subordinação também aparece muito na atividade de polícia.
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O que é policia?
Ë toda atividade restritiva da administração pública, na forma da lei. No
exercício de direitos e garantias individuais, a atividade restritiva da administração
pública age para obstar o excesso desse exercício, impedindo que venha a ferir o
interesse público.
Polícia vem da palavra cidade, polis. Quando você junta muita gente
numa sala, você tem que policiar. Da mesma maneira. Cada um tem o direito de
liberdade, mas se estamos em conjunto temos que nos comportar para ter o mínimo de
aproveitamento da aula.
A mesma coisa na atividade de polícia estatal. Restrição para poder
atender a determinado interesse comum. Isso fica muito claro nos atos administrativos
de uma espécie extremamente importantes: os negociais. Os atos negociais são aqueles
provocados por particulares que requerem a administração pública para poderem
exercer interesses legítimos seus, privados: licença, autorização e permissão. Por quê?
Por que o exercício deste interesse privado pode vir a ferir interesse público. Finalidades
ou interesses públicos, fiscalizados por polícia pela administração pública.
Ex: Polícia edilícia, polícia das construções. Você é proprietário de um
terreno e quer construir uma escola pública. Você conhece a legislação, contrata um
arquiteto, elabora um projeto, exatamente de acordo com a legislação. Você não pode
colocar um tapume e sair construindo. Ainda que você esteja de boa-fé, você tem que
requerer licença, porque a fiscalização em matéria da segurança pública das
construções, meio-ambiente, direito de vizinhança, faz com que você só possa exercer o
direito de construir, interesse privado, se fiscalizado pelo poder público. Passa então
pelo direito Administrativo.
Você não pode comprar um automóvel e pintar ele de amarelo e azul e
sair por ai fazendo táxi, sem permissão. Tem que requerer a permissão. Porte de arma de
fogo. Você está numa situação de perigo, está sendo ameaçado por alguém, você é uma
pessoa idônea, de boa-fé. O sujeito é um criminoso, mas para você portar arma em via
pública, você tem que requerer autorização. É a segurança pública, sendo fiscalizada,
ainda que seu interesse seja legítimo, ele é limitado. Isso acontece em 95% dos caso em
Direito Administrativo. Nem sempre.Por quê?
Artigo 37, § 6º da CF ("Art. 37. A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:" (*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº
19, de 04/06/98: § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa). Do que trata?
Trata da Responsabilidade civil do Estado. Nesse campo, Hely L.
Meirelles, está claro, tem toda razão. A relação não é de subordinação. A
responsabilidade civil é de natureza objetiva. As pessoas tais e tais respondem pelos
danos que seus agentes nessa qualidade causarem a terceiros. Não se exige do lesado
que alegue e muito menos que prove culpa do agente público na causação do dano.
Basta que o agente público dê nexo causal e o lesado não tenha dado nexo causal ao
evento. O interesse privado, na indenização, fica no mesmo nível do interesse público.
OBS: Autorizações e permissões são atos discricionários e licenças atos
vinculados. Isso significa que as leis vão acolhendo a doutrina e reconhecendo que a
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que tem por finalidade a realização direta e concreta do interesse público previsto em
lei. Nenhum outro poder público, realiza direta e concretamente o interesse público. A
beleza da atividade pública é isso. Ela é muito prática por ela mesma.
1- Leis;
2- Sentenças,
3- Ato político do Poder Executivo;
4- Ato Administrativo.
fazer cumprir a lei. A Administração Pública não. Ela pega a lei e faz agir, realiza
concretamente o interesse público.
Ex: A desapropriação. Declaro de utilidade pública tal imóvel para fins
de desapropriação para construir uma escola pública. Procura-se o proprietário e chega-
se a um acordo quanto à indenização.
Como se efetiva?
Escritura pública de compra e venda. Paga a indenização, se imite na
posse e para depois construir a escola. Você vai ver concretamente a educação pública
sendo atendida. A maravilha da Administração Pública como poder é que ela é um
instrumento extremamente eficiente quando se tem boa-fé, evidentemente, para realizar
direta e concretamente. Só precisa de lei, e aí é complicado porque vai envolver outros
poderes, mas ela precisa de lei. Administração Pública realiza direta e concretamente o
interesse público. Deu pra entender? A diferença é que ela é um poder público, mas é
diferente se comparado, por causa disso, da realização direta e concreta. Isso vai se
repetir no conceito de ato administrativo. Direito Administrativo é muito fácil. É muito
repetitivo, desde que a gente entenda a base, o resto vem com facilidade.
Agora, esta atividade de Administração Pública costuma-se escrever com
“a” e “p” minúsculo. Uma coisa é Administração Pública, poder público, com “A” e “P”
maiúsculo, porque eu estou nomeando pessoas da administração pública, conjunto de
pessoas. A administração pública com “a” e “p” minúsculo é uma atividade.
Aí é o conceito: Atividade que tem por fim, através do poder público, da
realização direta e concreta do interesse público na forma da lei. Essa atividade tem
princípios.
O que é princípio?
É uma idéia básica que vai gerar vários dispositivos nas mesmas e em
outras leis. Uma idéia básica que junta, logicamente, dispositivos da Constituição e
mesmo de outras leis. São princípios. Tanto que é muito mais grave desobedecer um
princípio do que uma norma legal. E realmente. O princípio está tão disseminado em
várias normas legais que politicamente ele é muito mais relevante do que uma norma
isolada. E os princípios da Administração Pública estão na CF. Por isso, denominam-se
princípios constitucionais. Pela primeira vez na história constitucional brasileira, os
princípios constitucionais aparecem, alguns deles explícitos.
Aonde?
No artigo 37 da CF (*) Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
04/06/98: "Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Estão escritos, por
isso são chamados explícitos. Não é boa técnica legislativa, mas se adotou. Expressar
princípios. Mas se adotou.
Mas nós temos princípios constitucionais também implícitos.
Quais são o princípios constitucionais explícitos?
São cinco. Está na constituição.
1- Legalidade;
2- Impessoalidade;
3- Moralidade;
4- Publicidade;
5-Eficiência.
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2 ª Aula
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Noções e elementos dos Atos Administrativos:
1- PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
público na forma da lei. A lei é que vai fixar o interesse público. E ela existe para
administrar o interesse público.
Como?
Nós vimos na outra aula que o interesse público tem valor superior ao
interesse privado, qualquer que seja, ela vale mais politicamente do que o interesse
privado, apesar legítimo pela supremacia do interesse público.
Se você quiser visualizar a supremacia do interesse público, dê uma lida
no artigo 5º, XXII até XXIV da CR/88, que é indiscutível aqui .
Inciso XXII- É garantido o direito de propriedade;
Inciso XXIII- A propriedade atenderá a sua função social. Primeira
restrição em favor do interesse social.
Inciso XXIV- A lei estabelecerá os casos de desapropriação por
necessidade e utilidade pública, e por interesse social, mediante prévia e justa
indenização em dinheiro. É uma garantia constitucional, que a lei fixará os casos de
desapropriação, supremacia do interesse público sobre o privado, onde ela poderá tirar a
propriedade do indivíduo e a garantia qual é? Mediante prévia e justa indenização em
dinheiro.
Mas olha a limitação do interesse do direito privado, mediante o interesse
público, olha a limitação, desapropriar a propriedade e garante-se a justa e prévia
indenização.
E também a indisponibilidade do interesse público, porque o interesse
público não pertence a ninguém, nem a mim e nem a própria Administração Pública e é
por isso que ela não pode dispor do interesse público. Ela zela por ele.
No processo penal, o MP não pode desistir da ação penal, ela é uma
manifestação concreta de um princípio de Administração Pública.
Por que o MP não pode desistir da ação penal?
Apesar de se chamar pomposamente e não é nada disso, dominus litis,
não é dominus litis coisa nenhuma, se fosse, ele poderia desistir da ação penal e não
pode. Exatamente porque ele estaria desistindo concretamente de um interesse público,
uma vez ajuizada. O MP não é o dono da ação penal no sentido de dispor dela, isso vale
em direito administrativo e outros ramos.
Apesar da importância o princípio da legalidade se limita a isso.
2- PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE:
4- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE:
5- PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA:
3 ª Aula
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE:
que é um serviço público adequado ( é o que reúne as características de ... , aí tem várias
e dentre elas a continuidade). E é tão importante que a falta regular do serviço para
terceiros, cabe sanção. Se o serviço público é adequado e tem a característica de
continuidade, portanto, a descontinuidade causando dano, cabe sanção ao Poder
Público.
OBS: E o parágrafo terceiro do artigo 37, diz que não se caracteriza
como descontinuidade, após prévio aviso do concessionário ao usuário, por falta de
adimplemento do usuário.Então, se eu não pago a minha conta de luz, mediante prévio
aviso, pode se descontinuar o fornecimento. Mesmo nessa hipótese, diz a norma,
respeitado o interesse da coletividade. E aí é muito interessante, porque vai haver
sempre certos usuários cuja a atividade é relevante para a coletividade, portanto, não se
pode cessar o fornecimento do serviço.
Quando a Light, cortou o fornecimento de energia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, por inadimplemento, a Light desrespeitou claramente essa
norma, por quê?
Educação pública é serviço público essencial. Então se há
inadimplemento desse usuário que para prestar um serviço público essencial se vale de
um serviço de interesse público, diz a jurisprudência, se valha dos meios comuns de
cobrança, mas não pode pelos meios coercitivos indiretos cortar o fornecimento para
forçar o pagamento. Cuidado com esse interesse da coletividade então, o que tem o aqui
ao Supremacia do Interesse Público, olha dois princípios em confronto de um lado a
continuidade que pode ser suspensa por inadimplemento e de outro o interesse da
coletividade, qual é o princípio aqui a Supremacia do Interesse Público naquele outro
serviço público essencial. Mas já houve nessa cidade delegacia com luz cortada, a Telerj
cortou linha telefônica do Ministério do Exército. Mas são serviços públicos que não
podem sofrer em razão do inadimplemento descontinuidade.
Segunda hipótese que pode sofrer descontinuidade é naquelas situações
de reparo, mas mediante prévio aviso, por isso que você vê nos jornais CEDAE informa
em tais dias de tantas a tantas horas vai cessar o fornecimento. Light informa, porque se
você não avisa, você mata o doente no centro cirúrgico, acaba com computadores por
queda de energia, então tem que avisar previamente por causa do pressuposto da
continuidade.
E a falta de obediência ao princípio da continuidade, vai ensejar a
responsabilidade civil que se denomina responsabilidade civil da administração pública.
Na falta de serviços, é o prestador do serviço público como um todo, que
descontinuando o serviço se responsabiliza pelos danos ocasionados.
Nesses casos não há um agente determinado, o que há é uma falta de
serviço pela pessoa prestadora como um todo. Nessas hipóteses a responsabilidade não
é objetiva, ela é subjetiva. É claro que a prova da culpa é evidente, mas nesses casos
pode se discutir culpa.Tanto que há uns 4 anos atrás quando ocorreu aquele célebre
apagão da Light, ele ocorreu segundo os técnicos por uma sucessiva queda na
transmissão de energia, e disse a Light na época que não indenizou os proprietários de
aparelhos eletrodoméstico danificados, porque na verdade, um raio caiu sobre a
subestação de Bauru, para a transmissão de energia elétrica. Um raio, portanto, está se
falando de fortuito, eu não quero saber se é força maior ou caso fortuito a gente sabe
que doutrinadores definem força maior e caso fortuito às vezes de maneira oposta uns
aos outros. Em direito público a gente denomina fortuito.
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ATOS ADMINISTRATIVOS:
vontade, em relação ao objeto, gerando efeitos jurídicos. O que acontece com o ato
administrativo?
Também é uma manifestação humana, um ou mais agentes públicos vão
emitir vontade, não na qualidade de pessoas físicas, mas na qualidade de agentes
públicos. Claro que os verbalizam, mas ao verbalizarem emitem o ato pela
Administração Pública, há aí uma relação jurídica de imputação, por quê?
O agente público está provido em cargo, emprego ou função pública.
Cargos e empregos existem em órgãos públicos. Nem o cargo, nem emprego, nem a
função, nem o órgão têm personalidade jurídica, eles se inserem na personalidade
jurídica da pessoa da Administração Pública. Então, o que o agente faz em cargos
empregos e funções se imputa diretamente a vontade Estatal, manifesta a vontade de
uma pessoa da Administração Pública, relação jurídica de imputação, isso é em essência
chamada de teoria do órgão, descoberto “ Alemanha”, por um publicista chamado Otto
Gir, e era o ovo de Colombo. Ele constatou que o órgão público não tem personalidade
jurídica é apenas uma forma pela qual o Estado escolheu, na legislação para realizar a
administração pública.
Se é uma forma de direito não tem personalidade jurídica, o que o órgão
manifesta é a própria Administração Pública manifestando, mas quem é o órgão?
É uma pessoa física, um agente público que está provido em cargo,
emprego ou função, vinculado naquele órgão, que imputa diretamente a pessoa estatal.
Então a ato administrativo tem sempre como emissor de vontade uma pessoa humana
mas pela pessoa da Administração pública.
Pode um particular emitir ato administrativo?
Pode. Nós já vimos isso, na CR/88 tem um exemplo de particulares
emitindo atos administrativos, no art. 5º, LXIV, Mandado de Segurança, dá uma lida é
uma garantia constitucional independe de lei para regulamentar para ser exercitado por
causa disso.“conceder-se-á mandado de segurança, para amparar direito líquido e certo
não amparado por habeas corpus e habeas data contra ilegalidade praticada por
autoridade pública e aí vem a novidade por agente de pessoa jurídica de direito
privado no exercício de função do poder público. Então, ele está dizendo que tanto
cabe mandado se segurança contra ato de agente público, como contra ato de agente de
pessoa jurídica de direito privado no exercício de função do poder público. Portanto,
com razão falaram em concessionário, permissionários de serviços públicos, mas
também em escolas particulares que só atuam com autorização do poder público, o
ensino é privado, mas o conteúdo do ensino é idêntico ao conteúdo do ensino público.
Ex: Esse exercício de polícia faz com que ao prestarem ensino privado
estejam agindo no exercício de atribuição do poder público, tem um ensino público
correlato. Então pode se impetrar mandado de segurança contra ato de um diretor de
uma escola particular que nega a integrar o histórico escolar ao pai de aluno
inadimplente. Apesar de particular, está materialmente praticando ato administrativo,
então essa ressalva atos administrativos também podem ser praticados por particulares.
E aí nossa matéria no controle vai levar ao controle desses atos.
Ex: Alguém requer licença para construir benfeitorias, aprova o projeto
de instalação elétrica na concessionária Light, uma vez concedido o Habite-se, a Light
não fornece o serviço, e nesse caso pode ser atacada por mandado de segurança
também, permissionária e concessionária de serviços públicos.
Então atos jurídicos praticados por pessoa da administração pública ou
por delegatário dela, e aqui vem uma da essências da espécie ato administrativo que tem
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por finalidade, e finalidade é o elemento central é uma das partes do ato administrativo,
é o elementos mais importante do ato administrativo. Que é aquele ato jurídico
praticado por pessoa tal ou tal que tem por finalidade ( elemento do ato administrativo)
a realização de uma razão genérica de interesse público prevista em lei ( princípio da
legalidade) de modo direto e concreto .
Essa duas característica que são específicas do ato administrativo. O ato
jurídico não tem finalidade, é claro que eu posso verificar a legalidade da manifestação
particular de vontade, da liberdade de vontade examinando porque aquela pessoa
particular emitiu um ato jurídico comum.
Mas finalidade em si mesmo não é elemento do ato jurídico em geral,
mas é elemento do ato administrativo. Mas qual é a razão genérica de interesse público
do qual eu me refiro?
Os nomes de serviço público vão caracterizar isso: segurança pública,
educação pública, saúde pública, proteção ao meio ambiente. Tudo isso constituem
razão genérica abstrata prevista em lei. Essa é a própria finalidade do ato administrativo.
OBS: O próprio objeto previsto em lei do ato administrativo não é um
fim em si mesmo, no ato administrativo o objeto é um instrumento para atender uma
finalidade, que é elemento do ato administrativo. É a execução do objeto que vai atender
concretamente e direitamente o ato administrativo.
Importante: O único ato estatal que atende direta e concretamente o
interesse público é o ato administrativo.
Quais são as quatros espécies de atos Estatais? (expressão Estado de
modo genérico)
1- Lei;
2- Sentença;
3- Ato político do poder executivo;
4- Ato administrativo.
público, inclusive com sanções aos pais e responsáveis que não zelem por isso,
inclusive até penais.
Ex: Prefeito de um determinado Município do interior que tem lá 3
escolas, que somados os turnos não chegam a 800 vagas, verifica que tem 1200 crianças
em idade escolar obrigatória no município, cujo os pais não podem pagar ensino privado
e aí instaura um processo de desapropriação e declara de interesse público tal terreno em
tal rua, descreve o terreno, para fins de desapropriação e construção da escola pública.
Então, declara de utilidade pública para construir uma escola pública. Não chega em
acordo com o proprietário, ajuíza a ação, aqui é uma exceção a auto-executoriedade, e a
partir daquele a sentença vai integrá-lo ao patrimônio público obrigando a indenizar, e
você vai ver ele ser emitido na posse do município e construir a escola. Concretamente
vai realizar aquela razão abstrata, você vai ver a educação pública sendo prestada aí.
Interdita o edifício que está em ruína, ou a construção ilegal. Saiu nos
jornais outro dia, o Município do Rio interditou uma construção ilegal no Recreio dos
Bandeirantes, um prédio de 2 ou 3 andares, foi lá e demoliu. Você vai ver
concretamente, direito de vizinhança, urbanismo sendo finalidade de interesse público,
atendido diretamente e concretamente pelo ato administrativo.
A maravilha do ato administrativo é exatamente essa a atividade é muito
concreta a realização do interesse público, isso não existe na lei.
O que é lei?
A casa legislativa votou, o chefe do executivo, regra geral sancionou,
publicou no diário oficial, eu posso até dizer que atende diretamente ao interesse
público, mas concretamente não. Se a lei não implaca, a AP não a cumpre, nós não a
cumprimos concretamente, daí, a lei diretamente não realiza o interesse público.
OBS: Sentença, nem direta e nem concretamente realiza o interesse
público, com coisa julgada e tudo o autor e o réu podem voltar ser amigos se comporem
e aquilo ficar no arquivo do poder judiciário sem nenhuma execução, se eles não
tomarem a iniciativa. Então, não é direto e nem é concreto, porque não é inerte o poder
judiciário.
Ato político do poder executivo, para você entender o que seja artigo 84
da CR/88, do que trata?
É a competência do Presidente da República, que mostra essa distinção
de atos administrativos e atos políticos do poder executivo, o mesmo agente é político e
o mesmo agente é administrativo. O Presidente da República é chefe do executivo e é
chefe da AP federal. No mesmo artigo ele nomeia e exonera Ministros de Estado, aqui o
ato administrativo, atos de AP, no mesmo artigo ele veta projeto de lei em razão de
interesse público, olha o ato político aí. Você sente a carga de soberania aí, porque ele
pratica o ato de mesma força diretamente na CR da do Congresso de votar e aprovar o
projeto. Quando ele decreta a guerra ad referendum do Congresso a mesma maneira. A
natureza do ato é muito mais intuitiva, mas é evidente que são atos de natureza
diferentes, porque aqui ele é poder político.
Está no artigo 84 também que ele decreta indulto e comutação de pena.
Apesar de se chamar decreto, forma de ato administrativo do chefe do poder executivo,
decreto é forma de ato administrativo típico do chefe do poder executivo. Só emite
decreto o chefe do pode Executivo, apesar de ser feito por decreto, você já parou para
pensar o que é o indulto e comutação de pena?
Verdadeiramente é um ato político, porque ele vai lá na coisa julgada e
rescinde no todo ou em parte, ele reduz o volume de pena ou extingue e faz desaparecer.
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Comuta ou indulta e faz desaparecer, na verdade tem natureza política. Deus nos livres
da seqüência de decretos de indulto e comutação de pena que vários Presidentes têm
emitido. É quase como se desconhecessem a realidade, eu fico espantado porque passa
pelo Ministério da Justiça e já tivemos bons Ministros da Justiça e continua a mesma
coisa em relação aos decretos de indultos e comutação, mas de qualquer maneira é ato
político, porque vai desfazer efeito de coisa julgada de mesma natureza na prática,
através de um outro poder público que não é o judiciário, mas de mesma natureza.
Alguém me perguntou na aula anterior na turma de baixo, professor e a
lei de efeitos concretos ? È verdade, esse é um país maravilhoso que nós temos leis de
efeito concreto, mas aí a lei de efeito concreto ela pode atender direta e concretamente o
interesse público, mas ela não é propriamente lei, ela é anômalamente lei, ela tem a
forma de lei, mas não tem as características intrínsecas da lei de generalidade abstração,
ela se destina a uma determinada relação jurídica. Com essa exceção, os outros atos
estatais não tem essas características dos atos administrativos, que são extremamente
práticas e para quem gosta de realizar a vida prática é extremamente importante essa
noção de ato administrativo. Essa é primeira noção de ato administrativo.
Tem até alguma semelhança com o reles ato jurídico, competência tem
algo aproximado com capacidade, não é a mesma coisa. Capacidade civil é um
pressuposto de validade do exercício da competência, mas competência é algo mais do
que capacidade, forma forma e objeto objeto.
OBS: Mas notem que você tem dois elementos que não aparecem no ato
jurídico em geral, agora negócio jurídico, mas que aparece no ato administrativo. Um é
o motivo e a outra a finalidade que é elemento centro e em razão dele todos os outros
que na verdade são satélites da finalidade.
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Por isso que eu falei que todos os tratadistas colocam finalidade nas
noções e conceitos que dão sobre ato administrativo. Eles existem para atender a
finalidade de interesse público.
O motivo gira pela necessidade de atender a finalidade, o motivo é uma
razão especial, uma razão concreta que faz que se tenha a necessidade de se atender
aquela razão abstrata. É o caso do prefeito que para construir escola pública porque tem
um déficit de centenas de vagas. O motivo é a falta de centenas de vagas, então eu vou
construir a escola para atender a educação pública adequadamente. Gerou a necessidade
para atender as vagas.
Mas todos eles, repito, são instrumentos para atender a finalidade. Vou
adiantando, pois vou falar de vinculação e discricionariedade ao longo das aulas, que
esses três primeiros elementos são sempre vinculados. Não discricionariedade, não há
escolha pelo agente público no momento de praticar o ato em competência, finalidade e
a forma.
Segundo o conceito legal, em matéria de nulidade, vai sempre encontrar
que não há alternativa de escolha no agente na hora de praticar o ato, ou ele tem ou não
tem competência, não é ele que vai escolher a competência.
A finalidade já vem na lei, que é uma só razão genérica de interesse
público.
A forma ela já vem na lei. Então aí o agente não faz o juízo de
conveniência e oportunidade.
OBS: Motivo e objeto sim, eles podem tanto ser vinculados, nessa
hipótese dentro da lei, mas também permitir escolhas e aí ser discricionários, no sentido
de que o agente poderá escolher dentre situações mais de um motivo para praticar o ato,
entre mais de um objeto a que vai dar a ordem.
Costuma se dizer que ato disciplinar é um ato discricionário, é verdade
que o motivo é vinculado, aquela forma que tipifica o ilícito administrativo, mas no
objeto, se você for no estatuto do funcionário público, está sempre lá: adverte ou
suspende; suspende ou demite. Deu escolha, o ato é discricionário. Ex: CTB, multa ou
suspende, multa e suspende; multa de tanto a tanto; deu alternativa o ato é
discricionário. Tem que ser praticado por um motivo ou por outro, mas a finalidade tem
que ser atendida, mas havendo escolha no objeto o ato é discricionário.
Tem também discricionariedade, não quero deixar de falar porque é
extremamente importante, no exercício de praticar ou não o ato, muitas vezes as leis vão
permitir a pratica de um ato comissivo ou de um ato omissivo e eu tenho
discricionaridade aí, por exemplo: O auto de prisão em flagrante é um ato
discricionário, a autoridade policial no CPP vai examinar a conveniência e a
oportunidade, daquela situação de flagrância. Oportunidade e conveniência dos
elementos sensíveis mínimos da ocorrência em tese de um ilícito penal. Validamente,
sem qualquer ilicitude, a autoridade policial pode entender e não determinar a lavratura
do auto de prisão em flagrante e sim apenas o BO ( boletim de ocorrência) para a
instauração do Inquérito Policial, exatamente porque conveniência e oportunidade para
um ato comissivo. O poder Público vai dizer: não há a situação de flagrante, ele tem
discricionariedade, aí também e não só na escolha do motivo e objeto. Eu estou
mencionando isso porque nós vamos voltar em discricionariedade e vinculação.
Peço a você que como dever de casa vá ao art. 2º e parágrafo único da lei
4717, porque aí nós temos descritos os casos de nulidades, se você pegar os casos e
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transformar no positivo, é mais ou menos como a fotografia, você vai ter texto legal
conceituando cada elemento do ato administrativo.
1- COMPETÊNCIA:
2- FINALIDADE:
provas, mas as provas têm que ser idênticas, o critério de correção tem que ser idêntico,
exatamente pelo princípio da impessoalidade e pela finalidade do ato administrativo.
Licitantes a mesma coisa, aí eu tenho princípio da impessoalidade,
elemento finalidade lá no princípio da isonomia, igualdade de tratamento devidos aos
licitantes exatamente pelo interesse público.
3- FORMA:
4-MOTIVO:
uma vez expresso o motivo, a autoridade está vinculada a ele, ainda que tenha escolhido
discricionariamente. Vai atuar aí a chamada teoria dos motivos determinantes.
O que é a teoria dos motivos determinantes?
É aquela que diz que mesmo quando o motivo é discricionário, mesmo
quando a lei confia ao agente a escolha do motivo no momento de praticar o ato, ele vai
praticar o ato escolhendo, ele exerce discricionariedade, mas uma vez escolhido o
motivo, se torna vinculado para efeito de controle. Se eu colocar um outro motivo aqui
eu estou fazendo um outro ato. Ainda que seja a mesma finalidade, é uma outra razão de
fato que estará sendo aqui, então eu não vou poder substituir o motivo, o resultado que o
motivo é insanável, o motivo não é convalidado.
Importante: Competência e forma são convalidados, já o motivo não é
convalidado, porque ele é específico. Mesmo quando o motivo é escolhido, ele não é
convalidado, exatamente pela teoria dos motivos determinantes.
*** Em outras palavras, teoria dos motivos determinantes é aquela que
torna vinculados os motivos dos atos discricionários desde que uma vez expressos. O
ato é discricinário, mas expressou. É como se eu tirasse uma fotografia, eu atingido pelo
poder público discricionário posso ir ao judiciário e dizer que essa razão de fato ou de
direito não é suficiente para o resultado obtido. Aí é muito interessante, a nulidade do
motivo se denomina inexistência do motivo, no artigo 2º da lei 4717, a inexistência do
motivo é fato, essa razão de fato não ocorreu, mas não é só isso, essa lei é filosófica, e
diz: Considera-se inexistência do motivo quando a razão de direito ou de fato não
ocorreu e também quando não há adequação jurídica dessa razão de fato ou de direito ao
resultado obtido. Então, eu não posso a partir de um determinado motivo escolher um
objeto que vai dar um resultado inadequado ao atender a finalidade do interesse público.
Que princípio aparece aqui?
Princípio da razoabilidade, você vê isso que eu estou dizendo analisando
o artigo 37 da CR/88, em matéria dos requisitos para ser habilitado em licitação.
Ressalvadas as hipóteses previstas na legislação, obras, serviços... serão
contratadas mediante processo de licitação, o qual somente exigirá os requisitos
garantias mínimas de execução do objeto aos interessados.Então eu não posso
estabelecer a partir dessa finalidade, a necessidade de licitação, requisitos insuportáveis
pelo licitantes, com excludente da enorme maioria e desnecessário para o objeto.Ex: Eu
tenho uma obra pública estimada em 1 milhão de reais, e vou e digo que entre outros
requisitos que os licitantes tenham que ter capital mínimo de 50 milhões. Eu estou
excluindo 98% das empresas desnecessariamente, porque a responsabilização vai a 1
milhão e eu estou querendo 50 milhões, eu não estou sendo razoável. Eu não estou a
partir dessa razão de fato ou de direito obtendo um resultado adequado juridicamente.
É verdade que eu posso controlar a legalidade do ato discricionário.
Como no caso de estipulação de idade máxima em concurso público. O STF diz: me diz
quais são as atribuições do cargo que eu vou olhar para o serviço público que ele atende
e vou dizer se você pode estabelecer em seu objeto a restrição da idade máxima. Para
policial detetive, a idade máxima é possível, porque o esforço físico é necessário e a
tendência das pessoas é perderam o vigor quanto mais velhas ficam. O interesse público
obriga, então pode estabelecer. Já para concurso para juiz não pode estipular idade
máxima, porque não tem haver com vigor físico. Então, cada caso é um caso,
exatamente porque o motivo ainda que ocorra ele tem que ter adequação jurídica ao
resultado obtido.
O que é resultado obtido?
39
4 ª Aula
5- OBJETO:
o objeto pode estar previsto estritamente em norma legal. Neste caso o objeto do ato
administrativo se diz vinculado, como também possa dar duas ou mais alternativas, que
fica a escolha do agente competente no momento de praticar o ato para que ele
determine qual seja o objeto em razão da finalidade, exatamente por ser o objeto o
resultado. O Legislador vai dizer: “eu não sou capaz de afirmar que essa alternativa
única será suficiente para atender essa finalidade”. Então, a autoridade competente,
possui duas ou mais alternativas. Exemplo clássico, para este caso são os atos
disciplinares, os atos punitivos. Tanto os funcionários públicos como particulares que
cometam infrações à lei ou a atos normativos, você vai dizer sempre a alternativa do
estatuto: adverte ou suspende, suspende ou demite. O quê é isto?
É discricionariedade do objeto. Exatamente para maior ou menor peso
da sanção naquele caso concreto se aplicado discricionariamente pela autoridade
competente, ao invés da lei dizer qual a punição a ser dada. Exemplo externo é o Código
de Trânsito Brasileiro. As infrações administrativas da lei 9507 têm sempre alternativas
como multa de tanto a tanto, suspensão do exercício do direito de dirigir e outras
sanções que alternativamente poderão ser aplicadas à discricionariedade do objeto.
É importante também falar da discricionariedade do objeto em relação a
atos administrativos omissivos próprios. Hoje não basta que a discricionariedade se
refira apenas a escolha do objeto no sentido de fazer: demito, suspendo etc., mas a
discricionariedade entre o fazer e o não-fazer. Um exemplo que possa dizer neste
sentido é a porcaria do artigo 89 da porcaria da Lei 9.099/95. Na minha aula eu tenho o
direito de dizer que a Lei é uma porcaria e que se trata de uma porcaria de um
dispositivo, mas que cuja única serventia, fora do processo penal, é porque fala de um
ato administrativo que dali pode nascer por si próprio, pois poderá oferecer a suspensão
condicional do processo. São verbos como poder que não são no sentido de compelir a
administração, não são imperativos e permitem a discricionariedade e ai eu terei a
discricionariedade não em relação à escolha entre dois objetos de fazer, mas entre em
objeto de fazer, oferecer a suspensão, ou objeto de não-fazer, não oferecer, e neste
último caso eu tenho um ato administrativo omissivo próprio, porque eu nego e não
engaveto, ou seja, não coloco na prateleira e deixo sem solução. Esse também é ato
administrativo, sendo omissivo próprio. Este exemplo também é ato administrativo,
sendo omissivo próprio, ou seja, estou negando, nesse sentido também se tem
discricionariedade. Então, em todas as normas em que a lei não for cogente em relação a
praticar o ato, será discricionário, como é o ato similar, que apresenta motivo vinculado,
o objeto é discricionário, pois poderá suspender ou demitir, mas tem que punir, o ato
será praticado.
Vão existir atos administrativos que serão denominados omissivos
próprios. Isto é extremamente importante na linha de privatização do serviço público do
Brasil, onde cada vez mais vai haver um encolhimento da Administração Pública.
Então, você tem todo um encolhimento do Estado, que muitas vezes vai prever
alternativamente o exercício ou não positivo da atividade administrativa, por exemplo
os atos de polícia administrativa. Diz-se que o ato de polícia é discricionário, e muitas
vezes será, então você terá um não-fazer( a autoridade se recusando a polícia
administrativa) e você vai analisar na raiz pelo ângulo da discricionariedade. Tem que ir
lá no verbo para ver se atividade é obrigatória da administração ou não, podendo fazer o
juízo de valor.
MÉRITO ADMINISTRATIVO:
Mas esse juízo de valor não fica circunscrito juridicamente. Antes ele
deve ser examinado diante da finalidade, mas fica circunscrito materialmente ao motivo
e ao objeto.
Então, Mérito Administrativo é o eu está no meio do caminho, é o índice
da legalidade. O Mérito Administrativo é elemento finalidade, porque o objeto não é um
fim em si mesmo, o objeto vai ter um resultado. Então, faço isso, porque aquilo, para
essa finalidade. Eu desaproprio para construir escola, para a finalidade de prestar
educação pública. Então, se lá no final, eu desapropriei para construir escola e não a fiz,
simplesmente tomei posse do terreno como Administração Pública, sendo assim, estou
desviando a finalidade, não estou prestando educação pública, e nesse caso, eu digo
que o Mérito Administrativo evidenciou ilegalidade, porque houve desvio de finalidade,
pré-destinação da desapropriação.
Importante: Avalia-se a legalidade do Mérito Administrativo olhando o
resultado, olhando a finalidade do interesse público. E qual é a importância disso?
É que nestes dois elementos pode haver a discricionariedade. E as
questões de prova sobre mérito administrativo se referem ao Mérito administrativo dos
atos discricionários.
Então aqui a administração escolhe. Mas a finalidade é elemento
vinculado. Então, no controle externo do Poder Judiciário, ao juiz vai ser possível
examinar a legalidade do Mérito Administrativo, examinando a legalidade de cada um
dos dois elementos, ainda que discricionários, mas como a finalidade é vinculada, o juiz
vai ter que analisar se o resultado atendeu a finalidade do ato administrativo, se não
atendeu, o juiz vai poder julgar a ilegalidade do ato discricionário, por mais
discricionário que ele seja. Ex: Já aconteceu um Mandado de Segurança, impetrado por
um rico comerciante, proprietário de um imóvel, com prova documental, tendo em vista
que um determinado prefeito desapropriou um terreno que era do comerciante para
construir escola, porque não o ajudou financeiramente na campanha eleitoral. O prefeito
mandou um memorando ao secretário de educação confiando ao mesmo que se tratava
de um ato de vingança para com o comerciante, e mandou que se instaurasse o processo,
pois ele ia expedir o decreto de desapropriação para construir escola. Só que o secretário
traiu o prefeito e ligou para ele mais tarde dizendo que tinha entregue o memorando ao
proprietário. Provado isto, eu tenho desvio de finalidade no próprio ato desapropriatório.
O interesse na verdade não foi educação pública, foi vingança pessoal. É impossível por
mais discricionário que seja o ato.
Outra circunstância interessante é a questão do Mérito administrativo no
ato vinculado. Porque no ato discricionário, você tem sempre uma escolha, dentre o
motivo e o objeto é um só. Surge a divergência na doutrina: Existe Mérito
Administrativo no ato vinculado?
Helly Lopes Meirelles diz que não, porque ele olha sobre a ótica da
realização desse juízo de mérito no momento da emissão do ato. Ai ele tem razão. Se ele
olhar sobre essa ótica, não há Mérito administrativo, pois a autoridade não faz juízo
nenhum de valor.
Existe uma outra linha em que diz que há mérito administrativo no ato
vinculado. Mas esse Mérito está descrito no texto legal. Também se tem razão. E afinal,
que tem razão? Qual é a utilidade?
A meu ver Diogo Figueiredo tem razão pela utilidade de reconhecer
Mérito administrativo no ato vinculado.
43
E qual é a utilidade?
É verificar a constitucionalidade da lei que criou o juízo de mérito e
muitas vezes efetuou-se que a lei seja inconstitucional. Ex: O Estado do Amazonas
pagou férias a servidores aposentados. O Poder Judiciário fez o mesmo raciocínio, o
exame de mérito administrativo, olhando a finalidade do interesse público no controle
da constitucionalidade da lei. A lei é ato estatal, é um ato administrativo.
Então, quando o Mérito é vinculado, é uma questão séria, o agente
público está obrigado a cumprir a lei constitucional.
O governador da Amazônia há de propor um ato normativo para que se
pare de pagar férias, entendendo que a lei é inconstitucional, ele poderia fazer isto?
Existe uma grande divergência sobre isso.
A corrente majoritária ainda hoje entende que não, ele deve provocar o
Poder Público e os legitimados, e aguardar, porque a presunção é a vontade do agente.
Eu entendo que pode. Entendo que pode na medida que o Princípio da legalidade,
convencido da inconstitucionalidade da lei, ele mesmo faz juízo próprio, aonde se vai se
submeter ao risco de deixar de cumprir uma lei eventualmente constitucional.
Mas o remédio para isto é examinar o mérito, nesse sentido o mérito da
lei. E o que é isso?
É o princípio da razoabilidade. Na verdade estou trabalhando aqui com
a adequação do objeto ao resultado obtido, que é adequação jurídica. Continuo
trabalhando com o princípio da razoabilidade tanto com mérito vinculado como com o
mérito discricionário.
Apenas mérito contido no ato discricionário vai examinar a legalidade do
ato, o mérito do ato vinculado, a própria constitucionalidade da lei.
Importante: O único remédio para que o mérito do ato vinculado não
possa ser aplicado é a inconstitucionalidade da lei. Fora daí, a autoridade estará
obrigada. Isso é Mérito Administrativo.
OBS: Agora, há um limite importante em relação ao mérito
administrativo para o Poder Judiciário. Ele examina a legalidade disso aqui. Pode anular
ou declarar nulo o ato administrativo. Ele não pode construir depois que desfaz o ato.
Ele não pode dizer que a demissão é excessiva em relação à falta, e invalidar a
admissão, e ai o erro: determino que imponha a suspensão, única posição possível. Isso
o Poder Judiciário não pode fazer em relação a Administração Pública em decorrência
da harmonia entre os poderes. Ele não pode é desfazer por ilegalidade o ato
discricionário e impor à Administração Pública a prática de outro ato discricionário com
as características, que ele juiz, que a prestação jurisdicional, entende ser a única dentro
dos limites legais. Ele só desfaz o ato. Por isto é controle de legalidade, mas ele desfaz o
ato discricionário.
Na hora da prova, muita gente boa, conclui que basta achar que o ato é
discricionário, que vai aplicar o Princípio da independência e harmonia dos Poderes.
Pensa que o ato é discricionário e por isto só quem faz o juízo de Mérito é a
Administração. Realmente quem faz o juízo de Mérito é a Administração, mas se o
juízo de Mérito for ilegal o Judiciário vai desfazer o ato. Ele não pode é refazer,
colocar no lugar um novo juízo de mérito. Ele não pode compelir a Administração a
se submeter a ele. A Administração vai ficar com uma alternativa só, mas é ela que tem
que praticar. O Judiciário não poderá compelir a prática de um ato discricionário.
Em relação a ato vinculado, suponha-se que haja um requerimento de
licença para construção de benfeitoria em terreno particular em desacordo com a
44
legislação. Vem a administração e diz que indefere a licença por ser inconveniente, em
matéria de construção, já que se pensa em remeter o projeto de lei à Câmara dos
Vereadores, alterando o plano diretor para não permitir ali construção de residência.
Impetro o Mandado de Segurança referente a essa licença. Se tiver prova documental
que ele é realmente proprietário e que se encontra adequada à legislação, como o ato é
vinculado, o Judiciário vai poder compelir a Administração a expedir o ato de licença.
Por quê?
Porque neste caso o ato administrativo é vinculado, o mérito
administrativo decorre da própria lei. Então o que o juiz está fazendo é determinar o
cumprimento da lei. Como a Administração não tem alternativa, o princípio é o da
legalidade. O Judiciário pode impor a prática de ato vinculado, não pode é impor a
prática de ato discricionário.
O quê é atributo?
É a capacidade, é a característica intrínseca do ato administrativo dentro
da legislação.
1- Presunção de Legalidade:
Princípio da autotutela:
2-AUTO-EXCUTORIEDADE:
46
3- IMPERATIVIDADE:
prestígio, enfim que terceiros atingidos pelo ato que queiram resistir a auto-
executoriedade.
Importante: A imperatividade é exatamente a garantia da efetividade da
auto-executoriedade. Então, quando o Município vai demolir, se o proprietário do
prédio, construído irregularmente fosse capaz de contratar vigilância particular, a
imperatividade ocorre com emprego de força pública mesmo. Isto teve conseqüências
importantes: camelô, remoção de camelô em via pública, a auto-executoriedade se dá
por agente da secretaria municipal de Fazenda, só que eles atuarão se a guarda
municipal, na proteção do patrimônio público municipal, garantir a imperatividade.
Imperatividade é emprego de força pública contra qualquer especial e
de resistência em que terceiros atingidos pelos atos, queiram empregar na sua execução.
Uma questão interessante em matéria de imperatividade é que a força
pública policial militar é estadual, enquanto vários municípios não têm necessariamente
guardas municipais. E muitas vezes então, os municípios necessitarão para determinadas
medidas, de auto-executoriedade, imperatividade que implique no uso de força policial
militar para medida preventiva de ordem de segurança pública. O município não
requisita do Estado, porque também tem autonomia do ente federativo. Se pode apenas
se advertir e solicitar ao Estado o emprego de força policial militar para dar
imperatividade.
Muitas vezes o Estado se omite nisto. Nós vamos ver responsabilidade
civil da Administração Pública, por falta do exercício da imperatividade e os danos que
causam. Então o Município realiza determinada operação e remoção de camelôs em
determinada região da cidade para fins de reurbanização, obras de reurbanização. Os
camelôs se reúnem e saem depedrando lojas e particulares sofrem danos com isso. Se a
policia militar for informada, e a Administração do Município não entrou em atividade
para prevenir a manutenção da ordem, para prevenir a manutenção da ordem pública o
Estado poderá ser responsabilizado por falta de serviço. A única situação mais curiosa é
o uso de imperatividade, fora isso os setores da administração pública, cada um tem sua
própria força, é pública a força policial. Neste sentido está a Policia Militar no Esatdo, a
guarda municipal no Município e a polícia Federal na União e solicita muitas vezes
atividade de força auxiliar da Policia Militar em relação às Forças Armadas, mas a
imperatividade não passa disso. Emprego de força pública para auto-executoriedade dos
atos administrativos.
Se você abrir os cinco livros que eu recomendo e somar, você vai
encontrar mais de 20 formas de classificar atos administrativos. Você vai encontrar 20
formas dentro de um mesmo livro. Mas os doutrinadores gostam de cada um trazer sua
novidade. Então, eles inventam formas diferentes de classificar os atos administrativos,
que se for somar vai dar mais de 20. Se eu fosse dar todas as espécies nós iríamos
gastar umas 4 ou 5 aulas. Eu escolho algumas. Qual é o meu critério? São os concursos.
Venho acompanhando concursos há muitos anos.
Eu dou o tiro e tento obter 2/3 ou ¾ das possibilidades, mas pode
acontecer de vocês encontrarem outras formas de classificação.
Dentro das fontes de classificação, a mais abrangente é por onde eu
começo, ela se preocupa ao mesmo tempo, como forma, elemento do ato administrativo,
e com o objeto.
Dr. Diogo Figueiredo chama isso de material. Tem nomes compostos por
cada doutrinador. Se vai lá na essência, ela se preocupa em conjugar nas espécies dos
atos administrativos os elemento forma e objeto do ato. E ai são cinco as espécies que
50
descrita na norma para fazer ou deixar de fazer sob pena de sanção, coerção, e sanção
em caso de desobediência ao preceito, característica intrínseca das leis. Tem as mesmas
características e, no entanto, não são leis no sentido formal, não resultam do processo
legislativo, não são nenhuma daquelas do artigo 59 da CF/88, não são elaboradas pelo
legislativo nessa qualidade. São elaboradas pelo órgão ou agente da Administração
Pública. Pode haver colaboração de outros órgãos ou agentes, mas é ato unilateral,
submissa a lei, pois resulta da delegação legislativa. A lei em sentido formal, ela propõe
a existência do ato normativo, ele não pode existir independentemente de lei, porque a
única fonte formal do Direito Administrativo é a lei em sentido formal.
Então também o ato normativo se submete a lei. Mas nesse sentido vai
conter as mesmas características formais da lei; abstração, generalidade e coerção, e vai
atuar como lei. Exemplos pela forma de atos normativos , o mais famoso, já que resulta
em poder regulamentar é o Regulamento. A todo mundo aqui nesta sala, menos eu,
interessa regulamento de concurso público, que se chama edital do concurso, que na
verdade o edital de concurso é a forma de publicação, mais o objeto será regulamentar a
execução de determinada lei em sentido formal e a forma verdadeira é o regulamento. O
edital contém o regulamento. Ele resulta de onde?
Ele resulta do próprio estatuto respectivo. Funcionários públicos civis em
geral, estatuto da Defensoria Pública, do Ministério Público. Se você pegar o estatuto de
todos esses órgãos, verá que tem uma parte estatutária onde dentro dela o concurso é
previsto. Os requisitos mínimos previstos no texto legal, para capacitação de e acesso ao
cargo, os requisitos do concurso, vai ter uma norma dizendo assim: “O conselho
Superior “tal”, estabelecerá e emitirá o regulamento do concurso com coerência das
normas previstas, mas a execução da vontade da lei abstrata vai se dar por um ato
normativo por delegação legislativa. O regulamento é um exemplo.
OBS: Determinadas resoluções podem ser atos normativos. Há uma
Resolução muito extensa do Diretor da Polícia Federal em torno do registro de
licenciamento e fiscalização da atividade de empresa de vigilância privada, atividade do
país. Chama-se Resolução e tem a forma de Resolução, mas o conteúdo, o objeto é de
ato normativo. Dirige-se indiscriminadamente a quem queira criar estabelecer e
funcionar como empresa de vigilância. Assim como REGULAMENTO se dirige
indiscriminadamente a quem queira estudar para concurso público. Determinadas
RESOLUÇÕES com estas características são atos normativos.
Edital em si mesmo pode ser ato normativo, é o caso do edital de
licitação. Helly Lopes Meirelles diz que o edital é a lei interna da licitação. Se você Lê
o artigo 40 da Lei 8666/93, onde está escrito abstração, generalidade e coercitividade.
O Edital é ato normativo da licitação com o nome de edital.
Determinados Regimentos Internos podem constituir atos normativos.
Regimento Interno do STF e do STJ, ao tratarem de requisitos para conhecimento e
julgamento do mérito em recursos especiais e recursos extraordinários, estão dirigindo
estas normas a todo Brasil. A todos que indiscriminadamente venha a interpor recursos.
Então, para provar dissídios jurisprudencial na forma do artigo 105 da CF/88, como a
constituição delegou ao STJ e ao STF estabelecer seus próprios regimentos e os
autorizou, lá no seu conteúdo, a tratar disto, ele não estabeleceu no Regimento Interno
os requisitos formais de comprovação ou de existência com inteiro teor. Cópia
autenticada da decisão, menção a repertório, poderá ser mostrada divergência através de
Regimento Interno, mas normativos.
52
1- Atos simples;
2- Atos complexos;
3- Atos compostos.
5ª Aula - 10/05/2003
jurídicas que sendo titular de direito ou interesse individual limitado, que não pode ser
exercitado sem prévia autorização do poder público, nos dirigimos através de um
requerimento mostrando direito ou interesse à administração pública e requeremos que a
Administração Pública fiscalize o interesse público, que poderia ser ferido pelo
exercício indevido desse direito ou interesse individual, exercendo essa fiscalização,
emita um ato que limite o exercício, mas que permita que autorize ou que licencie esse
exercício.
Os principais atos negociais são: autorização, licença, permissão e
admissão. São sempre atos que você vai ter na origem, no processo de outorga, aliás, os
atos negociais são sempre emitidos num processo administrativo chamado outorga, no
sentido que a administração pública outorga a um titular de direito ou interesse
individual, fluir esse direito ou interesse através da execução do objeto, essa execução
do objeto do ato individual quem vai exercer é o próprio titular do direito ou do
interesse individual.
Na autorização, na permissão e na licença, quem é que executa o
objeto?
É aquele particular que se dirigiu à Administração Pública, e obteve dela
uma permissão, uma autorização e uma licença. O interesse individual sempre se
subordinando a um interesse público.
A palavra polícia vem como todo mundo sabe, do grego polis, que
significa cidade, e quando se junta muita gente em um local só você tem que policiar,
porque é natural que as pessoas conversem e eu olhando daqui vejo que às vezes,
algumas conversas de boa fé geram distração do aluno do lado, e aí ele perde uma noção
importantíssima do que eu estou falando, porque tudo que eu falo é importantíssimo,
como vocês sabem, eu tenho que policiar aqui de cima.
Foi o que aconteceu na Administração Pública em matéria de polícia, lá
na idade média, os senhores feudais para ter servos que plantassem e colhessem,
começaram a reuni-los perto do campo, mas como você não tinha o Estado, os outros
senhores feudais tratavam de capturar os escravos dos outros, aí eles começaram a
murar os espaços em que moravam e aí começaram a surgir as cidades. Mas, quando
você junta muitas pessoas em um lugar, aí tem que mandar os guardas para conter os
seus servos, poder de polícia vem daí.
Toda vez que o excesso no exercício do direito ou do interesse
individual, puder ou causar lesão ao interesse público, você vai ter normas que
restrinjam esse direito, porque eles não são ilimitados, e para esse exercício tem que se
submeter ao interesse público, por isso que é sempre expressão do poder de polícia.
Se você ler o artigo 5º da CF, com olhos de direito público, não com
esses olhos libertários que todos nós temos, direitos e garantias individuais, mas com
olhos de direito público você vai olhar direito e garantias individuais limitados. A
grande maioria dos incisos vai ter sempre na forma da lei, vai ter sempre uma restrição
que permite a Administração Pública controlar.
Ex: É livre (XIII), o exercício de qualquer trabalho ofício ou profissão,
nos termos que a lei estabelecer.
Então, eu tenho profissões regulamentadas, não é qualquer bacharel em
direito que pode advogar. Determinados registros também são atos negociais, quando o
bacharel em direito vai a OAB para obter registro nos quadros de advogado e só então
ele pode advogar, apesar de bacharel em direito, ele está provocando da OAB uma
autarquia corporativa profissional, através de seus provimentos (atos normativos) que
58
emita um ato negocial, que permita ele o exercício da profissão, que é regulamentada,
que é limitada nos termos da própria CF.Em essência esse é o ato negocial.
São três a espécies mais conhecidas, mas além delas nós temos as
admissões também, que são espécies correlatas. Quando alguém faz concurso para
admissão no Colégio Pedro II, ou para as forças armadas, a admissão ao ensino público
também é um ato negocial. Eu tenho interesse e direito individual ao acesso a educação,
mas ele não é ilimitado, eu não posso estudar onde quero, há um limite também de
vagas, embora possível realizar concurso para esse ingresso, mas o ato é negocial.
Quem admite é o colégio. Aplicação é o Colégio Pedro II, que são órgãos e autarquias
federais ou estaduais, são atos negociais.
Mas, os principais e mais conhecidos atos negocias são autorizações,
permissões e licenças.
Importante: As autorizações e permissões, constituem-se em atos
administrativos discricionários, como toda a doutrina e a jurisprudência e a própria
legislação prescreve, enquanto as licenças são atos vinculados. Por serem discricionárias
a autorizações e permissões, são atos precários, no sentido que a administração pode
desfazê-los unilateralmente por conveniência e oportunidade. Enquanto as licenças
sendo atos vinculados, são em geral regras irrevogáveis.
Em outras palavras, nas autorizações e permissões, a Administração
Pública pelo agente competente, autoriza e permite se quiser, é claro, se esse quiser
obedecer o princípio da legalidade, o critério de conveniência e oportunidade diante da
finalidade de interesse público. Ela pode indeferir, mas vai ter que motivar, diante de
conveniência e oportunidade em razão do interesse público, com as leis que prevêem,
mas ela não está obrigada a autorizar e permitir.
Ainda que o particular titular do interesse ou direito individual preencha
os requisitos, a Administração Pública tem uma visão de conjunto de todos que tenham
o mesmo direito e interesse e pode entender inconveniente pelo excesso, daqueles que já
fluem direito ou interesse de não autorizar ou permitir.
Ex: Táxi. Essa briga toda que existe nós últimos cinco anos,
principalmente, decorre pela restrição da Administração Pública, a gente vê isso na
rua pelo excesso de táxis em circulação. E é claro que pode haver motorista que seja
muito bom e tenha capacidade financeira e profissional e quer explorar, mas a
prefeitura não está obrigada, porque ela faz um juízo de conveniência e oportunidade e
diz ter milhares de táxis em andamento e que as ruas tem capacidade limitada, e não
permite mais. Ela não está obrigada, ainda que você atenda aos requisitos legais
profissionais. O ato é unilateral, não é serviço público, o táxi, é uma atividade
individual, serviço público é o transporte coletivo, táxi não faz transporte coletivo faz
transporte individual, a Administração Pública não está obrigada a permitir.
Da mesma maneira o tranqüilo terreno referente ao comércio ambulante,
(camelô). A cidade “tem poucos camelôs como a gente vê”, os reflexos são de hora em
hora. São três lados: camelô, polícia militar e guarda municipal, como você observa em
vários cantos da cidade, mas a Administração Pública, pode dizer nessa região da
cidade: - admito 100 camelôs nessa área e não mais. Exatamente pela limitação
necessária. Senão um dia, não haverá nem rua para andar, em razão de tantos camelôs
em determinada região, então não autorizo mais.
Exemplos de licença: direito de construir é licença de construção. Se o
proprietário é proprietário e comprova que o projeto atende inteiramente ao plano
direito. Preenchido os requisitos legais, como o ato é vinculado, a Administração
59
Pública não pode dizer: Eu não vejo conveniência em licenciar, porque penso em daqui
há alguns meses rezonear a cidade através de projeto de lei, que vou encaminhar a
câmara e só haverá finalidade industrial e comercial aqui nessa região. Então não vou
licenciar construção de residência.
Não pode fazer, se naquele momento vigora a lei que prevê o direito à
licença. O ato sendo vinculado, à Administração Pública está obrigada a emitir a
licença, não há juízo de conveniência e oportunidade.
De maneira que até por mandado de segurança o titular do direito à
licença pode obter do judiciário, que ele em mandado de segurança dê ordem para a
emissão da licença, porque o ato é vinculado.
OBS: Na licença não há um juízo de conveniência e oportunidade,
porque o ato é vinculado.
Cassação:
que aquilo acontecesse, já não é responsabilidade nem objetiva, ele estava confessando
culpa, eu não sou capaz de fiscalizar tudo que eu licencio.
provar sua existência, a senhora tem que ir lá naquele órgão e me trazer o atestado,
porque aí acredito que a senhora está viva. Isso é o atestado.
Helly Lopes Meirelles dá outro exemplo que eu vou colocar para não
confundir com os atos normativos, que é o parecer normativo.
O mesmo direito pode atingir centenas, milhares de pessoas. Na área
tributária é muito comum, então, existem pareceres normativos na secretaria da receita
federal, através do qual para se evitar a instalação de milhares de processos e coletas de
provas virtuais, o secretário da receita federal vai e diz: - O contribuinte que se
apresentar na situação de exercício de tal direito a persecução de restituição,
apresentando tais documentos deve a autoridade subordinada a ele, reconhecer o
direito e receber a restituição. Esse parecer normativo na verdade é um ato enunciativo,
mesmo que não individual, para uma coletividade de pessoa titulares de direitos em
idênticas situações.
Apesar de chamar normativo, é normativo de normatizar um
comportamento da Administração Pública, que reconhece o direito pré-existente a um
núcleo maior de pessoas. Então, os pareceres normativos também são atos
administrativos enunciativos.
Repostas as consultas na forma da lei tributária também são atos
enunciativos, porque a Administração Pública vai enunciar um direito pré-existente,
esses pareceres não são normativos eles são individuais, mas têm a mesma natureza.
A consulta gera direito adquirido?
A resposta à consulta será um parecer que não gera direito adquirido e
sim, reconhece a titularidade do direito.
Quando você realiza uma importação com consulta prévia e a
Administração emite um parecer, reconhece o direito a importar. Feita à importação no
ato de desembaraçar, encontra um segundo ato desfazendo, aí há ilegalidade no segundo
ato, aí você vai com uma prova forte, que a mesma Administração Pública respondeu de
forma contrária.
Não vale erga omines?
Não, a não ser que a situação se repetisse e a Administração Pública
resolva normatizar, mas eu não posso me valer da prova emprestada.
6ª Aula - 24/05/2003
Pressupostos:
finalidade, se o motivo não existe mais, o objeto não faz mais sentido. É uma questão de
lógica.
Há também, casos de revogação que não dizem respeito à inexistência de
motivo, mas dizem respeito a razões de interesse público mais relevante, que serão
atendidas pelos atos a serem executados.
Ex: As autorizações e permissões de uso de espaço público, o Município
do Rio de Janeiro tem quiosques na lagoa Rodrigo de Freitas na altura do hospital
Miguel Couto, a procura por saúde pública aumenta muito entre o ato de permissão de
uso do Município que fez com as empresas estabelecidas no quiosque, e um segundo
momento, Miguel Couto é um hospital muito procurado pela população pobre da
baixada, aí o Município vê que precisa expandir o Miguel Couto e ali é uma área
pública que ele tem, mas ali tem uma permissão de uso daquela área para dois ou três
quiosques. Ele pode revogar por conveniência e oportunidade e por razão de interesse
público mais relevante, nós estudamos permissões, e permissões são atos
administrativos precários. Então ele pode fazer um novo juízo de conveniência e
oportunidade, diante de uma modificação da realidade que leva o Município a concluir
que saúde pública é mais relevante do que lazer da população, então ele vai poder
revogar, porque o ato a ser revogado também é um ato discricionário, aí ele faz um novo
juízo de conveniência e oportunidade. Então essa modificação da realidade pode existir
mesmo que o motivo continue existindo no momento da revogação. Por isso em geral
todo ato de revogação é um ato discricionário. Por quê?
Importante: Porque implica efetivamente em um juízo de conveniência e
oportunidade. E a grande maioria dos doutrinadores, dizem que o ato de revogação é
sempre um ato discricionário, enquanto o ato de anulação é sempre um ato vinculado, a
Administração Pública está obrigada a anular ou declarar nulo, a Administração Pública
faz um juízo de conveniência e oportunidade para revogar.
Isso em grande parte é verdade, mas nos casos que o motivo deixa de
existir o ato revogador é vinculado. O Município não poderia manter aquela interdição
do edifício, onde as fundações estavam em ruínas, mas deixaram de estar.
Revogação/Poder judiciário:
direitos pelos danos que resultem, ressalvado ao poder judiciário o reexame em todos os
casos.
O Supremo é claro, ao final da súmula, ao permitir que tanto o ato de
anulação e o ato de revogação, que são atos administrativos em si mesmo, sejam
submetidos ao exame de legalidade pelo poder judiciário. E por que isso?
Porque o primeiro pressuposto tem que ser atendido é o da legalidade.
OBS: É muito comum à Administração Pública, disfarçar a ilegalidade
revogando ato ilegal, e esse ato revogatório será ilegal, porque o primeiro pressuposto é
a legalidade.
Tem importância isso?
Claro que tem, em relação à responsabilização civil e nós vamos ver, o
negócio não é teórico, tem conseqüências práticas importantes, tanto nos efeitos no
tempo, quanto à responsabilização civil. Então, o judiciário também controla a
legalidade dos atos revogatórios, mesmo que diga respeito, isso é a questão, mesmo no
mérito o judiciário pode verificar a legalidade.
Já aconteceu, determinado Município havia quatro quiosques, e precisava
construir hospital público e revogou a permissão de um deles, mas não dos outros três, a
pretexto de nova finalidade de interesse público mais relevante, mas levado ao
judiciário, ele disse é impossível, o Município não vai conseguir construir o hospital no
espaço de um só. Desvio de finalidade evidente não revogou os outros três, o Poder
Judiciário anulou o ato revogatório reintegrando na posse do quiosque o permissionário,
dizendo que aqui eu tenho o desvio de finalidade. A Administração Pública não pode
afirmar isso, porque a finalidade é evidente, pois ele só conseguiria construir na área dos
quatro quiosques, ele se utilizou para tirar um e não para tirar os outros três.
Nitidamente com senso de justiça vocês chegariam ao mesmo resultado, o judiciário fez
juízo em um ato discricionário de revogação.
Se naquele ato de interdição, se o motivo deixa de existir e o ato é
vinculado, por que o Poder Judiciário não pode ele mesmo anular?
Anular não, ele pode desfazer os efeitos do objeto. O ato de interdição
era legal, eu repito, o condomínio se for ao judiciário será para obrigar a Administração
Pública a uma obrigação de fazer, (desfazer os efeitos da interdição no prazo de tantos
dias, sob pena de execução). E aí vai poder executar.
Pode o poder judiciário pelos meios próprios na execução da obrigação
de fazer e desfazer os efeitos da interdição, ele não vai anular os efeitos da interdição, a
interdição é legal, ela continua sendo legal. O que é ilegal, repito, é a partir do momento
que a fundações foram colocados em bom estado e o condomínio requerendo a
desinterdição e Administração Pública se omitiu, aí há ilegalidade, nesse caso não
existindo mais os motivos, o Poder Judiciário vai poder desfazer os efeitos. Isso em
relação aos pressupostos.
Competência:
c) Revogação:
Efeitos:
79
O ato é legal, então os efeitos que ele gera são legais, portanto,
atenderam ao interesse público, e se eles atenderam ao interesse público, eles têm que
ser mantido, conclusão óbvia o ato administrativo de revogação no tempo não
retroage.
Só faz desaparecer o ato administrativo legal do dia 23/05/03 em diante,
exatamente para salva guardar o efeito jurídico em favor do interesse público.Então,
como o ato é legal, os efeitos não são retroativos, e em latim ex nunc, “n” de não
retroativo.
OBS: Retroativo tem dois ex tunc, na hora da prova já vi candidato se
enrolar, pelo nervosismo. Não retroativo ex nunc e retroativos ex tunc.
Importante: Ex nunc, é de agora em diante, o ato deixa de existir a partir
do momento que é revogado.
É verdade. Por exemplo, na edição de uma lei, e que não caberia ação
declaratória de inconstitucionalidade de lei já revogada, vamos por parte, o seu exemplo
não é da minha matéria. Eu sei, eu sei o que eu estou querendo saber é se teria uma
forma, que com isso a União acaba se beneficiando, todas pessoas vão ter que entrar no
caso concreto, com mandado de segurança para anular aquele ato administrativo com
relação a ela.
Eu quero saber se tem algum mecanismo que possa resguardar o
restante da população?
Não, de modo algum, se é ilegal ainda que eu veja interesse público
resgatando a finalidade de atender ao interesse da comunidade, mas eu tenho aí nesse
caso é falha, porque eu tenho princípios constitucionais de legalidade e autotutela, a
Administração Pública vai ter que se colocar de proteger esse interesse que você está
falando reeditar o ato com legalidade.
Se há um interesse da coletividade ela vai desfazer o que foi feito e no
instante seguinte editar um outro ato que atenda o princípio da legalidade. Porque o
interesse permanece existindo, mas eu não posso nesse caso pretender salvar o ato. Nós
vamos estudar convalidação, pode ser caso de anulabilidade, e tudo que pode ser
anulável pode ser convalidado, talvez a suas resposta nós poderemos ver daqui a
pouquinho quando terminarmos isso.
A Administração Pública faz o contrato, contratando determinados
funcionários, terceirizando, e tem pessoas aprovadas em concurso aguardando a
nomeação. E nesse caso há ilegalidade? Os aprovados têm direito a indenização?
Tem uma hipótese nesse momento que é exatamente essa, DEGASE, tem
vários casos no Estado do Rio de Janeiro exatamente nesse sentido. Quanto à
indenização é claro que tem direito, e são hipóteses que acontece, DEGASE, órgão da
administração da secretaria de justiça de matéria da infância e juventude, que realiza ao
mesmo tempo concurso público para prover cargos existentes na atividade contínua
própria do DEGASE e ao mesmo tempo contrata administrativamente não funcionários
públicos “terceirizando emergencialmente”, realiza o concurso, não investe nos cargos,
os aprovados aguardam nomeação e continuamente contrata esses mesmos contratados.
Eu tenho aí crime, contratação irregular.
O secretário de Estado desobedecendo no regime especial à limitação no
tempo de contratação sucessivas a pretexto de emergência. Claro o desvio de finalidade
também, porque ao mesmo tempo realiza o concurso público conclui o concurso,
homologa o resultado e não pratica a investidura para a atividade contínua de sua
própria natureza, através de cargos a serem providos. Quando a gente vê o que pode
acontecer no futuro. E o que vai acontecer no futuro?
Vai se reconhecer à ilegalidade desses atos sucessivos de contratação,
responsabilizando os administradores públicos pelos danos dessas contratações
individuais de um lado, de outro lado vai ter que investir no cargo aqueles candidatos
aprovados.
Essa investidura deveria ter se operado anteriormente e eles serão
indenizados pela ilegalidade da omissão. O Estado deve investi-los no cargo com efeitos
retroativos, mas nisso há uma resistência do Judiciário em condenar o Estado, em
indenizar os indivíduos aprovados que deveriam ter sido investidos anteriormente, a
pretexto de não realizar o trabalho.
Haveria pretensamente um enriquecimento ilícito, por outro lado à
resposta a isso, a ilegalidade na omissão, leva essas pessoas a ficarem num período de
83
expectativa, embora tivesse outras atividades lícitas. Está acontecendo agora com
policiais nomeados, não empossados no concurso da polícia civil e vai se discutir isso
outra vez, mas na verdade eu fico só nessa coluna aqui na sua questão (anulação), não
tem nada na segunda coluna (revogação), porque tudo parte de uma ilegalidade, mas eu
posso condenar o poder público em uma omissão em praticar um ato pelos danos que
ele causa.
A ilegalidade numa omissão seja uma omissão própria em que a
Administração Pública diz: não defiro tal gratificação para o agente público. Quais são
os efeitos quanto ela diz não, ato omissivo próprio, a Administração Pública não
engaveta, ela indefere, ele não recebeu nesse período, vai ao Poder Judiciário através do
Mandado de Segurança, uma ação de controle e diz que é ilegal e condena a
Administração Pública a pagar desde que era ilegal em diante.
Esse é o raciocínio da responsabilidade civil, mesmo raciocínio em
relação à investidura desses novos investidos, custe o custar.
No caso de revogação seria só de ato administrativo discricionário?
Não. O ato administrativo vinculado, cujo motivo deixa de existir
também pode ser revogado. Esse ato de interdição do edifício que está em ruína, por
decorrência de lei municipal (há risco de desabamento). A hipótese é vinculada, o
motivo deixou de existir, porque o condomínio fez a obra.
Qual é o remédio?
Revogar. Então nem sempre o ato revogador vai se referir ao um ato
discricionário. Quando?
Quando o motivo deixar de existir. É a única possibilidade de ato
vinculado sofrer revogação.
Mas se o ato for ilegal?
Se for ilegal eu não revogo, eu anulo.
Mas eles não mascaram o ato ilegal com a revogação?
Eles não podem fazer isso não, porque eu não posso revogar ato ilegal, se
você disser só isso na hora da prova, eles vão dizer que você não sabe.
Agora ato vinculado pode ser revogado, quando?
Sim, quando os motivos deixam de existir.
Os efeitos são os mesmos?
Os efeitos continuam sendo os mesmos.
Se essa investidura retroage, como ficaria o estágio probatório?
A pessoa foi aprovada no concurso, passaram-se quatro anos, e a
estabilidade pelo artigo 41 da CF/88, se dá com o decurso de três anos de efetivo
exercício, acabou, não há estabilidade.
Na revogação o prejudicado terá direito de se indenizar dos danos que ele
sofra da data da revogação em diante. Porque a revogação pressupõe que o ato é legal.
No caso da ilegalidade é exatamente o inverso, eu vou repetir. Se o ato é ilegal todos os
efeitos que foram gerados não são efeitos de direito, não são considerados efeitos
decorrente de um ato lícito, e o poder público está obrigado a indenizar exatamente
porque causou dano.
A lei não excluirá da apreciação do judiciário, lesão ou ameaça a direito,
e ele causou dano pela ilicitude que praticou. Então ele vai ter que indenizar.
Pode ocorrer que o dano na anulação persista do ato em diante até que o
prejudicado se recomponha, suponha falso o motivo para a interdição, as pessoas se
mudaram, o ato foi desfeito, mas até que as pessoas se mudem novamente para seus
84
apartamentos, vai passar um mês, dois meses, porque as coisas não acontecem
instantaneamente.
E eles pagando aluguéis até o desfazimento da locação, até que as
pessoas se realojem, onde estavam morando em suas propriedades, agora na revogação
não, só dali em diante.
Bom isso anulação e revogação de atos administrativos e vamos para o
último item do ponto ato administrativo.
banca do Ministério Público o professor Sérgio Ferraz, junto com o professor Adilson
Dalari de São Paulo.
Essa lei reconhece entre outras passagens a possibilidade de
convalidação dos atos administrativos, exatamente porque a lei tem um capítulo,
anulação, revogação e convalidação de atos administrativos. Então hoje é direito
positivo.
Qual é o mais fininho?
Confesso que não medi, mas se eu vou fazer concurso para a única
instituição que vale a pena, Ministério Público, eu recomendo o Prof. Sérgio Ferraz. O
Sérgio Ferraz tem uma obra importante também, quem quiser ir estudando que o
Mandado de Segurança, eu deixei xerox na secretaria, porque a obra está esgotada,
excelente obra.
Então essa é fundamentação para sustentar legalidade da convalidação de
atos administrativos.
Qual é a pedra de troque doutrinária e jurisprudencial para admitir a
convalidação?
É outra vez o elemento finalidade.
Toda vez que o ato administrativo contiver ilegalidade, e na hora da
prova a questão te descrever que apesar da ilegalidade, o ato atende ou atendeu a
finalidade de interesse público. Em princípio o ato é anulável, pensem em convalidá-lo,
porque vale mais a finalidade do que o desfazimento do ato por ilegalidade.
O elemento central dos cinco elementos do ato administrativo é a
finalidade, então vai haver atos que contém ilegalidade em algum outro elemento e que
apesar disso consegue atender a finalidade de interesse público. E aí a banca vai te
descrever concretamente a questão de convalidação.
Competência/ratificação:
Helly Lopes Meirelles não podendo negar na época que ele escreveu
antes, e depois da CF /88, e muita legislação fala em ratificação, ele disse eu sei que
existe, mas ratificação só gera efeitos dela em diante é um novo ato.
Por quê?
Porque nesse período o que eu quero salvar são os efeitos jurídicos.
Porque esses efeitos jurídicos é que estão atendendo ao interesse público. Se eu disser
que o ato convalidatório só se opera dele em diante, então terminou o ato
verdadeiramente, quando não, todo o ato convalidatório retroage. E a ratificação sana o
vício de competência.
E para você ter uma idéia de como finalidade vale mais do que
competência, eu volto a falar, acho que pela sexta vez, conceito desvio de finalidade do
artigo 2º da Lei 4717 da lei de ação popular. “Caracteriza-se desvio de finalidade
quando o agente pratica o ato visando a fim diverso, daquele previsto implícita ou
explicitamente na regra de competência”.
Diogo de Figueiredo diz com toda razão, então finalidade vale mais do
que competência.
Desvio de finalidade ocorre quando o agente pratica o ato visando a fim
diverso daquele previsto implícita ou implicitamente na regra de competência. Então
tem que se perguntar para que se dá competência para determinado agente para emitir o
ato e eu vou encontrar a finalidade de interesse público explícita ou implicitamente, em
geral implicitamente, porque a lei confia no raciocínio de todo mundo, no silogismo é
uma questão de bom senso.
Mas note que a lei no desvio de finalidade não falou que tem que ser o
agente competente a praticar, ele pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto na
regra de competência.
Então quando o incompetente quebra a regra de competência e tem a
intenção de atender ao fim, o fim vale mais do que o meio, daí dá para sustentar a
convalidação. No direito público é muito lógico, é muito mais fácil do que direito civil.
O raciocínio é muito lógico.
Forma/reforma:
Objeto/conversão:
à garantia do efetivo cumprimento das obrigações. Por exemplo, eu não posso exigir
capital mínimo de 30 milhões de reais, das empresas interessadas em licitar para uma
obra pública que vai custar presumidamente 500 mil reais, eu estou excluindo grande
parte desnecessariamente de participar da licitação.
Então ou posso converter determinadas normas de licitação, adequando
ao objeto dela de modo estritamente necessário atendendo a finalidade.
A finalidade não precisa ser atendida em excesso.
São os três casos de por atos administrativos haver convalidação,
ratificação reforma e conversão.
Importante: Esses são os três elementos possíveis de gerar anulabilidade,
competência, forma e objeto. Finalidade é insanável, porque ela é uma só, se intenção
for outra eu tenho desvio de finalidade e eu não posso sanar finalidade.Note-se que
nesses três casos eu estou em essência mantendo ato, mas finalidade é insanável e
motivo também, porque motivo é um só.
No final das contas teoria dos motivos determinantes e ele que gera
necessidade de usar o objeto para atender a finalidade, mas se eu colocar um outro
motivo eu tenho um outro ato.
A única doutrinadora que tem a coragem de dizer isso é Maria Silvia D
Pietro, finalidade, motivo, diz ela textualmente, são insanáveis. Havendo ilegalidade
neles não tem jeito, eu não tenho como recauchutar, porque se a finalidade não foi
atendida ela é o fim em si mesma. E o motivo é sempre um só, mesmo que eu vá a
atender a mesma finalidade de interesse público, quando eu coloco um outro motivo, o
ato é outro, não é um ato convalidatório.
O ato convalidatório é para manter aquele ato e não criar um novo ato.
Isso é convalidação por atos administrativos, por atos jurídicos como diz
o Professor Diogo Figueiredo. Mas existe convalidação por fato jurídico, o tempo
convalida.
As causas de anulabilidade são sanadas pelo decurso de tempo, por um
de dois meios, prescrição e já agora trazida pela lei 9784/99, esses dispositivos a
decadência administrativa.
Sempre se falou da prescrição dos atos administrativos anuláveis em
relação às ações judiciais para seu desfazimento.
Prazo da convalidação pela prescrição?
Cinco anos.
Fundamento?
Decreto-lei 20910/32. Minha opinião, mesmo com a revogação do CC
permanece em vigor, mas de qualquer maneira não há nenhuma contrariedade de
normas do CC quanto à prescrição das ações pessoais contra a Fazenda Pública, e será
sempre nesse caso ação pessoal em decorrência da ilegalidade de ato administrativo, por
terceiro interessado legitimado, por desfazimento por anulabilidade de ato
administrativo.
OBS: Então decorrido cinco anos, da data da exeqüibilidade do ato
administrativo ele não foi ratificado, reformado ou convertido, não precisa mais ser
porque terá prescrito a ação judicial para sua anulação.
89
7ª Aula - 07/06/2003
I- Introdução:
Uma coisa que tanto a doutrina como a pouca legislação são unânimes
em relação a algo, é que diz a doutrina, vigora em matéria de responsabilidade civil da
AP a chamada teoria do risco administrativo.
Alguns devem ter ouvido falar na teoria do risco integral, há alguns
aspectos de alguns doutrinadores sustentando a possibilidade do risco integral em
alguns casos, e eu vou mencionar isso no final. Primeiro, eu vou no que é unânime para
a gente ter uma base para poder discutir.
OBS: Uma das poucas áreas unânimes em direito administrativo, na
legislação na doutrina e na jurisprudência de uma maneira inteiramente correta.
É bom para fixar o que seja a teoria do risco administrativo, lembrar
sempre das palavras.
perigo, o fogo é a AP. Assim como o eletricista vive perto da fonte do perigo que é a
energia elétrica, assim é a AP também. Nós somos o bombeiro de alguma maneira, não
o bombeiro militar, mas nós do povo estamos perto do perigo que é a AP. Nós os
eletricistas estamos perto da fonte de energias elétrica que é AP. Ela é intrinsecamente
perigosa.
São 11: 25 da manhã de um sábado, todo mundo acha que o serviço de
saúde é um serviço essencial, todo mundo acha que nesse momento milhares e milhares
de homens e mulheres estão em hospitais públicos com bisturis na mão, com anestésicos
na mão, com laboratórios disponíveis para exames laboratoriais, e o que serve para
salvar, também serve para matar, o mesmo bisturi mal usado causa dano.
Segurança pública, outros milhares de homens e mulheres estão
legalmente armados em via publica e nós reclamamos da falta de segurança pública,
tudo bem. Mas quando uma bala disparada da arma de um policial, atinge um bandido
mas atinge também um transeunte, nós também vamos dizer que o Estado tem que se
responsabilizar, porque há um risco inerente a essa responsabilidade.
É mais ou menos, o que nós fazemos na nossa vida privada, quando a
gente faz seguro contra fogo, seguro de objetos da nossa casa, seguros em geral, da
própria benfeitoria, seguros de veículos. Nós vamos pretender responsabilizar
objetivamente a companhia seguradora, porque a realidade de uma vida moderna numa
cidade com milhões de habitantes leva um enorme risco sobre esses bens.
Então, o mesmo princípio que informa o revestimento da teoria do risco
administrativo, o que decorre na prática essa teoria do risco administrativo?
Uma presunção relativa de responsabilidade civil contra a AP. Se ela
assume realizar tarefas inerentemente perigosas, então ela que se cuide, porque vamos
presumir quando um agente seu, vindo na qualidade de agente público, inclusive vamos
presumir que ela tenha o dever de indenizar esse dano.
É mais ou menos também como um condomínio de edifício residencial,
que tem empregados um dos quais garagista, então você gosta de avisar pelo telefone:
tira o meu automóvel que eu vou sair daqui a pouco. Funciona muito bem durante
meses, mas o dia em que na manobra, ele bater na coluna e danificar o seu carro, você
vai reclamar é com o condomínio, o condomínio é a AP, nós somos os condôminos.
De alguma maneira, essa presunção relativa de direito administrativo é
como se nós tivéssemos uma grande caixa chamada de fazenda pública e milhões de
pessoas em volta, e nós falamos assim que cada vez que a atividade disso causar dano a
mim, nós que casamos o dinheiro, (pois é dinheiro de nós todos porque nós é que
pagamos o tributos) nós não discutimos, tiramos uma parte e satisfazemos esse dano
para a vida continuar. Exatamente porque a gente gosta da fazenda pública, porque ela
presta saúde pública, segurança pública, serve para a imprensa malhar e nós também,
isso é da vida, mas é mais ou menos a mesma coisa do que um grande condomínio nesse
sentido.
Então a presunção é relativa de responsabilidade civil contra a AP,
porque em decorrência de tudo isso a AP vai reconhecer a responsabilidade de natureza
objetiva.
para o lesado. Excluiria não excluiria, deixo no pensamento de vocês, depois a gente vai
discutir.
IV - Artigo 37, parágrafo 6º da CF/88.
Tudo isso que eu falei aqui se traduz hoje, no artigo 37, & 6º da CF/88,
que é a norma mais relevante sobre o ponto. Diz a norma: As pessoas de direito público
e as de direito privado prestadoras de serviço público, respondem pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade causarem a terceiros, ressalvados o direito de regresso contra o
responsáveis no caso de dolo ou de culpa.
Eu tenho um período com duas frases, primeira frase as pessoas de
direito público, quais são?
União, Estados, DF e Municípios, autarquias e fundações públicas,
pessoas de direito público.
E as de direito privado prestadoras de serviços públicos, pessoas de
direito privado tanto são físicas como jurídicas. Eu tenho pessoas de direito privado que
vão prestar serviços público, pessoas físicas como leiloeiros, notários, tradutores,
permissionários de serviços públicos podem ser pessoas físicas, mesários em eleições,
jurados, agentes de várias categorias são pessoas físicas, e tenho também pessoas
jurídicas de direito privado prestadoras de serviços público, quais são?
Sociedade de economia mista, empresas públicas, fundações de direito
privado instituídas pelo poder público, prestam serviços públicos como preservação de
patrimônio social, muitas fundações instituídas pelo poder público para preservar
material artístico, mas também concessionários e permissionários de serviços públicos.
OBS: Nem toda sociedade de economia mista é prestadora de serviço
público, quando for, mas toda empresa pública é prestadora de serviço público. Nós
vamos estudar quando estudarmos organização.
A noção de serviço público é importante, e não esqueça nunca que o
artigo 37, parágrafo 6º está no capítulo da AP, e não está no capítulo do poder
judiciário, no capítulo do poder executivo, nem no capítulo do legislativo. Está no
capítulo da AP que é um poder público diverso dos outros três poderes, e não esqueça
nunca que isso está vinculado a expressão serviço público.
Tudo isso que nós estamos falando só se aplica aos serviços públicos
estricto senso, propriamente dito, e nesse caso eu divirjo da obra que eu adoto que é a
do professor José dos Santos Carvalho Filho, ele aplica isso aqui ao poder judiciário, e
ao meu ver me parece absurdo o raciocínio, porque eu estou na constituição, mas tenho
que interpretar a norma no contexto dela na AP
Eu não posso responsabilizar o Estado por danos causado pelo juiz na
sentença, a não ser em uma hipótese que prova o que eu estou dizendo, eu vou
acrescendo a pouca legislação para vocês, artigo 5º, LXXV da CF/88, tanto é verdade
o que eu estou dizendo que o constituinte precisou colocar como garantia: O Estado
indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que permanecer preso além
do tempo determinado na sentença. Fosse verdade que isso abarcaria contra todo e
qualquer poder público não precisaria da norma lá.
Mas eu tenho uma norma na garantias individuais, o Estrado indenizará o
condenado por erro judiciário, só uma hipótese isolada de sentença que causa dano que
é a condenação penal na hipótese de erro judiciário na forma da lei (CPP traz as
hipóteses de erro judiciário).
94
a) Agentes Públicos:
tese esse agente público para manter o veículo em seu poder. Então cuidado com essa
expressão, nessa qualidade.
Mas nesse caso cabe regresso?
Sim, porque ele agiu com dolo ou culpa, assim como no caso do policial
que matou o outro que no mínimo agiu com dolo ou culpa. Excesso na legítima defesa é
discutível, mas regresso caberá.
A arma do PMSP, estava acautelada com ele?
É o que dizia pelo menos o acórdão do Supremo ao descrever o caso, e é
o que constava pelo menos aquele, eu não sei te dizer e a posse era ilícita ou não.
Essa questão importa se a arma é do Estado?
Claro, porque o Estado fornece a arma ao agente. Mas pela maneira que
o Supremo raciocinou mesmo se a arma fosse particular o Supremo diria que quando se
autoriza o policial militar, estará na qualidade de. É claro que é mais tênue do que se a
arma for do poder público, mas ao meu ver mesmo se a arma fosse particular, pela
qualidade do policial militar, eu poderia responsabilizar.
Aqui é o ponto mais tormentoso porque a norma exige que seus agentes
nessa qualidade causem, porque a responsabilidade objetiva se o(s) agente(s)
causador do dano foi determinado.
Para que incida a norma de responsabilização objetiva tem que ter
concretamente a possibilidade que um ou mais agentes públicos, causaram o dano.
Muitas vezes isso é possível, é uma questão de direito processual, porque muitas vezes
também por razões de fato eu não vou conseguir provar, qual ou quais agentes públicos
causaram o dano.
Haverá situações que no concreto eu teria a falta do serviço público
adequado, com indeterminação de agentes públicos que deveriam entrar em atividade e
não entraram levando a causação do dano por falta de serviço.Ex: Eventos da natureza
causando danos a partir de bens públicos, chuva forte enchente na Praça da Bandeira,
que é bem público municipal, desde que eu me entendo prefeito a prefeito, secretário a
secretário, eu ouço dizer, não tem jeito a praça da Bandeira é mais baixa que o nível do
mar, desde que chova forte vai encher, e fica sendo assim. Só que quando enche, carros
são arrastados, pior ainda, pessoas são vitimadas, lojas são invadidas. Nesse caso
responsabiliza a AP Municipal?
Sim, pode responsabilizar, mas não objetivamente, quando essas
situações eventos da natureza partir de bem públicos causarem danos, você pode
responsabilizar subjetivamente.
OBS: O direito privado aplica-se subsidiariamente artigo 186 do CC. A
responsabilidade aquiliana extra-contratual não exclui que as pessoas de direitos
público, de direito privado prestando serviços públicos possam responder
subjetivamente.
Eu posso pretender pelo teor da norma, é pacífico ela não exclui as
pessoas da AP de responder subjetivamente. Então, nesses casos o evento da natureza
causando danos a partir de bens públicos em que a circulação é permitida e as pessoas
sofrerem danos, elas lesadas terão que provar culpa.
A responsabilidade é subjetiva eu vou exigir do lesado que demonstre a
existência de um dever de cuidado da AP como um todo, porque eu não tenho agentes
determinados que causaram prejuízos. Eu tenho bem público causando um dano a partir
de sua má conservação, ou da sua má conformação ao longo de um determinado tempo
99
e a indeterminação do agente. Então o poder público como um todo tem que provar
culpa.
O caso clássico de prova de culpa evidente que a jurisprudência tem
acolhido, se chama buraco na rua, ruína do bem público. Você vem com o seu veículo,
a rua é mal sinalizada e tem buracos, nesse caso se você cair com seu carro, o Município
vai indenizar. Jurisprudência pacífica em matéria de evidência da culpa.
A ruína, o CC atual a ruína da benfeitoria causando danos a terceiros eu
responsabilizo o proprietário, isso vale para bem público. A ruína evidente de um bem
público causando dano há uma presunção de culpa nesse sentido, o buraco na rua há
jurisprudência firme. O que não falta é buraco na rua do Rio de Janeiro.
Nós vamos estudar, não quero ainda entrar em detalhes quando esses
eventos resultam de obras públicas em andamento. Responsabiliza a quem?
O contratado da obra ou o contratante. Existe solidariedade entre eles?
Há litisconsórcio necessário entre eles?
Isso em parte passa pela lei 8666/93 licitações e contratos
administrativos. Pista para você avançar artigo 60 da lei 8666/93, responsabilidade civil
dos contratados. Quando o contrato é de concessão e permissão de serviço públicos
você tem o 25 da lei 8987. Mas só para irem pensando nós não vamos chegar nisso na
aula de hoje.
E as encostas?
Evento da natureza desmoronamento de morros com favelados em
baixo, coisa rara de acontecer no Rio, Petrópolis. Mesmo raciocínio, porque é a ruína do
bem público causando danos, mas eu não tenho agente determinado, é uma hipótese de
responsabilização subjetiva, ninguém vai conseguir dizer que foi o João, Pedro ou o
Manoel que não foi lá, isso é decorrência de uma continuidade de omissão na
conservação de bens públicos que por si mesmo é serviço público, essa situação ainda é
mais interessante, porque vai nos adiantar um pouquinho que é falar em causa
concorrente, concausa em nexo causal.
Mas há uma concausa, há uma causa concorrente, por razões econômicas
financeiras, a situação no Brasil está difícil a população de baixa renda se faveliza em
terreno público perigoso. O poder público tem o dever de exercício de poder de polícia
para preservar o bem público e retirar coercitivamente essa população e não retira.
O prefeito de Petrópolis diz não tenho para onde levar, o MP promove
ação civil pública, obtém liminar lá, eles correm aqui no presidente do Tribunal que tem
laços lá e cansou de suspender liminar obtidas pelo MP junto a excelentes juizes de
Petrópolis. E o prefeito diz: eu não tenho dinheiro e vai deixando ficar lá.
Mas ao mesmo tempo esses que moram lá se colocam em uma situação e
perigo e dizem só saio daqui arrastado, tem causa concorrentes culposas, tanto pelo
Município quanto esses lesados, mas tudo continua sendo no campo da responsabilidade
aquiliana extra- contratual pela indeterminação de agentes.
Outro exemplo, crime de multidão, coisa rara de acontecer em matéria de
camelôs, tranqüilidade que é a convivência entre camelô verso polícia municipal verso
polícia militar. Gentilmente, eles fazem comemorações quebrando vidraças de
comerciantes, resultado falta de serviços de manutenção da ordem pública. Se a polícia
militar não entra em exercício, mas quando eu falo a polícia militar, eu falo de
indeterminação de agentes, então a responsabilidade é também é subjetiva.
Um caso de responsabilidade subjetiva aconteceu no evento
extremamente triste, onde estava terminando São Paulo e Palmeiras de juvenis, o jogo
100
terminou 1x1, o Pacaimbú recém reformado, restos de obras e os torcedores 1000 foram
para os gramados, paus, pedras, e pessoas morreram. Foram deslocados apenas 9
soldados para policiamento, e o evento foi autorizado. Nove policiais é impossível de
conter 1000 pessoas. O Estado de São Paulo vem sendo condenado em responsabilidade
subjetiva, não que aqueles agentes tivessem se omitidos, eles não se omitiram eles
tentaram conter, mas o órgão público como um todo faltou regulamente o serviço para
permitir a realização com menos técnica do que devia, falta de serviço.
Já que estamos nesse campo, suponha um torcedor que não entrou na
briga e tenha encostado o seu carro particular a 4 quadras do estádio, antes de terminar o
jogo saiu discretamente, chega ao local onde estava o seu carro e encontra um espaço,
encontrou um espaço e ele move uma ação contra o Estado de São Paulo, você condena
o Estado?
Vejam que é muito mais fácil condenar o Estado no que aconteceu no
estádio, do que o furto do carro, por quê?
Porque é previsível o evento, regra de experiência centenas de carros são
furtados numa cidade como Rio e São Paulo, mas é exigível que o Estado de São Paulo
evitasse o furto prestando segurança pública?
Não, porque há um limite além do qual que eu não posso falar em
imperícia e negligência, porque há um limite. Porque eu não tenho um agente
determinado, qual é o policial que deveria estar ali? Não tem.
Essas situações de falta de serviço, eu queria chamar a atenção, são
diferentes de eu ter um agente determinado que se omite, aí a responsabilidade é
objetiva. Dou um exemplo da minha vida de promotor: Muitos anos atrás, greve no
serviço de saúde Estadual, estava em andamento o primeiro flagelo do governo Brizola.
Essa greve levou o Brizola a afastar todos os diretores de hospitais, e no decreto ele
dizia a seguinte pérola, o Procurador Geral de Justiça designará um promotor para
acompanhar a administração provisória em cada hospital público durante o período de
greve, e designou um secretário de Estado como diretor de cada hospital público. Eu fui
designado para o Hospital Getúlio Vargas, eu disse que não concordava com aquilo,
pois decreto não pode dar funções ao MP, como eu estava em cargo de confiança eu fui.
Vem o Brizola daquele jeito, uma das pessoas mais inteligentes, em termo de
refinamento de inteligência, na linha política de pensamento dele ele é brilhante e
coerente, foi coerente a vida inteira. Aí ele chega e aqueles médicos falando ao ouvido
dele, vai para dentro do setor de emergência e ele é adorado pelo pessoal da
enfermagem, aquela enfermeira gordona abraçando ele, e aí a televisão quando ele olha
a televisão tinha um baleado, ele logo diz: Olha aqui um baleado e vocês em greve.
Depois de tudo isso ele disse: vou me reunir com o diretor geral afastado, o procurador
geral, o novo diretor do hospital, então eu pensei agora vou conhecê-lo, pelo menos em
quatro paredes vai acabar com o populismo, aí começa a explicar e diz a mesma coisa
que dizia lá em baixo. Aí eu pedi para fazer perguntas sobre tal artigo, qual a sua
intenção em ter um promotor aqui, porque eu não concordo porque a lei é que dá
função ao MP e não o decreto?
Ele disse meu filho, estamos numa situação de greve, e aí chega uma
família com uma mãe doente e morre e um parente mais alterado dá um tiro num
funcionário, tem que ter um promotor. Na verdade ele não tinha a menor idéia do que é
o MP.
Cheguei para o secretário dei meu telefone e disse: se tiver depois algum
caso para eu atuar como promotor você me liga.
101
Três dias depois quando eu pego o jornal, na primeira página: mãe com
recém nascido de 4 dias, vai ao hospital Getúlio Vargas e o bebê com pneumotórax e o
médico pediatra de plantão recusou o atendimento dizendo para ela ir para outro
hospital, porque ali eles estavam em greve e o neném morreu no trajeto.
Importante: O que nós temos aí um agente determinado, nessa
qualidade, se omitindo, deu trabalho e para evitar o inquérito policial o diretor instalou
sindicância e ela identificou regularmente pelo manjamento normal, identificou o
médico pediatra. Eu tenho um agente determinado que por omissão deu nexo causal
( responsabilidade civil objetiva).
O policial que não entra em atividade, o médico que não entra em
atividade. Aí a responsabilidade é objetiva, e se ela causa dano aí ela é omissiva. Essa
ação não precisa ser comissiva ela pode ser omissiva o resto é falta de serviço.
Deu para entender a responsabilidade por falta de serviço, a
responsabilidade aquiliana chama-se falta de serviço. Na hora da prova podem te fazer
pergunta também para falta de serviço também se usa a expressão culpa anônima.
Culpa não sei de quem, pessoa física, no sentido de que a pessoa jurídica como um todo
que age culposamente. Então, culpa anônima é igual à falta de serviço.
No caso da SetRio?
A justiça não tem responsabilizado de indenizar nem subjetiva nem
objetivamente, o que há no caso de estacionamento com vaga certa, autorização de uso,
precariedade ato discricionariedade, você paga o espaço público para estacionar o seu
veículo, você paga pelo uso, você não paga pela guarda. Não há naquela autorização
nenhuma previsão.
E ali não prevê exercício de polícia de segurança em matéria de garantia
de não subtração do veículo. Até porque a SetRio não tem poder de polícia de
segurança, é outra discussão dentro da discussão, quem presta segurança é a polícia
militar estadual.
Então ela não poderia se responsabilizar por um serviço que não é
próprio do município, essa tem sido a resposta, e a remuneração não inclui a guarda do
veículo, inclui a ocupação do espaço.
Eu lastimo, do ponto de vistas moral, a gente vai ao supermercado, nos
shopping, eles responsabilizam porque atrai a clientela, mas em matéria de bens
públicos não.
Queria contar a você um outro caso que há muitos anos se passou, e
responsabilidade que há muitos anos se passou, numa sentença de um excelente juiz
André Gustavo Correia, a hipótese era a seguinte: Penitenciária Lemos Brito, preso
cumprindo pena regularmente, no horário permitido para banho de sol,
comprovadamente não participava de um outro grupo de presos armado com armas de
fogo, pistolas, cerca de quase 20 preparados para fugir, típico fuga armada. sses presos
disparam em direção ao portão da Frei Caneca, mas aí evidentemente disparam para
cessar a resistência contra o pessoal do portão e contra o pessoal das guaritas. Lá de
cima, policiais militares disparam em respostas, um desses tiros atingem esse preso, que
está na linha de fogo, arrimo de família ele morre. Se apreende tanto armas dos presos
quantos a dos policiais e não se comprova de que arma o disparo foi emitido. A mãe do
falecido move ação contra o Estado, defesa do Estado do Rio de Janeiro, não foi
provado que agente público nessa qualidade tenha causado o dano, e realmente não se
comprovou que os disparos tenham saído da arma de policiais. Sentença do Dr. André
brilhante: condeno o Estado diante da litiscontestação, o Estado não nega que o evento
102
ocorreu em decorrência do disparo recebido pelo preso, o Estado não nega que o preso
não deu nexo causal ao evento, porque ele não participava da fuga. Diante da
litiscontestação das duas uma, o disparo que vitimou saiu desse evento ou veio de arma
não apreendida de policial ou saiu de arma não apreendida de preso, em qualquer
hipótese eu condenaria o Estado.
Se veio de arma de policial, cumprido o nexo causal, responsabilidade
objetiva. Se veio de arma de preso, falta de serviço, prova de culpa evidente, preso no
pátio penitenciário armado com arma de fogo, não sei quem e nem sei como de boa –fé,
de má- fé, falta de norma técnica atendida em revista, ou de má-fé, prova de culpa é
evidente pelo fato do porte, caso emblemático para distinção.
Então, você só operará culpa anônima ou falta de serviço se não tiver
agente determinado.
V- Nexo Causal:
Tanto o ente público deu nexo causal, como o particular deu nexo
causal. Então, pode o juiz repartir de acordo com o grau de nexo causal dado pelo
lesado.
Prova da Defensoria Pública, caiu exatamente essa questão com mais
refinamento, e aconteceu mesmo: Via pública aqui no RJ, pista dupla com um canteiro
com árvores para duas pistas, e está lá uma árvore com placa de estacionamento
proibido, João vai lá e estaciona o carro embaixo da árvore com a placa de
estacionamento proibido e vai embora. 15 minutos depois um funcionário de parques e
jardins vem podar a árvore, se pendurou em um galho da árvore que o sustenta e está lá
serrando, mas o galho está apodrecido por dentro, vai sustentando até determinado
ponto, até que o galho se rompe e ele cai em cima do vidro dianteiro, quebrou tudo. O
motorista do carro move uma ação contra a empresa de parques e jardins. Como você
solucionaria?
Responsabilizaria só a parques e Jardins? não responsabilizaria? houve
causa concorrente com refinamento porque o galho estava apodrecido de maneira que a
atividade do agente decorre do fortuito? você exclui Parque e Jardins? Olha só como a
questão é bonita.
A solução dada pela jurisprudência nesse caso é que responsabiliza por
metade a fundação Parques e Jardins e responsabiliza por metade o dono do carro.
Duas causas imediatas e suficientes concorreram, se eu remover o carro
dali o evento danoso não ocorreria, evidentemente com culpa o lesado deu causa ao
evento estacionando em local irregular.
É mais sutil em relação a Parques e Jardins, por causa do fortuito,
poderia é exigível que o funcionário previsse a podridão interna de galho?
Não, não era exigível, mas esse fortuito é o chamado interno, é do riso
administrativo que quando o município plante árvores, árvore é um vegetal finito, então
é do risco da AP quando ela mantém, um bem público dessa natureza que sendo finito
ela vai quebrar. O fortuito é interno.
Na hora da prova a jurisprudência e a doutrina distinguem o fortuito
interno, eu vou explicar o que é isso, para dizer que o fortuito interno é do risco da
atividade administrativa responsabiliza, então ainda que não fosse visível a podridão
pela natureza do bem por ser bem público a sua ruína, ainda que ela decorra de um
fortuito interno responsabiliza pelo dano que causa.
OBS: Se o galho que se rompesse sem o homem e caísse em cima do
veículo, você responsabilizaria o Município, porque decorreu do apodrecimento de um
bem dele causando um dano, olha o CC a presunção de culpa do dono do bem pela ruína
dele.
Da mesma maneira que o fortuito externo pode ocorrer e exclui a
responsabilidade da AP, porque nesse caso não tem relação com o evento novo. Ex:
Motorista policial em cruzamento aqui, só que ele sofre um enfarto cardíaco fulminante
e desfalece sobre o volante, desgovernado o carro bate e causa o dano. O Estado
responde sim, porque é do risco da AP quando entrega a um ser humano veículo para
dirigir. Agora, o motorista vem dirigindo e alguém joga uma pedra para dentro do
veículo e desfalece o motorista, esse evento é externo porque não tem relação com o
serviço que está sendo prestado.
Importante: Só o fortuito externo que exclui o nexo causal.
Difícil a idéia de fortuito interno e externo, mas ela é intuitiva.
104
8ª Aula - 14/06/2003
IV- Algo que também eu não falei para a outra turma mais avançada é a
divergência que existe ainda hoje na doutrina e na jurisprudência, quanto a quem é o
legitimado passivo para responder a ação indenizatória. Porque a norma constitucional
diz as pessoas de direito público e de direito privado responderão pelos danos que seus
agentes nessa qualidade causarem.
A maioria da doutrina e da jurisprudência entende que único legitimado
passivo é a própria pessoa prestadora de serviço público e não o agente, o lesado não
tem ação pessoal contra o agente público nessa qualidade, porque é norma
constitucional.
A divergência resulta, ( a professora Maria Silvia tem pensamento diverso a
isso) de que há um entendimento de que essa norma vem em favor do lesado em
responsabilizar diretamente o Poder Público. Se vêm em favor do lesado, ser o direito
de ação é um direito em abstrato, e se o agente público causou o dano, será possível (diz
106
essa corrente) pretender o lesado obter a condenação da pessoa física que causou o dano
subjetivamente. Responsabilidade aquiliana, extra contratual do artigo 186 do NCC.
É um raciocínio respeitável do qual a maioria não concorda e eu também
não sob dois fundamentos: em primeiro lugar a norma é constitucional, então eu não
posso a pretexto de direito infra-constitucional do direito abstrato de ação no CPC, e no
CC, desrespeitar uma norma que é cogente. As pessoas tais e tais responderão pelo
dano.
A norma não deu escolha, e ao contrário garantiu o regresso do
responsável, e aí o agente responsável quando agiu com dolo ou culpa responderá
perante a AP. A norma é nitidamente de caráter processual de cunho constitucional. Ela
legitima ativamente, legitima passivamente, prevê ação de regresso, prevê a natureza da
responsabilidade e é norma constitucional.
Eu não posso por norma infra-constitucional admitir que o lesado possa
promover a ação contra o agente público abstraindo. Há quem sustente que poderia
mover contra os dois, pelo mesmo raciocínio não é possível.
Em segundo não se trata da norma ser a favor ou não do lesado, em
direito você não pode decidir, porque essa norma é a favor do lesado eu vou aplicar uma
outra norma abstraindo da realidade de uma norma da CF, e repito, é cogente porque é,
responderão, não há nenhuma previsão de litisconsórcio mesmo facultativo, entre a
pessoa do agente e a AP. Há mas isso vai prejudicar por causa do sistema de
precatórios?
Paciência, essa é a Constituição, mas há presunção absoluta de solvabilidade,
enquanto o agente público muitas vezes não terá patrimônio para responder. Vai
demorar, infelizmente nesse país demora muito por causa do precatório, mas a norma
também é em favor pela presunção absoluta de solvabilidade.
Por esse argumento, não seria possível o Poder Público denunciar a lide o agente causador
do dano?
A meu ver, e no da maioria da jurisprudência, a jurisprudência foi
virando e não permitindo a denunciação da lide do agente público, porque a norma diz a
ressalva a ação de regresso contra ao responsável nos casos de dolo ou culpa. Só previu
ação regresso.
A denunciação a lide se daria segundo os doutrinadores de processo
civil, a maioria admite a denunciação com base no artigo 70, III do CPC, que diz: Que é
obrigatória a denunciação da lide sob pena de nulidade do processo nas hipóteses que
por lei ou contrato, o denunciado estar obrigado a ressarcir o prejuízo da parte que
perder a demanda.
Os doutrinadores dizem se a Constituição garante a ação de regresso no
caso de dolo ou culpa temos lei que obriga que esse seja obrigado a ressarcir, portanto é
obrigatória a denunciação sob pena de nulidade do processo. Qual é a razão de ser da
norma?
Porque é inevitável para o denunciado a lide, ele ter de indenizar o
prejuízo da parte que perder a demanda. Por isso ele deve intervir nessa lide,
pretendendo não só se defender daquele que possa perder a demanda, mas produzir
prova em favor dele para que se ele for condenado, ele não venha inevitavelmente ser
obrigado a ressarcir. O que não é verdade, nós já vimos uma hipótese aqui que o policial
militar disparou contra o bandido e atingiu um transeunte, a AP vai indenizar, mas o
Estado não vai conseguir contra ele obter o regresso porque ele não agiu com dolo ou
culpa.
107
9ª Aula
Crimes de Multidão
Aquele brocardo latino, que diz que você não pode exigir em matéria de
direito o impossível, o ato jurídico será ilegal, se o objeto for materialmente impossível,
também em matéria de responsabilidade civil, eu não posso exigir da Administração
Pública mais do que o limite de forças dela permite. Isso em relação a crimes de
multidão.
Eventos da natureza
tinham planejado fuga, raro, ele saem atirando, tomando banho de sol contra os policiais
lá em cima na muralha, policiais militares que responderam os disparos. E ao chegar ao
portão, foram tomando a guarda e saíram pela Frei Caneca a fora.
Não estava esse preso fisicamente entre os presos que estavam
disparando e morre com os disparos, armas são aprendidas, nem todos e não se
consegue detectar que o tiro que ele sofreu emanou de armas de policial.
A mãe move ação, indenizatória contra o Estado. Defesa do Estado não
se comprovou nexo causal, não se comprovou que o disparo emanou de armas de
policial.
Sentença de um excelente juiz Dr. André Gustavo de Andrade, da vara
de fazenda pública, condeno o Estado. Diante da litis contestação de duas uma, ou
emanou de armas de policial ou emanou de armas de preso, se emanasse de armas de
policiais condenaria, responsabilidade objetiva. Esse preso não deu causa ao evento,
terceiros levam que licitamente os policiais se defendessem, e tentassem evitar a fuga
como evitaram, mas ele não participou, não deu nexo causal, responsabilidade objetiva.
Do outro lado, diante da litis contestação, o Estado não exclui então que
o disparo emanou de arma de preso, preso com arma de fogo em penitenciária, diz o
juiz, não sei quem e não sei como, culpa anônima, falta de serviço, ou de má fé ou de
boa fé tecnicamente não realizada a revista regularmente, agente penitenciário de má-fé,
infelizmente acontece. Não sei quem eu tenho um agente indeterminado, mas tenho uma
evidência da culpa.
A falta de revista necessária em presos que estão armados, condeno o
Estado. Deu para entender a diferença? Agentes determinados e indeterminados,
levando a esses casos de falta de serviço.
Nexo causal
Concausa
Fortuito
árvore que supostamente me suporta, mas se ele está podre por dentro é da natureza do
bem que eu estou conservando. Causou o dano vai ter que indenizar. Por isso que é
muito comum queda de árvore causar dano, pode ser da natureza do bem, risco
administrativo.
Linha vermelha, tiroteio entre traficante e traficante, responsabiliza
civilmente o Estado?
Eu posso falar em falta de segurança pública, eu não tenho um agente
causando dano, eu tenho particulares praticando crime de ação pública, e tem que ser
prevenido, porque é crime de ação penal pública e tem que ser reprimido. É possível
responsabilizar o Estado?
Mais uma vez, nós vamos discutir culpa, que o evento é previsível é,
mais do que previsível é regra de experiência. Eu posso exigir que o Poder Público
continuamente evite a prática de crime de ação pública por particulares?
Genericamente eu não posso, há crimes de ação pública que são
praticados entre quatro paredes, a garantia da inviolabilidade o lar em determinado
horário. Crime de ação pública, diz o Estado olha cada caso será um caso.
Nesse caso o evento é previsível e pode ser evitado, o Estado inclusive
está mantendo permanentemente aparato policial na tentativa de evitar. Só que ninguém
poderá ser levado ao impossível.
Vamos supor que reúna, 100 pessoas de um lado com 150 de outro lado a
atirar. Vai se conseguir evitar?
Ao meu ver não.
Outro caso é o caso de bala perdida, bala perdida feriu alguém, o
Estado se responsabiliza?
A meu ver, exigir do Estado que alguém dispare de uma janela a 300 ou
a 200m em diante, é o impossível.
Então, não tem como responder, cada caso concreto será um caso.
Quer complicar um pouquinho mais o caso, para vocês entenderem,
semanas atrás na linha amarela que é concessão de obra pública. Nas ações se busca
responsabilizar os concessionários de obra pública, em decorrência do dano.
No diário oficial de ontem, o MP publicou resenhas jurisprudenciais da
semana passada do STJ, onde o relator Ministro Carlos Alberto, em relação à
responsabilização civil objetiva do concessionário de obra pública, com base no CDC,
afirmando que há relação de consumo quando eu uso uma auto estrada, uma via Dutra,
uma ponte Rio- Niterói, há relação de consumo e responsabilidade civil objetiva.
Há animal na pista, caso que eu atuei agora, como procurador na terceira
câmara cível que julgou e condenou a Via Lagos, por manter animais na pista e causar
dano a veículos. A responsabilidade civil objetiva relação de consumo, tanto no CDC,
tanto pelo artigo 25 da Lei 8987/95, que é a lei de concessões e permissões de serviços
públicos que tem norma coerente com o artigo 37, responsabilizando objetivamente o
concessionário de serviço público, o permissionário de serviço público, o
concessionário de obra pública, de indenizar esses casos de relação de consumo.
Semana passada eu estava atravessando a Ponte Rio-Niterói quando
vinha um carro dirigido por um motorista embriagado. Eu avisei no pedágio, eles me
informaram que já vinham o monitorando. Se ocorresse o dano eu poderia
responsabilizar a concessionária da ponte?
A meu ver, não, se poderia nesse caso responsabilizar a concessionária,
porque ela é concessionária da obra, mas você mesma disse que ela só tinha o dever de
118
Dano
Terminamos aqui o nexo causal para ir para o terceiro item que é o dano,
muito mais civil e processual civil, porque não há norma específica de direito público
sobre esse terceiro elemento da responsabilização.
Você vai trabalhar inteiramente com o que você estuda em direito civil e
processual civil, quanto à comprovação e a liquidação do valor do dano.
Não há norma ou lei administrativa e de direito público quanto à
liquidação, portanto, valor do dano se dá conforme o CC anterior e atual aplicando as
normas cabíveis de acordo com as datas dos eventos, juros de mora, juros
compensatório.
Sendo ilícito o ato que decorreu a responsabilização objetiva, também os
juros compensatórios contados da data do ilícito, também aquelas taxas indenizatórias
contra a fazenda Pública de 6% ao ano.
A Lei 9484 que introduziu o dispositivo por medida provisória,
infelizmente uma colcha de retalhos, fixou em cinco anos o prazo prescricional das
ações de responsabilidade civil contra as pessoas da Administração Pública.
Há quem discuta a constitucionalidade da norma, não há decisão a esse
respeito ainda, mas é uma MP inserindo um artigo tal letra à Lei 9484, definindo em
cinco anos o prazo prescricional nesses casos, porque se discutisse em vinte anos a ação
121
Dano moral
Direito de regresso
Denunciação a lide
Poder judiciário
Ato do legislativo
10ª Aula
naquilo que for coerente com a Lei Federal. Então haverá legislação estadual e
legislação municipal (eu estou dizendo isso, porque se o candidato for fazer concurso
para procuradorias, há lei específicas e eu não tenho tempo para ver as leis do Estado do
Rio de Janeiro e do Município do Rio de Janeiro, não cai em concurso para a Defensoria
e para o Ministério Público, Magistratura, mas tem que se preocupar com isso e alguns
aspectos eu vou mencionar durante as aulas).
OBS: Dar uma lida também no artigo 175, da CF/88, porque faz parte do
ponto contrato administrativo, conforme eu costumo estudar nas turmas as concessões
e permissões de serviços públicos e as concessões e permissões de obras públicas. O
artigo 175 é crucial para essa área.
Há três leis mais relevantes nesse ponto de licitações e contratos. São
elas:
A lei 8666/93, a lei 8987/95 e a lei 10.502/02.
A lei geral, Lei 8666/93, é chata, mas, tem que ser lida do princípio ao
fim, quem sabe bem o texto da Lei 8666/93 leva muita vantagem, o ponto é muito
perguntado em concurso público. A Lei 8666/93 é muito extensa, são cento e tantos
artigos é muito extenso, mas tem trechinhos que vão resolver as questões de prova.
Enfrentem a chatura que é e leiam a Lei.
A Lei 8987/95 de concessões e permissões de serviços públicos e de
obras públicas, ela regulamenta o artigo 175. Enquanto a Lei 8666/93 regulamenta o
artigo 37, inciso XXI, da CF/88, a Lei 8987/95 regulamenta o artigo 175, da CF/88,
menos extensa, mais bem elaborada, chata também, mas importante e tem que ser lida
com algum cuidado certos dispositivos, vou chegar a Lei 8987/95 depois que eu
terminar licitações e contratos, mas já estou avisando.
E ainda em licitações e contratos da lei do pregão que é uma das
modalidades de licitação que é a Lei 10502/02, que se encontra em qualquer livro de
legislação, no Luiz de Oliveira Castro tem, lei especial trata especificamente de uma
modalidade de licitação, não é uma lei geral como a Lei 8666/93, mas se cair pregão na
hora da prova você já sabe que tem que ter lido e aplicado à Lei 10520/02 naquilo que
for coerente com a lei geral, mas como é lei especial e posterior para o pregão vale a lei.
Nós vamos trabalhar de três a quatro aulas no ponto que é extenso e
importante, estaticamente é o ponto que mais cai em concurso público, se não cair na
prova geral, cai na prova específica, até para concurso de delegado de polícia, não sei o
que delegado de polícia tem haver com licitações e contratos, mas perguntam muito
para delegado de polícia, quanto mais para juiz, promotor e defensor que lidam mais
com isso.
LICITAÇÕES PÚBLICAS
Noção: Não vou dar o conceito, mas a noção básica: De que licitação é
um procedimento administrativo, vinculado e formal, que tem por finalidade a escolha
da proposta mais vantajosa para o interesse público de realização do objeto de uma
futura contratação ou outra espécie de ajuste entre a Administração Pública e o autor da
proposta para esta realização. Notem que eu fui extremamente abrangente
propositadamente, só falei em contratação ou outra espécie de ajuste. Por quê?
Cuidado: A licitação não levará necessariamente a um contrato
administrativo, ela poderá ser necessária para se realizar um contrato não
administrativo, um contrato do direito comum, do direito privado que a Administração
130
Pública seja parte, está na própria Lei 8666/93, a gente começa com a exceção para
entender, o próprio artigo 17 da lei diz que é obrigatória a concorrência uma modalidade
licitação, para a Administração Pública alienar o bem público imóvel. Então, o imóvel
público para ser vendido para o autor da proposta mais vantajosa, o preço para comprar
será escolhido por concorrência, e no entanto, a escritura pública de um contrato de
compra e venda não é um contrato administrativo, tá falado? Mesmo porque quando a
gente for estudar contrato, mas todos os contratos de alienação de bens públicos, não
são contratos administrativos e vai haver licitação.
Mais abrangente ainda, eu vou dizer outra espécie de ajuste que muitas
vezes se realizará licitação para não contratos, nem para contratos de direitos privado,
exemplo, a gente vive na cidade do Rio de Janeiro, tem muitos quiosque, na orla
marítima na lagoa Rodrigo de Freitas, são bens públicos que são ocupados por
particulares por permissão de uso e permissão de uso não são contrato administrativo, e
no entanto, para se aferir quem pagaria o maior valor da taxa se realizou licitação, o
valor da taxa pela permissão do uso do quiosque, aquela permissão de uso resultou de
uma licitação.
Importante: Então cuidado temos licitação até para atos administrativos
negociais, toda vez que onerosos, pode acontecer também, o que eu estou dizendo está
lá nas disposições finais e transitórias da lei 8666/93, salvo engano artigo 116 ou 119, o
que ali está dizendo é o seguinte: pintou grana de alguma maneira para sair ou para
entrar no cofre público licita, não interessa se é contrato ou se não é, para qualquer
espécie de ajuste com terceiros, envolvendo o interesse público realiza licitação.
Por outro lado uma noção importante também que é uma exceção, eu
logo cedo começo com exceção, porque concurso público é feito disso, eu fico
preocupado de lembrar aos alunos isso: nem a toda licitação sucede um contrato
administrativo, e nem a todo contrato administrativo antecede uma licitação.
Também cuidado com isso. Não é porque o contrato é administrativo que houve uma
licitação, pode ter havido, por quê?
Porque você já leu o artigo 37, inciso XXI, da CF/88, princípio licitatório
(do artigo 37 até o artigo 42 tem que saber tudo, o resto da constituição pode dar uma
lida, mas do 37 ao 42 é o capítulo da AP, tem que saber de tudo) começa com uma
ressalva: “ ressalvado as hipóteses previstas na legislação, as obras, serviços, compras,
serão contratados mediante processo licitação”.
Exatamente pela ressalvas é que pode não haver processo de licitação e
pode haver contrato administrativo. Contrato de obra pública é tipicamente contrato
administrativo, nós vamos ver depois porque, e muitas vezes pode acontecer dispensa de
licitação e inexigibilidade de licitação na forma da lei 8666/93. Tá isso é algo básico
também, apesar de se estudar licitações e contratos administrativos, uma
necessariamente não remonta na outra.
Quando se diz proposta mais vantajosa para o interesse público, é que o
objeto da licitação será sempre o interesse público, o que se vai aferir, apesar de ter um
interesse privado legítimo do licitante que será o vencedor ao auferir lucro com aquela
atividade, o critério de vantagem não é obviamente esse para ele, mas sim de vantagem
para o interesse público, e por quê?
Porque objeto para licitação tem sempre o interesse público primário, o
interesse público essencial e qual é a importância do objeto da licitação ser tão
enfatizado?
131
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS:
Princípio da isonomia
mas quanto mais igualitariamente se tratar os licitantes mais próximo da verdade real
nós estaremos de se obter a proposta mais vantajosa.
Helly Lopes Meirelles, tem umas coisas geniais, e ele dizia que isonomia
não era um fim em si mesmo porque a isonomia busca garantir é a universalidade maior
possível da licitação. A licitação é pública no sentido de chamar o mundo a participar
dela. Nesse sentido toda licitação é internacional, se a gente pensar licitação
internacional porque permite empresas estrangeiras participar, se a empresa estrangeira
for sediada no país pode participar de qualquer licitação, mesmo que ela seja estrangeira
e sediada no estrangeiro, mas que tenha uma filial aqui, se ela é regularmente
estabelecida, a licitação é universal ela pode participar.
A licitação é internacional no sentido da publicidade que se dá no
exterior, mas ela é universal exatamente porque a isonomia é o meio de garantir a
universalidade, porque quando mais certeza os interessados tiver no tratamento
isonômico, mais interessados comparecerão, quanto mais interessados comparecerem
mais universal será a licitação, quanto mais proposta houver, mais certeza eu tenho da
verdade real de obter a proposta mais vantajosa.
O princípio da verdade real é um princípio importantíssimo em direito
administrativo em vários campos, e na licitação também, então aparentemente se dirige
aos licitantes, mas na verdade ele busca a atender ao interesse público, isso é óbvio. Se
eu quiser comprar uma geladeira e for a três lojas escolher, eu vou atender ao critério de
menor preço, uma delas, dez dias depois eu passo numa quarta loja que eu não fui,
numa quinta, numa sexta e arranco os cabelos porque tinha muito menor preço lá. Claro
quanto mais proposta tiver, mais certeza eu tenho do menor preço que eu vou ter pela
proposta mais vantajosa, porque busca a universalidade, igualdade de tratamento.
Peço a leitura do artigo 3º, porque a lei é muito casuística, para garantir a
isonomia, em várias hipóteses dos parágrafos do artigo 3º, isso fica evidente, não é
meramente programático não, tem situações concretas escritas nos parágrafos, e aí a sua
leitura é insuperável diante do princípio da isonomia.
A doutrina diz, Helly Lopes Meirelles diz, que bastava o princípio da
isonomia, que todos os demais princípios decorrem do princípio da isonomia. Princípio
da vinculação ao ato convocatório.
Segundo princípio específico da licitação a doutrina chama de vinculação
ao edital e a lei chama de vinculação ao instrumento convocatório, e a lei tem razão
porque há uma modalidade de licitação que não há edital, que é o convite e nós vamos
ver depois, mas é a mesma coisa, vinculação ao edital e ao ato convocatório.
O que é edital?
Estou perguntando para a turma, eu já falei de edital para a turma dando
aula. O que é substancialmente o edital? É um ato administrativo, é um contrato
administrativo, qual é a natureza dele?
É um ato. De que espécie? Ato administrativo, mas de que espécie?
Aquela primeira classificação que nós vimos: ordinatórios, negociais,
normativos, punitivos, enunciativos.
É um ato normativo, assim como o regulamento de concurso público é
um ato normativo, o edital diz Helly Lopes Meirelles com a genialidade dele, edital é a
lei interna da licitação, eu nunca vi definir com tanta concisão e brilho, como Helly
Lopes Meirelles fez, edital é a lei interna da licitação, não é lei formal, mas é um ato
normativo, vai valer como lei ali, aí a vinculação ao edital.
133
superpõe, ela revoga normas edital parcialmente e edita novas normas no lugar dessas,
ela vai gerar efeitos pela revogação dela mesmo em diante, nós estudamos revogação de
atos administrativos.
Então se os atos posteriores houverem sido praticados de acordo com o
edital anterior, terão que ser refeitos. Ex: Se mudou o critério de julgamento e chamou
para julgamento, ela vai ter que chamar novamente, ela vai republicar o edital e permitir
nova habilitação, porque há pessoas que não vieram por aquele critério, mas que viriam
pelo outro. Então ela pode ser modificada o edital evidentemente, respeitando os efeitos
da revogação para o prosseguimento da licitação.
Aliás, eu falei da revogação de um ato do procedimento, mas o
procedimento como um todo pode ser revogado, ele é vinculado e formal a sua
realização, mas na sua existência ele não é, ele é discricionário. E por que ele é
discricionário?
Porque a AP realiza uma obra pública, compra material, contrata serviço
de terceiros, implica numa atribuição discricionária, ela pode fazer por ela mesma. O
Município pequeno pode ter engenheiro, carpinteiro, pedreiro e fazer uma rua com o seu
próprio pessoal, não está obrigada a contratar as empreiteiras de obras. É uma decisão
discricionária. Qual é a importância disso?
Importante: Que o procedimento como um todo pode ser revogado, até
com o aperfeiçoamento do contrato, cuidado com isso, assim como eu posso revogar o
edital, eu posso mesmo tendo recebido propostas, mesmo já tendo julgado as propostas,
eu posso revogar a licitação, e por isso que a licitação tem prazo de validade, assim
como concurso público, porque o licitante vencedor tem expectativa de direito de
contratar com a AP, e não tem direito adquirido e não pode compelir a AP de contratar
com ele, mas se contratar terá que ser com ele, terá que convocar, e claro se ele não
comparecer vai sofrer as sanções como se contrato houvesse, mas ele não tem como
compelir a AP a contratar com ele. Ela pode revogar a licitação mesmo já concluída a
licitação, outro ponto fundamental, voltando a noção, porque eu esqueci de dizer isso.
O contrato não entrega a licitação, o contrato como muita gente pode
pensar definitivamente, que o ato final da licitação é a assinatura do contrato, não é. O
contrato não integra a licitação, o ato final da licitação, como eu disse, é a escolha da
proposta mais vantajosa. Mesmo realizado isso, escolheu o licitante vencedor e operou,
diz a lei, a adjudicação.
O ato de julgamento é um ato complexo que inicia com o julgamento
pela comissão de licitação, diz a lei, a autoridade que nomeou a comissão de licitação
homologará e aí praticará um ato composto o ato de julgamento pela comissão, e
praticará o ato de adjudicação daí ser complexo. Adjudicará ao licitante vencedor a
possibilidade de vir contratar com a AP a realização daquele objeto. Mesmo realizado
isso, a AP pode revogar a licitação dentro do prazo de validade.
Importante: Só não poderá revogar a licitação se já firmou o contrato,
porque aí sim, para a legalidade do contrato quando é caso de licitar a Administração
não pode fazer um juízo de conveniência e oportunidade e revogar o contrato. Uma vez
aperfeiçoado o contrato a licitação se torna irrevogável.
Pergunta. Eu não me lembro onde li, mas seria que esse verbo revogação
não caberia em procedimento licitatório?
R.: Eu estou tentando lembrar onde li, para te dizer, eu já li isso em
algum lugar, mas está errado, até por isso nós já lemos mas está errado, a palavra
revogar tanto se refere a atos como a procedimento, no caso eu posso revogar o
135
procedimento como um todo, eu não vou revogar ato por ato, eu revogo a licitação, eu
revogo o concurso público, o que eu estou revogando é a decisão como um todo de
realizar a licitação, entendeu? Aí eu desfaço a licitação revogando ela como um todo. É
claro que muito mais usual no dia a dia, eu revoguei aquele ato, mas não é errado dizer
que eu revoguei o procedimento. Tanto que nem se você olhar, eu costumo dizer que a
minha aula é dada do ponto médio da doutrina e jurisprudência, alguns pontos de vistas,
porque na hora da prova o bom senso tem que prevalecer, e aí tem muitos casos de
revogação do procedimento como todo, o concurso foi revogado a licitação foi
revogada.
Então, eu dizia nesse sentido uma coisa que demonstra o que eu acabei
de falar são os artigos 49 e 59 da lei, no sentido de que o contrato não integra a
licitação, a licitação é requisito de legalidade para a contratação, porque os dois
dispositivos somados deixam claro que a nulidade, tem norma expressa, que a nulidade
da licitação induz a nulidade do contrato. Tanto são diversos e a licitação não inclui a
contratação que houve necessidade de uma norma, (a nulidade da licitação induz a
nulidade do contrato), o contrato pode não ser nulo em si mesmo, mas se nula a licitação
contamina o contrato, porque é requisito para poder contratar a realização legal da
licitação.
Mas o contrato é uma coisa e licitação é outra, e o ato final, repito, do
procedimento licitatório é o julgamento que se compõe de um ato composto mais a
adjudicação, daí um ato complexo, termina a licitação com a adjudicação.
Helly Lopes Meirelles chega a dizer, e usa o termo: revogada a licitação,
nesse caso já adjudicado o objeto, a AP está obrigado a indenizar o licitante vencedor
não porque ele deixa de lucrar por uma contratação que não existirá, ele teria lucros
cessantes, mas dos custos que ele incorreu para participar da licitação, exatamente pela
distinção entre licitação e contrato.
Ao licitante vencedor adjudicatário, revogada a licitação, tem direito a se
indenizar, repito, muitas vezes ele incorrerá em custos pesados, o edital pode ser tão
extenso que a AP cobre taxas para fornecer cópia do edital, a elaboração de plantas, a
expedição de certidão, tudo isso será indenizado, mas só os custos que incorreu não
mais do que isso, não lucro cessante ou qualquer perda pela não contratação. Só o
licitante vencedor, só ele, não os demais, é ônus de quem participa dos procedimentos
revogados. Esse licitante vencedor, a AP se não realizou prova, se não incorreu em
custos, devolverá as taxas de inscrição para um concurso, já recebidas, mas se ela
incorreu em custos, ela não restituirá.
E se antes de julgar as propostas a AP revogar a licitação?
Ninguém será indenizado, ônus de quem participa, prevalência do
interesse público, você vai sempre ouvir isso, não há indenização nesse caso, a AP não
se vincula porque pratica atos com procedimento vinculado, por quê?
Porque ele é discricionário, em geral, eu posso fazer um outro juízo de
conveniência e oportunidade, dói eu sei que dói em alguns aspectos morais, mas no
aspecto legal não.
No regulamento do decreto lei 245/98, se ela convida as empresas a
participar desse procedimento, e no meio do procedimento ela encerra, existe a
possibilidade de reclamar perdas e danos?
Veja, nada impede que a AP, ela em si mesmo por ato normativo preveja,
mas a legislação, você falou em decreto, mas na legislação, decreto é ato normativo,
mas na legislação em si mesmo não há nenhuma previsão de indenização, exatamente
136
FASES DA LICITAÇÃO:
Feito esse edital para iniciar o ato externo, quais são as sub-fases
seguintes a fase de publicação do edital?
Habilitação, propostas, e julgamento. Aqui termina a licitação, vou ter
atos administrativos em relação à habilitação, sub-fase da habilitação, vou colocar o
recebimento de proposta mesmo antes do ato de julgamento, e o próprio ato de
julgamento com a adjudicação, isso completa a fase externa.
A distinção entre as modalidades vai estar aqui, quanto a forma de
habilitação, de realizar a sub- fase de habilitação, e aí eu vou distinguir modalidades de
licitação. Isso é uma discrição muito genérica da fase interna e da fase externa da
licitação.
Importante: Modalidades de licitação, hoje são 6 (seis), temos 5 (cinco),
repito, na lei 8666/93:
1- Concorrência;
2- Tomada de preço;
3- Convite;
4- Concurso;
5- Leilão, e agora, temos com a lei 10520/02, a sexta modalidade que é
o pregão.
Modalidade de licitação é espécie do gênero, licitação você vai ver várias
vezes a expressão na lei licitação, e várias vezes a indicação dessa ou daquela
modalidade, há casos que como é que se escolhe?
O objeto isoladamente ou o objeto e preço conjugadamente. Às vezes o
simples objeto vai definir a modalidade de licitação, e às vezes é ele conjugado com o
preço, por quê?
Se eu for ao artigo 22 da lei 8666/93, duas modalidades estão
conceituadas de acordo com o objeto, leilão e concurso. Concurso o objeto obriga a
julgamento subjetivo, critério de julgamento subjetivo, a natureza do objeto pré
determina, em geral artes, tudo que eu tenho que julgar subjetivamente leva a concurso
do objeto que predeterminou. Leilão ele existe para alienar bem público imóvel, é da
essência do leilão que ele exista para alienação onerosa de bens públicos móveis.
Conceito também do artigo 22, agora se eu for ao artigo 23 eu tenho aí 90 % da
realidade dos casos de licitações, a norma diz para compras, serviços, obras, e portanto,
conjugando três tipos de objeto até determinado preço, convite. De tal preço a tal preço,
tomada de preços. Acima de tal preço concorrência.
Então eu conjugo, obra serviço e compras objeto a preço. Que preço é
esse?
Aquele preço presumido, além de ter servido para a proposta de controle
legislativo da atividade administrativamente previamente, o preço presumido ele é
relevante para a escolha da modalidade de licitação pública. Obras, serviços e compras
respondem por 95% da realidade de licitação no país. E aí é sempre a aplicação do
artigo 23 da lei 8666/93.
Em relação ao pregão, a escolha é sempre se dá exclusivamente pelo
objeto, para você ter uma idéia da enormidade do âmbito do pregão, ele pode substituir
qualquer um dos: concorrência, tomada de preços, convite para serviços e compras.
Para a aquisição de bens e prestação de serviços em favor da AP lei
10520/02, desde que esses bens e serviços sejam comuns, e aí eu vou dar uma dica para
vocês lêem depois para fixar, poderá ser discricionariamente pela AP decidida a
realização de pregão ao invés de concorrência ao invés de tomada de preço, ao invés de
142
convite. Leiam o artigo 1º da lei 10520/02. Para a aquisição de bens e serviços comuns,
poderá ser adotada a modalidade pregão que será regida por essa lei. O que é bem e
serviço comum?
O parágrafo primeiro trás uma enormidade: “considera-se bens e serviços
comuns para fins desse artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade podem
ser objetivamente definidos no edital por meio de especificação aos usuais no mercado.
Por mais que eu pense desde de 2002, eu não consigo chegar a um bem que não seja
capaz de ser definido por padrão de desempenho e qualidade por suas especificações
usuais no mercado.
Eu descrevo qualquer bem, qualquer serviço por esse critério, então
serviços e compras, aquisição de bens, tudo se inclui na modalidade pregão. Então 90%
das administrações, pela agilidade do pregão, muito maior do que o procedimento nessa
fase externa das concorrências, tomadas de preços e convites, é o que a realidade vem
demonstrado a quantidade de pregões que vem sendo realizado e intensidade, eu ainda
não vi perguntado em concurso aqui no Rio mas vai cair, daí a necessidade de você dar
uma lida na lei 10520/02. Isso então fase interna e externa da licitação.
Modalidade de licitação aqui explicando como é que se faz a escolha e a
diferença entre elas, se é na habilitação que eu diferencio quais são as diferenças?
Você vai ver o que eu estou falando, lendo os parágrafos do artigo 22 da
lei e lendo a lei 10520/02. Em resumo a diferença está na simplificação da fase de
habilitação. Desde a concorrência que a habilitação é plena, é individualizada para cada
interessado, até o leilão em que a habilitação não existe. Não é à toa que a lei fala nessa
ordem,concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão. É porque vai se
rarefazendo a fase de habilitação de cima para baixo.
É que para de participar de concorrência cada interessado tem que
individualmente apresentar a comissão de licitação para julgamento comprovação de
sua capacitação técnico-profissional, jurídica, econômico-financeira, comercial de
realizar conforme critérios objetivos, se for o licitante vencedor o objeto da licitação.
Se for contratado, por exemplo, uma obra pública de 20 milhões de reais
para ser executada em um ano, está executando há 3 meses plenamente adimplente da
execução, e foi lançado um outro edital de obra pública com preço presumido de 1
milhão, ele está executando e foi habilitado pela administração anterior, licitante
vencedor, ele não pode falar: você já me conhece vai lá e verifica, ele vai ter que
especificamente comprovar como qualquer um interessado, ali e se submeter ao
controle. Eu costumo brincar como Vinícius de Moraes e dizer Deus vai ter que descer
ali, reconhecer firma em cartório e provar que existe para poder participar de
concorrência.
Individualmente a fase de habilitação é plena, vai se rarefazendo essa
exigência, tomada de preço, convite, concurso e leilão. Na tomada de preço uma
palavra, a lei vai prever que existem cada APO, federal, estadual ou municipal formas
de cadastro, tipos prévios de serviço de cadastros de interessados em participar de
futuras licitações, que são realizadas em tal quantidade por causa dos preços
presumidos, que ao invés, a lei politicamente decide, de forçar que cada interessado
individualmente a requerer e comprovar naquele processo individualizado capacitação
para se habilitar, e previamente a isso, muito antes da realização ele se dirige a um
órgão da administração, estadual municipal, federal que regido por lei própria e diante
de determinados objetos faz exigência em tese da capacitação a ser demonstrada.
143
11ª Aula
forma que constatamos que isso é um leilão ao inverso. Há uma proposta vencedora e
esse grupo disputará entre ele.
Isso me parece inteligente, porque evidentemente é negócio, porque o
interesse privado é legítimo, faz a proposta e se ela não for vencedora por qualquer
razão, fica esgotada a sua chance e o julgamento é instantâneo. Aqui não, no pregão o
famoso interesse público, vou repetir é o menor preço, as leis do mercado tendem a
funcionar mais ainda, ou seja, se eu sou capaz de vender por R$ 98,00 fiz a proposta por
R$110,00, sou capaz de lucrar mais, eu vou poder participar do pregão e na segunda
fazer vencer aquele pregão.
Se não houver no mínimo três propostas superiores até 3%, o pregoeiro
poderá tomar três proposta ainda que superior a 3% para participar do pregão, e aí, da
mesma maneira proceder da forma acima.
Pregão é pura e simplesmente isso, e aí voltando a licitação:
Licitante Vencedor:
realizar, a lei está permitindo que não realize, a hipótese é que tanto pode quanto não
pode é o caso da licitação ser dispensável.
Hipóteses mais evidentes, o rol é enorme, a leitura na hora da prova,
quando você tem certeza não precisa consultar a lei, se você lê a lei só na hora da prova
é mais difícil.
A primeira: Hipóteses vão dizer respeito ao valor, aquele valor coletado
internamente, presumido para o objeto da licitação, na fase interna, uma vez feito o
projeto base, a AP vai avaliar em tese o objeto, coletando preços e registro de preços,
para fazer uma avaliação presumida de preço, isso vai ter efeito, porque vai lá no
projeto da lei orçamentária, a casa legislativa, congresso, câmara de vereadores,
assembléia legislativa, vai fazer o processo legislativo para aprovar a inclusão daquele
projeto básico na lei orçamentária para a licitação no exercício seguinte, isso é feito pelo
preço presumido, e vai constar da lei orçamentária que pode arbitrariamente reduzir o
valor e até aumentar o valor. Há um controle legislativo muito grande, nesse momento
da elaboração da lei orçamentária, mas feito isso, nós temos um valor, a lei
orçamentária existe, e temos um valor, e a lei obviamente, e o que mais fazemos na
nossa vida particular, o valor pode ser particularmente tão baixo que o custo da licitação
e para obter economicidade o custo da licitação é superior a economicidade que ela vai
obter.
Se eu quiser comprar uma geladeira, vamos supor que aqui no RJ custe
R700,00 e em Porciúncula custe R$ 600,00, se eu pensar eu não vou comprar, porque se
eu perguntar quanto que é o frete, será de R$ 300,00, então o custo diante da economia
que eu faço, será maior. A mesma coisa que a licitação, o que eu vou gastar
movimentando pessoal, etc. A lei diz até tanto, a AP pode tornar a licitação dispensável,
exatamente porque ela vai gastar mais para fazer, do que a economia que vai realizar.
Segunda Hipótese: Hipóteses mais conhecida são aqueles casos
emergenciais, estado de calamidade pública, necessidade de alimentar pessoas,
necessidade de realizar saúde pública com remédios e medicamentos, nessas situações
emergenciais de preservação de bens públicos, muitas vezes o chefe do Poder
Executivo, declara por decreto, estado de calamidade pública, um dos efeitos é esse
tornar dispensável a licitação, pode haver disputa, para fornecer remédios, abrigo,
hospital, pode levar isso 5 meses, mas o flagelado está ali diariamente, então o valor
mais relevante na licitação é o dinheiro e aqui é a vida, preservação de bens que
necessita emergencialmente de socorro e nesse caso a AP pode tornar dispensável.
Importante: Merenda escolar, pode se tornar dispensável naqueles casos
que fraudulentamente a autoridade propositadamente a tempos não realiza a licitação,
para continuação de fornecimento de merenda escolar. Então vem lá o fornecedor,
fornecendo merenda escolar, alimentação para preso, e aí AP ao não promover a
licitação, coloca na situação emergencial da contratação do mesmo licitante vencedor,
mesmo nesse caso, praticado a fraude, a lei pela superioridade do interesse da criança
diariamente comer merenda escolar, admite que seja dispensável, vai responsabilizar
civilmente, administrativamente, criminalmente os responsáveis pela não licitação, o
que você não pode é interromper o fornecimento, exatamente pelo valor mais relevante
que é alimentação para o dia a dia de presos, doentes, e crianças na idade escolar,.
Terceira: Uma outra situação importante em licitação diz respeito à
imóveis cujas características se amoldem especificamente a necessidade da AP, para
fins locação, ou para fins de compra, isso não é raro acontecer. Há determinadas
características, dentro da AP que implicam interesse dentro daquele determinado
149
imóvel, seja por sua capacidade de área, seja por sua proximidade em relação atividade
para eficiência daquele órgão de administração, de maneira que a preço médio de
mercado, será dispensada a licitação, porque ainda que possa haver a disputa há um
interesse acentuado de que aquele imóvel venha atender aquela finalidade de interesse
público.
Durante longos anos, e não é raro isso, juiz briga com promotor e
promotor briga com juiz, em comarca do interior, primeira providência que o juiz faz.
Promotor fora do gabinete estou lhe despejando do gabinete. Aí o promotor: Eu preciso
trabalhar, a sala é do MP. Aí o juiz tem razão, apesar do MP ocupar, a sala é do poder
judiciário, e nós estamos deixando vocês ficar aí, eu tenho promotor sendo despejado
mesmo, situação concreta.
Até que eu falei, eu não vou ficar ouvindo rumores de promotor brigão,
como o juiz, chega vamos ter as nossas sedes perto dos foros, e aí o MP começou um
processo lento para compra e locação, para abrigar todos os órgãos de execução em
atividade junto aquele foro, aí gera-se um problema, porque o MP é intimado com a
entrega dos autos com vista, os processos vêm em mãos, e por isso esses imóveis tem
que ficar próximo, para facilitar a rotina, você tem que ir e vir. E aí demonstrado que a
aquisição se dá a preço médio de mercado se dispensa a licitação.
Criação do batalhão da polícia militar, o espaço que é necessário
estrategicamente de acordo com a sua localização, pode indicar a possibilidade de
dispensa da licitação.
Não seria o caso de inexigibilidade?
Eu entendo a sua pergunta, na verdade não, porque em tese pode haver
imóveis similares na região, e aí a disputa é viável, então, na cidade do Rio de Janeiro,
eu posso ter imóveis a 1 Km do foro, e para oeste, e posso não ter percebido que tenho
um imóvel a 1 Km do foro para leste, com as mesmas características. Aí a disputa é
possível, e mesmo que a disputa fosse possível, se aquele imóvel se amolda a licitação é
dispensável. Em tese eu posso ter disputa?
Posso. Eu posso ter um conjunto de salas, na av. Rio Branco próximo ao
foro e posso ter uma na presidente Wilson, e aí a distância é a mesma, eu só não
descobri que tinha um na presidente Wilson disponível.
E se houver um único imóvel que for adequado e o vendedor não quiser
vender?
Desapropria, a única solução seria a desapropriação, aqui nesse caso, a
licitação é para adquirir, tem que ser voluntária, e se ele não quiser vender desapropria.
É mais lenta e é exatamente por isso que a AP vai se valer da licitação, porque ela sabe
que se não chegar em acordo no valor da indenização tem que ajuizar, e aí não dá. Mas
licitação é assim, se não quiser não dá, pode ser uma licitação para locar imóvel, se não
quiser locar, ou senão quiser vender o único instrumento que eu conheço é a
desapropriação.
Segurança nacional há um tipo de dispensa de licitação, que diz que é
dispensada a licitação, quando por decreto do Presidente da República, for comprovada
que a realização da licitação pode ferir a segurança nacional, sendo esse decreto
aprovado pelo conselho de segurança nacional, pode-se dispensar a licitação. Essa
hipótese ficou famosa com o projeto SIVAM, sistema de vigilância da Amazônia legal,
só agora, no final do governo Fernando Henrique, todo mundo leu nos jornais
inauguraram, iniciaram a sua atividade.
150
quem susta diretamente é o Congresso Nacional. É claro que a própria União pode
sustar o contrato, mas ali não interessava ao ministro controlar na época isso. Então, foi
o Congresso sustou e instaurou uma CPI e aí lembrar na hora da prova do projeto
SIVAM.
E aí esse artigo 26 da lei 8666/93 essa decisão que dispensou ou tornou
inexigível a licitação é encaminhada ao Tribunal de Contas, que exerce o controle caso,
a caso, estadual, federal. É tipo penal fraudar dispensando indevidamente ou declarar
inexigível a licitação, é tipo penal na própria lei 8666/93. O artigo 26 é importante por
causa disso.
Importante: Há outras hipóteses também de licitação dispensável, e em
outras palavras, diz respeito ao uso contínuo de alimentos perecíveis, pão, leite, carne.
Alimentos perecíveis têm que ser utilizados na alimentação de presos, faz parte da
comida elaborada, o próprio alimento in natura, então é possível o uso de alimentos
perecíveis levar a licitação dispensável, desde que demonstrado caso a caso, a aquisição
a preço de bolsa de mercadorias.
Diariamente nós sabemos o preço da bolsa de mercadorias, feita a
aquisição a preço de bolsa de mercadorias é dispensável a licitação. Por quê?
Porque o alimento é perecível, o tempo vai fazer com que o próprio
objeto se torne inviável, eu vou levar um mês, e compro uma determinada quantidade,
mas se o Alimento é perecível na realidade ele vai perecer e a AP não vai ter como
manter a carne, o leite por um mês, materiais que não vai ter como guardar. Essas
situações podem acontecer, e outra vez o interesse público prepondera, porque a AP não
vai deixar perecer o objeto.
Uma outra importante também é o caso da chamada licitação vazia, ou
licitação deserta, um dos incisos diz que a AP pode tornar dispensada a licitação
quando não ocorrerem interessados na licitação anterior e houver aí uma proposta de
interessados que atenda os requisitos do edital, e que a AP o demonstre que renovação
da licitação poderá causar prejuízos. Então ela lançou o edital, não ocorreu interessados,
ela arquivou o processo e não pode lançar outro em cima, ocorrido isso, se alguém
comparece a licitação e diz olha eu não compareci, mas faço a proposta, verificada a
proposta e de acordo com o edital, se AP comprovar que a renovação do edital
provocará prejuízo, pelo movimento de pessoal, pela necessidade de contratação
imediata daquele objeto, ela poderá contratar, desde que repito, atenda os requisitos do
edital. Mas isso não quebraria o princípio da isonomia? Por quê favorecer aquele?
Não quebraria, porque não favorece, o Mundo foi chamado, o Mundo
não compareceu, o princípio isonômico foi garantido, mas ninguém compareceu, e
aquele apareceu depois, e se AP vai economizar, por não realizar novo edital, aí ela
pode contratar.
OBS: Cuidado, a denominação vazia ou deserta é puramente doutrinária,
e é diferente de uma outra expressão que se refere a um outro caso de licitação, pura
doutrina também, que é a chamada licitação fracassada, essa pergunta de prova para
pegar candidato, a gente nunca ouviu falar naquilo e vai procurar na lei e não encontra,
e não sabe o que vai responder então.
A licitação fracassada é diferente da licitação vazia ou deserta, porque
para fracassar tem que haver interessados, o que não vai ter havido é proposta
vencedora. Então vazia ou deserta é aquela licitação que não comparece pessoas
interessadas, pessoa alguma se quer se habilita e quanto mais oferece resposta, já
licitação fracassada não, houve interessado, houve habilitado, e aí vai acontecer uma das
152
duas. O interessado se habilita e não comparece para fazer a proposta, muitas vezes a
um conluio entre os licitantes para essa ou aquela licitação e ninguém comparece, ou o
mercado para aquele objeto ficou inconveniente no regime capitalista, eles se
habilitaram e um mês depois não tem interesse em fazer propostas, isso é uma hipótese
de licitação fracassada.
Outra hipótese é de haver proposta e não haver vencedores, não é porque
há proposta que necessariamente vai haver vendedores, por quê?
Porque todas podem ser desclassificadas, a lei 8666/93, permite que a AP
desclassifique propostas manifestamente inexeqüíveis, o que não atenda os requisitos do
edital. Pode acontecer que dois ou três licitantes que fizeram propostas, fazerem
propostas desobedecendo normas e metas objetivas do edital quanto a formação de
propostas, todas foram desclassificadas. Como não houve vencedores ela está
fracassada. Por quê eu estou relatando isso?
Porque sendo fracassada não pode um dos licitantes, dizer agora: Eu faço
nova proposta, e aplicar o dispositivo, o dispositivo diz: não ocorrerem interessados.
Importante: Uma coisa é não ocorrerem interessados, outra coisa é
ocorrerem interessados e ninguém vencer, aí vai ter que renovar, no caso da licitação
fracassada não se aplica o dispositivo. Durante o meu acompanhamento de concurso já
vi essa pergunta sendo feita, nos últimos 10 anos em dois concursos diferentes no
Brasil, e pode tornar cair, eles falam vou pegar o candidato.
Na verdade na fracassada nenhuma delas, pode ser superior ou inferior,
mas, nenhuma delas não disputa.
No caso da licitação fracassada, se provar que o prejuízo foi muito alto,
pode-se dispensar a licitação? (eu vi jurisprudência nesse sentido)
O Prof. Barbosa Moreira, de processo civil, diz uma coisa interessante,
que jurisprudência é igual sorvete tem para todos os gostos, não é porque tem alguns
acórdãos que condenam o transportador coletivo a indenizar o dano causado
patrimonialmente ao passageiro porque outro passageiro roubou, está lá no acórdão que
vai acabar reformado, então, há para todos os gostos.
A lei 8666/93, hoje ela é aplicada as empresas públicas e sociedades de
economia mista, face a EC 19 ter um vácuo e 5 anos depois não veio outra?
Exatamente para não ficar o vácuo. A pergunta se refere a circunstância
de ter havido a EC 19, norma expressa e o dispositiva no caso é o artigo 22, e também o
artigo 7°, para permitir que o processo licitatório das empresas públicas e sociedade de
economia mista, possa ser simplificado, na forma da lei, ter sido tirado da licitação, ele
pergunta como ficamos 5 anos depois da EC 19/98 nesse caso a lei 8666/93 permanece,
eu estou dizendo que sim, permanece porque nós não temos essa nova lei que a EC
19/98 nos falou, se não temos para não haver o vácuo legislativo a lei 8666/93 continua
se aplicando, até porque ela tem lá na parte final, das disposições gerais e transitórias
norma expressa. O dia que vier a lei a sociedade de economia mista e as empresas
públicas terão regulamentos próprios obedecendo a nova lei, simplificando o
procedimento, diz simplificando o procedimento não diz que não haverá a licitação, mas
enquanto não vem ela se aplica.
Assim, como não veio a lei que a EC19/98 previu também, para o
processo de controle de eficiência a ser mantido pelo Estado dos serviços públicos, e
esse processo de controle da eficiência aquela lei que vai regulamentar ainda não veio,
então não temos o exercício desse controle sobre os estabilizados já, não se tem porque
as vezes não convém politicamente legislar, fica a norma constitucional solta pelo ar.
153
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
na saúde pública. Vou aplicar alimentos em educação pública, merenda escolar, então o
destino do objeto vai te dizer se o contrato é administrativo ou não.
3- O terceiro contrato, que é sem dúvida contrato administrativo, é o
contrato de serviços técnicos profissionais de particulares em favor da AP, parte deles
arrolado no artigo 13 da lei 8666/93, por quê?
Da mesma maneira, só que ao invés de adquirir bens corpóreos,
materiais, que nesse sentido é utilizado no serviço público, vai adquirir serviços, que vai
incorporar a prestação de serviços públicos. Então quando o Poder judiciário contrata
empresa de prestação de serviços de limpeza, para fazer limpeza no interior do foro, eu
vou utilizar concretamente, é inegável que eu estou utilizando aquele insumo para
manter a prestação de serviço prestada pela AP do poder Judiciário, então aquele
contrato é tipicamente administrativo.
Se a gente voltar um pouquinho atrás nos bens e serviços comuns, lá da
lei 10520/02 pregão, nós podemos distinguir contratos administrativos, hipótese
reconhecendo na AP desde logo, o contrato será administrativo.
serviço público se repete aí, ao invés de por concessão é por permissão, nós vamos ver
quando estudarmos a lei 8987/95, mas os dois têm natureza de contrato, só para não
deixar no ar, a diferença está no grau de precariedade, nos requisitos para encampação
especialmente, só para orientar, se você quiser visualizar isso, já estudando para a
próxima aula compare o artigo 2º, inciso 2º, os artigos 37 e 40 da lei 8987/95. Você vai
perceber a diferença, mas ambas segundo a jurisprudência majoritária tem natureza de
contrato, qual é o fundamento da divergência?
Alguns autores diante do grau de maior precariedade das permissões
serviços públicos, continuam entendendo como a Prof. Maria Silvia D Pietro continuam
entendendo e o Prof. Carvalho em edições anteriores, agora, ele anda mudando de
opinião, continuam entendendo que é ato administrativo negocial diante do grau de
precariedade, mas a maioria da doutrina e jurisprudência não consegue mais brigar com
a CF que fala em contratação, e com a lei 8987/95, que menciona se referindo a
permissão, usa a palavra contrato, e a lei que regulamenta diz isso, não é o grau de
precariedade que vai desnaturar, eu posso ter um contrato precário, então com essa
divergência a permissão de serviços públicos tem natureza de contrato administrativo.
Concessões relativas a bens públicos, quando a gente fala em concessões,
todo mundo pensa em serviço público, e se esquece de um contrato muito importante
em matéria de concessão que é o próprio bem público, e aí existem três subespécies de
concessões relativas a bens público:
1- Concessão de uso de bem público; ( artigo 189 da CF/88)
2- Concessão de direito real de uso de bem público;
3- Concessão de obra pública.
Essa terceira subespécie tem existência inafastável hoje, Ponte Rio
Niterói, Nova Dutra, Rio Teresópolis, Rio Petrópolis, Via Lagos, todas essas obras
públicas são espécie de concessão. A concessionária explora economicamente cobrando
pedágio como encargo de conservação da obra pública, como manutenção, iluminação,
segurança, durante a vigência do contrato. Então, na linha de privação geral da AP
também as concessões de obra públicas são manifestações disso. Por quê as concessões
relativas a bens públicos são exemplos de contratos administrativos?
Simples, porque os bens continuam sendo públicos e sua destinação vai
atender ou a interesse público ou a interesse social. Se eu perguntar o que está sendo
feito exatamente com aquele bem público objeto da concessão, ainda que seja particular
explorando, isso é por exceção, na verdade eu estou entregando a um particular o uso do
bem, o direito real sobre o bem, a exploração da obra pública, mas na realidade eu tenho
bens públicos afetados, afetados a quê?
Afetados aquela razão de interesse público ou de interesse pessoal.
Concessão de uso de bem público do artigo 189 da CF/88, imóvel
resultante de reforma agrária, e a União ao através do INCRA ao invés de outorgar
título de domínio ao colono pode fazer uma decisão discricionária, e conceder o uso por
10 anos, ao mesmo colono que ela quer estabelecer ali, ele tem o direito pessoal de uso
da Terra, o que ele plantar ele vai viver daquilo, mas qual é a destinação que está sendo
dada?
Função social, ele com aquela atividade privada está atendendo ao
interesse público.
Concessão de direito real de uso de bem público da mesma maneira, aí
a AP constrói a obra pública, dando direito real aquele que constrói a obra pública de
explora-la, na Europa, nos Estados Unidos muitas estradas não foram sequer construídas
158
com dinheiro público, a Ponte Rio Niterói foi construída com dinheiro público de uma
autarquia federal chamada DNER, e hoje é uma concessão de uso, mas concessão de
direito real de bens públicos, ela é contratada para que sequer o bem público seja
construído com o dinheiro público. O concessionário vencedor da licitação, que investe
recursos até para pagar as desapropriações, constrói a obra, constrói a estrada e vai
explorá-la, o concessionário de obra pública passa a explorá-la como concessionário de
obra pública, passa a explorá-la.
Próximo objeto de contrato administrativo sob o qual há divergência, são
os contratos de locação, e nos contratos de locação a divergência se coloca.
Importante: A divergência se coloca, porque uma parte da doutrina e da
jurisprudência entende que pela regra do objeto o contrato de locação, em que a AP é
locadora, é contrato administrativo, e o contrato de administração que a AP é locatária
não é contrato administrativo, repito, há divergência, mas há entendimento que é o meu,
pelo qual o contrato de locação em que a AP é locadora do bem, que também é público,
é contrato administrativo, enquanto, quando ao contrário quando a AP é locatária e
portanto, o locador é um particular que com ela contrata, é o titular do bem, ele é o
locador, então, o contrato não é administrativo.
O fundamento para questão, você vai encontrar no artigo 2º, da lei
8666/93, a expressão genérica, essa lei regula, essa lei se aplica aos contratos de
locação, então, onde a lei não distingue, nós não podemos distinguir, então todos os
contratos de locação do poder público, seja locador, seja locatário, o poder público
seriam contratos administrativos. Só que, olhar isolado é isso, só que a lei é um conjunto
e por isso eu insisto na leitura da lei, e no artigo 62, parágrafo terceiro, inciso I, da lei
8666/93, tem norma que diz assim: “ aplica-se o disposto nos artigos 55 e 58. O artigo
58 é crucial, é a cláusula exorbitante, e ao 61 e demais normas gerais no que couber.
Inciso I, do § 3°, do artigo 62 da Lei 9666/93- Aos contratos de seguro,
de financiamento, de locação em que o poder público seja locatário, e aos demais cujo o
conteúdo seja regido predominantemente por norma de direito privado. É a própria lei
que está dizendo, olha esses contratos não são administrativos.
Veja que o dispositivo fala no que couber, ou seja, no que não chocar
normas de direito privado. Eu desconheço, inclusive, outros exemplos de dispositivos
em que o dispositivo legal diz, olha esse contrato é regido por norma de direito privado,
mas também é outro sinal de que a norma está dizendo olha esse contrato não é direito
administrativo. Eu aplico no que couber quando o poder público for locatário, e trás
outros exemplos como dos seguros, e de financiamento, o que quer dizer isso?
Exemplo, financiamento para aquisição de casa própria, empréstimo em
instituição financeira, o conteúdo do contrato vai haver a hipoteca em favor da Caixa
Econômica Federal, que integra a AP federal é de mesma natureza do ITAÙ, que é uma
instituição financeira de direito privado fora da AP e integram o sistema financeiro, e
não há nenhuma diferença.
Contratos de seguro de vida, no banco do Brasil, são contratos de direito
privado em que a AP é parte. Daí, esse entendimento doutrinário separando os dois pela
regra objetiva, alguns podem estranhar, as se você pensar na locação verdadeiramente
em termos de vontade e de objeto, claro que você vai dizer que objeto da locação é o
bem que está sendo locado, mas antes de ser o bem que está seno locado, é para a renda,
e a locação só existe se o locador quiser e a vontade primária do locador, de geração de
renda, para si mesmo em decorrência da AP do bem. Então, quando o bem é público,
diz Diogo Figueiredo, a renda e o aluguel será pago pelo particular e ingressará no
159
12ª Aula
Toda teoria geral dos contratos, eu parto do princípio que você sabe, ou
então que você vai se esforçar para saber, e então, parto daí para estudar o que é
específico em contrato administrativo.
O meu professor na faculdade, Sérgio Andréa, falou sobre teoria geral
dos contratos, para entrar em contratos administrativo, uma chatura só, porque em Civil
a gente vê isso, e aqui nós não temos tempo para esse luxo, por outro lado, o que é
importante é que contrato administrativo não é um reles contrato de direito comum, do
direito civil, contrato administrativo é algo muito nobre.
E por que é algo muito nobre?
Porque o seu objeto vai atender a uma razão determinada de interesse
público, a diferença essencial entre o contrato administrativo e o contrato comum em
que a Administração Pública é parte, porque às vezes ela vai participar de contratos que
não são administrativos, não esqueça nunca que não é o fato de uma pessoa da
Administração Pública intervir, ser parte, que fará do contrato um contrato
administrativo, a diferença fundamental é que se você perguntar para o objeto, o que vai
se fazer com o objeto, você estudando, perceber que está atendendo a uma razão de
interesse público previsto em lei, diretamente na aplicação daquele objeto, você vai
estar diante de um contrato administrativo, se isso não acontecer, ou seja, se a
Administração Pública for parte do contrato, você estará diante de um contrato de
direito comum, em que a Administração Pública é parte.
Qual é a decorrência prática importante disso?
Se o contrato for administrativo, a Administração Pública atuará com
supremacia em relação à parte contrária, durante toda execução do contrato. Por quê?
Porque o interesse público não se subordina ao interesse privado, ainda
que legítimo. Se aquele objeto se destina a atender ao interesse público, a vinculação em
relação ao compromisso, não obsta que a Administração Pública agir com supremacia, e
poder extinguir o contrato unilateralmente durante sua execução sem culpa do
contratado; modificar o objeto do contrato para mais ou para menos, unilateralmente
melhor o adequando as razões de interesse público. Apesar de estarmos tratando de
contratos não haverá como no Direito Civil, mesmo com a função social do contrato do
novo Código Civil, não haverá aqui: “Os contratos existem para serem cumpridos,
fazem leis entre as partes; uma das partes não pode a seu critério desistência dos
contratos; cessação do objeto, isso não é vedado no contrato administrativo”. Por quê
não é vedado?
Por causa do imprescindível artigo 58, da Lei 8666/93, tudo o que eu
acabei de dizer está resumido no artigo 58 da Lei 8666/93 que diz: “O regime jurídico
dos contratos regidos por essa lei, confere a Administração Pública à prerrogativa de,
por direito potestativo, extinguí-los unilateralmente, alterá-los unilateralmente para
melhor adequação da finalidade de interesse público, fazer incidir as sanções contratuais
unilateralmente”. Essas circunstâncias são as chamadas cláusulas exorbitantes, que o
professor Helly Lopes Meirelles, completava dizendo, do direito comum.
Cláusulas que examinadas a luz do CC, seriam consideradas ilegais,
potestativa, vulgarmente ditas leoninas, uma das partes poder fazer o seu interesse
prevalecer unilateralmente em relação ao interesse da parte contrária, direito e interesse
é a nata do Direito Civil, mas no Direito Administrativo as cláusulas são exorbitantes do
direito comum, as elas são legais, conforme o artigo 58.
161
novo hospital municipal, porque têm dois postos de saúde que já são insuficientes para o
volume de procura de saúde pública no Município. Então o Município licitou e
contratou obra pública para construção de um prédio de 4.000 metros de construção, em
quatro andares, a proposta vencedora teve R$ 4.000.000,00, então a R$1.000,00 o metro
quadrado. É um Município próspero, existem lá fábricas de automóvel, e outras
empresas que empregavam a população, mas com a recessão, essa fábrica também
porque não houve decisão do Estado em relação a determinados benefícios fiscais, se
transferiu dali, a população se desempregou, não consegue mais pagar plano de saúde,
seguro de saúde, e a população começa a procurar mais intensamente o serviço de
saúde, para piorar a situação, Municípios vizinhos também têm população pobre que
procuram saúde pública naquele Município, (O Rio de Janeiro sofre isso, hospital
Miguel Couto, Hospital Souza Aguiar, mais ou menos o que acontece com os
Municípios da baixada). Quando isso estava acontecendo à construção estava em 2.000
metros quadrados, já no segundo andar, o Município vê que materialmente quando fixar
pronta essa unidade, já vai ser pouco o que vai acontecer na frente em matéria de
procura de saúde pública. Olha aí a razão de interesse público no curso da execução do
contrato. E aí ele olha a lei, e diz muito bem são 25%, então determino a construção de
mais mil metros quadrados para o quinto andar. O contratado fica obrigado a aceitar
essa alteração e haverá infração legal e contratual, se ele contratado não for capaz de
construir mais um andar. Ele vai receber mais R$1.000.000,00 de reais, o contrato é
comutativo, tem que haver uma perfeita equivalência entre o objeto e o preço, então,
quando o objeto o preço tem que ser obrigatoriamente unilateralmente alterado pela
própria Administração, para ele não empobrecer o contratado. Mas o contratado tem que
ter capacidade para cumprir, e não poderá dizer, isso era imprevisível para mim que
acontecesse, eu já contratei outras obras particulares, eu não tenho pessoal e recursos,
ele tem que prever previamente isso, exatamente pela prevalência do interesse público
ele terá que suportar essa alteração.
Para menos também, não importa, uma hipótese clássica para menos é o
contingenciamento de recursos públicos, a licitação se realizou o projeto básico foi
fixado, vinculado os recursos básicos, mas a lei está em execução, mas a mesma lei
orçamentária previu a receita, e a receita em geral é menor do que a prevista, e aí o
Município não vai ter dinheiro para pagar, percebe isso e determina a diminuição
unilateral por essa razão, de interesse público, para não deixar de pagar, a redução do
objeto, podendo reduzir até 25%, para adequar a essa razão de interesse público, e o
contratado fica obrigado a aceitar. Tem que cumprir, sobre pena de não o fazendo,
infligir lei, infligir o contrato.
Imagina isso no direito comum, você a duras penas comprou um terreno
em Friburgo, em Petrópolis, e quer construir uma casa de campo para veraneio, muito
modesta, sala, dois quartos, e contrata a empreitada, no meio da construção você acerta
na Mega Sena, o terreno é grande, e aí você quer churrasqueira, quadra de tênis, piscina
e tal. Procura o empreiteiro e diz: “- Olha eu te pago”. E ele fala: “- Sinto muito, já
contratei outra obras, tenho só sete empregados, já assinei contrato com outros, espero
acabar aqui para terminar lá”. Com todo o dinheiro que você tem, você não vai
conseguir obrigá-lo a fazer isso se ele não quiser, exatamente porque aí, nos contratos
comuns, os interesses se equivalem, no direito administrativo não é assim, no contrato
administrativo não é assim.
E como fica a questão do valor nos acréscimos, se a realidade
demonstrar que hoje fica mais caro do que no início da obra?
163
vimos isso em ato administrativo punitivos, mesmo em sede administrativa ela tem que
deixar o contratado conhecer as provas que tem da infração, e ela sem sede de infração
contratual tem que produzir provas nesse sentido. O contratado insatisfeito com a
imposição da sanção contratual, ele que promova a ação judicial para desfazer a
presunção de legalidade da decisão administrativa. Essa situação repito, se dá por
prevalência do interesse público, para simplificar evidentemente em favor do interesse
público, pela maior agilidade do processo administrativo em relação ao processo
judicial, pela grande quantidade de recursos judiciais que muitas vezes inviabilizam a
causa, aí ela vai se utilizar o processo administrativo e aí cláusula exorbitantes em
relação ao direito comum.
Tão importante quanto tudo isso é o seguinte: “Só poderá haver
cláusulas exorbitantes se o contrato for administrativo”, não é a mera circunstância da
Administração Pública ser parte no contrato que poderá fazer com que ela imponha a
aplicação do artigo 58, só poderá, como nós já vimos que a regra do objetivo, nós só
podemos concluir pelo objeto que o contrato é administrativo, porque se o objeto atende
o interesse público previsto em lei, aí ele é administrativo, sendo assim, pode haver
cláusulas exorbitantes, se não houver, se não for contrato administrativo, a cláusula será
exorbitante mesmo e eu vou aplicar o CC, porque essas cláusulas são contrárias as
previsões do CC em matéria de contratos, e elas são consideradas ilegais.
Exemplo concreto, nós vamos raciocinar: O INSS, nós vimos nas folhas dos
jornais, tem patrimônio imobiliário enorme. Por quê?
Porque muitos devedores das contribuições previdenciárias, empresas, enfim,
tiveram seus bens penhorados em execução. O INSS se certificou que havia um
patrimônio enorme, em geral mal administrado. E então, o INSS licita para vender esses
imóveis, ele realizou concorrência. Artigo 17 da Lei 8666/93, houve um licitante
vencedor que deu o maior lance e faz um contrato de compra e venda do imóvel,
escritura pública do imóvel. Esse contrato é administrativo?
Não. Por quê não?
Porque o objeto não atende o interesse público, porque o objeto vai
passar o integrar o patrimônio do adquirente, e na sua vida particular ele vai usufruir,
vai dispor do imóvel, o objeto não atende ao interesse público.
Por que, então, realizou-se licitação?
Porque na licitação que houve o interesse público, o interesse público é
não desfalcar o patrimônio da autarquia, substituir o imóvel por dinheiro, pelo menos,
no princípio da verdade real, tentando obter a melhor proposta possível, para isso há
interesse público na realização da licitação, mas o contrato de compra e venda é um
contrato de direito comum, como os particulares.
Conclusão, a Administração Pública não vai poder inserir cláusulas
exorbitantes nesse contrato, dizendo o INSS, por exemplo, que reserva a qualquer
tempo, havendo conveniência para mim, de vir instalar um órgão do INSS no imóvel, a
declarar desfeita a compra e venda e devolvendo o preço atualizado, retomando a
propriedade do imóvel extrajudicialmente. Não poderá fazer isso, porque a cláusula é
exorbitante do direito comum, essa cláusula seria, realmente, ilegal porque nós estamos
no campo do direito comum.
Agora se o contrato for de obra pública, eu vou desdizer o que disse, por
quê?
Porque se eu for perguntar ao objeto do contrato, o que vai ser feito com
você, eu vou responder saúde pública. Então esse bem vai ser afetado, porque o bem
165
público vai ser afetado pelo uso especial da Administração Pública na prestação de
serviço público, toda vez que o bem é afetado esse contrato é administrativo.
Essa cláusula precisa expressamente constar do instrumento contratual?
Importante: A doutrina responde, dizendo que elas se reputam escritas,
ainda que não escritas. São normas de ordem pública essas do artigo 58. Devem constar,
é de boa técnica que constem, já na minuta do contrato, que é um anexo obrigatório do
edital, por ser contrato administrativo a lei recomenda que deve constar, na forma da lei
deve contar. Mas se a Administração Pública matreiramente ou por um lapso de boa-fé,
não fizer constar, a doutrina expressa com toda razão diz: “Norma do artigo 58 e as que
decorrem deles são de ordem pública, sendo de ordem pública incidem de pleno direito,
independentemente de estarem expressa na previsão do instrumento contratual que as
manifestem”.
Por quê são de ordem pública?
Porque contém interesse público prevalente ao interesse privado, e daí
incidirem de pleno direito. Mais ainda, a Administração Pública não pode renunciar, já
aconteceu nesse país, renunciar expressamente, diante da relevância da norma para
atrair licitantes, renuncio a possibilidade de rescindir unilateralmente o contrato, por
razões de interesse público, também não pode fazer isso expressamente como já se fez.
Por quê?
Princípio da indisponibilidade do interesse público. A Administração
Pública não pode dispor do interesse público, que a própria lei previu que deva ser
tratado dessa maneira, então, ela também não pode renunciar a isso. Então elas se
reputam escritas, ainda que não escritas, e será ilegal a renúncia a restrição de qualquer
forma à incidência do artigo 58.
O fato de não estar escrito não fere o princípio da legalidade?
Não, porque o princípio da legalidade, não diz que necessariamente
conste do ato administrativo individual ou no contrato. O princípio da legalidade ele
pode se limitar à incidência da lei, a Administração Pública pode dizer: Não fiz constar
porque é norma de ordem pública. Ela incide de pleno direito, isso aprece em outros
ramos do direito também, mas basta isso, e a jurisprudência entende nesse sentido e com
toda razão. Senão, fica a critério daquela autoridade no momento de contratar dispor em
torno disso, e o contratado também não vai poder dizer que está sendo surpreendido,
não está, porque ninguém pode alegar o desconhecimento da lei, e aqui outra vez, a lei
incide de pleno direito. Bom, isso então é a essência do raciocínio.
Agora, antes de entrarmos nas características do contrato, eu queria
mastigar com vocês, objeto por objeto o que a doutrina e a jurisprudência consideram
sem dúvidas como contrato administrativo, e ainda objeto sobre os quais há controvérsia
de serem ou não objetos de contrato administrativo, e finalmente aquilo que sem dúvida
pela doutrina e pela jurisprudência consideram como contratos administrativos. É claro
que não é para decorar, é para entender a chamada regra objetiva, e nós vamos ver
porque é contrato administrativo, gerado em razão do objeto, porque há dúvidas e
porque não é, e na hora da prova raciocinem com isso.
construção de um hospital, construção de uma rua, construção de uma estrada, ele vai ao
mesmo tempo ao construir fornecer materiais e prestar serviços técnicos profissionais,
concluída a obra se eu perguntar o que vai ser feito com ela, como eu já disse, vai
ocorrer a chamada afetação.
Os bens públicos são de três espécies, ainda diante do novo Código
Civil:
1- Bens de uso comum;
2- Bens de uso especial;
3- Bens dominicais.
Uma obra pública ou vai ser bens de uso comum, ou vai ser bem de uso
especial, porque qualquer que seja a obra pública, você vai sempre ter a resposta,
perguntando para o objeto sua natureza, que ou ele vai ser aplicado ao uso da
coletividade, por exemplo, uma rua, uma estrada, obras de saneamento básico, uma
instalação de água e esgoto, então, vai ter o uso da coletividade na prestação do serviço
público também nessas benfeitorias ocultas, ou vai ser afetado diretamente para uso
próprio da Administração Pública, serviço público do Estado, como por exemplo,
hospital público, uma delegacia de polícia, enfim, afetação ao uso da Administração
Pública, o chamado bem de uso especial. Sofreu afetação, está vinculado a atender a
uma finalidade de interesse público, a obra pública nunca é construída para ser um bem
dominical.
O que é um bem dominical?
É aquele bem não afetado, é aquele sobre o qual a própria Administração
Pública exerce a titularidade, mas não vincula, naquele momento pelo menos, não
vincula a atender qualquer razão de interesse específico. Exemplo de bem dominical:
“Terra devoluta, elas existem a titularidade é presumida, nós vamos estudar, quando
estudarmos domínio público, no entanto elas não são aplicáveis nem ao uso comum,
nem ao uso especial, mas uma obra pública sendo afetada, vai ser sempre indicativo de
contrato administrativo”.
Então é um misto de fornecimento de materiais para a Administração
Pública, então ela adquire e incorpora ao bem e tem serviços de engenharia e outros
para a construção da obra, sem dúvidas nenhuma.
Segundo objeto é serviços técnico profissionais, como a lei chama, eles
não são serviços público, são serviços particulares, praticados individualmente por
contratados que prestam esses serviços a Administração Pública. Parte deles vem
relacionados no artigo13 da Lei 8666/93, nem todos estão ali, a lei não é taxativa, mas
exemplo do que sejam serviços técnicos profissionais, vigilância privada, limpeza de
prédios públicos, prestações de serviços de informática para informatização de órgãos
públicos, gerenciamento de obras públicas realizadas por particulares, posso contratar
uma obra pública com a empresa X, com contrato, e contratar gerenciamento de obras,
existem empresas especializadas no controle da realização da obra, de qualidade com
outra empresa, realizei outra licitação, serviços de advocacia, o artigo13 prevê que
podem haver determinadas causas em que todos os procuradores daquele Município do
quadro de estatutários estejam legalmente impedidos no que diz respeito àquela causa,
promovida por um procurador buscando uma determinada gratificação e que tenha
reflexos para todos os procuradores, portanto, estão impedidos, legalmente de
defenderem o Município, e este contrata um escritório de advocacia para a prestação de
serviço, então a hipótese do artigo 13 é essa.
167
licitação para obras públicas, com concessão de direito real de uso de bem público, na
obra uma vez construída.
Então o particular despende o dinheiro das desapropriações de pequenos
particulares na auto-estrada e também em terrenos contínuos, com aquele aparato da
auto-estrada, normalmente exige, posto de gasolina, oficina, restaurante, diante da
extensão e da necessidade dos usuários, de pararem e abastecerem, e de se alimentarem,
e aí uma vez construída a obra como é concessão de direito real de uso de bem público,
a própria exploração econômica poderá ser feita pelo próprio concessionário, como a
cobrança de pedágio, ou direta a terceiro, e ao mesmo tempo arrendamento e locação
dessas áreas para que terceiros façam restaurantes, postos de gasolinas, isso ao meu ver
é extremamente eficiente, no sentido que não haverá um quinhão de direito público
envolvido em toda obrigação, no sentido que é o próprio contratado que vai ter que
aplicar bem o que é seu para poder gerar receitas com a construção da obra. Claro que
esses contratos têm um prazo longuíssimo, vai ter que retornar, com o pagamento do
pedágio, nós vamos remunerar isso que foi construído individualmente, não precisará de
dinheiro público para isso, e ele vai ter que fazer obra de qualidade, sob pena de não ser
o contrato cumprido.
O contrato é o mesmo que do de obra pública com concessão de obra
pública?
Artigo 17, parágrafo 2º da Lei 8987/98, e aí não são serviços públicos,
haverá um serviço público que será concedido, aqui é só o bem que está sendo
concedido, quando a gente chegar lá nós vamos ver, aqui é só o bem público que está
sendo concedido, quando a gente chegar lá nós vamos ver isso.
Que eu saiba no Brasil isso que eu acabei de descrever foi utilizado uma
vez na construção da auto-estrada Porto Alegre e Osório que ainda hoje é explorada, por
particular, não conheço outro exemplo:
A terceira espécie de contrato público é a concessão de obra pública.
Essa concessão de obra pública ela vem mencionada na parte final do artigo 2º da Lei
8987/98, que nós ainda vamos estudar. A Lei 8987/98 admite a concessão de obra
pública individualmente, não ligado ao serviço público, inciso III, artigo 2º da Lei
8987/98. Dêem uma lida nele e você vai ver que nas concessões de serviços públicos
com obra pública, no final do dispositivo a lei admite que possa haver a concessão de
obra pública, sem a concessão de serviço público, exemplo clássico no Brasil de
concessão de obra pública com serviço público, é a distribuição de gás canalizado, a
constituição foi alterada na Emenda Constitucional nº 11 para admitir que o serviço de
distribuição de gás canalizado, que é um serviço dos Estados, artigo 25, que antes dizia
que o Estado poderia diretamente explorar o serviço, ou concedê-lo a empresa estatal, o
Estado do Rio de Janeiro tinha a companhia de gás que era empresa pública, assim que
veio a Emenda Constitucional, no governo Marcelo Alencar, todo mundo lembra, a
privatização da companhia de gás foi uma festa em frente à bolsa de valores, os
manifestantes felizes, mas foi possível a privatização porque a norma foi alterada para
dizer que não só estatal, mas, também não estatal.
Mas o que acontece?
Nós temos cidades de médio porte no Brasil que o serviço de gás
canalizado não existia, então o Estado tal está licitando concessão de obra pública com
serviço público, porque pela natureza do serviço, se eu distribuir gás canalizado onde
não existe, você tem que ter usina de manufatura, toda tubulação de distribuição, até a
cozinha do usuário, até o aquecedor interno do usuário.
171
E segundo a lei passa a exigir que a indenização por causa disso, porque
você indeniza o concessionário que tinha expectativa de lucro, teve que mobilizar
material, pessoal com o serviço e que vai deixar de ser prestado por ele, seja indenizado
previamente ao desfazimento do contrato. A Administração Pública vai ter que instaurar
um processo administrativo, garantir a ampla defesa e o contraditório, chegar ao valor e
ali fala em pagar a indenização.
Importante: Então se o particular não concorda com a decisão
administrativa, é o caso de auto-executoriedade limitada, a Administração Pública vai
ter que buscar autorização judicial e essa decisão judicial definindo o valor da
indenização consignando esse valor, e aí só então, retomando o serviço, a linha de
privatização que esse país passa, isso traz estabilidade nas concessões muito maior do
que nas permissões, porque isso não aparece no artigo 40.
No artigo 40 a Administração Pública pode sem lei autorizativa,
diretamente por decreto, encampar ou por ato administrativo de outra natureza,
dependendo de qual seja o agente administrativo que pratique o ato, que pode até ter que
pagar indenização, mas não previamente, então o grau de estabilidade há uma
precariedade muito maior para as permissões do que para as concessões. Essa em
essência é a diferença, juridicamente a diferença vista na Lei 8666/93.
Existem diferenças formais, mas todas são intuitivamente decorrentes
dessa diferença, quais são as diferenças formais?
Importante: Mais um dever de casa. Compare o artigo 2º, inciso II, com
o inciso IV: “No inciso II vocês têm concessões de serviços públicos, e no inciso IV
vocês têm as permissões de serviços públicos”, veja quais são as diferenças formais
entre elas:
Primeira diferença: Para as concessões de serviços públicos a
modalidade se licitação é a mais complexa, concorrência, quando você chega no inciso
IV, o inciso IV, diz para a permissão de serviço público licitação, falou no gênero, mas
não falou em espécie, então pode ser, concorrência, tomada de preço, convite, porque a
lei não determinou, então pode ser qualquer uma, e aí pela natureza do objeto eu poço
fazer tanto concorrência como tomada de preço, como convite para permissão de
serviço público, mas para concessão só concorrência.
Segunda diferença: Que você vai observar é o prazo. Toda concessão tem
prazo certo, e você chega no inciso IV, não se fala em prazo, resultado, eu posso ter
permissão de serviço público sem prazo determinado, obviamente isso dá uma
instabilidade maior, porque se eu tenho prazo certo eu tenho como calcular o lucro
cessante, se eu não tenho prazo certo eu tenho uma maior fragilidade na possibilidade
de indenizar o permissionário.
Terceira diferença: As concessões só para as pessoas jurídicas, só podem
ser concessionárias de serviço público pessoa jurídica, você chega no inciso IV ele é
taxativo, pode ser pessoa física ou pessoa jurídica, então uma pessoa física pode ser
permissionária de serviço público. No Rio de Janeiro hoje, transporte coletivo, o sujeito
é pessoa física, ele é proprietário de uma Van, ele será permissionário de serviço
público, ele realiza ali transporte coletivo, ele leva pessoas de pontos incertos para
pontos incertos, dentro do mesmo trajeto, então todo cuidado quando a gente vê umas
filas fantasmas no meio da noite e a gente não sabe porquê e não tem nada que
justifique a fila e de repente vem lá uma Van pára ali, a multidão entra e a fila continua
grande, então pode ser pessoa física. Essas diferenças intuitivamente mostram a maior
precariedade das permissões de serviços públicos.
174
13ª Aula
Contratos Administrativos (Resumo das características dos contratos
administrativo):
não poderiam existir num contrato de direito comum, mesmo que a Administração
Pública fosse parte.
Segunda característica: É a ONEROSIDADE. Eu acabei de dizer,
objeto X preço, todos os contratos administrativos são onerosos, isso significa que as
obrigações reciprocamente a serem cumpridas têm que ser expressa também
reciprocamente em moeda corrente. Então, elas têm que ser liquidadas, no jargão do
Direito Civil, elas tem que serem expressas em reais.
Resultado, todo contrato não oneroso em relação à parte contratada, ou a
Administração Pública ou ao contratado, não será contrato administrativo. Ex: Contrato
de doação sem encargo, esse não será um contrato administrativo, porque ele não é
oneroso.
Contrato de comodato de bem público, lá o comodatário tem a cessão
gratuita do imóvel, não a obrigação principal que seja exprimida em reais, porque o
empréstimo é gratuito.
É possível essa modalidade?
Claro, se a legislação da União, dos Estados, dos Municípios, previr isso,
e várias legislações prevêem isso, a maioria prevê isso, é possível dar em comodato,
mas esse contrato é de direito comum, pois, ele não é oneroso.
Cuidado que pode cair na prova, doação com encargo, então a
Administração Pública vai doar um determinado bem público, com o encargo para o
contratado, disso ou daquilo, aí não. Aí o contrato é oneroso, e vai ter que licitar para
melhor proposta de cumprimento do encargo. O absolutamente não oneroso é que não é
contrato administrativo
Terceira característica: É a COMUTATIVIDADE. Não basta apenas a
onerosidade, essa onerosidade tem que ser perfeita no sentido de equilíbrio. Objeto igual
a preço, se a gente puder resumir em poucas palavras, essa é a característica da
comutatividade.
A partir da escolha da proposta mais vantajosa resultante da licitação,
durante toda a execução do contrato, até o esgotamento do objeto pela sua entrega,
deve-se manter o equilíbrio financeiro e econômico do contrato.
Você que está lendo a Lei 8666/93 a meu pedido já viu várias vezes na
Lei a expressão equilíbrio financeiro e econômico do contrato. No artigo 58, uma das
cláusulas exorbitantes, e nesse sentido se volta contra a Administração Pública, é a
obrigação unilateral que ela tem de manter a perfeita equivalência durante toda a
execução do contrato entre o preço e o objeto, ela tem que zelar unilateralmente por
isso, o contrato administrativo é comutativo.
Helly Lopes Meirelles, dos cinco doutrinadores que eu recomendo, foi o
que mais escreveu sobre licitações e contratos, ele tem uma obra só sobre licitações e
contratos, ele dizia: “O interesse público dispensa benesse, no sentido de que não
precisa fazer favor, tem que ter uma perfeita equivalência entre, o contratado particular
e o objeto contratado”.
Exatamente, porque fenômenos vão ocorrer ao longo da execução, e
podem desequilibrar esse equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
Da comutatividade nasce, então, a circunstância de que todas as cláusulas
denominadas de Teoria da Imprevisão se aplicam ao contrato administrativo.
Você estuda em Direito Civil, e não estuda em Direito Administrativo, e
você estuda a teoria da imprevisão, nos contratos mesmo diante do novo CC.
176
em R$ 1,00, imediatamente, de um dia para outro o dólar batia R$ 2,00, isso gerou o
fenômeno Cartiola e outros.
Agora imaginem vocês que existia no país, como existe até hoje,
contratos de fornecimentos de remédios e medicamentos de uso contínuo, para aidéticos
e transplantados, doentes renais crônicos que vão morrer senão tomarem de tanto em
tanto tempo, muito regularmente as suas doses.
Muitos desses remédios, eles precisam ter componentes importados de
outros países, ou a sua aquisição é direta no exterior, porque não são fabricados no país.
Então, esses fornecedores, desde o edital de licitação e na contratação, claramente
assumem a obrigação de fornecer, comprando no exterior, importando, fabricando e
fornecendo.
Então, aquele fornecedor do Estado do Rio de Janeiro, precisava do dia
para a noite de quase o dobro de reais, para ir ao Banco do Brasil comprar o dólar e para
poder ir ao exterior e pagar. Então, instantaneamente você não pode exigir do
contratado, porque ele não fabrica dinheiro, que tenha o dobro da capacidade financeira
do dia para a noite. O que aconteceu?
O Estado por si, naquela época, tiveram que chamar os contratados e
rever os preços para buscar, isso demora em razão do orçamento, contingenciamento, o
equilíbrio, isso é fato do príncipe.
Eventual instituição de tributo, ou extinção de tributo sobre o valor da
contribuição devida ao contratado, outro ato de governo, e nesse sentido gera um
desequilíbrio, econômico e financeiro, e pode ou não repercutir ser cobrado de terceiro,
concessão de serviço público, mas de qualquer maneira vai gerar um desequilíbrio entre
o valor da tarifa e o valor do preço contratual. Nós estamos cheios de atos e fatos do
príncipe.
Antes de 1999 o conjunto de fatos do príncipe mais famosos que eu já vi,
foi aquela saraivada de MP do ex-presidente Collor, e ele fez exatamente o que ele dizia
que seus adversários iriam fazer. Ele seqüestrou todos os ativos financeiros, de qualquer
natureza, de pessoas físicas ou jurídicas, não me lembro mais quanto era, mas era
cinqüenta mil e alguma coisa.
E instantaneamente o contratado por uma obra pública, ficava sem poder
pagar pessoal e continuar a obra, ele não pensou nessa hipótese, no entanto, fato do
príncipe, fato externo que interfere na economia contratual.
Na linha contrária ao fato do príncipe, você tem o que a doutrina do
Direito Administrativo, e aí é algo específico, que a doutrina chama de Fato da
Administração, que é outra causa da teoria da imprevisão.
Qual é a diferença aqui?
É que aqui é a própria Administração Pública contratante, que
diretamente pratica ato próprio dela, que tem haver conexamente com o objeto
contratual, e que interfere na economia contratual.
Afinal, a Administração Pública é poder público, ela tem poderes
administrativos e poderes políticos, então ela pode praticar determinado ato que vai ser
chamado Fato da Administração, que pode decorrer de ato ou de um fato (que é um
conceito antigo de fato jurídico) que vai repercutir na economia contratual diretamente.
O exemplo mais conhecido de fato da administração é o próprio atraso
do pagamento de prestações de preço, as obrigações de trato sucessivo, o cumprimento
em lote de fornecimento de medicamentos, vai a Administração Pública e atrasa o
178
governo, a guerra fiscal fez com que as fábricas se mudassem da cidade, a população
empobrece, se desemprega, e o Município começa a ver que mais serviço de saúde é
procurado, aí olha para a obra e vê que quando chegar ao final vai ser insuficiente.
Então, se a obra é de R$ 4.000.000,00 vamos construir o quinto andar, altera
unilateralmente o objeto e o contratado está compelido a aceitar. Até o contrato vai
prever o prazo par a entrega, ele vai receber para isso, porque o contrato e comutativo.
Imagina você, na sua vida particular que tem um terreno de 2.000m e vai
construir uma benfeitoria de 100m, no meio da construção você acerta na Mega Sena.
Agora que eu quero piscina, quadra de tênis, tudo o que tem direito. Aí você chama a
empreiteiro e pede para executar as obras, ele vai dizer que já contratou com outros três
e que não tem pessoal, por mais dinheiro que você tenha, você não vai poder compelir
esse empreiteiro.
Já a Administração Pública pode exigir do contratado, e esse incorrerá
em infração legal e contratual, se ele não tiver capacidade ociosa suficiente, ele não vai
poder alegar excepcionalidade, teoria da imprevisão, porque a própria lei previu isso,
ele não pode alegar teoria da imprevisão.
E para menos também, vamos imaginar que a falta de receitas seja de tal
monta, que não seja para rescindir o contrato, vai diminuir de 25%, vai ter que indenizar
nesse caso o lucro cessante, mas não vai ser obrigada a manter o volume de obras
contratadas.
Finalmente o artigo 58 em relação à instabilidade prevê duas outras
situações, importantes, cláusulas penais, as imposições das cláusulas penais nos
contratos administrativos se dá pela Administração Pública extra-judicialmente, ela
instaura o processo administrativo, garante o contraditório e a ampla defesa, a lei
estabelece, mas ela não está obrigada a ir ao Judiciário para fazer que o contratado se
submeta a cláusula penal, ela não está obrigada a ir ao Judiciário para que por sentença
se satisfazer. Ex: Multa, a Administração Pública, uma das garantias para os contratos
administrativos, é a caução em dinheiro, então vai o contratado e presta a caução, a
Administração Pública, pode satisfazer o valor da multa, pela infração contratual sobre
o valor da caução, o contratado que vá a juízo se houver ilegalidade para por exceção
obter medida judicial para evitar a auto-executoriedade do ato.
Exatamente o contrário disso no Direito Civil, se à parte infratora no
contrato não se submete voluntariamente a quitar, o outro não pode fazer justiça com as
próprias mãos, ele vai ter que ir a juízo para obter a satisfação.
A Administração Pública uma vez rescindido unilateralmente o contrato,
pode se apossar do objeto dele, em duas palavras, a Administração Pública declara
rescindido o contrato de obra pública, vai lá no canteiro de obra e exclui o contratado
daquela detenção do canteiro de obra.
Você não faz isso no contrato de empreitada, se o empreiteiro que se
quer tem a posse, e sim a detenção, não se demitir voluntariamente você tem que ir a
juízo para retirá-lo da obra.
Notem que tudo isso aqui está dizendo respeito ao objeto, sempre ao
objeto, então a mutabilidade se vincula a essa extinção ou mutação do objeto.
Mas, a comutatividade por outro lado, garante a estabilidade do preço, se
a gente pegasse Mauro Capelleti, ou outros excelentes publicistas estrangeiro, Renato
Alessi, da Itália. Eles diriam aqui (na instabilidade) eu tenho interesse público primário,
e na comutatividade eu tenho interesse público secundário.
183
São normas esparsas na Lei, têm mais detalhes do que eu vou falar, mas
eu tenho que ser objetivo em relação a concurso.
Só há dois casos em licitações, a obrigatoriedade de um instrumento
contratual, são os casos de concorrência e tomada de preço.
Quando as licitações forem na modalidade de concorrência ou tomada de
preço, elas licitações para a contratação decorrerão de um instrumento formal, inscritos,
individualizando o contrato administrativo.
Esse instrumento é elaborado pela própria Administração Pública, e será
anexo obrigatório do edital, (nós já vimos isso), mas apenas taxativamente é descrito na
lei, nos casos de concorrência e tomadas de preço.
Então nos casos, de concurso, leilão, convite, e pregão, não
obrigatoriedade da existência de um instrumento formal e escrito, pode, mas a
Administração Pública não está obrigado a formalizar o contrato.
Você vai encontrar, perdido no meio da lei, uma norma dizendo assim:
“É nulo o contrato verbal com a Administração Pública, salvo os casos de pequenas
compras, e de pronto pagamento”.
Indica o dispositivo que pelo valor se indica o que é pequeno.
Poderia aparecer uma antinomia, mas se você continuar lendo a lei, você
vai ver que o que não se pode é provar a existência do contrato administrativo,
exclusivamente, por testemunhas, por outros meios de provas que não sejam
documentais. Isso não obriga, repito, a existência de um instrumento formal, nessas
outras quatro modalidades de licitações.
Agora, na ausência de licitação, você tem que aplicar a regra gera, ou
seja, verificar se é caso de concorrência se é caso de tomada de preço. Por quê?
Porque o dispositivo seguinte vai dizer, que é possível provar o contrato
por nota de empenho, por nota fiscal com recibo de mercadorias, emissões de faturas.
Significa que é nulo o contrato verbal, mas eu provo a existência do
contrato por escritos, por documentos, que podem não constituir por si mesmo um
instrumento contratual, mas que mostram pela realidade que efetivamente houve a
contratação.
Nós sabemos que no direito comum, nós podemos provar a existência de
contratos verbais, porque a Lei Civil não exige a forma escrita, ao contrário do Direito
Administrativo.
186
14ª Aula
próprio constituinte teve que abrir uma exceção a essa regra geral, artigo 30, inciso V,
da CF/88.
Porque a norma diz: Compete aos Municípios à prestação de serviços de
interesse local, diretamente ou mediante concessão, inclusive o de transporte coletivo
que tem caráter essencial.
Isso é muito importante, porque o constituinte colocou essa exceção,
porque ele sabia que o serviço essencial é indelegável, então, ele colocou inclusive o
transporte coletivo local, ele disse: Eu quero que o transporte coletivo local seja de
caráter essencial, mas, no entanto, delegável.
Você vai à discussão da constituinte, lá em 1988 e vê que a razão é
importantíssima, por causa de greve, porque a legislação em matéria de greve é muito
mais restritiva em relação aos serviços essenciais do que aos serviços der interesse
público, você para a economia do país com greve no transporte municipal, basta ver o
que acontece em São Paulo.
Importante: Resultado: pode o juiz restringir o direito de greve, ainda
que realizado por particular, exatamente pelo caráter essencial dito na Constituição, é a
exceção que confirma a regra.
Se trabalhar com essa noção ao meu ver água e esgoto você paga tarifa,
você não paga taxa, existe contrato de concessão, é negar a realidade, o que o STJ faz
em acórdãos isolados é negar a existência de contrato de concessão.
Como é que eu posso dizer que o serviço é essencial e conceder?
A CEDAE é uma concessionária de serviços públicos municipais, é uma
empresa estadual, água do imperador tem água por tudo quanto é lado, mas o contrato
de concessão é um sinal claro de que o serviço é delegado, eu não posso chamar o
serviço de essencial se ele for delegado, é só pegar a Constituição.
Portanto, chegamos ao nosso objeto, então, o objeto de concessões e
permissões somente podem ser os serviços de interesse público, não os serviços
públicos essenciais porque são indelegáveis.
Repito, esses serviços interesse público regra geral hoje, ou eles são
prestados por pessoas da Administração Pública indireta (sociedade de economia mista,
empresas pública) ou por concessionárias e permissionários de serviços públicos, como
na sua grande maioria na linha de privatização do serviço público brasileiro.
A Lei 8987/95 vai distinguir concessão e permissão e vai estabelecer os
vários requisitos, para licitação e concessão e permissão de serviços públicos, as formas
de extinção das concessões, mas antes de tudo isso importante é que a lei vai definir o
que um serviço público adequado, e isso é importante pela responsabilização civil em
caso de dano causado por mau serviço, por serviço mal prestado.
O artigo 175 da CF/88 disse lá no parágrafo único, entre várias coisas,
que a lei estabelecerá o direito do usuário a serviço público adequado. Sete anos depois
a Lei 8987/95 conseguiu definir o que seria serviço público adequado.
Eles estão no artigo 6º, §1º, várias características aqui, algumas são
intuitivas a lei vai definir algumas depois, mas importante para efeitos de concurso é
que algumas características estão ali.
Primeira característica: Continuidade, aquilo que nós estudamos lá no
início do programa, um dos princípios implícitos da Administração Pública, o princípio
da continuidade do serviço público, é crucial e está no §1º e é isso que nós já
estudamos: Seja essencial seja de interesse público o pressuposto do serviço ser
198
adequado é que ele é contínuo, é incessante tem que ser prestado vinte e quatro horas
por dia, ele deve existir disponível para a prestação.
Quando eu aperto o interruptor o pressuposto é que se faça luz porque o
serviço é contínuo, se eu precisar de um ônibus no Rio de Janeiro às três horas eu vou
ter às seis horas, mas eu vou ter um porque.
Segunda característica do serviço adequado: É a regularidade.
A continuidade não pressupõe a mesma intensidade vinte e quatro horas
por dia, por conta da realidade das coisas, o direito não pode ir contra a realidade das
coisas. Essa regularidade se faz conforme a necessidade, saúde pública é prestada vinte
e quatro horas, no centro cirúrgico eu realizo cirurgias de emergências vinte e quatro
horas por dia, mas as outras que podem ser realizadas depois sem risco de vida eu
marco horário. Então o centro cirúrgico funciona com intensidade diferentes, em
horários diferentes.
Xadrez de delegacia policial eu tenho horário de visitação, é direito do
preso à visitação, mas eu tenho horário de visitação, portanto, eu não entro
indistintamente em todos locais da legacia vinte e quatro horas por dia exatamente pela
característica da regularidade. Ela pode modificar ali.
É isso que eles usam para parar o metrô no Rio de Janeiro pare das 23:00
às 6:00, erradamente ao meu ver, porque o serviço tem que existir a intensidade e a
regularidade é que podem ser modificadas, mas paralisar inteiramente, como é um
serviço essencial, pois se esgota dentro da cidade do Rio de Janeiro a meu ver errôneo,
eu não posso fazer cessar. Isso é o pressuposto de trabalhar com a realidade.
Terceira característica: Segurança.
Uma outra característica de se trabalhar com a realidade, que tem sido
mal usada é a expressão segurança, cuidado porque aí não se refere à segurança pública,
tem sido utilizada para pretender responsabilizar o transportador por danos causados por
roubos praticados por passageiros para com passageiros, coisa rara de acontecer, assalto
em ônibus. Aí o lesado move ação contra empresa de ônibus com base nessa palavra
segurança, dizendo que o serviço não foi prestado de forma segura.
Cuidado - Segurança nesse sentido se refere a tudo que é conexo ao
transporte coletivo, ao serviço prestado pela transportadora é transporte coletivo e não
segurança pública, segurança pública é serviço essencial e, portanto, indelegável, ele
não tem poder de polícia de segurança, portanto, eu não posso responsabilizá-lo pelo
crime de ação pública cometido não pelo preposto dele, mas por terceiros mesmo que
passageiro.
Têm pessoas que dizem a faz parte do riso do negócio, é risco
administrativo, aí vai juízes e membros do Ministério Público que não conhecem direito
público e dizem que é do risco administrativo, mas se você não delega serviço de
segurança pública você não pode exigir que a transportadora preste o serviço.
Você se deixaria revistar por um trocador, um motorista de ônibus?
Não, porque ele não tem poder de polícia, então se ele não tem poder de
polícia eu não posso responsabilizá-lo, eu posso responsabilizar o Estado por falta de
segurança pública, mas não o transportador.
Se você quiser levar isso ao estremo basta tirar a hipótese de assalto,
para pegar aquela hipótese, que aconteceu, do namorado que insatisfeito com fim do
namoro sobe para o ônibus e lança ácido sobre ela, ela desvia e pega em uma mãe com
o neném de colo.
199
15ª Aula
serviço, vai prever também cada estatuto como é que vai haver a vacância do cargo,
aposentadoria, falecimento, exoneração.
E essas normas incidem de pleno direito, independem do vínculo
contratual entre a pessoa da Administração Pública e o funcionário público, nesse caso,
porque a lei incide de pleno direito, há uma adesão do agente público ao regime
estatutário, na medida que ele se inscreve no concurso público e é aprovado, nomeado, e
pratica junto com a Administração Pública o ato de posse.
O ato de posse é um ato administrativo complexo, a autoridade
administrativa tal pratica o ato posse, mas ele comparece o ato de posse e firma o ato de
posse, ele está aderindo o regime estatutário e a lei vai passar a incidir de pleno direito.
Não é o que acontece no regime trabalhista e no regime especial, ainda
que aprovado em concurso público o empregado público em regime trabalhista ele vai
firmar com a Administração Pública, um contrato de trabalho concretamente para que se
inicie a relação de serviço e seja regida por contrato de trabalho na forma da legislação
incidente (CLT), quanto, repito, o estatutário é o regime legal. O regime estatutário, diz
a doutrina, é o regime por excelência no serviço público, exatamente porque nele se
independe da vontade do agente para a mutabilidade do conteúdo do regime, o regime
será mudado por lei, na forma da lei, mas independerá da vontade prévia do agente,
coisa que não acontece no regime trabalhista e no regime especial, pois há mutação do
conteúdo do regime. Exatamente por isso, interessa mais ao interesse público que o
regime seja precisamente estatutário, porque a Administração Pública poderá acordar
diretamente com o Poder Legislativo a alteração desse regime. É claro que respeitando
direito adquirido, ato jurídico perfeito, princípios sensíveis em matéria de
Administração Pública em favor dos agentes públicos, mas respeitado isso o regime é
legal.
É por isso que os sindicatos dos funcionários públicos vão ao Congresso
Nacional, a assembléia legislativa, a câmara de vereadores, se bater também durante a
tramitação dos projetos de lei que vão alterar aqui e ali os projetos de lei.
A Administração Pública pode converter o regime de estatutário para
trabalhista?
Não, a menos que a legislação mesma seja alterada para mudar naquele
Município, naquele Estado a natureza do regime que estabelece para aquela pessoa da
Administração Pública.
A pergunta é boa, já para chamar a atenção para o antigo e para o novo
artigo 39 da CF/88, já começa a se falar de um novo suposto regime para quem vem
acompanhando essa mutação de regime se tornou muito famosa no Brasil a partir da
CF/88, por causa do artigo 39 “antigo”, se você tem o antigo exemplar da CF/88 e tem o
novo exemplar da CF/88, antes da Emenda Constitucional 20/98, que realizou a reforma
administrativa é interessante você acompanhar isso. Por quê?
O artigo 39 é como se sofresse uma bomba atômica; foi completamente
mudado, o artigo 39 antigo não tem nada haver com o artigo 39 novo, antes e depois da
Emenda Constitucional 20/98.
A pergunta que ele nos fez é importante nesse início, para falarmos no
antigo regime jurídico único, regime jurídico único não era e nem nunca foi um quarto
regime jurídico. Por quê?
Porque esse único aqui era no sentido do antigo artigo 39 de uniforme,
não único no sentido de excludente, não existem mais os três regimes, só existe um
chamado de único, não era isso.
206
públicas, por causa do artigo 173, da CF/88. Então, todas as sociedades de economia
mista e empresas públicas, como elas vão atuar intervindo na ordem econômica, e como
o artigo 173 diz que essas pessoas se submetem ao regime jurídico próprio das pessoas
privadas, inclusive, quanto as suas obrigações, civis, trabalhistas, tributárias, o regime
trabalhista passa a ser obrigatório para essas pessoas, obedecida a Constituição Federal,
concurso obrigatório, outras decorrências práticas, não cumulação de cargos e
empregos, eu posso na iniciativa privada ter três empregos, (professores estão dando
aula em quatro empregos, mas não é possível caso de professores que sejam públicos,
eles podem ter dois empregos, empregos e cargos há uma determinada limitação para
essa cumulação). Então vai haver várias limitações, mas uma vez obedecida às
limitações o regime trabalhista é igualzinho. Em essência é isso sobre o regime
trabalhista.
A empresa pública independente da atividade que exerça vai ser sempre
o regime trabalhista?
Vai ser sempre, porque a empresa pública sempre realiza um serviço de
interesse público, quer a lei vai lhe delegar; seja qual for ele o regime é trabalhista
obrigatório.
A rescisão do contrato de trabalho no regime trabalhista se opera da
mesma maneira que na iniciativa privada?
Da mesma maneira, eu vou mover reclamação trabalhista contra o
Município do Rio de Janeiro, perante vara do trabalho, as verbas resilitórias são regidas
pela CLT, não há estabilidade no regime trabalhista, ele pode ser demitido sem justa
causa, sem problema nenhum, porque o regime de garantia é o FGTS, então, não há
estabilidade no regime trabalhista. Por que não há?
Artigo 41 da CF/88, a pergunta é boa para a gente ver que só estudando
cinicamente Direito Administrativo na CF/88, desde que você leia com atenção, você
tem a resposta, porque o artigo 41 diz que a estabilidade se dá para aqueles nomeados
cuja aprovação se dá em concurso público, para cargo público, então o artigo 41 vincula
cargo, e aí eu esqueci de dizer obviamente que o ato de designação se denomina
nomeação, que nós vamos estudar, mas a estabilidade só existe no regime estatutário,
então tudo vai se operar como no trabalhista em regime de resilição como na iniciativa
privada.
A estabilidade extraordinária atinge os empregados públicos?
Aquela estabilidade extraordinária foi muito discutida na doutrina e nos
tribunais, porque quando veio a CF de 1988, isso hoje é pacífico, tanto que na época do
Collor, ele começou a restrição de gastos públicos demitindo empregados públicos
porque não há estabilidade extraordinária, porque o regime nesse caso, porque o artigo
19 estabelecia a estabilidade extraordinária nas autarquias e fundações e não nas
sociedades de economia mista e empresas públicas.
Como fica na privatização das empresas públicas e sociedades de
economia mista?
Elas deixaram de ser empresas públicas, então, o regime continua a ser o
trabalhista com sucessão o adquirente do controle acionário o regime continua sendo o
trabalhista e vou aplicar a CLT em relação ao sucessor das obrigações e a vida segue
como numa empresa privada.
210
Regime Especial
O regime especial é o único regime que tem uma norma especial dentro
da CF/88, artigo 37, inciso IX da CF/88, enquanto os outros dois regimes estão esparsos
em relação a sua existência, o regime especial é o que o artigo 37, inciso IX, da CF/88
diz que é.
Inciso IX, do artigo 37 da CF/88 - “A lei estabelecerá o caso de
contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária e excepcional
do interesse público”.
Primeira noção: Enquanto no regime estatutário e no regime trabalhista
haverá a permanecia do agente público no serviço público por tempo indeterminado,
haverá um caráter de definitividade ou pelo menos de prolongamento indeterminado no
tempo da permanência do agente público. Por quê?
Porque cargo e emprego público pressupõe essa definitividade da
necessidade do trabalho, o agente pode até vir a ser demitido do cargo público, mas o
cargo ou o emprego continua existindo, eles vão ser novamente providos os cargos, e
contratado o empregado público para o emprego, porque é uma necessidade perene no
regime estatutário e no regime trabalhista; no regime especial não, ele tem a
característica da transitoriedade, então ele é um regime contratual, como a norma
acabou de dizer, a lei estabelecerá os casos de contratação, mas por tempo determinado.
E qual é a razão dessa determinalidade do tempo?
Porque ele existe para atender a uma necessidade temporária e
excepcional de interesse público, então, haverá uma causa emergencial em favor do
interesse público, levando a Administração Pública à temporariamente contratar, para
atender a essa necessidade temporária.
Exatamente por isso que esse caráter excepcional tem determinada razão
de interesse público na forma da lei, é que o concurso público que aqui (estatutário e
celetista) é obrigatório, teoricamente o funcionário público e o empregado público vai
se aposentar no cargo ou no emprego, no regime especial não, como a necessidade é
breve, determinada pessoa física por um período de tempo determinado em razão da
necessidade emergencial presta serviço, e aí ele é nesse sentido precário e por isso não
se exige concurso público.
O tempo tomado para realizar o concurso público vai expor aquela razão
de interesse público a ser ou poder ser lesionada diante da carência nesse momento, é
muito comum, por exemplo, na área do magistério, greve no serviço público, tem Leis
Estaduais admitindo a contratação temporária para suprir a necessidade de aula
enquanto a greve se desenvolve e aí outros agentes serão contratados temporariamente
na formas da lei para isso.
Então ele vai sempre conviver mesmo quando havia o regime único, o
inciso IX do artigo 37 veio com a CF/88 a mesma Constituição que previa o regime
211
uniforme, mas ele vai conviver porque situações emergenciais existem sempre na vida.
Ele vai sempre conviver com os outros regimes.
As autarquias estariam aqui incluídas no regime especial?
A minha resposta é depende da lei, se a lei estabelecerá os casos de
contratação, então, poderá haver situações emergenciais em relação às finalidades da
autarquia, aí eu posso contratar, tanto posso que a Lei 8112/90 quando ela veio havia
um dispositivo dentro dela o artigo 233 que tratava do regime especial. Agora na União
há uma lei especial, que é a Lei 8745/93, que admite o regime especial para autarquias
também, desde que colocada àquela situação especial prevista na lei.
Pode, desde que haja a expressão “previsão legal”, que a contratação seja
temporária e que a hipótese seja especial.
Há uma situação emergencial, mas por outro lado aquele Município
realizou concurso público e tem um grupo de aprovados no concurso para prover o
cargo ou emprego que vai realizar aquela atividade, então eu posso aplicar o regime
especial?
Eu não posso aplicar o regime especial indeterminadamente para evitar a
definitividade do regime estatutário e do regime trabalhista, é muito comum acontecer,
mas toda vez que é levado ao judiciário nas ações de controle, tribunais de contas o
judiciário tem obstado essa prática. Por quê?
Porque são reguladas por lei, a lei tem que prever a possibilidade, mas a
lei não pode ser desnaturada para substituir os regimes.
O regime especial é remunerado por empenho?
Não, eu não tenho um contrato administrativo no regime especial, eu
tenho uma designação para o exercício da função, então aquele servidor sobre o regime
especial ele não é pago por nota de empenho, ele não é um particular que está prestando
um serviço da Lei 8666/93 lá do artigo 13 da lei de licitações e contratos, isso cai muito
em concurso, a pergunta é boa por causa disso, ele é um agente público e será
remunerado com folha de pagamento através de contra-cheque, ele entra na rotina de
folha de pagamento enquanto contratado. Ele é celetista também?
Minha resposta para você agora é não sei, olha o que diz o artigo 37, IX
da CF/88, você vai ver porque eu não sei, porque você vai ver a resposta a isso, porque
diz a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a
necessidade excepcional de interesse público.
Resultado: A Constituição, ela mesma não definiu qual a natureza do
contrato, ela disse a lei estabelecerá os casos de contratação. Que lei é essa?
Toda doutrina e a jurisprudência com toda razão dizem, é uma Lei
Federal, é uma Lei Estadual, é uma Lei Municipal. Dependem de qual Administração
Pública nós estamos falando. Então, na Área Federal temos a Lei 8745/93, salvo
engano, você vai ver aí em primeiro ligar, os casos concretamente descritos pelo
legislador faz um raciocínio prospectivo, quais as situações emergenciais podem
ocorrer, ele descreve lá, qual o prazo de contratação, prorrogação ele prevê uma
prorrogação com tempo determinado e depois está acabado, não é possível permanecer.
Você lê a Lei 8745/93 e a jurisprudência tem interpretado como caso
federal, a contratação ser de natureza administrativa híbrida, no sentido de não ser
aquele contrato administrativo da Lei 8666/93, senão teria que realizar licitação o que
seria absurdo contrário à vontade do constituinte pela urgência da contratação, agora,
acabei de falar que professores aqui no Estado são contratados por contrato de trabalho
por tempo determinado.
212
Por quê?
Porque a Lei Estadual previu que naquela situação a natureza do contrato
é de trabalho. Então eu posso ter regime especial sobre o regime trabalhista por tempo
determinado.
Qual vai ser a diferença?
Que no regime trabalhista para emprego público o contrato é por tempo
indeterminado, ele foi aprovado por concurso público, enquanto aqui é por tempo
determinado para atender a necessidade temporária, vou aplicar a CLT nesse caso sobre
as contratações por tempo determinado, tem diferença a CLT entre uma e outra em
relação a alguns direitos resilitórios ou não, vou aplicar o regime trabalhista.
Outro exemplo de natureza do regime especial vinha na Lei 8112/90, no
artigo 233 que foi revogado pela Lei 8745/93, textualmente esse artigo previa o contrato
de locação de serviços que vulgarmente nós chamamos de serviços autônomos, aquela
locação do antigo e do novo CC era a natureza contratual quando veio a Lei 8112/90,
quando veio o regime especial para a União, suas autarquias, suas fundações públicas,
exatamente porque ali a lei falava locação de serviços, não sobre vínculo trabalhista.
Então, vai depender de cada lei.
Qual vai ser a remuneração do agente público no regime especial?
Professor contratado eventualmente para suprir eventual falta daquele provido em
cargo vai receber o mesmo que ele?
Não vai receber o que a lei que previu a contratação estabelecer, a lei que
vai estabelecer por causa da temporariedade, e não há necessidade de tratamento
isonômico porque eu tenho situações diferentes, aqui eu tenho caráter perene, do outro
lado é transitório, então a lei vai estabelecer em que valor se dará a remuneração, não é
exatamente idêntica.
O que eu aplico no regime especial?
Vai depender da natureza do contrato, se o contrato for de trabalho eu
aplico a CLT, se o contrato não for de trabalho tem que estar na lei que previu o regime
especial específico. A União tem uma lei geral que é a Lei 8745/93, mas pode haver leis
especiais para situações especiais a determinadas áreas de serviços públicos, vai
depender do que a lei disser. Eu tenho que sempre ir à lei. Regime jurídico é sempre
difícil, o professor Carvalho sempre me disse isso, quando ele começa a falar sobre
regime jurídico ele diz, não esquece se você for fazer concurso no Município de Goiana,
você tem que conhecer o estatuto do Município de Goiana, porque aí a matéria regime
especial tem sempre isso, porque é um mar, eu tenho que ir à lei daquele Estado, da
União e lembrar que o regime especial é um regime legal, nesse sentido, previsto em lei,
mas pode ser contratual no seu conteúdo, mas sempre por tempo determinado, mas a
regra do concurso público não se aplicará aqui porque a situação é emergencial, mas
tem que ficar claro também pode a lei prevê a realização de processo seletivo. Por quê?
Porque há determinadas situações transitórias de interesse público que a
ocorrência de tanto em tanto tempo é previsível. Ex: Senso, se eu for à legislação de
recenseamento no Brasil, eu sei que de tantos em tantos anos o IBGE, autarquia federal,
vai ter que realizar senso. Então o que faz o IBGE?
Como essa necessidade é temporária, e excepcional interesse público, ela
é previsível de tanto em tanto tempo dá para realizar um processo seletivo dentro da
legislação aplicada.
Vacinação, você vacinar milhões de crianças e idosos no Brasil é
previsível, pode realizar processo seletivo, não está obrigada a realizar, mas pode
213
realizar, e aí várias outras normas no artigo 37 vão falar em funções, mas lembre-se
sempre que está falando no regime especial.
Exemplo na inacumulatividade de cargo, emprego ou funções, então a
Lei 8745/93, por exemplo, diz que não pode ser contratado sobre o regime especial
quem já é funcionário público.
Aquele contratado sobre o regime especial será sempre um não agente
público que temporariamente será contratado, ele não pode cumular, se aplica à regra da
inacumulatividade de cargos, empregos e funções.
E os chamados agentes honoríficos?
Eu diria que eles não se aplicam em nenhum dos três regimes jurídicos,
como os mesários, os jurados, eles têm um regime próprio previsto no Código Eleitoral,
previsto no CPP, mas eu não posso dizer que eles se enquadrem nem mesmo no regime
especial, eles serão agentes públicos, e se causarem danos vão ser responsabilizados,
mas ele não está no regime especial porque não há um contrato, há uma designação
especial ainda mais transitória do que a do regime especial.
O regime especial é um regime substituição, eu diria, na prática de
situações emergenciais aqui.
Eu falei em greve de professor, mas a legislação pode prever, por
exemplo, a morte de um professor de física quântica três, na Universidade de Campinas,
a turma está no terceiro período, só tem um professor. A turma vai ficar esperando?
Não, e a Lei 8745/93 permite até a contratação de professor estrangeiro,
então, eu contrato professor estrangeiro sobre o regime especial. Porque eu não vou
atrasar a vida dos alunos. Leiam a Lei 8745/93.
O regime especial é sempre comissionado?
Não, eu vou falar sobre ele agora, não é nem comissionado ele tem uma
natureza própria.
Agora vamos passar para as características de cada um dos regimes:
Regime Estatutário
O que é cargo?
Cargo no sentido figurado é o espaço reservado ao agente público
estatutário para a sua atividade, mas esse espaço é no sentido figurado e não no sentido
físico.
Positivamente cargo é um conjunto de atribuições criado por lei, com
remuneração e denominação e as próprias atribuições previstas em lei, destinado a ser
provido ou por concurso público (cargo de provimento efetivo) ou confiança de
autoridade pública a quem a lei dê competência (cargos em comissão).
Atribuições, nós já lembramos o que é, quando eu dei serviços públicos
eu falei que atribuição, função e serviço público.
Atribuição é um determinado trabalho, uma tarefa. A atribuição, diz
determinados doutrinadores, que a atribuição é a materialização da competência,
competência é um poder de realizar algo, a atribuição é a descrição do algo que será
realizado, quando o legislador toma um conjunto de atribuições e fecha; eu estou tendo
um cargo.
Então o cargo é um conjunto de atribuições nesse sentido, em que as
tarefas estão a cargo de determinados agentes públicos, então o Promotor de Justiça, se
214
eu for à legislação, tem lá tais e tais atribuições, por isso eu tenho o cargo conjunto de
atribuições.
Cargo reserva legal, está na CF/88, somente pode ser criado por lei.
Então, a criação desse conjunto obrigatoriamente é por lei, mais ainda, ao criá-lo
obrigatoriamente, outra vez reserva legal, vai dar nome e fixar a sua remuneração, aí é
por lei novamente, mesmo no regime especial.
Qual vai ser a remuneração?
A lei que criar vai ter que prever ou delegar a fixação da remuneração.
Espécies de Cargos
Promoção:
Promoção é vertical, o que acontece na promoção?
O agente é transposto de classe hierarquicamente inferior para classe
imediatamente superior, ele se promoveu por antigüidade ou merecimento. Haverá
critérios para que esse ato possa ser praticado, poderá haver discricionariedade ou não,
antigüidade ou merecimento, mas isso é promoção.
Reintegração:
Se ele foi demitido, olhem o artigo 41 da CF/88, falando em provimento
derivado invalidado por sentença judicial, a demissão do servidor, será ele reintegrado.
A reintegração é isso mesmo, é de alguém excluído do serviço público pela demissão
voltar ao cargo que foi demitido porque o ato de demissão foi invalidado.
Alguém se aposentou do serviço público por doença que o invalidou,
aquisição de doença profissional, que o invalidava definitivamente para o trabalho,
doença sem cura segundo a medicina, cinco anos depois se descobriu à cura e ele se
curou. O que acontece aí?
É a chamada reversão.
Reversão:
Reverte aquele é provimento derivado definido em estatuto, reverte
àquele agente público aposentado por doença invalidante da qual tenha se curado e vai
poder reverter.
O que acontece no caso da ascensão profissional ou acesso
profissional?
Nós temos além da carreira, dentro dela, nós temos carreiras que se
subordinam de maneira que os agentes providos na carreira subordinante vão poder
emitir ordens aos agentes das carreiras subordinadas, exemplo:
218
16ª Aula
REGIME JURÍDICO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
anos de pleno direito esta estabilizado. Dentro daqueles três anos a Administração
Pública tem o dever de exonerar, garantido a ampla defesa e o contraditório.
Se nesses três anos que ele está em estágio e comete uma falta funcional
ele vai ser exonerado?
Não, ele vai ser demitido, uma coisa não exclui a outra. O funcionário
público que no período de estágio cometeu falta grave; inquérito administrativo para ele
poder demitir, inquérito administrativo na forma do Estatuto.
A Administração Pública não pode, cometeu falta grave, ela cruza os
braços e computa isso para decidir discricionariamente no final, não ele poderá ser
demitido nesse período, a demissão não se aplica apenas ao estável, ao não estável
também. É aquela máxima do direito, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
A estabilidade se dá no cargo ou no serviço?
Essa questão é interessante, mas a grande maioria da jurisprudência vai
lhe responder que se dá no serviço.
Por que ele não se estabiliza no cargo?
Porque ele é titular do cargo, mas o cargo pode ser extinto, as atribuições
do cargo podem ser modificadas, ele pode ser coercitivamente removido do cargo, nós
temos remoções compulsórias.
Então a estabilidade dá a permanência no serviço público, e não no
cargo, mas há uma questão subjacente aí mais interessante ainda, que é poderá ou não
evoluir na carreira naquele estágio de três anos, aquele provido no cargo que está
instável? Aquele provido no cargo está em estágio, o cargo inicial de carreira, mas
supondo que haja vagado na classe superior, ele poderá ou não ser promovido?
Essa é uma questão altamente controvertida, a Constituição nos diz
efetivo exercício, ela taxativamente não diz que o exercício seja exatamente no cargo
inicial da carreira no qual tenha sido investido por concurso público, mas se você olhar
a realidade da Administração Pública não promove até a estabilização.
O Ministério Público, por exemplo, não é estável, é vitalício, eu vou falar
sobre isso posteriormente, mas não se promove até que seja vitaliciado, vão ser
promotores substitutos mesmo que haja alguma vaga, isso gera prejuízo para o interesse
público.
Às vezes você tem cargos de mesma natureza com atribuições mais
complexas, se você se adaptar a essa realidade, ao meu ver, em favor do interesse
público, nada obsta que haja exoneração já tendo havido uma promoção. Mas muitos do
Ministério Público fazem isso.
O funcionário público em estágio probatório ele pode ser nomeado para
cargo em comissão? Se pode, nesse caso se computa o período como estágio
probatório?
Não. Por quê?
Porque aí no cargo em comissão, eu não posso aferir o requisito da
estabilidade, exige efetividade, eu não posso aferir a capacidade profissional, ela tem
que ser aferida no cargo de origem e não no cargo em comissão, então ao meu ver, ele
não pode ser nomeado.
Mas há algumas exceções, quando?
Quando ele acumula, isso pode ocorrer de eu tiver servidores providos
em cargos efetivos e acumular o exercício de cargo em comissão, eles podem ser
cumulados a determinadas carreiras.
227
perde cargo por sentença judicial em decorrência do ilícito que ele tenha praticado, essa
sentença pode ser de dupla natureza penal ou civil.
Nós tivemos juízes, réus em ação civil pública, que participaram de
fraudes contra o INSS, que como efeito do acórdão condenatório tiveram decretado a
perda do cargo, poderá haver ação civil pública, Lei 8429/92 contra membros do
Ministério Público, contra magistrados, contra membros do TC, exatamente por
improbidade administrativa. Então, é possível, mas só isso.
Claro que com isso há uma maior estabilização do vitalício porque só
com sentença judicial, e não por decisão extrajudicial, essa é a principal diferença.
Para a vitaliciedade o prazo continua sendo de dois anos para aquisição.
Por quê?
Porque a reforma do judiciário ainda não veio, está em tramitação, então
a Constituição que foi mexida para a estabilidade que passou para três anos, ele não foi
mexida, ainda, para a aquisição da vitaliciedade.
A quem se aplica?
Magistrados, Juízes de Direito seja na Justiça Estadual, Federal ou
Especializada, membros do Ministério Público, membros do TC.
O quinto constitucional; ocupado metade por advogado e metade com o
Ministério Público, nomeado exemplo Professor Glioche ele era vitaliciado como
membro do Ministério Público, ele foi ao quinto constitucional e nomeado
desembargador, aí ele é vitaliciado instantaneamente, não há nenhuma previsão de
estágio, e nem o professor Glioche mereceria isso, estar em estágio de vitaliciamente.
Há um pressuposto de capacitação, porque a Constituição não exige para o quinto
constitucional, mas admite para Juízes de carreira no cargo inicial para Juízes de
Direito, poderá no futuro ocupar o cargo de Desembargador, mas ali no início ele vai
ficar em período de estágio probatório.
E no caso de sentença penal condenatória, a perda do cargo se for
efeito, já é automático?
Não se na forma do CP for efeito da sentença transitada em julgado, a
perda do cargo o juiz decretará, o acórdão na arte condenatória decreta a perda do cargo,
seja pela natureza do ilícito, seja pelo volume de pena, isso é sentença penal.
Agora, poderá haver ato de improbidade administrativa que não constitua
ilícito penal, então eu poderia ter uma ação civil autônoma, ação civil pública mesmo,
com o pedido de decretação de perda do cargo.
Nesse caso do vereador de São Gonçalo, ele sofreu a ação de
improbidade administrativa e também a ação penal, porque ao mesmo tempo o ato de
improbidade administrativa é um ilícito administrativo e o mesmo ato constitui um
ilícito penal, ele também poderá sofrer duas ações.
A sentença condenatória por si só leva a perda do cargo?
Por si só, porque teve o contraditório ali e a lei previu essa sanção, é
porque nós estamos habituados ao formalismo do inquérito administrativo pela
Administração Pública, mas não têm outras leis que vão prever a mesma sanção prática
por outros ilícitos.
E se outro ilícito é de competência do judiciário conhecer através de ação
penal, ou por improbidade administrativa, é diretamente a sentença que leva a perda do
cargo e mais vai tão longe isso, que mesmo estabilizado o funcionário público que
cometeu um ilícito administrativo que corresponde a um ilícito penal, suponha que na
esfera penal isso tenha evoluído tão rapidamente que o inquérito administrativo tenha
229
ficado para trás, não chegou à decisão ou ainda nem existe inquérito administrativo, ele
condenado penalmente, apesar da sentença não condenar a perda do cargo, se a sentença
reconhece a prática do ilícito, a Administração Pública não tem que instaurar o Inquérito
administrativo, colher provas, porque ele já exerceu ampla defesa e contraditório, ela
pode diretamente demitir, prova mais sentença.
Por isso que muitas Administrações Públicas se habilitam como
assistentes do Ministério Público em ação penal, porque ali ele está exercendo ampla
defesa e contraditório em relação aos mesmos atos, que poderiam ser inquinados em
inquérito administrativo, vai ter apelação, e outros, então muitas administrações correm
para ser assistentes do Ministério Público para buscar acelerar o processo, e poder
demitir mesmo que a sentença penal não diga isso.
E vitaliciedade para a defensoria?
Se for possível a Constituição Estadual estender casos de vitaliciedade
não previstos nas CF/88 ou estender foro por prerrogativa de função?
O Supremo tem tido posições contraditória em relação a isso, ele vai e
volta na defensoria, a estabilidade é com três anos.
Ele adquire a vitaliciedade para depois adquirir a estabilidade?
Não, ou ele será estável ou ele será vitalício.
Por que não há o período de tempo para os Desembargadores?
No caso dos desembargadores não tem porque a Constituição não prevê
que passem por um período de estágio probatório, ele é vitaliciado de pleno direito.
Quando o judiciário decreta a perda do cargo ele não está entrando no
mérito administrativo?
Não, porque aí eu tenho leis próprias, a lei penal, a lei de improbidade
administrativa que delega competência aí se eu pegar o mérito administrativo quem está
fazendo juízo de mérito é o judiciário onde ele pode fazer. Foi tão grave isso, segundo o
critério político que se admitiu que o judiciário fizesse, mas a lei não será
inconstitucional porque eu tenho o controle de um poder pelo outro, porque pode ser tão
grave para o interesse público que aí o judiciário pode decretar.
É importante ressaltar que o desligamento, como ela perguntou atrás, é
exclusivamente no Rio de Janeiro, para se entender que o estágio probatório seja estágio
experimental, eu peço a você que dê uma lida logo no início dele, que é o Decreto Lei
220/75, é o Estatuto do Funcionário Público Civil do Estado do Rio de Janeiro, não
esqueça que ele é de 1975, o ano da fusão, deus nos livre de outra, entre o Estado do Rio
de Janeiro e o Estado da Guanabara, Lei Complementar 20/75, determinou a
implementação e o Governador, então Faria Lima com competência para legislar por
Decreto Lei, entre eles o Decreto Lei 220/75 que ainda é até hoje o Estatuto do
Funcionário Público Civil do Estado do Rio de Janeiro, com várias alterações que foram
inseridas em diversos artigos.
Muito bem, nessa circunstância interessava politicamente ao novo Estado
que agentes públicos já de carreira, seja no antigo Estado do Rio de Janeiro seja no
antigo Estado da Guanabara fizessem concurso para outros cargos públicos diante da
existência de um novo Estado.
E ele, o Decreto Lei 220/75 prevê algo chamado de estágio probatório,
que não é o estágio experimental, primeiro pelo prazo seis meses, seria absurdo permitir
contra a norma constitucional que um Estado, Unidade Federativa, Estado ou
Município, dissesse que o meu estágio para a aquisição da estabilidade é de seis meses,
230
quando a CF/88 fala em três anos que é o período para a aquisição da estabilidade,
primeiro por isso.
Segundo o ato normativo que regula o Estatuto é o Decreto Lei 2479/79,
quatro anos depois o então governador Chagas Freitas regulamentou o estatuto, esse
estágio experimental é fase do concurso público, os concursos públicos até hoje para
cargos de provimento efetivo no Estado do Rio de Janeiro, incluem um conjunto de
provas de conhecimento, capacitação física, e normalmente o que nós achamos que é o
concurso, mas inclui também o que nós chamamos de estágio experimental, dentro do
qual, a norma é casuística também, dentro do qual temendo que o agente público já
pudesse ser de carreiras de outras áreas dos antigos Estados, aquele que passou nas
provas de conhecimento e de capacidade física, vai ser afastado do exercício do seu
cargo de origem e vai ser designado para realizar o estágio experimental, se aprovado
no estágio experimental, diz a norma, ele então será nomeado, sequer ainda foi
nomeado, mas ele é designado no estágio experimental para ser experimentado no
exercício concreto da atividade no qual futuramente se aprovado dentro do concurso
será nomeado. Senão nomeado ele não foi exonerado do cargo de origem, na prática
desses seis meses, o estatuto admite uma acumulação, na prática é uma acumulação ele
vai estar afastado do exercício de seu cargo e vai ser remunerado em 80% da
remuneração normal do cargo para o qual designado, ainda não nomeado e aí ele está
sendo experimentado. É algo muito casuístico do Estado do Rio de Janeiro.
Por isso que a expressão desligamento aparece no Decreto Lei 220/75,
porque ele será desligado do estágio experimental, quando uma vez aprovado no estágio
experimental está aprovado no concurso, aprovado no concurso ele vai ser nomeado,
empossado e aí vai começar o período de anos agora para o estágio probatório, então é
algo muito específico do Estado do Rio de Janeiro.
Por exemplo: O Ministério Público realizou concurso para secretário de
promotoria e secretário de procuradoria, teve que obedecer ao estatuto faz o estágio
experimental de seis meses, para depois haver investidura no cargo e aí o início do
efetivo exercício do cargo, ele é experimentado no cargo, então, o estágio experimental
ele é muito específico do Estado do Rio de Janeiro, por isso se fala em designação e
desligamento do estágio, mas isso só existe no Rio de Janeiro.
Ele não pode se rebelar contra isso pode?
Claro que não, estágio ainda faz parte do concurso, o estágio é item do
concurso, ser capacitado ele não pode reclamar porque ainda não está nomeado, e ele
sabe que o estágio é uma fase do concurso, ele não vai ser nomeado para o cargo nesses
seis meses, ele vai ser designado para exercer funções no cargo.
Ele só vai ser nomeado depois que experimentado e aprovado no estágio
experimental.
Esse período de seis meses é descontado do prazo de três anos?
Pode somar, isso vai depender da legislação, eu não me lembro de
cabeça, mas se a legislação estabelecer ao meu ver não é inconstitucional.
Porque que não há?
Porque ele teve exercício, apenas não foi nomeado antes, então pode se
computar esses seis meses nesses três anos.
No estágio experimental ele é remunerado?
É remunerado com 80%, o que me parece também inconstitucional a
trabalho igual se remunera diferentemente, mesmo que restituível.
231
Então a lei respectiva na União, nos Estados, nos Municípios que tenham
universidade, poucos têm, as leis específicas vão prever.
Na área federal, além do regime especial, a Lei 8745/93 têm hipóteses de
contratação de professores universitários estrangeiros, sob regime especial, porque a Lei
8745/93 vai a atender esse artigo 207, na área federal, na área estadual é possível
também. A UERJ, têm professores estrangeiros com base na legislação estadual
respectiva.
Voltando ao artigo 37, o inciso II: “A investidura em cargo ou emprego
público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, e aqui a novidade, não havia isso até a CF/88 de emprego também”.
O que é investidura?
Investidura também é ato administrativo complexo (que é aquele que
depende da manifestação de vontade de pelo menos dois órgãos ou agentes diversos,
essas vontades se conjugam para formar a vontade do ato complexo) composto de
nomeação que é um ato e posse e exercício que é outro ato.
Uma autoridade normalmente nomeia a outra pratica juntamente com o
agente público posse e entrada em exercício, a esse conjunto de nomeação mais posse e
exercício chama-se de investidura, ela em si mesmo, é a vinculação jurídica do agente
público ao cargo público, e nesse caso a Constituição fala em emprego, então emprego
público também.
OBS: Só que a investidura para emprego público não se dá por
nomeação, se dá por contratação, então contratação mais posse e exercício completa a
investidura emprego público, ninguém é nomeado para emprego, cuidado com a
terminologia na hora da prova, porque isso é importante basta voltar ao artigo 41 que
diz:
São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados
para cargos de provimento efetivo em virtude de concurso público. Isso foi alterado
inclusive porque tinha gente sustentando estabilidade no regime trabalhista porque é
aprovado em concurso público, mesmo com a redação anterior o Supremo não vinha
admitindo, agora então, nomeados em concurso público.
Então, nomeação para cargo vá ao artigo 41 e vincula nomeação a cargo,
então a investidura no emprego é contratação mais posse e exercício e depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e título, então é um ato
vinculado, o ato de nomeação é um ato vinculado para o cargo de provimento efetivo,
vinculado. Por quê?
Porque só pode nomear aquele aprovado em concurso público na ordem
de classificação, não pode nomear quem queira. De acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, esse trechinho, só
lembrando, é o princípio da razoabilidade, trazidos para concursos públicos pela
Emenda Constitucional 19, o princípio da razoabilidade ele tem uma relação com o
princípio da eficiência, é intuitivo isso.
É a exigência que determinadas provas e determinadas capacitações para
acesso ao cargo, vai levar em conta a natureza e a complexidade do cargo.
Ontem por exemplo, de manhã eu fui assistir a uma palestra, que na
verdade era uma conferência, do Ministro Moreira Alves, (recém aposentado do STF,
aspectos controvertidos da parte geral do CC, ele foi um dos elaboradores do
anteprojeto lá nos anos setenta, da parte geral, eu tenho a impressão que ele é um dos
mais novos sobreviventes, oitenta anos, o Professor Miguel Reale está com noventa e
233
três e o Professor Hélio Chamur está com noventa, então eles são os sobreviventes lá do
início da história do CC).
Então muito bem, não a respeito especificamente sobre isso, mas que
algumas normas lá do CC, ele lembrou um caso, que eu nem tinha de memória em STF,
decidiu em recurso extraordinário, se o candidato cego aprovado em concurso para a
magistratura do Estado de São Paulo poderia ser investido no cargo de juiz.
E o Supremo por maioria entendeu que não, corretamente ao meu ver
sem discriminação, nós temos Juízes e Promotores cegos que não sabem que são, mas
sem discriminação, alguém sendo portador da doença visual absoluta, ao meu ver
incompatibiliza com o exercício do cargo, porque não é apenas a palavra da testemunha
ou a voz da testemunha que indica ao juiz que o depoimento é crível ou não.
O acesso às informações sigilosas legalmente quebradas, mas
responsável o Juiz e o Promotor pelo caráter sigiloso da informação, como exigir isso de
um profissional cego, se os autos não são em Braile e aí ele vai necessitar de um leitor,
mesmo que de boa-fé, seria quebrado o sigilo.
Aliás, hoje se quebra o sigilo, infelizmente, com Juiz soltando
informações, Promotores soltando informações, acho muito engraçado isso, quebra-se o
sigilo para condenar alguém, mas quebra-se e na mesma hora a Rede Globo está junto.
Então, quebra-se o sigilo instantaneamente isso acontece e aí o Supremo por maioria
entendeu que não.
Note-se como nessa parte a lei tem coerência com o inciso VIII: “A lei
reservará percentual dos cargos ou empregos públicos para as pessoas portadoras de
deficiência e definirá os critérios de sua admissão”;
A própria Constituição está admitindo que poderá ser estabelecidos
critérios para admissão em determinadas áreas ou não, e olha só como a realidade é
mais rica que nós imaginamos:
Nós temos hoje um Defensor Público no Estado do Rio de Janeiro cego,
e o Supremo decidiu que Juiz em São Paulo não pode ser cego, ao meu ver a natureza e
a complexidade do cargo é que vão determinar isso.
Idade é o que o Supremo sempre diz, me diz qual é o cargo, qual é o
emprego, quais são as atribuições que eu vou te dizer se é possível estabelecer limite
máximo de idade. Por quê?
Interesse público, determinados cargos exigem capacidade física muito
maior do que outro, delegado de polícia e detetive de polícia, além dos conhecimentos
técnicos o esforço físico é necessário tem que se estabelecer limite máximo de idade.
Juiz de Direito não, o Juiz de Direito ele tem que ser são fisicamente,
mas ele não tem que ter capacidade atlética para ser juiz, para ser delegado ou detetive
tem, então, eu estabeleço limite máximo.
Mas às vezes o sujeito com quarenta anos, que treina para isso tem mais
capacidade do que um sujeito com trinta anos tem, não discuto, mas a biologia mostra
que ele vai perder o vigor físico muito antes do que aquele de trinta anos, mesmo que
ele venha se mantendo em forma mesmo que para fazer o concurso. Então, é possível se
estabelecer limites de idade em determinados casos.
Sexo da mesma maneira, o Supremo já disse, que determinados cargos
na área militar, embarcados, por exemplo, Marinha, você pode ter problemas e aí não
mulheres só homens, então você pode ter diferenças sem significar discriminação.
Outra coisa importante em relação à prova, que são chamados de exames
psicotécnicos, exames psicológicos, a jurisprudência do Supremo, hoje praticamente
234
sendo realizado, a realidade pode ser outra no segundo momento, e aí a razão mais
comum é não ter dinheiro para pagar.
Então, por que fez concurso?
Porque há três anos a realidade era outra. Então, o argumento de estar
vinculado porque fez concurso me parece excessivo.
IV - Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação,
aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado
com prioridade sobre os novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
O prazo improrrogável previsto no edital de convocação levou a uma
série de discussão.
Seria ele o prazo do inciso III ou seria um outro?
Sendo um outro teria que ser igual ou diferente ainda que para menos do
prazo de validade.
Então, a Administração Pública poderia se autolimitar em relação à
convocação, porque o inciso III, fala em prazo de até dois anos prorrogável por uma
vez, o inciso IV fala o prazo improrrogável previsto no edital.
Então esse prazo de convocação do edital seria um prazo diferente?
O Supremo vem entendendo que não, o Supremo tem interpretado que a
Administração Pública preverá que é possível prorrogar e essa improrrogabilidade do
inciso IV, já é o prazo do inciso III prorrogado e esgotado, ele é prorrogável por uma
vez e se torna improrrogável diz o Supremo, a Administração Pública terá que dizer
qual é o prazo de validade no edital de convocação, significa no regulamento publicado
para o concurso. Ou poder prorrogar por mais um ano, por mais dois anos, mas prorroga
uma vez por igual período, eu posso limitar em até dois anos um prazo inferior a isso,
mas esse prazo do inciso IV é o mesmo do inciso terceiro.
Segundo aquele aprovado será convocado, se eu parasse ali, direito
adquirido, mas aquele aprovado será convocado com prioridade sobre os demais
concursados, então, ele não será necessariamente convocado, se a Administração
Pública entender de nomear aí sim, ela está vinculada à ordem de classificação, e ainda
diz mais: Com prioridade sobre novos concursados, dentro do prazo de validade a
Administração Pública pode realizar novos concursos, terminou aquele no prazo de dois
anos eu posso realizar um novo concurso sem ter nomeado no concurso anterior e
formar o que chamamos de banca de aprovados.
Há decisões minoritárias do STJ, Luiz Carlos Roberto, Relator
entendendo que nesse caso, a Administração Pública estaria evidenciando o desvio de
finalidade na medida que mostrou necessidade, continua mostrando a necessidade os
cargos estão vagos e não nomeiam, os cargos estão vagos e o mantendo algumas
decisões dos TJ, o STJ reconhecendo que por desvio de finalidade a Administração
Pública estaria obrigada a nomear.
Não discute a questão da expectativa de direito ou do direito adquirido,
mas diz que a partir dessa demonstração deveria ter nomeado porque realiza outro
concurso havendo cargos vagos. Mas quando chega ao Supremo a discussão, o Supremo
é muito ortodoxo, e tem dito que é expectativa de direito, tanto é assim que tem a
Súmula 16 que diz: “O nomeado em virtude de concurso público tem direito à posse,(aí
já é diferente iniciei a investidura a Administração Pública tomou a decisão
discricionária de nomear, nomeado ela não pode ela mesma deixar de completar a
investidura para cessar o ato de posse, e fazer cessar a eficácia do ato de nomeação)”.
236
Por quê?
Você vai encontrar em todos os estatutos de funcionários público, da
nomeação até a posse, prazo tal, não realizado a posse por ausência do nomeado ele não
comparece a posse, perde a eficácia do prazo de nomeação, mas o contrário não é
verdadeiro.
A Administração Pública nomeia, o candidato está lá e quer tomar posse,
Súmula 16, ela é obrigada a dar posse, ela não pode interromper a formação do ato de
investidura, porque ela já tomou a decisão discricionária de nomear.
A Súmula 16 foi muito discutida porque aconteceu aqui no Estado do
Rio de Janeiro, a Governadora Benedita da Silva, no dia 31/12, nomeou centenas de
aprovados para a polícia civil.
Assumiu a Governadora Rosinha, o que ela fez?
Ela anulou o ato de nomeação, já havia “n” mandados de segurança com
base na Súmula 16, e aí os desembargadores passaram a dar medidas liminares e com
razão para determinar a posse, porque aí o ato é vinculado, o ato de posse a
Administração Pública, mas até lá há expectativa de direito.
Tanto é que eu chamo a atenção para o artigo 77, inciso VII da
CERJ/89, ele foi declarado inconstitucional pelo STF, depois de anos de estar na
prateleira a ação direta de inconstitucionalidade, ele dizia que: dentro do prazo de cento
e oitenta dias contados da homologação do resultado do concurso a autoridade
competente do órgão que promovesse o concurso estava obrigada a nomear os
candidatos aprovados dentro do número de vagas expresso no edital, pelo menos
aqueles que estavam vagos no momento da realização no momento da publicação do
edital, a Administração Pública estava vinculada nos cento e oitenta dias da
homologação a praticar o ato de posse.
Promulgada a CF/88, o governador de então, Moreira Franco, ajuizou a
ação de inconstitucionalidade no STF, o Supremo, anos depois declarou inconstitucional
a norma, dizendo que é expectativa de direito e não é direito adquirido, não se podendo
fixar prazo para a administração praticar o ato de convocação.
17ª Aula
aos três regimes existentes em matéria de agentes públicos do Poder Público, esse é o
jargão da CF/88 para se referir ao que ela está tratando.
E aí você vai ver algumas normas em seguida que não se refere a todas
as normas ao mesmo tempo, mas essa se refere.
Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei. Nós sabemos que cargos são criados
por lei, princípio da reserva legal, mas a Constituição está delegando a legislação e
dizem quais são os requisitos de ordem pessoal, muitas vezes níveis de escolaridade,
idade, nós vamos ver que muitas vezes é possível para determinados cargos, empregos e
funções estabelecer determinados limites de idade, mas a CF/88 delega a legislação.
Ela seria extremamente casuística se começasse a dizer, desde já quais
os requisitos, você tem que ir a lei, que lei?
Normalmente a lei estatutária, no regime estatutário você vai encontrar
no estatuto dos funcionários públicos civil e em leis estatutárias especiais como: a
LOMP. LOM, LODF, dentro da lei orgânica você vai sempre encontrar uma parcela
estatutária.
Na LOMP, por exemplo, você vai encontrar a organização e
funcionamento e o estatuto do membro do Ministério Público, a parte estatutária
geralmente vem lá no final e você tem que ler para o concurso que você vai fazer e ali
estão os requisitos para acesso aos cargos.
Os cargos empregos e funções são acessíveis aos brasileiros que
preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como os estrangeiros na forma da
lei.
Então nos três regimes poderemos ter estrangeiros, mantendo sua
nacionalidade, não se naturalizando, podendo ser funcionário público regime estatutário,
empregado público no regime trabalhista e servidores sobre o regime especial
exercendo função pública. Outra vez na forma da lei.
Então a União, cada Estado, cada Município e Distrito Federal vão ter
leis próprias, restringido para o cargo brasileiro, ou se nada disser permitindo para
estrangeiros, isso não é novidade na CF/88, quem já leu ao meu pedido toda a CF/88 dá
uma olhada recordando no artigo 207, §1º.
No artigo 207 nós estamos no capítulo da educação, as universidades
gozam de autonomia didática científica, administrativa e de gestão financeira e
patrimonial, e obedeceram ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão:
Parágrafo primeiro: É facultado as Universidades admitir professores,
técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei.
Então a própria CF/88 pela Emenda Constitucional 11, o que nós
estamos lendo no artigo 37 resulta da Emenda Constitucional 19, mas já na Emenda
Constitucional 11 esse artigo foi mexido para expressamente admitir estrangeiro como
professor, técnico e cientista nas Universidades Públicas.
Se você for à área federal na Lei 8795/93, nós já mencionamos, que é a
lei que rege o regime jurídico especial na área federal, pelas contratações por tempo
determinado, para atender a necessidades emergencial de interesse público. Uma das
várias hipóteses é exatamente a contratação de professores estrangeiros na qualidade de
visitantes pelas Universidades Públicas Federais. Está lá, o caso que isso se dará
regulado em lei federal.
238
atribuições podem ser modificadas, claro que se isso acontecer ele não vai ter redução
de vencimentos, se mesmo estável após três anos de efetivo exercício provido em cargo
de provimento efetivo ele não tem direito adquirido ao cargo, quanto mais o outro.
Com que base isso tudo, princípio da supremacia do interesse público, o
nosso problema, eu já disse isso aqui, a maior parte do problema dos candidatos na
banca de direito público é querer raciocinar com a prevalência do interesse individual
que a gente pode até achar que é legítimo, quando for, que não é o caso aqui porque o
que ele tem é expectativa de direito, pensem sempre na contra face princípio da
supremacia do interesse público.
Ao ler um texto constitucional ou um texto legal coloquem em
contraposição a prevalência do interesse público, até para decidir se a norma é
constitucional ou não, e aplicá-la ou não, quanto mais você aceitar isso, é revoltante,
concordo, tem que fazer outro concurso é ruim do ponto de vista individual, do ponto de
vista do poder é um sinal claro que para passar em concurso você tem que aceitar isso.
Eu cheguei a mencionar que o STF declarou inconstitucional um
dispositivo da Constituição Estadual do Rio de Janeiro pelo inciso IV?
Sim. Então tomem cuidado se vocês têm a Constituição Estadual do Rio
de Janeiro antiga se não mencionar a declaração de inconstitucionalidade do artigo 77,
inciso VII, a Constituição Estadual do Rio de Janeiro que dizia, mais ou menos assim:
Dentro de cento e oitenta dias contados da homologação do concurso a Administração
Pública deverá, a norma é cogente, nomear aqueles aprovados no concurso dentro do
número de vagas expresso no edital.
Foi declarado inconstitucional esses cento e oitenta dias que deve
nomear, pois é uma expectativa de direito, esvazia o prazo de validade porque eu tenho
um prazo de validade de dois anos prorrogáveis por mais dois.
O Senhor falou que é legal, mas não é moral, isso não atingiria o
princípio da moralidade?
Não, porque eu estava falando da moral comum, e não da moral
administrativa, porque o princípio da moralidade administrativa ou princípio da
Administração Pública, nós vimos isso, não leva em conta a moral comum, a moral
administrativa é uma moral de resultado, é a intenção ao praticar qualquer ato tem que
atender ao interesse público, isso que vai determinar que o ato é imoral ou não, não é a
moralidade comum em regra de comportamento, eu diria que é a moralidade comum,
isso da Administração Pública realizar concursos sucessivos e deixar as pessoas na
incerteza em relação ao seu futuro.
Inciso V - Menciona a palavra função, é o único trecho do artigo 37 da
CF/88, que a palavra função não se refere a regime especial, porque diz as funções de
confiança, diz o inciso: “As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos
por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”.
Qual é a diferença no regime estatutário entre cargo de confiança e
função de confiança?
É a perenidade ou não daquela atividade, politicamente quando a
Administração Pública sente a necessidade continua de determinada atividade vinculada
a determinado agente ela vai criar cargo, e a lei criando, e exatamente por isso a
exigência da reserva legal vai dar aquele agente público no cargo e a aquele conjunto de
atribuições o caráter de perenidade pela sua necessidade contínua.
241
Você que já leu a CF/88, já passou por isso, nós estamos agora no artigo
37, estou falando de normas anteriores.
Vocês lembram de dois exemplos de atividades extremamente
importantes em relação a sindicatos de funcionários públicos na CF/88,
independentemente de dissídio coletivo na justiça trabalho?
O que os sindicatos de funcionários públicos estatutários podem fazer
por seus filiados entre o artigo 1º e o artigo 37?
Está no artigo 5º, XXI e LXX da CF/88.
É claro que o sindicato poderá estar em juízo em favor dos seus
membros ou associados, mandado de segurança coletivo, um dos legitimados são
exatamente as organizações sindicais conforme o inciso LXX.
Então quando eu tenho uma relação jurídica básica, decorrente da
relação estatutária que favoreça todo o conjunto de membros ou associados daquele
sindicato, aquele sindicato é legitimado ativo a impetração do mandado de segurança
coletivo em defesa dos direitos de seus membros ou associados.
Essa expressão de seus membros ou associados, isso é só uma notícia
colateral, ela é interpretada pelo STF no sentido de que tem que ser de todos os seus
membros ou associados, não basta ser de parcela de seus membros ou associados.
Vai haver determinadas relações jurídicas básicas que vão atingir
determinada categoria de agentes públicos, e o sindicato pode reunir determinadas
categorias, se for assim não é caso de mandado de segurança coletivo, isso de seus
membros ou associados tem que ser de todos.
Por que o STF interpreta assim?
Porque ele lê a Constituição toda, como você, ele lê o inciso XXI, que
está também à representação judicial nos casos individuais. Individualmente inciso XXI,
o sindicato pode representar em juízo um conjunto de pessoas físicas, esse conjunto
maior ou menor pode ter determinado direito estatutário.
Qual é a diferença entre o inciso XXI e o LXX da CF/88?
No artigo LXX o mandado é coletivo, o sindicato não necessita de
autorização de seus membros ou associados para isso, se vocês lerem o inciso XXI está
lá exige autorização. Por quê?
Porque as ações do XXI são individuais, então Manoel, Joaquim,
Antônio, representados pelo sindicato, ou eles outorgam procuração ou em assembléia
eles autorizam expressamente e na ata consta essa autorização. E aí o sindicato vai
promover, ele representando, mas por Manoel, Joaquim e Antônio e aí a coisa julgada
vai se formar materialmente naquele mandado de segurança individual, naquela ação
ordinária, naquela ação de controle com relação àquelas pessoas.
O mandado de segurança coletivo não, ele não precisa de autorização,
ele impetra em nome próprio na defesa do direito coletivo.
Mas se for denegada a ordem no direito coletivo não tem nenhum efeito
de coisa julgada em relação a direito individual.
Como é que a gente sabe disso?
Nós vamos lá no artigo 81 ao artigo 104 do CDC.
O que tem o CDC haver com isso?
Tudo. Por quê?
Porque o artigo 21 da Lei 7347 /85, que é a lei de ação civil pública, foi
alterado para dizer que as normas processuais do título três do CDC se aplica a qualquer
objeto de ação civil pública, e por extensão o direito coletivo pode ser objeto de ação
244
18ª Aula
ARTIGO 37 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL/88:
DOMÍNIO PÚBLICO
1- Desapropriação:
incorpora coercitivamente a seu patrimônio quaisquer bens de terceiros que possam ser
livremente alienados.
É o procedimento pelo qual nós podemos ter também desapropriação de
bens públicos, quando a gente fala intervenção na propriedade privada, a gente já
começa a esquecer que é possível haver desapropriação de bens públicos, nós vamos ver
na legislação própria.
Eu tenho que ser tão genérico, porque desapropriação é tão genérico,
para não escorregar e restringir onde a lei não restringe e também para não estender
onde a lei não estende.
Desapropriação é isso, pessoa da Administração Pública ou seu delgado.
Por quê?
Porque nós já vimos que haverá concessionários e permissionários de
serviço público que terão delegados a eles a realização de serviços públicos. E nessa
realização do serviço público, poderá haver interesse público em desapropriar bens de
terceiros para permitir ao concessionário ou ao permissionário aplicar esses bens na
prestação do serviço público.
Então, o permissionário e concessionário de serviço público desapropria
em nome próprio, bens de terceiros, pagando com dinheiro próprio o valor da
indenização, mas em determinada fase do processo eles necessitarão que o poder
público intervenha, para que eles possam promover a desapropriação.
A lei de permissões e concessões de serviços públicos 8987 prevê isso
nos seus dispositivos, genericamente desapropriação é isso.
Quaisquer bens desde que postos em comércio.
OBS: Os bens personalíssimos não podem ser desapropriados, porque
eles não estão livremente postos em comércio. Só para gente chegar mais tarde na
desapropriação de cadáver que é uma questão de concurso público, já caiu em concurso
público da magistratura se o cadáver pode ser desapropriado, se a sepultura pode ser
desapropriada, quem dera que o concurso fosse.
Enfim a noção geral é essa, agora vamos por partes:
Agentes delegados podem promover a desapropriação, isso é condição
para estudar a legislação, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, exatamente
para isso o procedimento, isso é fundamental, há um procedimento, e só lá no final dele
uma vez paga a justa indenização em dinheiro é que se efetiva a indenização, isso é
fundamental.
O proprietário do bem permanecerá sendo o proprietário do bem, durante
todo o curso do procedimento, ele não perde o direito de propriedade e não perde os
direitos inerentes ao direito de propriedade. Eventualmente, e por exceção, ele poderá
perder a posse do bem, em situações excepcionais previstas em lei.
Mas a regra, é que mesmo ele perdendo a posse ele não perde a
propriedade, e ela só se transferirá coercitivamente, mediante diz a Constituição, justa e
prévia indenização, mediante é que vai intermediar entre a perda da propriedade e a
efetivação da desapropriação o pagamento da justa e prévia indenização.
Isso nós vamos ver na lei, também processual, que é o Decreto Lei
3365/41.
Absurdamente ainda temos lei geral de desapropriações, Decreto Lei
3365/41, estávamos na ditadura Vargas, o Presidente da República governava por
Decreto, ele editava Decreto Lei, o Decreto Lei 3365/41, ainda é a lei específica que
263
Constituição Federal, que é a desapropriação por interesse social para fins de reforma
agrária. O que acontece?
O imóvel rural improdutivo é expropriado (eu estou usando a palavra
expropriado de vez em quando, porque na Lei, Decreto Lei 3365 expropriação é
sinônimo de desapropriação.
Se eu for ao dicionário há uma conceituação de expropriação em
sinônimo de confisco e não de desapropriação. Qual é a diferença?
Confisco é a integração ao patrimônio público coercitivamente de bens
de terceiros, na forma da lei sem indenização. Porque a palavra expropriação vai
aparecer naquelas terras e naquelas glebas aplicadas a plantação de substâncias
psicotrópicas que permitam o confisco.
Mas na hora da prova, nenhuma banca ousa em fazer uma questão casca
de banana e usar a palavra expropriação no lugar de desapropriação para confundir com
confisco, porque a lei mesmo usa a palavra desapropriação como sinônimo
expropriação.
Mas o artigo 182 fala de uma das espécies, mas há outras no artigo 5º da
CF/88.
Atenção - Reforma Agrária é de competência da União.
Agora, há outros casos concretos de desapropriação por interesse social
que a gente olha às vezes e não vê, grande parte dos programas favela bairro do
Município do Rio de Janeiro, passa por desapropriações dos terrenos onde a favela está
integrada.
Muitas vezes esses terrenos são de particulares que há muitos anos
abandonaram e guarda do imóvel e de fato permitiram a posse, ou porque tivessem
baixo valor, era muita gente para brigar contra, seus herdeiros não tinham interesse em
fazê-lo, e aí a situação se consolida, e um belo dia uma linha de Prefeito resolve integrá-
lo nos serviços urbanos, que é isso o Programa Favela Bairro as moradias e a população
favelada.
E aí vai verificar no RGI e verifica que o terreno está em nome de
Manoel. O Município vai realizar obras de urbanização naquele terreno que é de
terceiro?
Não, a lei coloca a disposição dele desapropriar o terreno todo, eu tenho
a posse de terceiros, desapropriado o todo, converter em bens públicos as áreas de
acesso comum, ruas, vielas, campos, uma vez feito isso alienar aos ocupantes os lotes
que eles se estabeleceram, aliena e legalmente torna proprietário, desapropriou para fins
de urbanização, e a norma é clara no artigo 2º, nitidamente, só não usa a palavra favela,
mas nitidamente se dirige a isso e aliena aos particulares que estão lá, e aí a uns três ou
quatro meses da eleição do Prefeito você na propaganda eleitoral, aquelas mulheres
chorando e sacudindo o título que aquele Prefeito bonzinho está nos entregando, é isso,
desapropriação por interesse social.
Outra hipótese muito comum, prefeituras fazem isso também:
Construção de conjunto habitacionais, a Prefeitura, o Estado tem lá suas companhias
habitacionais promovem a desapropriação de lotes para construção, aprova memorial de
construção daquele conjunto habitacional, divide em frações e vai alienar.
Decorre de desapropriação por interesse social, tira daquele antigo
proprietário, indeniza e aliena a terceiro, enquanto que aqui não, nessas situações mais
conhecidas de interesse público, vai permanecer no patrimônio público, foi afetação.
265
O que é afetação?
Afetação é a vinculação jurídica ou fática de determinado bem a
determinada finalidade de interesse público. Quando eu digo que um bem está afetado
eu digo que ele está vinculado juridicamente ou de fato ao atendimento de uma
finalidade de interesse público.
Os bens públicos podem ser afetados ou não afetados. Nem sempre ele
será eternamente afetado, quando estiver vinculado juridicamente a um ato
administrativo ou faticamente.
Pode não haver ato administrativo, mas ele estará atendendo a uma
finalidade de interesse público, daí ele é um bem afetado.
Quando ele não está afetado, ele é chamado de desafetado, ele é também
chamado de dominical.
Bens públicos dominicais são os bens públicos desafetados, sob os
quais há somente uma relação de propriedade entre o bem público e o bem. Ex: Uma
casa onde tivesse instalada uma repartição pública, fechado o imóvel, eu tive a
desafetação, ele antes foi afetado, porque eu tive a repartição, transferida a repartição e
fechado o imóvel, o bem é desafetado e passa ser dominical. Qual é a importância
disso?
Só não são alienáveis os bens públicos afetados, os bens dominicais
atendidos os outros requisitos legais, poderão ser alienados.
A característica da inalienabilidade dos bens públicos, não é por serem
bens públicos, a inalienabilidade é condicionada, e uma das condições é a desafetação.
Qual é o princípio da Administração Pública que está por traz, para que
eu possa dizer que eu posso alienar bens dominicais mais que eu não posso alienar
bens públicos afetados?
Outra vez a prevalência do interesse público. Por quê?
Porque só vai atender ao interesse público o bem afetado, o bem
desafetado não está atendendo a interesse público algum, então, nesse momento ele
pode ser alienado.
E quantas vezes quem passar pela Rua Santa Luzia, vai lembrar que ali
existia uma delegacia de polícia que funcionou muito tempo ali, hoje é a Federação das
Indústrias do Rio de Janeiro. Por quê?
Porque um belo dia, a polícia civil fechou e transferiu a delegacia de lá e
se tornou um bem dominical, atendeu ao demais requisitos legais, levou a concorrência
à alienação e uma sociedade civil adquiriu.
Mesma regra: É possível desapropriar bem públicos?
É em um determinado limite. Qual o limite?
O artigo 2º do Decreto Lei 3365/41, nós vamos voltar a isso, mas só
podem ser desapropriados bens públicos desafetados (os dominicais), porque eles são
alienáveis.
A regra geral é que os bens postos em comércio é que podem ser
desapropriados. Por quê?
Por causa da indenização, quando a garantia constitucional fala em justa
e prévia indenização, ela pressupõe a comerciabilidade do bem, pressupõe que o titular
possa livremente alienar o bem; se ele não pode não posso falar em indenização.
E só não podem ser livremente alienados os bens colocados fora do
comércio por lei, que fixa essa regra geral, porque na hora da prova pode dar confusão o
seu raciocínio.
266
favor de atender a uma das razões de interesse público, nesse caso com prevalência da
União.
Não é que se dê mais valor a União, mas isso é lógico, dado que a União
exerce atividade administrativa em todo o território nacional, o território da União é a
soma do território dos Estados, enquanto o Estado defende o interesse de seu território.
Já o Município, não tem nada em sentido inverso, isso me parece lógico,
em termos geográficos e biográficos e política em segundo lugar.
Nós vamos estudar depois os bens da Administração Pública Indireta.
Se o Estado do Rio de Janeiro, quiser desapropriar um bem da
PETROBRAS, pode? Se o Município do Rio de Janeiro quiser desapropriar um bem do
BANCO DO BRASIL, pode? Se o Estado do Rio de Janeiro quiser desapropriar um
bem da CONLURB, que não esteja afetado pode?
Essas questões caem em prova, vocês têm que se habituar, e procurar em
jurisprudência, vou deixar com vocês para gente discutir depois.
Qual é a diferença entre necessidade e utilidade pública?
Para começar, não tem nenhuma utilidade prática, é puramente
doutrinária a distinção. A distinção se dá entre necessidade e utilidade pública na razão
de ser ou não imprescindível para o expropriante que aquele seja o objeto da
desapropriação. Se for imprescindível que o objeto seja exatamente aquele e não um
similar do bem, a desapropriação será por necessidade pública; se houver alternativas de
bens similares eu tenho a desapropriação por utilidade pública.
Se uma linha de metrô tiver que ser prolongada, o próximo imóvel tem
que ser desapropriado, nesse caso a desapropriação será por necessidade pública, mas
nesse caso faz diferença, então é necessidade pública aquele bem.
O Município precisa construir uma escola no primeiro Distrito seu, capaz
de abrigar seiscentos alunos em três turnos, então o terreno tem que ter tal metragem.
Eu tenho naquela região cinco imóveis similares, por que esse e não
aquele é muito comum o proprietário estar revoltado. Por que o meu?
A escolha tem que ser feita por conveniência e oportunidade, mas
havendo escolha, a desapropriação é por utilidade pública.
Não há nenhuma distinção no texto legal da Lei 3365/41, que, aliás, é a
lei processual.
A Lei 4132/62 só fixa os casos de interesse social, mas o procedimento
nos dois casos é o mesmo e está fixado no Decreto-Lei 3365/41.
Com exceção da Lei Complementar 76/93, para quem for fazer concurso
na Área Federal, ela regula o rito sumário nas desapropriações para fins de reforma
agrária, então, tem uma lei processual.
Vista essa generalidade, vamos ter uma mínima idéia do procedimento:
Isso é importante, porque ele é um procedimento bifronte, ele tem uma fase
administrativa e pode ter uma fase judicial.
Então, a Lei 4132/62 ao mesmo tempo regula o procedimento
administrativo e regula o processo judicial, porque a desapropriação nasce sempre com
um processo administrativo, determinado órgão ou agente público competente,
verificando em tese, a necessidade e a utilidade pública ou o interesse social, instaura o
processo.
Uma vez instaurado o processo, ela vai colher prova dessa razão de
interesse público e necessidade social. Uma vez feito isso o artigo 6º do Decreto Lei
268
19ª Aula
Desapropriação (Continuação)
Então duas sessões do Supremo para você ter uma idéia da importância da matéria, dois
acórdãos aqui, ainda não publicados, mas já resumidos, importante não no tema de
desapropriação, mas no tema que nós já estudamos e por isso que eu estou trazendo
aqui.
São dois acórdãos da 2ª turma do Supremo, sobre Responsabilidade Civil
do Estado.
Primeiro Acórdão - Responsabilidade Civil dos Municípios - A turma
negou provimento ao recurso extraordinário, sobre alegação de ofensa ao artigo 37, §6º
da CF/88, e reforma o acórdão do TJ do Rio Grande do Norte, que entendeu
caracterizada na espécie a Responsabilidade Objetiva do Estado e reconhecendo o
direito de indenização devida a família do preso assassinado dentro da própria cela por
outro detento.
A turma, embora salientando a responsabilidade por ato omissivo do
Estado, caracteriza-se por subjetiva, isso é óbvio, não sendo necessária à conduta e
individualização da culpa que decorre de forma genérica da falta de serviço, considerou
presente no caso o nexo de causalidade entre a ação omissiva atribuída ao Poder Público
e o dano por competir ao Estado zelar pela integridade física do preso.
Precedente citado, dois recursos extraordinário o relator foi o Ministro
Carlos Veloso, o número do RE é 372482.
Correto no meu entendimento o que nós temos aí é uma falta genérica de
regular administração do serviço de fiscalização diante do cerceamento do direito de
liberdade legalmente exercitado pelo Estado de preso contra preso, não é necessário
nem agente público.
A garantia da integridade física do preso para, segundo o Supremo,
caracterizar falta de serviço. Há agentes determinados trabalhando em qualquer
estabelecimento penitenciário, na medida que se consegue determinar há outros acórdão
estabelecendo a responsabilidade objetiva.
O que o Supremo diz aqui que se caracteriza por responsabilidade
subjetiva e que independente de qual o agente que estava de serviço e que deveria
exercer a fiscalização ali e não estava, para o Supremo já basta o próprio fato para a
evidência da culpa. Nesse caso de responsabilidade subjetiva pela falta de serviço, há
determinados casos que a prova da culpa é evidente pelo próprio fato.
Aspecto similar aconteceu comigo, fui dar parecer numa apelação civil
do Município do Rio de Janeiro em uma ação ordinária movida pelo proprietário e
permissionário de um táxi e o seu irmão que também é seu auxiliar e dirigia o táxi.
Coisa difícil de acontecer no Rio de Janeiro, pista de rolamento na Rua Dias da Cruz, só
para vocês entenderem a hipótese, carro vem e instantaneamente o asfalto se abre, o
pedestre diz isso, eu vi o asfalto ceder e por causa disso o carro caiu no buraco e acabou
com a suspensão do carro, perda total do carro pela quebra da suspensão da forma que
foi.
Ação ordinária do proprietário e do seu irmão para se indenizarem do
dano da paralisação do trabalho, lucro cessante, dano moral, primeira instância julga
procedente.
Defesa dos Municípios, não houve prova que o buraco que
instantaneamente causado ocorreu de uma ligação clandestina que a CEDAE teria feito
entre águas pluviais e esgoto, transferindo naquele trecho as águas pluviais diretamente
para o esgoto, o que tornou insuportável o fluxo das águas e com isso e arrastamento.
271
Muitas provas, mas ainda que fizesse é falta de serviço. O dono da coisa
responde pelo dano causado pela ruína por falta de conservação, ainda que terceiros;
como a CEDAE tivesse feito, e fez. Ainda assim, a responsabilidade seria do Município,
porque é ruína de bem público municipal, falta de serviço evidência pelo próprio fato da
prova da culpa, aí não é necessário determinar quais agentes agiram em sentido
contrário ao direito, bastando à evidência do fato.
Segundo caso - Responsabilidade por ato omissivo.
Por entender ausente o nexo de causalidade, nessa outra hipótese então,
por entender ausente o nexo de causalidade, o resultado vai ser inverso, entre a ação
omissiva atribuída ao Poder Público e o dano causado ao particular, a turma conheceu e
deu provimento a recurso extraordinário e reformando acórdão do TJ do Rio Grande do
Sul afastar a condenação por danos materiais e morais imposta ao Estado nos autos da
ação indenizatória movida por viúva de vítima de latrocínio, praticado por quadrilha do
qual fazia parte ex-detento que fugira da prisão há quatro meses.
A turma em assentado ser a espécie hipótese de responsabilidade
subjetiva do Estado, falta de segurança pública, genericamente, considerou não ser
possível o reconhecimento da falta de serviço no caso uma vez que o dano decorrente
do latrocínio não tivera por causa direta e imediata a omissão do Poder Público na falha
da vigilância penitenciária, mas resultara de outras causas como o planejamento, a
associação e a própria execução do delito ficando interrompida, portanto, a cadeia
causal precedente citado.
Penso que eu dei um exemplo, caiu num concurso público anos atrás na
Defensoria Pública, um caso similar: Preso foge da penitenciária e nove meses depois
assalta uma velhinha em uma rua do Rio de Janeiro, que pretende se indenizar, não há
um nexo causal imediato e suficiente, ele não fugiu para roubar, ela foi assaltada ali por
ele como poderia ser por qualquer pessoa, há um nexo remoto é evidente, ninguém nega
isso, mas para caracterização da culpa por ato omissivo isso não é o bastante. Posso
pensar em falta de segurança pública eventualmente.
Aí eu me lembrei no caso de Bangu III, quatro dias de rebelião com
reféns e aí sim, fazer reféns, se acontecer alguma coisa, mas grave e até mesmo agora o
dano moral em relação o que aconteceu aí eu tenho um nexo causal imediato, entre uma
falta de regular serviço penitenciário, segurança pública de vigilância dos presos, e a
detenção de centenas de pessoas durante o motim no estabelecimento penitenciário, aí
sim a relação é direta em uma atividade omissiva e a falta de serviço regular e pelo
menos o dano moral é causado, eu acho que ali há reféns de todos os tipos, o que
queriam estar ali e os que não queriam estar ali.
Então para aqueles que não queriam estar ali, há a dor psicológica, o
dano moral vai existir, ao meu ver isso é possível, eu posso responsabilizar o Estado
subjetivamente por uma falta de regular serviço, porque em horário normal ali pessoas
sofrem com o motim.
Eu chamo atenção mais uma vez da necessidade de um negócio que você
pode colocar na sua rotina de vida, vai ao STJ e o STF que você vai encontrar os
mesmos informativos, quando você abrir o ícone e digitar o nome querendo certo
instituto de direito ele via te dizer nos informativos e nos acórdãos onde é que aparece
aquela responsabilidade, então, é fácil, você estudar pesquisando.
Isso cai em prova: No caso de Bangu III, precisaria de um agente
determinado?
272
vagas hoje existentes, considerando que a grande parte da população não consegue
pagar o preço da mensalidade de escolas particulares, isso é motivação ele está
mostrando a sustentação lógica do motivo de construir escolas com a finalidade de criar
vagas e não é obrigado a dar motivação.
Pode dar se quiser e se der, teoria dos motivos determinantes, ele vai
estar se vinculando a veracidade dessa motivação, o proprietário do imóvel, não na ação
de desapropriação, mas em uma ação direta pretender desfazer por ilegalidade o ato
expropriatório demonstrando que não é verdade, porque o motivo não existe, tudo isso
que o Prefeito falou não é real.
Evidentemente o ato expropriatório é um ato discricionário, mas ele é um
ato administrativo, sofre o controle de legalidade, o motivo tem que ser real.
Uma vez dado o motivo vem a segunda parte da pergunta: A
Administração Pública fica vinculada uma vez efetivada a desapropriação a construir a
escola?
A resposta é não. A Administração Pública fica vinculada dar uma
destinação de interesse público, permanecer o bem no patrimônio público, ela não fica
vinculada aquele motivo. Mas qual é a razão disso?
Porque o ato é discricionário, juízo de conveniência e oportunidade,
desapropriar o imóvel e essa desapropriação vai levar tempo, e pode acontecer que no
momento em que o decreto expropriatório diz isso e os dois anos que se passaram até a
efetivação da desapropriação, e nós estudamos na última aula como é que se efetiva a
desapropriação, as correntes em torno disso, vou abstrair-me, mas vai levar tempo, não
chegou em acordo com o proprietário, entra com ação judicial, a gente sabe o tempo que
isso toma, o sistema de recurso é cruel aqui no Brasil, não há imissão provisória na
posse do imóvel, nós vamos estudar isso no artigo 5º, vai chegar lá no final desses dois
anos e tanto.
Nesses dois anos e tanto, só para gente ver que não há vinculação, nesses
dois anos e tanto, o Governador do Estado conseguiu atrair a fábrica tal e instalar uma
unidade sua naquele Município, aquele Município passou a receber Royalties de
petróleo, é uma briga cruel, o Município enriqueceu, sua população ganhou emprego
que não tinha, escolas particulares se estabeleceram. Crianças saíram de escolas
públicas, porque voltaram a poder pagar (o movimento hoje é o inverso) dois anos
depois, efetivada a desapropriação de boa-fé, não é mais necessária, se não é mais
necessária a Administração Pública não está vinculada ao motivo, ela vai
discricionariamente (conveniência e oportunidade) ter que aplicar uma outra finalidade
ao interesse público, o que ela não pode é não fazer nada, desapropriar por necessidade
e utilidade pública integrar ao patrimônio público e não fazer nada, aí eu tenho desvio
de finalidade.
O que ela também não pode é alienar o bem, pois uma vez adquirido por
necessidade e utilidade pública na desapropriação, ela não pode se valer da
desapropriação por necessidade e utilidade pública, porque ela tem que afetar o bem e
alienar o bem subseqüentemente, aí há desvio de finalidade, também chamado
tredestinação ou tresdestinação, vale as duas expressões, em desapropriação.
Nós vamos estudar mais à frente a retrocessão no antigo e no novo
Código Civil, instituto que sofreu modificação no novo Código Civil, mas não está
vinculado.
Também não está vinculado, aproveitando que nós estamos no ponto
Domínio Público, por que a Administração Pública não está vinculada a afetação eterna
276
do bem na mesma situação. O que hoje é uma escola amanhã pode ser uma DP, a
Administração Pública administra faz juízo de conveniência e oportunidade em relação
à destinação de afetação de seus bens, ela pode modificar a natureza da afetação, senão
eu vou engessar a Administração Pública, e aí isso é contra o próprio interesse público,
e aí é ela que zela pelo interesse público, em outras palavras, é ela quem administra.
Nós mesmos na nossa vida privada, no momento que você tem um
imóvel você aluga, e em outro momento você vende, as coisas não são eternas elas são
conforme a situação naquele momento, diante dessa ou daquela razão de interesse
público.
Bom, isso sobre o artigo 1º.
Artigo 2º do decreto-lei 3365/41- Mediante declaração de utilidade
pública, todos os bens poderão ser desapropriados, pela União, pelos Estados,
Municípios, Distrito Federal e Territórios.
Cuidado com a expressão “todos os bens” escrita no dispositivo, não é
verdade só podem ser objeto de desapropriação os bens que possam ser onerosamente
alienados. Por que isso?
Por causa do artigo 5º, XXIV da CF/88, é da natureza da desapropriação
que ela se realize sobre justa e prévia indenização, então como vai haver desapropriação
tem que haver a possibilidade de alienação onerosa, porque essa alienação vai substituir
o preço que o proprietário do bem pudesse vir a receber, realidade do mercado mediante
prévia avaliação, se ele mantivesse o bem objeto da indenização e quisesse alienar o
bem a terceiro da iniciativa privada.
Então, só podem ser desapropriados os bens postos em comércio, porque
eles são onerosamente alienáveis.
Nós vimos na aula passada que há uma série de bens que não podem ser
onerosamente alienados que são os bens personalíssimos, a vida, a honra, a liberdade, o
nome. Posso explorar nome comercial, mas o nome próprio é bem personalíssimo e por
causa disso inalienável. Esses bens não podem ser alienados por força de normas
constitucionais e legais, portanto, não podem ser desapropriados. Ex: Cadáver, direito
autoral. Por quê?
Porque é uma segunda ordem de bens que legalmente são colocados fora
do comércio, quando norma legal em abstrato coloca fora do comércio determinado
bem, então ele não é onerosamente alienado, ele não pode ser desapropriado.
O cadáver não pode ser desapropriado porque ele é um conjunto de
órgãos e tecidos, se a legislação só admite doação e mesmo assim por ato de vontade em
vida do futuro cadáver, (como diz Fernando Pessoa, nós somos cadáver adiados que
procriam) se é assim, se eu não posso alienar em parte, eu não posso alienar o todo,
então não é possível alienar cadáver. Mesmo que haja interesse social por uma doença
rara.
“Professor eu canso de ver dissecação de cadáver em universidades”.
A gente sabe como isso se realiza, ou houve uma doação o sujeito em
vida disse: “- Eu tenho uma doença rara vou morrer, então vou doar”.
Ou então é o papa defunto que vai ao Instituto Médico Legal e vai
entregar o copo humano para isso, até entendo o interesse científico, mas legalmente
isso não é possível.
Direito autoral também não, tanto a antiga como a mais recente lei sobre
direito autoral não permite a alienação do direito autoral, por isso ele não pode ser
desapropriado, mas a exploração do direito autoral por tempo determinado é outra coisa,
277
não estou alienando o próprio direito, mas estou permitindo a exploração do direito
autoral, isso é possível, posso desapropriar a exploração dele, mas não posso
desapropriar o próprio direito autoral.
Já disse nas últimas aulas, cuidado, bens colocados fora do comércio por
ato de vontade na forma da lei, esses podem ser desapropriados, como o bem de família,
imóvel gravado com cláusula de inalienabilidade, testamento e na execução do
testamento quando há bens que vai ficar gravado esses podem ser desapropriados. Por
quê?
Porque o interesse individual não pode superar o interesse público, então
o antigo artigo 1.676 do antigo Código Civil já dizia isso, se excluem da
desapropriação, menos aqueles bens que por ato unilateral de vontade, ainda que
legítimo, seja colocado fora de comércio. O que vai acontecer nessa desapropriação?
Ela vai se efetivar e o bem vai integrar o patrimônio público, mas sobre o
valor da indenização se sub-rogará a cláusula impediente da alienação onerosa e assim
se aquisição futura de bens com esse produto da alienação, fará com que sobre o novo
bem incida a característica de bem de família, de bem inalienável, mas aí é possível
desapropriar.
Uma coisa é lei em geral, abstratamente, outra coisa é a lei admitir que
por ato de vontade seja excluída a alienação onerosa, nesta hipótese pode desapropriar.
Os imóveis públicos dentro dessa regra do artigo 2º podem ser
desapropriados, tanto é que tem lá, o §2º, estou pulando o primeiro, mas depois
comento.
§2º- Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e
Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados,
mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa;
Há uma quebra do Princípio Federativo?
Na prática há, mas aqui há uma questão muito interessante que é a
ponderação de interesses públicos em conflito.
A União pode necessitar para a construção de um Porto Federal, para a
prestação de serviços públicos para atividades de terceiros, ela pode necessitar de
desapropriar bens de Estados e Municípios, pode se desapropriar desde que o bem
público esteja desafetado. Por quê?
Porque o bem afetado é inalienável.
Nós vamos estudar domínio público e a característica do bem público é a
alienação condicionada, como diz o Professor José dos Santos Carvalho Filho e com
razão. A regra da inalienabilidade não é absoluta, mas mesmo o novo Código Civil e o
antigo Código Civil não permitem as alienação dos bens afetados, (que são os bens de
uso comum e os bens de uso especial) aqueles que estão vinculados naquele momento a
atender as finalidade de interesse público como: Escola pública, rua, estes são bens
afetados, então a União não vai poder desapropriar.
Não vai poder desapropriar porque eles não são indenizáveis, e eles não
são indenizáveis porque eles não podem ser alienados onerosamente.
Para desapropriar esses bens a União vai depender de um ato de vontade
unilateral do Estado ou do Município desafetando esses bens, vejam bem a vontade não
é dela.
Então o Município e os Estados podem reconhecendo a relevância do
interesse público realizado pela União, ele voluntariamente desafetar. Se desafetar aí
será possível desapropriar, porque o bem passa a ser dominical, os bens públicos
278
dominicais são aqueles desafetados, são aqueles não destinados naquele momento ao
atendimento de qualquer finalidade de interesse público.
É por isso que a gente muitas vezes assiste a União em relação aos
Estados e Municípios, e os Estados em relação a seus Municípios realizarem a
desapropriação indireta de bens dos Estados e Municípios ou de bens dos Municípios
(nós vamos estudar desapropriação indireta), mas esses Municípios não querem
desafetar esses bens e aí nós vamos ver que pode ocorrer (já caiu em prova do
Ministério Público questão sobre isso desapropriação indireta de bens públicos, quando
a gente chegar em desapropriação indireta nós vamos falar).
Então a União pode desapropriar bens dos Estados, do Distrito Federal e
do Município, os Estados podem desapropriar bens dos seus Municípios, a interpretação
da norma tem que ser restritiva. O Estado de São Paulo não pode desapropriar um bem
no Município de Resende a pretexto que é fronteira e vai precisar para tal finalidade
porque vai construir uma represa. Por que não pode?
Porque a interpretação que o Supremo deu desde 1941 sobre essa norma,
e me parece correta entendê-la, porque diz que os Estados velaram pelo interesse
público em seus territórios, porque senão, você quebra o Princípio Federativo, o limite
territorial é o limite geográfico ele é fisicamente aplicável ao atendimento do interesse
público.
O Município não pode desapropriar bens de outro Município por falta de
previsão legal. Já se tentou, o Município de Duque de Caxias há uns trinta anos atrás,
tinha um Decreto desapropriando bens do Município de Nova Iguaçu, também
cometeram erro, pela mesma razão que eu falei nos Estados entre os Municípios
também não, o interesse público do Município de Duque de Caxias se esgota no
território do Município de Duque de Caxias. Então, a competência do Município para
prestar o interesse público se esgota naquele território.
E os bens das pessoas da Administração Pública indireta?
Notem que a norma só fala das pessoas da Administração Pública direta
(União, Estados Distrito Federal, Municípios) e aí tem uma norma no §3º para bens
públicos da Administração Pública indireta, que gera hoje questão controvertida na
doutrina e na jurisprudência em relação a alguns aspectos. Diz assim o §3º desse artigo
2º da Lei 3365/41:
§3º- É vedada a desapropriação, pelos Estados, Distrito Federal,
Territórios e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de
instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal
e se subordine à sua fiscalização, salvo mediante prévia autorização, por Decreto do
Presidente da República.
Essa norma foi emitida pelo Decreto Lei 856 de 11 de setembro de 1969,
estávamos vivendo a ditadura, governando por Decreto-Lei do ditador da ocasião que
era o Presidente Costa e Silva. O que temos aí?
Uma restrição, quando a pessoa é da Administração Pública Indireta
Federal, Estados e Municípios podem desapropriar, mas nesse caso com a autorização
do Presidente da República. Então eles têm que se dirigir ao Presidente da República,
chefe da Administração Pública Federal para ter a autorização.
A minha interpretação é que se a restrição é só essa, é admissível que
União, Estados, Distrito Federal e Municípios desapropriem bens das pessoas da
Administração Pública Indireta de qualquer, ou seja, União, Estado, Distrito Federal e
Municípios, onde a lei não distingue; nós não podemos distinguir.
279
Uma fase séria na vida dos brasileiros que foi a construção dos Distritos
Industriais, alguns hoje ainda, como o pólo industrial de Santa Cruz, pólo industrial de
campo Grade, tivemos n desapropriações naquela época.
j) O funcionamento dos meios de transporte coletivo.
k) A preservação e conservação de monumentos históricos e artísticos,
isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas
necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e,
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza.
Havia letra K no alfabeto brasileiro, são os casos de desapropriação para
integrar ao patrimônio público o patrimônio social, nós temos interesse na preservação
do patrimônio social. E essa norma hoje na CF/88 no artigo 216, na proteção do
patrimônio social diz a CF/88, além de tombamento e outros meios a CF/88 acolhendo o
que a lei de 41 já dizia, admite a desapropriação para proteção do patrimônio social
arquitetônico, artístico, histórico, paisagístico com uma amplitude enorme, como acabei
de ler.
Posso desapropriar bem tombado?
Posso. O bem tombado, nós vamos estudar tombamento, ele impõe
encargos ao proprietário, mas se o proprietário não tem capacidade econômica e
financeira para cumprir o encargo de conservação, a própria lei de tombamento que nós
vamos estudar, diz que requererá ao poder público que ele Poder Público assuma o
encargo, o Conselho assume o encargo que é mais conveniente para o interesse público
integra ao Patrimônio Público, paga a indenização e vai conservar o que já é Patrimônio
Público e não Patrimônio Particular, decisão discricionária da Administração Pública se
desapropria ou não.
Mas pode pelo artigo 216 da CF/88 desapropriar e tombar.
A gente vê o que acontece, há bens tombados na Cidade do Rio de
Janeiro, tomba, não fiscaliza e o proprietário não cumpre o encargo, rui a fachada, a
gente sabe o que acontece, exatamente por isso o instituto da desapropriação.
posse dessas ações e cotas, depositou o valor previsto no artigo 15 para esses bens e se
emitiu provisoriamente na posse.
Controladores e pessoas físicas fora, o Estado passou a administrar
empresas privadas e permissionárias de serviços públicos municipais. Passou a
empregar motoristas e trocadores.
Saiu o flagelo do Governo Brizola e entrou o flagelo do Moreira Franco.
O que fez o flagelo do Moreira Franco?
Desistiu das ações de desapropriações, recebeu em retorno o valor das
desapropriações provisórias depositadas e foram reintegradas na posse das ações os
primitivos titulares delas e continuaram até hoje.
Vejam se trabalhou com desapropriação de bens móveis, ações e cotas de
capital social são bens móveis.
Então, ela pode desapropriar qualquer bem móvel, corpóreo ou
incorpóreo, desde que alienável onerosamente na forma da lei.
Se é possível alienar onerosamente é possível desapropriar.
20ª Aula
Nós estávamos falamos no, que prevê o ato expropriatório, ele é apenas
um ato no curso do procedimento, mas ele é fundamental porque ele vai declarar
unilateralmente uma vontade da AP.
É um ato administrativo em si mesmo, declaratório de vontade,
puramente declaratório, nesse sentido, eu diria que ele é enunciativo em favor da AP
naquelas classificações que nós já estudamos de atos administrativos.
Ele vai declarar a vontade da Administração de por necessidade ou
utilidade pública, e também por interesse social, desapropriar determinado bem.
Vai ter explicitado o motivo, significa a razão de fato específica na qual
vai ser aplicado aquele bem, seja por interesse público, seja por interesse social.
Eu terminava a aula dizendo que esse ato não desapropria coisa alguma,
essa desapropriação não será efetivada apenas por edição do ato, porque ele é
meramente declaratório, mas é necessária a sua existência para o prosseguimento do
processo; nesse prosseguimento seja na fase administrativa, seja na fase judicial, o
proprietário é, e permanece sendo o proprietário do bem, com todos os direitos inerentes
ou decorrentes do direto de propriedade.
Mesmo praticado o ato expropriatório, esse decreto do artigo 6º, o
proprietário poderá vender, alugar, se for imóvel hipotecar, construir, isso está na
súmula 6 do STF.
No sentido que ele só perderá a propriedade no final do processo de
desapropriação; entretanto, praticado o ato expropriatório, aí sim a AP terá dois
caminhos:
1° Caminho: Chegar acordo com o proprietário para eventual ajuste
amigável na indenização, e aí sim chegando a ajuste extrajudicial, quanto ao valor da
indenização, efetivar a indenização.
2° Caminho: Ou então, não chegando a acordo com o proprietário
ajuizar a ação de desapropriação, e a própria lei, no artigo 10, vai tratar do procedimento
judicial, ele é também nesse sentido determinativo de como se fará o processo de
desapropriação nessa fase judicial, em não havendo acordo entre a AP e o proprietário.
Havendo acordo como se efetiva a aquisição do bem? Como se efetiva a
desapropriação?
Aquisição do bem se fará na forma da lei civil, não há nenhuma previsão
em lei administrativa quanto à forma diversa àquela da lei civil para a aquisição de bens
por alienação onerosa entre pessoas.
Então, em se tratando de imóvel, a efetivação da desapropriação se dará
com a outorga da escritura de compra e venda, e mediante o pagamento do preço, que é
aquele ajustado livremente pelo proprietário e a AP.
Nesse sentido o valor da indenização é direito disponível do proprietário,
e aí ele pode convir com o preço ofertado para a compra, ele não pode se opor à venda,
porque a desapropriação é ato de império; mas ele poderá transigir quanto ao valor.
Ex: vamos supor que o imóvel vala R$ 300.000,00, aí ele pode convir
em vender por R$ 250.000,00, ele tem a garantia constitucional da justa indenização,
mas nesse momento é disponível o direito por ele, ele poderá chegar a um acordo com a
AP e se faz uma escritura de compra e venda.
289
que se retira do artigo 8º, porque senão estaria havendo uma quebra do princípio da
harmonia e independência dos poderes.
A desapropriação é atividade típica de AP para afetação do bem ao
interesse público ou ao interesse social, então o Legislativo não pode casuisticamente
dizer faça isso ou faça aquilo.
Para interpretar conforme a CF/88, o artigo 8º, o que a jurisprudência
sempre disse?
Essa norma somente se aplica aos bens necessários a atividades de AP do
Poder Legislativo, porque o Poder Legislativo, enquanto tal, não tem representação
judicial.
Porque a representação judicial da União, dos Estados, dos Municípios, é
pelas Procuradorias Gerais subordinadas ao Poder Executivo.
Então, para os bens que se façam necessário ser afetados a atividade de
AP do Poder Legislativo, aí sim, o ato legislativo individual, o respectivo Poder
Legislativo determinará ao Executivo.
Ora eu preciso expandir, porque o Município aumentou, então vai
aumentar o número de vagas para vereador.
Eu nunca vi diminuírem, a não ser coercitivamente por ação judicial
promovida pelo MP, para os Municípios diminuírem o número de vagas para
vereadores.
Eles sempre aumentam, e em geral contrariando a proporção da CF/88
então precisam expandir, aumentou o Plenário da Câmara, o imóvel ficou reduzido, eu
preciso de mais funcionários, aí eu tenho uma atividade de AP, necessária ao Poder
Legislativo, só que ele não vai poder estar em juízo pessoalmente e é assim que se
interpreta o artigo 8º do DL 3365/41.
Lembrem-se que esse artigo 8º do DL 3365/41, ele é da ditadura Vargas,
permaneceu assim?
Permaneceu, mas ele só é conforme a Constituição se interpretado dessa
forma.
Se colocasse que o Legislativo editasse uma lei de efeitos concretos, que
declarasse de utilidade pública tal imóvel para fins de desapropriação para a construção
de uma escola pública. É possível?
Não, porque aí o Legislativo invadiu o limite de competência da AP do
Poder Executivo, fere o Princípio da Independência e Harmonia dos Poderes.
Importante: Repito, só é possível fazer em relação a bens que serão
afetados ao próprio legislativo.
O artigo 9º é um artigo importante, e eu vou me adiantar um pouco em
relação ao processo judicial dada à importância do tema, ele faz um conjunto com o
artigo 20, a lei é muito assistemática.
Notem que a norma do artigo 9º ela não é inconstitucional, ela não está
vedado o acesso ao judiciário para o controle dos atos administrativos, ela está dizendo:
no processo de desapropriação, exatamente porque a atividade expropriatória é
prevista na CF/88 no artigo 5º, XXIV, que diz a lei estabelecerá os casos de
desapropriação.
Na ação de desapropriação pelo Princípio da Supremacia do Interesse
público, ao juiz não será dado sequer examinar a alegação em contestação de que essa
escola pública não é necessária sua construção nesse momento.
Ao juiz não é dado verificar em desapropriação, mas em ação direta sim,
se o proprietário entende que há vício no ato expropriatório, lembre-se que o motivo
tem que ser expresso no ato expropriatório, para fazer uma rua, para realizar uma obra
de saneamento, e a esse pretexto o proprietário entende que a desvio de finalidade que a
AP está inventando um motivo verdadeiramente inexistente, ou um motivo inadequado
juridicamente ao resultado da desapropriação.
Ao proprietário somente caberá ação direta, ele poderá mesmo antes de
ser realizada a ação de desapropriação, porque o artigo 6º, prevê que o ato
expropriatório é praticado antes de ajuizado a ação.
Então, ele poderá ajuizar ação autônoma para declarar nulo ou anulável o
ato expropriatório, qualquer daqueles vícios que nós estudamos nos atos
administrativos. Mas ele deverá promover a ação direta, mesmo ajuizada a ação de
desapropriação.
Ele poderá ajuizada a ação de desapropriação, ele poderá propor outra
ação, não necessariamente distribuída no mesmo juízo, os pedidos são diversos as
causas de pedir são diversas, ainda que as partes sejam as mesmas a proposição é
diversa.
Ele deverá ajuizar a ação para desfazimento do ato.
Não há vedação ao Poder Judiciário, mas só por ação direta é assim que
se interpreta a norma.
Não adianta vir na defesa e dizer que não é necessária a expropriação,
porque o juiz não vai conhecer isso, porque a ação de desapropriação trata de efetivar a
desapropriação.
Desvio de finalidade só com ação direta, pode ser até com mandado de
segurança, (quem acompanha jurisprudência já deve ter visto mandado de segurança)
quando há evidente certeza dos fatos geradores do direito, a propriedade e também
havendo certeza dos fatos geradores de nulidade do ato expropriatório, documento que
comprova desvio de finalidade.
Já aconteceu, no ato expropriatório, onde prefeito mandou memorado
para o secretário de educação, é verdade isso, dizendo que iria acabar com a vida de
Antonio, pois ele não havia o apoiado na campanha eleitoral, vou desapropriar a melhor
loja dele no Município para construir uma escola.
A escola era até necessária, o motivo existia, mas o que ele quis foi
atender ao seu interesse de vingança. Depois o secretário brigou com o prefeito, foi
exonerado, mas ele tinha guardado o memorando, que levou ao Antônio, que impetrou
mandado de segurança.
E no mandado de segurança declarou nulo o ato expropriatório por
desvio de finalidade.
300
legislação sobre terra devoluta, há exclusão de determinados bens que não são terras
devolutas, e são essas hipóteses aí.
Mas a desapropriação é modo originário de aquisição, e com isso se
resolve muita coisa.
Aquela resposta em relação ao credor hipotecário não ter se satisfeito
quanto ao crédito hipotecário, não há direito de seqüela, ele não pode perseguir o bem a
título de direito real, mesmo havendo a hipoteca para a garantia do seu pagamento,
ainda que tenha havido nulidade se resolverá em perdas e danos.
O proprietário poderá perseguir o valor da indenização percebida pelo
devedor do crédito hipotecário, mas ele não poderá perseguir o bem.
Tudo isso a ressalva da reivindicabilidade do bem uma vez efetuada a
desapropriação, com ressalva da retrocessão, que nós vamos estudar a próxima aula.
21ª Aula
Desapropriação (Continuação):
espaços urbanos que não se destinam naturalmente à circulação de pessoas. Esses bens
dominicais, sobre eles só há relação de titularidade entre as pessoas da AP e o bem.
Esses bens podem ser alienados onerosamente, desde que atendidas outras condições
legais.
O artigo 17 da lei 8666/93 trata da alienação dos bens públicos imóveis e
móveis, exige autorização legislativa para imóveis, avaliação oficial, concorrência e
para os bens móveis exige avaliação oficial e licitação que será na modalidade leilão.
É possível alienar bens públicos, essa alienabilidade será condicionada
a quê?
A primeiro ao bem ser dominical e aos demais requisitos, e aí eu posso
alienar onerosamente.
Aí, determinada parcela de bens públicos pode ser alienada
onerosamente e aí eu posso desapropriar.
E aí vem o artigo 2º da lei e em resumo diz o seguinte: A União pode
desapropriar os bens públicos dos Estados e dos Municípios, os Estados podem
desapropriar bens dos seus Municípios, em qualquer caso, previamente tem que haver
autorização legislativa, lei de efeito específico, lei de efeito concreto do Congresso
Nacional para a União desapropriar bens dos Estados e dos Municípios, da Assembléia
Legislativa para que o Estado desaproprie bens de seus Municípios, os Municípios não
podem desapropriar bens de outros Municípios e nem dos Estados e nem da União, não
há previsão no artigo 2º.
Para as pessoas da Administração indireta, eu estou mastigando o artigo
2º. É possível qualquer pessoa da Administração direta (União, Estados, Municípios)
desapropriar bens das pessoas da Administração indireta; com um detalhe, quando essas
pessoas da Administração Indireta funcionarem por autorização, termo genérico, seja da
lei, seja de ato administrativo da União. É necessário de autorização por decreto do
presidente da República.
Então, o ERJ pode desapropriar um bem das FURNAS (centrais
elétricas), empresa pública federal?
Pode, desde que previamente haja autorização, por decreto, do Presidente
da República.
Mas, todos os bens das pessoas da AP indireta, indistintamente, podem
ser desapropriados, por pessoas, pelos entes Administrativos da AP direta, isso então,
em relação a bens públicos.
Eu vi nas duas turmas desapropriação indireta, que é a desapropriação
realizada ilegalmente, sem o devido processo legal. Pode haver desapropriação indireta
de bens públicos?
Pode, desde que o bem não esteja afetado. Se ele é inalienável também
na ilicitude não poderá gerar-se a retirada coercitiva do patrimônio Público que esteja
afetado. Mas eu posso ter desapropriação indireta de bem dominical, de bem que não
está afetado. Na hora da prova é só raciocinar com as regras básicas que se chegará a
um resultado.
O bem público, que seja dominical, pode ser dado em hipoteca?
Não, a característica, mesmo no NCC de não onerabilidade dos bens
públicos, não distingue entre as diversas espécies de bem. Nenhum bem público pode
ser dado em garantia. Por quê?
Pelo artigo 100 da CF/88 que diz que não há execução forçada pela
Fazenda Pública, mesmo em relação aos bens não afetados, então eu não posso
306
penhorar, eu não posso hipotecar, porque eu estaria desnaturando o direito real que vem
da hipoteca, que não pago o crédito, no direito real de garantia, o primeiro passo é
penhorar o bem hipotecado, não há em situação nenhuma, eu não posso penhorar
mesmo o bem sendo dominical, eu não posso dar em hipoteca.
Nem com autorização do poder legislativo eu não posso ter garantia
real?
Não, de jeito nenhum. O Poder Legislativo estaria incidindo em
inconstitucionalidade se fizesse isso, ele dando em garantia estaria infligindo a própria
norma constitucional do artigo 100.
O artigo 3º do DL 3365/41: traz algo importante que foi reiterado na Lei
8987/95, que é a lei de concessões e permissões, que os concessionários e
permissionários de serviços públicos têm também o poder de promover a
desapropriação.
Os editais de licitações para concessões e permissões de serviços
públicos, a lei de concessões e permissões atual, já prevê que a AP que vai conceder ou
permitir o serviço público que é seu, a terceiro, pode prever no encargo do
concessionário promover desapropriação, promover servidões administrativas para
permitir o serviço. Ex: expansão de rede de energia elétrica, a concessionária de energia
elétrica vai necessitar de criar subestações, vai necessitar de terreno, então o encargo já
pode ser previsto no edital de licitação e no contrato respectivo para o licitante
vencedor, que ele vai promover, em nome próprio, desapropriações, pagar indenização,
incluir no seu patrimônio o bem reversível que vai estar vinculado ao serviço público
que está sendo prestado, tornar de propriedade pública ao término da concessão, paga a
indenização, realiza a obra e afeta o bem ao serviço, em nome próprio.
Então, LIGHT outras concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, cansam de promover desapropriação, não tem o poder de praticar o ato
expropriatório, para isso o concessionário vai ter que obter do chefe do poder executivo
respectivo, conforme o artigo 6º do DL 3365/41, onde o ato expropriatório, o decreto de
desapropriação declarando determinado bem de utilidade pública para determinada
utilidade. Uma vez feito isso e não chegando acordo com o proprietário, vai promover
ação de desapropriação em nome próprio, e pagar a indenização, isso é velho, desde de
1941 o artigo 3º permite.
O concessionário e o permissionário, permite, cuidado para quem faz
prova na área federal, a ANATEL, ANEEL, todas as agências fiscalizadoras, a lei
instituidora da autarquia, deram poder de praticar o ato expropriatório ao presidente
dessas autarquias, não é apenas o chefe do Poder Executivo, em alguns casos,
determinadas autarquias federais, por lei, foi concedido poder de praticar o ato
expropriatório ao respectivo presidente, na área federal, para a área estadual não tem
muito interesse, porque na ASEP a lei instituidora não deu o presidente da ASEP o
poder, então, tem que ser o Governador do Estado a praticar o ato expropriatório para
Serviços Públicos Estaduais concedidos ou permitidos.
Na área municipal também não há isso, mas na área federal existe essa
exceção.
O artigo 4º do DL 3365/41 trata de algo inteiramente diferente, foi
modificado por lei na década de 70, trata da chamada desapropriação por zona, a
doutrina sempre chamou de desapropriação por zona.
Para você imaginar pela leitura do artigo 4º o que seja, pense na
construção do metrô de São Paulo, pense qual a razão do advento do artigo 4º por lei
307
naquela época, pensem numa obra de grande vulto que gere valorização em uma grande
área de uma metrópole como o Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte,
daí se chamar desapropriação por zonas.
O artigo 4º do DL 3365/41- a desapropriação poderá abranger área
contígua necessária a promover a obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem
extraordinariamente em conseqüência da realização do serviço, em qualquer caso a
declaração de utilidade pública deverá compreendê-la, mencionando-se quais as
indispensáveis a continuação da obra, e as que se destinam à revenda.
Notem que o metrô pela própria natureza é um meio de transporte que
necessita ser expandido sobre pena de degradação, então ele vai ser expandido, e aí o
ato de expropriação, o decreto expropriatório não vai se referir a um imóvel específico,
e aí vai dizer: declaro de utilidade pública, desde de logo, os imóveis 1, 2, 3, para
expansão o imóveis 4 e 5 ( vou construir até o imóvel 3, mas para expandir já
desaproprio, o 4 e o 5, e incorporo ao patrimônio público, também em decorrência da
obra, reconheço e promovo a desapropriação dos imóveis. 6, 7, 8, 9, porque apesar de
não aplicá-los na obra, eles sofreram uma valorização extraordinária em decorrência da
obra. E para essa valorização os proprietários não colaboram em nada, não
desembolsam nenhum centavo e seus imóveis subirão de valor e sofrem uma
valorização.
Então, eu desaproprio toda uma zona, parte para aplicar desde já na obra
e parte para expandir a obra e parte que vai ser valorizada com a referida obra, pago a
justa indenização indicando quais os imóveis que se destinam à revenda, porque essa
valorização evidentemente com a revenda, reverterá para o patrimônio público. Já
indenizado justamente pelo que valia antes da obra, esses imóveis, também não é
socialmente justo que essas pessoas sejam iluminadas pela sorte do destino pela obra
passar aqui, e aí vai poder alienar esses bens valorizados com o dinheiro público e
socialmente então dividir com essa desapropriação.
De maneira que aqui nós temos duas espécies de desapropriação, uma
efetivamente por utilidade pública, porque esse trecho efetivamente aplicado à obra,
torna-se patrimônio público aplicado ao serviço de transporte coletivo, mas o que forem
valorizados vão ser alienados, desapropriação por interesse social, tiro de A e B e vou
vender para C e D para gerar um interesse social na lucratividade pela valorização
integrada, barateio o custo da obra revertendo a valorização para o patrimônio público.
Se a gente andar em cima da linha do metrô aqui no RJ, vamos observar
que há vários terrenos fechados, justamente por serem resultado de desapropriação por
zonas, e acabaram sendo penhorados, porque a companhia metropolitana, era pessoa da
administração indireta, por isso podia ter seus bens penhorados, tinha muitas dívidas
que até hoje não foram solvidas. Liberada a penhora, esses bens vão poder ser alienados
pela sucessora da companhia metropolitana, porque foi desapropriação por zona.
Não seria menos trabalhoso se instituísse a contribuição de melhoria,
que é uma espécie de tributo, e não se promovesse a desapropriação?
Até pode ser, mas nada obsta que haja um segundo instrumento legal e a
AP discricionariamente, decida desapropriar e não instituir contribuição de melhoria,
leis estão instituindo institutos diferentes,
Principalmente na desapropriação por zonas, que você imaginar São
Paulo, subúrbios longínquos, em regiões que os imóveis valem pouco e passam a valer
muito mais com o metrô, se você instituir contribuição de melhoria pode inviabilizar
para aquele contribuinte pagar a contribuição de melhoria, os imóveis às vezes duplicam
308
e triplicam de valor e ele pode não ter o dinheiro para pagar, e aí você usa um outro
instrumento para-fiscal que é a própria desapropriação.
Ocorreu a desapropriação aqui, e não se zelou pela posse do bem, e
houve a valorização do terreno, questão interessante aqui pelo desfazimento ou não da
desapropriação nesse caso, e desfazendo, coitado do proprietário que teve o seu terreno
favelizado. Isso é outra coisa, realmente pode acontecer, normalmente a jurisprudência
do STJ tem se assentado que toda vez que o Poder Público não guarda a posse e permite
a favelização, ele não pode mais desfazer a desapropriação.
Porque materialmente o proprietário não consegue desfazer os efeitos
que foram gerados, seria um cisto absurdo, o STJ recentemente deu provimento a um
recurso para não permitir o desfazimento da desapropriação, nesse caso, mas não tem
haver com a desapropriação por zonas.
É verdade, aquele faixa na São Francisco Xavier, é uma faixa do metrô e
tem aquela favela enorme.
No artigo 5º do DL 3365/41- estão os casos concretos das razões de
utilidade pública para fins de desapropriação, então é questão de leitura, mas em todos
eles você lendo vai concluir que na desapropriação por necessidade ou por utilidade
pública o bem desapropriado vai permanecer em caráter definitivo no patrimônio
público, por quê?
Porque todos eles estarão sendo afetados pelo uso da coletividade ou pela
prestação de serviço público pela coletividade.
Enquanto nos casos do artigo 2º, a lei 4132/62, desapropriações por
interesse social, a diferença está em que na desapropriação por interesse social o
expropriante, o Poder Público, retira pagando a justa indenização, a propriedade de
alguém, que transitoriamente integra o patrimônio Público, mas o bem se destina a ser
alienado a terceira pessoa sobre as quais o interesse social se fixa.
A desapropriação por interesse social é meio de redistribuição de riqueza
no país, a União, Estados e Municípios, tiram de uns e transferem a outros.
Exemplo de desapropriação para fins de reforma agrária, o artigo 182 da
CF/88, diz que nessa subespécie, só a União tem competência, retira a propriedade de
quem não dá função social ao imóvel rural e aliena a título de domínio ou concede o uso
em até 10 anos a terceiros, para dar função social.
Integração de favela bairro, programa favela bairro também há uma
previsão na Lei 4132/62 nesse sentido. Para realizar obra no terreno de Manoel que foi
favelizado, o Poder público vai desapropriar de Manoel a propriedade, mas dos
posseiros aqueles lotes que foram estabelecidos pelos favelados vão ser a eles alienados,
as ruas, as praças e as áreas de acesso a favela que de fato foram estabelecidas, passarão
a ser bem de uso comum; e aí os serviços de escoamento pluvial, água e esgoto em
geral, poderão ser regularizados, mas em terreno público.
Construção de conjunto habitacional para a população de baixa renda, da
mesma maneira, desapropria o lote de maior porção e vai lotear para construir o
conjunto habitacional, desapropriação por interesse social.
OBS: Os casos de utilidade e necessidade públicos são artigo 5º do DL
3365/41, os casos de interesse social estão no artigo da lei 4132/62. O processo é o
mesmo, nas duas espécies. A lei 4132/62 tem um dispositivo que diz que o processo e o
procedimento são o do DL 3365/41, os casos em si eu estou relacionando no artigo 2º,
menos os casos para a reforma agrária. Cuidado para quem for fazer concurso na área
federal, porque aí o procedimento é o da LC 76/93, apenas para a desapropriações para
309
fins de reforma agrária, o rito sumária previsto na CF previu que LC fixaria, veio a LC
76/93 estabelecendo que para fins de reforma agrária a lei processual, só interessa para
quem faz concurso na área federal, que a desapropriação para fins de reforma agrária é
exclusiva da União.
Uma coisa importante no artigo 5º, que pouca gente percebe, que
também é possível a desapropriação por utilidade pública para preservação do
patrimônio social. O tombamento não é o único meio protetivo do patrimônio social,
arquitetônico, cultural, artístico, paisagístico. O artigo 216 da CF/88 lá no parágrafo 1º
também coloca taxativamente a desapropriação como um dos meios interventivos na
propriedade privada para a preservação do patrimônio social, isso é desde de 41, não é
novidade da CF/88 não, porque nas letras K e L, são casos de desapropriação para
integrar ao patrimônio Público a preservação do patrimônio social, o imóvel não será
aplicado em qualquer serviço público, mas é para preservação do patrimônio social,
estará afetado nesse sentido.
O artigo 6º do DL 3365/41- trata do chamado ato expropriatório ou
também chamado ato desapropriatório. Ele é um ato administrativo discricionário, juízo
de oportunidade e conveniência, de competência do Chefe do Poder Executivo,
Presidente da República, Governador do Estado, Prefeito do Município, Governador do
DF e na época havia interventores, esse ato apesar de chamar desapropriatório ou
expropriatório não efetiva desapropriação alguma, ele é apenas um ato declaratório de
vontade. Por quê?
Porque o ato expropriatório não tem auto-executoriedade, é um dos casos
clássicos de limitação daquele atributo de auto-executoriedade dos atos administrativos
que nós estudamos.
Se não chegar a acordo com o proprietário extrajudicialmente para pagar
a desapropriação, e aí expropriante e proprietário do imóvel podem chegar a acordo,
mas se não chegar a acordo, a AP não pode esgotar a vontade manifestada no ato, a não
ser promovendo a ação de desapropriação.
Mas esse é um ato necessário para existência do processo judicial, e
obrigatoriamente terá que ser anexado a petição inicial, sob pena de indeferimento da
petição inicial. É um requisito de existência e validade do processo judicial em caso de
não haver acordo.
Esse ato tem um prazo para sua eficácia e exeqüibilidade, ele só é capaz
de gerar efeitos dentro do prazo de 5 anos de sua publicação. Dentro do prazo de 5 anos
prevista na lei, a AP buscar chegar a acordo com o proprietário para se pagar a justa
indenização. Se chegar como é que se efetiva a desapropriação?
Em caso de imóvel na forma da lei civil, se efetiva através de escritura
pública de compra e venda, com pagamento do preço quitado pelas partes, em caráter
irretratável e irrevogável e imissão na posse.
Nessa hipótese como é que se adquire a propriedade imobiliária?
Com transcrição do título aquisitivo no RGI.
Uma coisa é a efetivação da desapropriação, ela não pode mais ser
desfeita com o aperfeiçoamento da escritura de compra e venda, outra coisa é a
aquisição da propriedade imobiliária, nessa hipótese em que houve acordo com a
transcrição do título no RGI.
Se tratar de bem móvel desapropriado?
Conforme a lei civil novamente, pagamento do preço e tradição do
objeto, comprovado o pagamento do preço e tradição do objeto, está aperfeiçoado a
310
particular em reaver a titularidade, ele não pode dizer que não quer a indenização, ele só
pode querer a indenização.
Quem paga mal, paga duas vezes. Isso também em desapropriação, isso
vale para a hipoteca, o valor da indenização se sub-roga ao ônus operado pelo direito
real de garantia.
Se não houver recebido nos autos da ação de desapropriação, sendo
credor hipotecário, o valor da indenização, o valor do crédito hipotecário poderá
perseguir o valor junto a B ou aquilo que tiver que será aplicado no valor da
indenização, mas não vai poder pelo direito de seqüela perseguir o bem uma vez
incorporado ao patrimônio público.
Vai tão longe isso, que a única ação no direito brasileiro, que eu conheço,
que pode não ter réu é a ação de desapropriação, artigo 187, mostra outra vez, o modo
originário de aquisição de bens pela AP.
A citação far-se-á por edital se o citando não for conhecido, ou estiver
em lugar ignorando incerto e não sabido ou no estrangeiro, o que dois oficiais de justiça
certificarão. A parte final tudo bem, mas agora se o citando não for conhecido, o que
isso?
Réu desconhecido, sem qualificação, ação sem réu, é isso mesmo, pode
haver um bem imóvel que não constitua terra devoluta, há exceções ao DL 9760/46,
nem todo imóvel não titulado no RGI constituirá terra devoluta, tem exceção expressa
no DL 9760/46. Suponha, e acontece muito, que um determinado Município vem
construindo uma rua e promovendo a desapropriação de terreno, chega em um terreno
seguinte e vai no RGI e verifica que não tem registrado o título do imóvel. Em relação
fisicamente a esse terreno, você vai parar a construção da rua e ficar esperando que
por obra de graça alguém chegue e adquira a propriedade para poder promover a
desapropriação?
Não, promove a desapropriação contra réu desconhecido, cito por edital,
na forma do CPC, nomeio curador especial, defesa, prevista a indenização, transita em
julgado e o poder expropriante consigna o valor da indenização, o juiz imite na posse,
expede mandado de transcrição da sentença no RGI, adquire originariamente, sem título
anterior a propriedade.
Se no futuro, lá na fase anterior, alguém evidenciar justo título que fosse
suficiente para aquisição da propriedade imobiliária, receberá o valor da indenização,
senão ad eterno o valor da indenização ficará consignado. O artigo 35 não pode ficar
exposto a falta de aquisição por terceiros daquele bem, de modo originário.
No caso de imóvel locado para serviço, sendo desapropriado, como
ficaria a relação jurídica entre o locador e o locatário?
Vamos lá, hipótese concreta: há uma locação comercial de uma loja
situada em um determinado terreno, vem o Município desapropriando vários terrenos e
desapropria aquele terreno, onde está a loja e a benfeitoria, ele não está desapropriando
o Fundo de comércio, se você for a lei 8245/91 a Lei geral do Inquilinato, rompida a
locação por desapropriação a locação se desfaz de pleno direito pela efetivação da
desapropriação, não há relação jurídica entre o locatário e o Poder Público que promove
a desapropriação; entretanto, há um princípio de direito público que quem sofre
individualmente em favor do interesse público, sem ter dado causa ao ilícito, será
indenizado pelo prejuízo que sofrer, de maneira que o locatário tem ação ordinária
autônoma direta contra o Poder Público para se indenizar dos prejuízos sofridos contra o
313
A meu ver não, olha só: aquele cujo bem for prejudicado
extraordinariamente pela destinação econômica pela desapropriação de área contíguas
vai ter o direito de reclamar perdas e danos do expropriante, e não vai poder obstar a
atividade do expropriante no bem desapropriado, mas é claro que se o expropriante
pretender invadir o seu bem, salvo o caso de desapropriação indireta, isso vai gerar a
proteção possessória, se ainda houver tempo, se não tiver efetivada a desapropriação
indireta, mas não com fundamento no artigo 37, que só prevê a indenização pela
destinação dada ao bem.
No artigo 37 não é o bem dele, no artigo 35 teve o bem desapropriado, a
posse não é afetada pela destinação dada ao imóvel contíguo, ela desvaloriza, mas não
atinge a posse.
O artigo 10 está mal colocado, porque o processo judicial começa no
artigo 11, e no entanto, a norma do artigo 10 é processual.
Artigo 10 do DL 3365/41- a desapropriação deverá efetivar-se mediante
acordo, intentado dentro do prazo de 5 anos contados da data da expedição do
respectivo decreto e findos os quais esse caducará, neste caso somente decorrendo um
ano, poderá ser novamente objeto de desapropriação.
Parágrafo único_ extingue-se em 5 anos o direito de propor ação que
vise indenização por restrições decorrentes de ato do poder público.
Aquele prazo geral de prescrição de 5 anos das ações contra a Fazenda
Pública, também incide aqui.
O que são atos que impõe restrições decorrentes de ato do Poder
Público?
São aqueles atos que estabelecem limitações administrativas, tão
profundas que retiram o valor econômico do bem. Ex: na própria legislação ambiental,
lei municipal que fixará área de proteção ambiental, descrevendo a área e todos os
imóveis, situados no perímetro dessa área não poderão receber quaisquer construções
obrigando seus proprietários a preservação da flora e fauna.
O imóvel urbano tem uma destinação especial que é residencial,
industrial ou de prestação de serviços, se eu digo que não se pode construir nele, e tudo
se tem que manter como nativo, eu estou esvaziando o conteúdo econômico, como se
chama isso?
A chamada ação de desapropriação indireta do direito de construir, eu
retiro da natureza do bem a sua destinação econômica e eu Município vou ter que
indenizar com fins de desapropriação, é essa ação que deve ser intentada em 5 anos.
O proprietário que sofra por esse ato tem 5 anos para ajuizar ação
indenizatória, na condenação, ele receberá a justa indenização que equivalerá, pelos
critérios da ação de indenização, a própria justa indenização, pelo valor econômico do
bem.
Paga a indenização, o juiz falará na parte dispositiva da sentença, que ela
será condenatória para o réu, mas será constitutiva, porque o juiz dirá: paga a
indenização ao réu, ela indeniza.
Qual é a razão de ser dessa norma? Qual o prazo da ação indenizatória
da ação indireta?
Súmula do STJ falou em 20 anos, lei posterior falou em 5 anos, me
parece coerente, nós vamos ver que a prescrição aquisitiva se dá ao mesmo tempo da
prescrição extintiva, se antes eu tinha 5 x 20, agora, eu tenho 5 x 5.
315
22ª Aula
Nós paramos no artigo 13 da lei de desapropriação, já na fase judicial
quando não há acordo na lei de desapropriação, mas já sabemos que a AP não pode
esgotar a vontade já manifestada no ato expropriatório, ela só pode obter isso por
sentença.
Artigo 14 do DL 3365/41- Torna obrigatório à prova pericial. A norma é
cogente, o juiz designará perito desde logo ao despachar a petição inicial, só não haverá
a obrigatoriedade da realização da norma pericial se houver expressa concordância do
réu, proprietário do bem, com a proposta feita pelo Poder Público de indenização. Nesse
caso, o juiz indenizará, mas tem que ser expressa essa concordância.
A revelia do réu é irrelevante, o juiz devera determinar a colheita da
prova, porque está zelando por uma garantia constitucional.
Existe alguma fiscalização, por exemplo do MP, para evitar coesão entre
as partes, por exemplo para pagamento a maior?
Essa é uma questão controvertida que é a intervenção do MP no processo
de desapropriação, não há uma palavra no DL 3365/41 sobre a intervenção do MP.
Alguns promotores de justiça no Rio e em outros lugares do Brasil, sustentam que na
falta de previsão legal, e sendo o réu maior e capaz não há necessidade de intervenção
do MP, não é o meu ponto de vista, e eu diria que da maioria dos membros do MP do
país e o entendimento jurisprudencial.
O fundamento para a intervenção do MP genericamente é o artigo 82, III
do CPC, a natureza da lide na ação de desapropriação obriga a intervenção ministerial.
Por quê?
Porque direito administrativo você sabe que é uma matéria muito nobre,
onde é que nasce desapropriação?
317
1075/69, que regula a imissão provisória para a posse de imóveis urbanos para fins de
desapropriação, então, são bens com determinadas características, mas os imóveis
urbanos objeto de desapropriação, ainda hoje em vigor o DL 1075/69. Ele sim
estabelece o mínimo de contraditório, e admite que o juiz pelo princípio do livre
convencimento motivado, quando se tratar de imóvel urbano, objeto da desapropriação,
designe o perito técnico para avaliação provisória, cite o réu, e todo o artigo 15 é
ausência de defesa do réu na petição inicial, por isso é que se discute se foi
recepcionado ou não pela CF/ 88. O Supremo diz que foi, mas quando se tratar de
imóvel urbano aplica-se o DL 1075/69, o juiz nomeia o perito, manda citar o réu, realiza
o mínimo de contraditório e por uma decisão interlocutória, livre convencimento
motivado, arbitre-se o valor provisório da indenização.
Diz o DL que o juiz poderá autorizar o réu a levantar até 80% desse
valor provisoriamente fixado. Por que até 80% do valor depositado?
Porque é provisório, ele pode ser fixado para mais ou para menos, outra
vez critério político, para satisfazer o réu porque perderá a posse, e os direitos inerentes
a propriedade poderá se satisfazer com até 80%, então se cair na prova imóvel urbano
então querendo que vocês saibam o DL 1075/69, havia jurisprudência e é essa que vem
sendo rejeitada pelo STF em recurso extraordinário que diz que nada distingue o imóvel
urbano do outro imóvel, do bem móvel, em qualquer situação, para fins do contraditório
e da ampla defesa.
O Supremo não diz que o DL 1075/69 não se aplica, se aplica se tratar de
imóvel urbano, ele veio justamente na época da construção do metrô de São Paulo,
lembra do artigo 4º do DL 3365/41, desapropriação por zonas, mesma raiz do DL
1075/69, “n” imóveis sendo desapropriados, imóveis urbanos, muitas das vezes
residenciais, daí a razão do advento do DL 1075/69. Então cuidado na hora da prova
com isso.
O artigo 15 - A do DL 3365/41- ele é extenso, virou moda no Brasil
introduzir artigos com letra por MP, ele tem basicamente suspenso alguns parágrafos
deles em ADIN, mas basicamente o que nos interessa, porque às vezes é perguntado em
concurso em desapropriação, é sobre os juros moratórios e compensatórios em
desapropriação.
Aqui houve imissão provisória na posse, então, desde aqui o proprietário
perdeu grande parte, não perdeu a propriedade, mas grande parte dos direitos inerentes a
propriedade, perdendo a posse, direito de construir, direito de fruir do bem, então,
quando isso acontece e a avaliação definitiva for superior aquela avaliação provisória do
bem, então diz o Supremo analisando o artigo 15 do DL 3365/41 quando isso acontece
vai ter uma diferença, por exemplo, entre 1000 e 3000, valor definitivo, pelos critérios
administrativos o valor geral da desapropriação é mínimo, então, nesses 2000, desde a
data da imissão provisória, porque ele perde grande parte dos direitos à propriedade,
você vai ter juros compensatórios, a taxa de 6% ao ano. O Poder Público sempre trata de
alterar esse valor para menos, visando lhe favorecer, sobre essa diferença atualizada.
Vão incidir juros compensatórios aqui.
Quando transita em julgado, também o Poder Público não pagará a
indenização, por quê?
Artigo 100 da CF/88, não há execução forçada contra a fazenda pública,
daí ela pagará pelo maravilhoso sistema de precatório, que nós conhecemos, na melhor
hipótese se não quiser consignar 1 ano e 1 mês, no exercício seguinte, a partir daí vão
começar a incidir os juros moratórios.
322
e vai tentar reaver o que pagou a B, em ação própria. A é credor hipotecário de B, A não
pode pretender penhorar o imóvel uma vez desapropriado.Qual é o princípio aí?
Supremacia do interesse público, outra vez, isso é ser modo originário na
aquisição de bens.
O artigo 18 do DL 3365/41 vai tão longe que admite que desapropriação
pode não ter réu conhecido, em se tratar de bem não titulado. Ex: Se você ler a
legislação sobre terras devolutas, vai ver exceções, nem todo imóvel, sem inscrição no
RGI, vai constituir em terra devoluta, tem exceções.
Então vem o Município construindo uma rua, desapropriou o imóvel 1, o
imóvel 2, quando chega no imóvel 5, não tem titulação registrada em nome do terceiro.
O artigo 18 diz que a citação se dará por edital se o citando não for conhecido ou se
tiver em local incerto e não sabido o que será certificado por dois oficiais de justiça. Se
o citando não for conhecido, o réu tem que ser sempre conhecido?
Não, se não se tratar de terras devolutas, promove a ação, o juiz manda
realizar prova pericial, vista o valor da indenização, a lei prevê que a AP tem a
faculdade ou de consignar o valor da indenização para buscar a imissão definitiva da
posse e a inscrição no RGI ou se submeter ao regime de precatório.
A AP consignará o valor da indenização, o juiz imitirá na posse e
expedirá mandado de inscrição no RGI e o expropriante se tornará titular pela inscrição
da sentença no RGI. O dinheiro ficará lá, se alguém algum dia demonstrar justo título
que antes foi suficiente para a aquisição da propriedade, receberá o valor da
indenização, senão ficará eternamente, a AP não enriquecerá e ao mesmo tempo o
interesse público será atendido, porque é modo originário de aquisição de bem. Isso vale
quando é bem móvel também.
Foi noticiado em televisão e jornal, numa cidade de MG a dois metros
do solo se encontraram moedas raras de prata, o que acontece, será possível
desapropriar porque achou um tesouro?
Será, olha como a CF/88 é extremamente bem detalhada em seu artigo
216, §1º. Eu posso proteger o patrimônio social com o tombamento, mesmo que quem
achou o tesouro seja um terceiro, não exclui que a União possa promover
desapropriação, que foi apropriado, achado de tesouro por terceiro, é modo originário de
aquisição de bens.
Então pelo artigo 18 do DL 3365/41 a desapropriação pode não ter réu.
Cita por edital, curador especial, mas uma razão para a fiscalização do MP, nesse caso.
O valor que foi assim consignado, na ação sem réu, em que prazo a AP
pode reaver esse valor?
Ao meu ver não há prazo prescricional para os terceiros interessados na
aquisição de um julgado, eu não conheço norma, posso estar errado. Esse terceiro
interessado poderia se referir ao prazo do DL 21910 prazo de 5 anos, ao meu ver não,
porque aqui se trata de execução de julgado, ele não tem que promover a ação, quem
promoveu a ação foi a A, a meu ver é ad eterno.
Artigo 19 do DL 3365/41- Significa que todo o tempo a causa seguirá
por rito ordinário.
Artigo 20 do DL 3365/41- O artigo 20 vale em conjunto com o artigo
9º,e resolve “n” questões de concurso.
Artigo 9º do DL 3365/41 - É vedado ao Poder Judiciário em ação de
desapropriação, decidir se verificam ou não os casos de utilidade pública. O réu não
325
pode se defender dizendo que a escola é desnecessária, ele pode até dizer isso, mas o
juiz não conhecerá. Por quê?
Porque desapropriação é modo originário de aquisição de bens, nesse
caso é discricionariedade exercida pala AP, o juiz não pode decidir se é ou não
conveniente construir escola, mas evidentemente pode haver desvio de finalidade no ato
expropriatório, pode haver desvio de finalidade no interesse privado.
Aí vem o artigo 20 e diz: que a contestação só pode versar sobre vícios
do processo, ou impugnação do preço, qualquer outra questão deverá ser resolvida por
ação própria. Se o proprietário pensa assim, ele é que mova ação própria para controle
de legalidade do ato expropriatório, desvio de finalidade, inexistência de motivo, aquilo
que a gente estudou em ato administrativa, mas ação autônoma livre distribuição.
O juiz não decidirá quem é proprietário, ou titular do bem, é muito
comum quando se desapropria posse.
O ERJ move contra B uma desapropriação da posse de determinado
terreno, eu posso desapropriar a posse, aí vem o ERJ e ajuíza uma ação contra B, vem A
ao processo e diz que o possuidor é ele e não B, mostrando seu título que B o alienou a
posse. O juiz não decidirá sobre a legitimidade passiva, porque é modo originário, para
o juiz réu é quem o Poder Público indicar.
E se mais tarde se verificar que quem verdadeiro possuidor é o A?
Quem paga mal paga duas vezes. Outra vez, A vai ter a indenização,
qualquer ação julgada procedente se resolve em perdas e danos. A que mova ação
contra o ERJ em ação própria, exatamente pela natureza dela, forma originária de
aquisição de propriedade.
Significa muito em processo expropriatório você esquecer do sagrado
princípio do devido processo legal, contraditório, na medida de que é modo originário
de aquisição de bens.
Artigo 27 do DL 3365/41- Critérios para a fixação da justa indenização:
tem alguma repercussão em artigos anteriores, a gente vê o geral e depois eu volto um
pouquinho, diz ele: O juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu
convencimento (princípio do livre convencimento motivado) e deverá atender
especialmente (não exclusivamente, portanto livre convencimento motivado) a
estimação dos bens para efeitos fiscais, (a AP deu determinado demonstração para a
incidência anterior dos tributos, unilateralmente se estima os bens para tal valor com
base de cálculo, primeiro critério) ao preço de aquisição (também o proprietário
primitivamente ao comprar de terceiros, ele entendeu o preço justo tal, claro que o
critério é apriorístico, tem que ser atualizado e interesse que dele aufere o proprietário
(portanto a justa indenização não implica apenas o valor esterno do bem, meu exemplo
clássico é de estrada que vem sendo construída pela União, aí chega em um local tem
um terreno onde se construiu uma empresa, a União vai indenizar a benfeitoria, o valor
terreno, lucro cessante, custo de desmobilização, porque a fábrica sairá daqui, haverá
um interregno que aquele proprietário que é o controlador vai ter perda de auferir o
interesse sobre o próprio bem. Isso justifica também, que se suponha que a fábrica seja
objeto de locação, então eu tenho um locatário que não é réu na ação de desapropriação,
ele locatário vai ter ação direta contra o Poder Público, pela perda em favor do interesse
público de localização naquele momento, ele poderá se indenizar, isso é pacífico, seja
na indenização do fundo de comércio que gere danos, mas ele tem ação para se
indenizar contra o Poder Público, nessa perda de imóveis que não é réu, ação será dele
326
direta com o Poder Público, ele não intervirá para pedir indenização, moverá ação
indenizatória.
Esse princípio está no artigo 37 da lei, numa outra situação, mas o
princípio é o mesmo.
Aquele que o bem for prejudicado extraordinariamente em sua
destinação econômica pela desapropriação de áreas contíguas, terá direito de reclamar
perdas e danos do expropriante.
Eu tenho aqui o imóvel 1 desapropriado para a construção de um
depósito de lixo, você tem aqui sua casa de campo, construída a duras penas.
Legalmente o Município quer criar um depósito de lixo para tratar de lixo reciclável, a
sua casa será desvalorizada, e não foi desapropriada, mas você sofre em favor do
interesse público, ação autônoma para se indenizar, mesmo princípio.
Esse interesse vai aparecer, voltando um pouco atrás, no artigo 25,
parágrafo único, lembre-se que nós estávamos na época da ditadura o decreto- lei estava
muito mal redigido, mas lá no artigo 25, caput, diz: O principal e os acessórios serão
computados em parcelas autônomas. Qual é a razão disso?
É que o principal está sobre a garantia da justa indenização e não os
acessórios. O principal é a indenização em si mesma, se computado autonomamente é
permitir que a AP consigne o principal e só pague os acessórios por precatório, quando
entender conveniente isso. Então os acessórios não integrarão o principal, nesse sentido
de ganhar a proteção constitucional da justa indenização, os acessórios a gente sabe
quais são, custas, juros, nesse caso os moratórios e não os compensatórios, que tem
natureza de lucro cessante, porque aí é a utilidade econômica. O valor intrínseco do
bem, honorários advocatícios, esses são os acessórios.
Aí vem o parágrafo único do artigo 25 do DL 3365/41 e diz que o juiz
poderá arbitrar quantia módica para desmonte e transporte de maquinismos instalados e
em funcionamento, é o caso da fábrica, por exemplo, é isso que a lei.
Pode haver determinada destinação econômica no bem que está sendo
desapropriado, que leve ao desmonte e diz a lei critérios módicos, é isso que o artigo 25
quer dizer.
Segue os critérios, além da destinação dos bens, a sua situação, estado de
conservação, valor venal e da mesma espécie nos últimos 5 anos, valor comparativo, e a
valorização ou desvalorização de área remanescente pertencente ao réu.
Valorização (mais valia ou plus valia em desapropriação).
Desvalorização (direito de extensão de desapropriação).
Pergunta famosa em concurso público, o que é direito de extensão em
desapropriação?
Você vai ter sempre desapropriação parcial, há imóveis que são
divisíveis, conforme a legislação, suponha que você tem um imóvel de 10 x 100, e vem
um prefeito, da natureza do César Maia, e precise de 10 x 99. Então, ele vai
desapropriar 10 x 99, vai sobrar para o proprietário 10 x 1,10m, com a depreciação do
remanescente do imóvel, porque a própria legislação não admite, benfeitoria útil para
receber, imóveis urbanos. O que aconteceu?
Retirou o valor econômico do bem.
Quando o valor do bem é retirado, é defeso na contestação e ao juiz
deverá determinar o valor dessa nesga e determinar a AP em indenizar também os 10m
restantes e incorporar ao patrimônio público o remanescente, daí é chamado direito de
extensão.
327
23ª Aula
indelegável, qualquer ato estatal que transfira atividade do MP para não integrantes da
carreira vai ser inconstitucional.
É o problema das funções típicas estatais vinculadas ao serviço público
essenciais.
Então, as funções típicas essenciais, você conhece lendo, o artigo 30, V,
é a exceção que confirma a regra. Nesse sentido, o artigo 30, V, da CF/88, torna todos
os serviços públicos municipais delegáveis, e diz que compete aos municípios
diretamente ou mediante concessão ou permissão a prestação de serviço público de
interesses locais. Olha aí a regra de delegação, diretamente ou mediante concessão ou
permissão, nós vamos ver a exceção daqui a pouco, e continua inclusive o de transporte
coletivo que tem caráter essencial, o constituinte estudou direito administrativo, ele
sabia o que estava dizendo.
Todos os serviços municipais são delegáveis, são chamados serviços de
interesse público, inclusive transporte coletivo, e aí colocou uma vírgula e disse: tem
caráter essencial. Pode?
Pode, o constituinte originário pode tudo, então ele pegou um serviço
essencial e tornou delegável, quis dizer que o serviço é essencial.
A razão disso é a possibilidade de restrição do direito de greve em
serviço de transporte coletivo, já que está afirmada a essencialidade do serviço, então eu
posso restringir em grande parte o direito dos trabalhadores em transporte coletivo,
porque eu paro uma metrópole como o Rio e São Paulo, se eu parar o transporte
municipal, eu paro a economia, é por essa razão.
Mas é a exceção que confirma a regra.
Se você ler o artigo 21 você vai imaginar por sua vida a dentro vários
serviços que não são essenciais e têm previsão de delegação, exemplo: Incisos XI e XII,
distribuição de energia elétrica, radiodifusão sonora de rádio e imagens, telefonia, são
serviços de interesse públicos, são delegáveis, está lá: diretamente ou mediante
concessão ou permissão, regra de delegação prevista.
Quando há regra de delegação prevista, essa delegação do serviço, isso
pode cair, ela pode ser legal ou contratual, ela será legal exatamente quando ocorrer a
descentralização por pessoas, a lei vai instituir autarquias, empresas públicas, sociedade
de economia mista e fundações públicas, e vai delegar legalmente, a própria lei, o
serviço a essas pessoas da AP indireta.
Enquanto a delegação é contratual é aquela que se refere a concessão e
permissão de serviços públicos a particulares, daí se falar na diversidade, da outorga,
que a delegação legal implica em uma outorga unilateral que a lei faz politicamente a
uma pessoa que é criada, que realiza tipicamente aquele serviço por outorga. Então, a
delegação por outorga é isso, a criação de pessoas diversas do ente federativo,
descentralizando o ente federativo, para permitir que as pessoas que integram o ente
federativo realizem a atividade.
Enquanto a delegação contratual vai levar a que particulares, empresas
privadas, pessoas físicas podem ser permissionária de serviços públicos, realizem
serviços públicos por concessões e permissões.
Além disso, nós vamos estudar, ainda na aula de hoje, a novidade é que
também se poderá delegar além de contratualmente, poderá se delegar a organizações
sociais e a organizações da sociedade civil de interesse público, na forma de duas leis,
que nós vamos estudar ainda hoje, a prestação de serviços públicos, pelos denominados
contratos de gestão e termo de parceria, além de contratos de concessão e permissão, no
335
caso, as organizações sociais contrato de gestão lei 9637/98 e através termo de parceria
com as organizações da sociedade civil de interesse público lei 9790/99, se delegar a
prestação de serviços públicos. Tanto o contrato de gestão como o termo de parceria
tem natureza de convênio, nós vamos ver o porquê.
Apesar do contrato de gestão se chamar contrato ele tem
verdadeiramente natureza de convênio assim, como o termo de parceria, essas pessoas
aqui não integram a AP, é uma relativa novidade, a lei 9637 é de 98 e a 9790 é de 99,
mas não integrando a AP, elas atuam como os chamados entes em colaboração, vão
realizar serviços público, que vão ter a natureza, repito, de convênio, porque se tratará
de acordo de mesmas vontade, e contrato é uma acordo de vontade diversas.
Então, quando se faz contrato de permissão e concessão de serviços
públicos, é correto, é contrato porque o permissionário e o concessionário a sua vontade
é lucrar com sua atividade lícita, enquanto os contratos de gestão e os termos de parceria
pela natureza dessas pessoas, são vontades idênticas que se encontram, a vontade dessas
pessoas ao se constituírem é de prestarem esses serviços sem finalidade lucrativa.
Então, convênio é um ato administrativo complexo que reúne vontades
idênticas, pode haver convênios entre entes públicos, a união conveniou com o Estado
do RJ para a realização de segurança pública, se você ler o artigo 144 você vai ver que
há uma determinada faixa de competência comum, em matéria de segurança pública,
entre União e Estado, conveniou com o Estado do RJ em 92. Aquilo que a gente viu na
rua, polícia militar, mais polícia civil, mais forças armadas.
Depois você viu em outras oportunidades, quando da visita de Fidel
Castro e de representante de outros países, é possível por convênio realizar serviços
públicos de competência comum, tem a natureza de convênio o termo parceria também,
nós no final da aula vamos comentar sobre isso também.
Deu para entender o que a Administração direta faz? O resto da estrutura
dela você estuda em direito constitucional.
A maior incidência de perguntas em concurso pode até acabar nisso aí,
isso é momentoso nesse momento em matéria de concurso, por isso eu fiz essa ligação
toda, o resto é o estudo dessas próprias pessoas da chamada Administração indireta.
Elas são quatro conforme alguns autores, mas verdadeiramente são 5 na
realidade legislativa brasileira, e aqui eu vou divergir do professor José dos santos
Carvalho filho, cujo a obra eu indico, mas eu adoto mas passo uma régua sobre a obra
de 4 outros doutrinadores que eu observo para o curso.
Na verdade são 5 as pessoas da AP indireta, e explico a divergência
conforme eu for expondo, mas são elas:
1- As autarquias;
2- As sociedades de economia mista;
3- As empresas públicas;
4- As fundações públicas;
5- e as fundações instituídas pelo poder público de direito privado. Aqui
é a fonte da divergência.
A maioria dos doutrinadores e a legislação admitem taxativamente isso,
reconhece pela CF, e aí a leitura da CF é fundamental, você vai verificar em vários
momentos a CF falar em fundações públicas, e em outros momentos falar fundações
instituídas pelo poder público.
336
AUTARQUIA:
que você conhece federais, você tem várias leis que você encontra em qualquer
compêndio de direito administrativo.
A AZEPE, maravilhosa AZEPE do estrado do RJ, que é a Agência
reguladora dos serviços públicos Estaduais, personalidade autarquias.
Qual é atividade?
Polícia administrativa das concessões e permissões de serviços públicos,
daí a essencialidade, a atividade de polícia administrativa no campo de regulação de
serviços, do controle do serviço que foi concedido ou permitido a particulares, revisão e
reajuste de tarifas, imposição de sanções e uma gama enorme desse controle, essa
atividade de polícia administrativa nessa fração a Constituição, você tem que ler,
permite a autarquizar e aí as agências vão sendo criadas, mas é sempre um serviço
público essencial.
Repito, claro que vai haver o destaque de patrimônio, mas basicamente a
vontade é que o serviço seja destacado para afim de autonomamente ser gerido e
realizado com caráter exclusivo, se você olhar toda autarquia tem exclusividade para o
exercício do serviço público essencial, seja na União, Estados e ou sociedades de
Economia mista.
As sociedades de economia mista e empresas públicas, pela maioria dos
autores, não pelo professor Carvalho, isso não tem nenhuma importância na decorrência
prática, mas pela maioria da doutrina e da jurisprudência, são as denominadas
sociedades ou empresas paraestatais, significa ao lado do Estado, similar ao Estado sem
ser o próprio Estado, isso é o que sequer dizer com a expressão paraestatais.
Mas paraestatais para a grande maioria dos doutrinadores e a
jurisprudência vem atrás são as sociedades de economia mista e empresas públicas.
Sobre elas o constituinte foi muito peralteia, artigo 173 da CF que diz
que as sociedades de economias mista, empresas pública, e outras que explorem
atividade econômica, se submetem ao regime próprio das empresas privada, inclusive
quanto as suas obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributárias.
O que se quis foi que elas tivessem personalidade de direito privado, que
seu regime jurídico em geral, seja no relacionamento com o seu pessoal, seja com o
relacionamento externo na sua atividade caracterizando, como caracteriza, atividade
econômica, essa expressão do artigo 173 da CF, fosse idêntico ao das empresas
privadas.
Se você ler o artigo 173 da CF, você vai ver que há uma identidade
perfeita entre o regime jurídico, para várias áreas de atividade das empresas privadas e
as sociedades de economia mista, isso em grande parte é verdade, mas você tem que
respeitar a CF, porque essas pessoas integram a AP federal, estadual, municipal, são as
paraestatais mas integrando a Administração Pública indireta.
E aí vai haver algumas diferenças entre o regime privado das empresas
privadas e o regime privado dessas paraestatais, apesar da aparente identidade do artigo
173.
A norma do artigo 173 é um pouco hermética ao dizer que outras que
exerçam atividade econômica, porque atividade econômica no regime capitalista sempre
pressupõe o intuito de lucro na atividade, como intuito básico que move a criação e o
funcionamento da empresa, e nesse sentido, pessoas que integram a AP não tem
necessariamente o intuito básico de lucro na sua atividade, é claro que elas lucrarão para
poder existir e subexistir, mas essa não é o móvel básico, como é no regime capitalista,
338
na iniciativa privada, que o que leva a criação e a persistência que quanto mais lucro
melhor.
Ao contrário sociedade de economia mista e empresas públicas, tenderão
a não serem eminentemente lucrativas, a serem teoricamente módicas na sua
lucratividade exatamente porque integram a AP, e sua vontade básica não é ser
lucrativa.
Mas o artigo 173, identifica que como há atividade lucrativa
inegavelmente, ainda que elas sejam deficitárias ocasionalmente, porque por intuito é
buscar lucro, vocês podem pegar os jornais de hoje, onde a PETROBRÀS (sociedade de
economia mista) publica balanço mostrando lucro nunca antes atingido, com toda a
dificuldade da economia, e com todo aumento do preço do óleo no mundo, o lucro foi
nunca visto.
Você pode até comparar a lucratividade da PETROBRÀS, com outras
empresas petrolíferas da iniciativa privada, sociedade de economia mista que exerce
nitidamente atividade econômica.
Veja bem ambas tem personalidade de direito privado, o DL 200/67
nesse sentido é citado por todos os doutrinadores até hoje, quanto as características
básicas, quanto das autarquias, que eu já resumi, e das sociedades de economia mista e
empresas públicas.
Mas aqui no ERJ, não se esqueçam quando forem fazer concurso da
constituição do Estado do Rio de Janeiro, aquela de 89, lá no artigo 77 da CE parágrafos
você tem em 89, transcritos os conceitos legais do DL 200/67 para essas pessoas da AP
indireta.
De 89 para cá, diante de doutrina e jurisprudência, há algumas
modificações em matéria de fundações públicas, está ainda escrito na CF como
publicado.
Mas tanto o DL 200/67 opere efeito a CE em 89 que até hoje é assim,
transcreveu os conceitos legais contidos no DL 200/67 para cada uma dessas pessoas da
Administração indireta, então se valha na hora da prova da CERJ.
Ninguém falou ainda que é inconstitucional, ou não recepcionados por
EC, os parágrafos do artigo 77 da CERJ, que definem então as características básicas
dessas pessoas.
Como é que elas se diferenciam por serviços?
As empresas públicas sempre prestarão serviços públicos propriamente
ditos, alguns desses serviços previsto na CF como competência administrativa à União,
Estados, DF e Municípios.
A sociedade de economia mista, nem sempre, a sociedade de economia
mista pode exercer atividade econômica puramente, sem que essa atividade seja um
serviço público propriamente dito, enquanto uma empresa pública sempre prestará um
serviço público propriamente dito previsto na CF.
Exemplo de sociedade de economia mista que não presta serviço público:
PETROBRÁS, exploração, refino, distribuição de petróleo e derivados não é serviço
público, é atividade econômica estratégica, porque você para o país, que é rodoviário
em grande parte, só nesse aspecto você paralisaria a atividade econômica do país, se
você paralisasse o fornecimento de derivados de petróleo, mas isso é uma atividade
econômica. Em parte monopólio da União, hoje por EC isso já vem reduzido, mas não
significa em si mesmo serviço público.
339
outras pessoas de outras Administrações Públicas, isso acontece também pode adquirir
ações, mas ela é sociedade de economia mista por isso, característica básica maioria do
capital votante e basta, repito, que além da pessoa instituidora que outras pessoas da AP
indireta e por isso por ela controladas e fiscalizadas, podem ter a titularidade de ações
para comporem a titularidade de uma sociedade de economia mista.
Enquanto em matéria de capital a totalidade do capital das empresas
públicas, exatamente pela natureza do serviço público que está sendo prestado, se é
sociedade de economia mista pode ser simples atividade econômica ou atividade
econômica de serviços público, as empresas públicas só serviços públicos, a totalidade
do capital, por causa disso estará sempre sob a titularidade da pessoa instituidora e ou
de pessoas que integrem a AP indireta.
Também não é necessário que todo capital de FURNAS seja de
titularidade da União.
Já caiu questão no MP do Rio, questão interessantíssima para você
morrer de rir, mas caiu no MP do Rio, provão. Para você ver que tem que estudar muito
direito administrativo e tem que estudar tudo, quem deixa de estudar é reprovado.
A pergunta é a seguinte: Determinado Estado para incentivar o seu
turismo nacional e internacional, constituiu uma empresa pública para explorar
restaurante de comida típica, é possível isso?
Claro que não, isso é pura atividade econômica, serviço de restaurante
não é serviço público e empresa pública existe para prestar serviço público.
Deu para entender a distinção por serviços na sociedade de economia
mista e da empresa pública? Uma é sempre é obrigada a prestar serviço público, a lei
que a instituir terá que vincular a ela o serviço público delegável as pessoas da AP
indireta, haverá outorga legal, não um serviço público essencial que nós já estudamos,
mas não uma atividade puramente econômica de iniciativa privada.
Pergunta: e a Caixa econômica é empresa pública?
É verdade, é exceção que confirma a regra, Caixa Econômica, vem do
tempo da ditadura, só para você ter uma idéia Caixa Econômica já foi autarquia, o que é
totalmente contrário a própria noção trazida pelo DL 200/67.
Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, quando?
Uma coisa é o que a doutrina e a jurisprudência dizem e outra coisa é a
realidade administrativa, e Caixa Econômica é exceção que confirma a regra, e nada
diferencia Caixa Econômica do BB e o BB é uma sociedade de economia mista e Caixa
Econômica, hoje é uma empresa pública, era autarquia porque o controle era muito
maior na época da ditadura do que se tem na Caixa hoje, o desvio de recurso na época
da ditadura era uma enormidade, constituiu-se por autarquia naquela época,
transformou-se a natureza.
Empresa pública é completamente dissonante, é a exceção que confirma
a regra, se você comparar com as outras empresas públicas, nitidamente atividade
financeira não é serviço público, correntista da Caixa atua igualmente como o
correntista do Banco Itaú.
Há uma determinada parcela da atividade da Caixa, entretanto, que se
pode eventualmente reconhecer, nessa parcela, mas isso não é todo, se pode reconhecer
como a atividade da Caixa de recebimento e gestão dos depósitos em conta do FGTS,
quando isso acontece o serviço público, há um interesse difuso aí da coletividade.
Na aplicação dos recursos advindos dos cofres públicos da administração
direta, governo libera “X” bilhões para o financiamento de casa própria para a
341
Enquanto que mesmo com a EC, não será possível, mesmo com essa
linha de entendimento, ainda hoje decretar falência de sociedade de economia mista
prestadora de serviços públicos, razão de um princípio constitucional de Administração
Pública, o princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o interesse privado.
Se a sociedade de economia mista é prestadora de serviço público, o
interesse difuso da coletividade na prestação do serviço público supera o interesse
legítimo do credor de diante uma insolvência da sociedade de economia mista levar a
quebra, para satisfazerem os seus créditos legítimos, para satisfazer o interesse social, o
interesse social e o interesse difuso da sociedade como um todo a prestação do serviço
isso obstaria a decretação. A meu ver está correto esse raciocínio, e mesmo diante da lei
de S/A por essa razão poderia se decretar a falência de uma sociedade de economia
mista prestadora de serviço público.
Empresa pública nem se fala porque ela presta serviço público, ainda que
o regime seja próprio das empresas privadas, falência não poderá haver, poderá haver
penhora, execução forçada, sobre bens dessas pessoas, regra geral poderá, o regime é
próprio das pessoas de direito privado.
E coerente com essa linha de pensamento Celso Antônio Bandeira de
Mello, você estuda por jurisprudência ao meu pedido, já sabe e se não sabe vai
pesquisar, você vai encontrar decisões do STF, em matéria de impenhorabilidade de
bens dessas pessoas, quando afetados a serviços públicos.
Em reclamação trabalhista há anos atrás um empregado da Empresa de
Correios e Telégrafos, empresa pública federal prestadora de serviço postal, está no
artigo 21, já transitado em julgado sentença trabalhista que reconhece o crédito, executa
e promove e o juízo defere a penhora de um caminhão da Empresa de Correios e
Telégrafos destinados a entrega de correspondência. Sabe em que volume isso pode
acontecer, pois a ECT tem caminhões e todo mundo vê.
Essa decisão chegou ao STF, depois de mantida a decisão da
penhorabilidade do caminhão no TST, o Supremo disse não, conheceu e proveu o
extraordinário para dizer não, o bem é afetado ao serviço público é impenhorável, o
regime é próprio do serviço privado mas só os bens das empresas públicas e das
sociedades de economia mistas desafetados, aqueles momentaneamente desvinculados
da prestação de serviços públicos é que poderão ser penhorados.
Isso me lembrou um fato há muito tempo atrás o então juiz de Vara de
Fazenda Pública Sérgio Carvaliere, deferiu a penhora de bem da PETROBRAS em
execução, dizendo que sociedade de economia mista não prestadora de serviço público,
aí é possível se ela é não prestadora eu posso penhorar qualquer bem.
Mas quando há prestação de serviços público os bens afetados ao serviço
geram um interesse difuso na regularidade da prestação do serviço.
É claro que um caminhão eventualmente não vai levar a ECT a
insolvência, mas se a gente pensar que todos os credores poderão penhorar todos os
bens afetados agente quebra mesmo.
Cuidado com a atividade de serviço próprio de empresa pública, então
cuidado com isso, que as coisas não são tão planas em direito público como parece.
Pergunta: inclusive as franquiadas?
A questão é interessante em matéria de ECT, para quem faz concurso na
área federal, o franquiamento na verdade é um contrato administrativo, e as franquiadas
prestam por concessão ou permissão serviço público, mas nesse caso a meu ver eu não
estenderia a impenhorabilidade as franquiadas, porque o serviço continua sendo detido
343
pela empresa pública. A franquiada poderá falir, a ECT não poderá falir, então pela
mesma razão, materialmente prestação de serviço público, eu aplicaria para resolver
isso a lei 8987/95 a lei de concessões e permissões que lá no artigo 35 relaciona entre as
causas de extinção das permissões e concessões a falência do concessionário e
permissionário.
O que eu não poderei é na falência, arrecadar, o próprio contrato da
concessão e permissão, porque o serviço é público, a massa falida não poderá arrecadar
a seu favor o contrato, eu não poderei arrecadar também bens reversíveis, mas uma
coisa é isso.
Outra coisa diferente do franquiamento de bens públicos franquiados
poderá falir e ter seus bens penhorados, exatamente porque não coloca em risco, porque
o serviço volta a ser prestado pela própria pessoa da ECT.
Pergunta: professor pode explicar novamente o que o senhor falou sobre
o afetio societatis?
Afetio societatis, os sócios têm que ter uma afeição por algo abstrato que
é a empresa por eles criadas, mas para ter essa afeição comum tem que haver mais de
um sócio.
Na empresa pública necessariamente eu não preciso ter mais de um sócio
ou mais de um acionista seja qual for a formas societária, basta um, porque a totalidade
do capital pode ser inteiramente detida pela pessoa da Administração Pública direta, ou
por ente pública.
Eu botei a pessoa jurídica porque é a ficção da ficção, eu criei uma
pessoa jurídica sobre forma de Cia, ou sobre quotas de responsabilidade limitada, mas o
total das cotas e detido por aquele município, então eu não tenho a afeição societária por
dois ou mais sócios, é nesse sentido.
Pergunta: Na sociedade de economia mista não caberia subsidiária
integral?
A pergunta é boa, mas antes de falar nisso, dê uma lida no inciso XIX do
artigo 37 da CF, subsidiária de sociedade de economia mista, sociedade de economia
mista é, não é possível reconhecer pessoa fora da Administração Pública, por quê?
Porque autarquia é sempre criada diretamente por lei, sociedade de
economia mista, empresas públicas, fundações públicas e fundações instituídas pelo
poder público são criadas por autorização legislativa.
Então, há uma opção discricionária de conveniência e oportunidade no
momento da criação e o legislativo transfere, mas tem que haver autorização legislativa
também é exigida para a criação de subsidiária, então ao meu ver pouco importa que ela
seja ou não integral pra efeito da minha matéria, em direito empresarial vocês se virem,
tem que haver autorização legislativa também, seja integral ou não, seja qual for a
característica da subsidiária ligada ou coligada, o inciso XIX é muito detalhado e
sempre com a autorização legislativa e vai ganhar a mesma característica da sociedade
de economia mista, ou da empresa pública exatamente porque vai haver uma parcela
disso transferido.
A PETROBRAS é a rainha das subsidiárias, mas a partir da Emenda tem
a mesma natureza por causa do inciso XIX, do artigo 37.
Fundações públicas, enquanto as autarquias personificam os serviços,
fundações pela própria essência do direito civil, do direito comum, é a personificação do
patrimônio a uma determinada finalidade estipulada pelo instituidor titular do
344
patrimônio, que destaca determinada parcela do seu patrimônio por ato se última
vontade ou ainda em vida e o destina para a finalidade, isso é noção de direito privado.
Exatamente pela função social da fundação, que se tem no direito
privado, mesmo no CC 2002, mantida a fiscalização do MP sobre essas fundações
privadas, a noção de fundação privada é lá no direito comum, instituídas por
particulares.
Qual é a diferença essencial, qual é a especificidade da fundação
pública?
Uma é que o patrimônio é público, duas é que o serviço público é
essencial.
Será possível também segundo a CF, para isso você tem que ler a CF,
além da autarquização do serviço essencial, fundacionalizar, desculpe-me pelo
neologismo, fundacionalizar serviço público essencial atribuindo a uma fundação
pública, e é por isso que as fundações públicas, também têm personalidade de direito
público, ao contrário do que o DL 200/67 e a CERJ ainda tem escrito em seu artigo 77.
As fundações públicas a jurisprudência é pacífica no STF têm
personalidade de direito público, outra vez, o rumo é ligar a natureza da pessoa a
natureza do serviço que ela presta.
Terá personalidade de direito público exatamente porque o seu serviço é
essencial, e aí você tem a possibilidade de ter exemplos como a UFRJ, autarquia
federal prestadora de que serviço?
Educação pública universitária, serviço essencial.
E você tem a UERJ, fundação pública estadual, se você for a lei
instituidora da UERJ, anterior a 88, você vai ter lá fundação de direito privado, se você
for ao DL 200/67, fundações públicas são de direito privado.
Mas quando veio a CF de 88, o Supremo passou a interpretar e com
razão, fundação pública tem personalidade jurídica de direito público, porque o serviço
que ela presta é essencial e fundacionalizado, apesar da sua essencialidade, o Estado
destaca parcela de seu patrimônio e vincula aquela atividade essencial, prestação de
serviço própria dela, por questão, outra vez, de eficiência.
Por causa disso há quem fale em autarquia fundacional e há quem fale
em fundação autárquica, e há quem fale nos dois, isso não existe no texto constitucional,
mas há quem já não distingua entre autarquia e fundação.
A doutrina tradicional distingue fundação e autarquia exatamente porque
a primeira vontade na autarquia é destacar o serviço, enquanto a primeira vontade na
fundação é destacar patrimônio para o serviço, eu sei que parece miligrama, mas é o que
a gente consegue tirar do direito objetivo, e ou a gente trabalha com o direito objetivo
ou fica tudo na base dessa padronização de doutrina e jurisprudência.
O que importa no final é que reconhecendo que fundação de direito
público também tem personalidade de direito público, tanto as autarquias quanto as
fundações públicas integram-se na expressão fazenda pública do artigo 100 da CF, seus
bens são impenhoráveis, não há execução forçada contra pessoa de direito público, não
apenas as pessoas estatais.
Eu vivia dizendo isso quase em um deserto, houve um momento em
minha vida profissional que eu fui cedido, com a minha concordância, para a UERJ,
para trabalhar ajudando lá na direção da assessoria jurídica da Universidade, e a UERJ,
tinha o regime trabalhista como obrigatório, até o advento da CF de 88. Fundação
345