Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Os atos jurídicos podem ser de dois tipos:conter apenas uma vontade e produzem
efeitos jurídicos em razão apenas da vontade de uma pessoa (atos jurídicos unilaterais ou
atos jurídicos de stricto sensu) ou produzem efeitos jurídicos apenas com a conjunção de
mais de uma vontade (negócios jurídicos – principalmente os contratos).
Existem fatos em geral da natureza, fatos que produzem efeito jurídico(fatos
jurídicos).Por exemplo: a onça que acabou ter um filhote lá no meio da floresta amazônica
– fato não jurídico.
Entre os fatos jurídicos temos: fatos jurídicos stricto sensu que não possui nenhuma
vontade quase neles;e os atos jurídicos.Os atos jurídicos podem ser bilaterais (quando essa
vontade que está dentro deles são no mínimo duas) ou unilaterais (basta a vontade de uma
pessoa que tenha capacidade jurídica para produzir efeitos jurídicos).Quando essa vontade
unilateral que produz por si só efeitos jurídicos é da Administração Pública, configura-se o
ato administrativo.Entenderam como o ato administrativo está situado dentro da família dos
atos jurídicos?Em razão disso, nós podemos dar o seguinte conceito de ato administrativo:
Como todo ato jurídico,ele tem elementos e cada um desses elementos deve se
corresponder com certos atributos para que ele seja válido. Esses atributos são os
conhecidos da Teoria Geral do Direito Civil. Se o ato só tiver os elementos, ele será
existente. Se esses elementos tiverem certos atributos, ele será existente e válido.
No Direito Civil os elementos são de quem emite a vontade (pessoa,forma e objeto
– capaz,não proibida e lícito).No Direito Administrativo é mais ou menos a mesma coisa.
Além desses três elementos relativos a pessoa, forma e objeto, nós temos
também:finalidade e motivo.
No direito privado, finalidade e motivo (“Por que?” e “Pra que?”) não interessam. Já
no direito administrativo não existe esse desinteresse, pois o agente recebe o poder do povo
através das leis e tem objetivos determinados,não beneficia e nem prejudica ninguém, e
visa sempre o bem estar coletivo.
No direito administrativo nós temos que elementos? O agente ou alguém que
pratique o ato; a forma, como qualquer manifestação de vontade (maneira como a vontade
se exterioriza); finalidade, objetivo do ato; motivo, o que levou a prática do ato, causa do
ato; e o objeto que é o que o ato faz no mundo jurídico (último elemento do conceito – o
que cria, modifica ou extingue), por exemplo: o objeto da desapropriação é a aquisição da
propriedade pelo Estado, o objeto da nomeação do setor público é a criação do vínculo
jurídico estatutário entre a pessoa e a AP, o objeto da demissão é a extinção desse vínculo.
Então, esses são os elementos. Para o ato administrativo existir esses elementos tem
que estar presentes. Agora, para ele ser válido, esses elementos tem que ter alguns
requisitos, ou atributos:
a) O agente tem que ser competente,ou seja, tem que receber da lei a atribuição para a
prática daquele ato administrativo.Por exemplo: o Ministro da Reforma Agrária não pode
editar uma resolução do Ministério fixando a taxa de juros (competência do Ministro da
Fazenda), o Secretário de Educação Estadual não pode editar uma norma em relação à
Secretaria Municipal removendo um servidor de uma escola para outra (competência do
Secretário Municipal de Educação);
b) A forma, em princípio, é determinada pela lei. Mas, na verdade, esses casos são
raríssimos. O que existe são certos princípios do direito administrativo (principalmente
publicidade e transparência) que determinam a forma escrita. Por exemplo: qual seria a
garantia do Devido Processo Legal se a multa de trânsito não tivesse a forma escrita?A
própria natureza da atividade demanda a forma escrita. Como que a administração iria
executar essa multa? Como se iria recorrer se não tivesse essa infração por escrito?No
direito administrativo, via de regra, a forma é determinada (pela lei, pela natureza da
atividade e/ou pelos princípios aplicados). A exceção é a forma livre. Existem casos
clássicos em que a forma não é escrita: sinal de trânsito e o apito do guarda. São atos
administrativos, ordens emitidas pela administração produzidas unilateralmente visando
produzir uma obrigação jurídica de, por exemplo, parar o carro. Existem alguns elementos
internos à forma (como forma escrita) e outros externos (como a obrigatoriedade de
publicação). No direito administrativo também temos o princípio do paralelismo das
formas, onde o ato só pode ser desfeito pela mesma forma que foi criado;
c) A finalidade é o que se objetiva: interesse público, bem estar da coletividade e, se a lei
especificar o tipo de bem estar é ele que tem que prevalecer. Então, se refere à competência
para interditar um estabelecimento para proteger a saúde pública, porque só vende coisa
estragada, não poderá interditá-lo para pagar o ICMS. Tem que atender ao interesse
público,interesse esse especificado. Fora isso, apesar da forma do ato, apesar da
competência da pessoa, vai haver o desvio de finalidade;
d) O motivo é o conjunto de fatos que o ordenamento jurídico prevê como possibilitador ou
impositor da prática do ato administrativo. Por exemplo: qual é a causa ou motivo da
demissão de um servidor público? Uma falta grave.Qual é o motivo da desapropriação de
um terreno?A necessidade de construção de uma escola. Esse motivo tem que ser previsto
em lei. Isso tem muito a ver com o dever de fundamentação. Fundamentar é explicitar o
motivo. E aí vem a questão: todo o ato administrativo deve ser motivado? Há as seguintes
correntes:
1ª - A doutrina tradicional, já ultrapassada, defendia que somente os atos vinculados
deveriam ser motivados, pois só estes estão predeterminados pela lei. Nos outros o
administrador tem uma certa liberdade e tendo essa liberdade, ele pode fazer o que quiser
sem ter que prestar contas.
2ª - Hoje, a doutrina majoritária vai no sentido completamente contrário. Elas diz que os
dois tipos de atos tem que ser motivados, e até mais, diz que principalmente os
discricionários tem que ser motivados. Por exemplo: aposentadoria compulsória. Tem um
ato administrativo de aposentadoria compulsória que para controlá-lo, basta ver no processo
a certidão de nascimento do cara e ver se ele tem 70 anos. É mais fácil de controlar. Tem
que motivar também, mas em tese seria até o que menos precisaria de motivação. Já o
discricionário não, pois justamente a sua liberdade é que exige um “plus” de motivação,
cuidado especial com a motivação, para legitimar o exercício dessa liberdade dada pela lei
ao administrador.
Dentro desse dever há a teoria dos motivos determinantes. Ao que ela diz respeito?
Ela está muito ligada aos atos discricionários. Um ato poderia até ter vários motivos e todos
eles seriam legítimos, porém, depois da administração motivar com um desses motivos, se
esse não for verdadeiro, o ato será inválido. Por exemplo: o administrador poderia
desapropriar um terreno aqui da Mangueira pra construir uma escola porque tem muita
gente sem escola, porque não há nenhuma escola nas outras comunidades próximas. Ou ele
poderia dizer que ele está desapropriando porque não há nenhuma escola pública na
Mangueira. Aí, amanhã vem desapropriar e descobre que existe a escola pública Dona
Neuma. Nesse caso,o ato vai ser nulo mesmo que a administração diga: “Foi mal.
Realmente me esqueci, e a escola da Dona Neuma não dá vazão a todo mundo!” Não
interessa, fugiu ao motivo que acabou determinando o ato.
e) O objeto tem que ser lícito e tem que ter uma conexão com o motivo. Tem que se a
conseqüência jurídica prevista pelo ordenamento para aqueles fatos que constituem o
motivo. Você não pode, porque precisa de uma escola, determinar o aumento do IPTU
daquele imóvel.