Você está na página 1de 34

PREVENÇÃO DOS ACIDENTES E TRATAMENTO

DAS COMPLICAÇÕES EM CIRURGIA ORAL

VITOR PEREIRA RODRIGUES


Qual o melhor e mais fácil caminho para controlar uma complicação cirúrgica??

AS COMPLICAÇÕES, NA MAIORIA DOS CASOS,


SÃO CAUSADAS POR ACIDENTES TRANS-OPERATÓRIOS

PREVENIR QUE A COMPLICAÇÃO OCORRA!!!


➢ PREVENÇÃO DAS COMPLICAÇÕES

• Avaliação minuciosa (Anamnese completa + exame físico, exame de imagem e laboratorial (S/N*);

• Treinamento e execução CUIDADOSA do procedimento cirúrgico;

MESMO COM PLANEJAMENTO E EXCELENTE TÉCNICA CIRÚRGICA


COMPLICAÇÕES OCASIONALMENTE OCORREM!!!

COMPLICAÇÃO FREQUENTEMENTE PREVISÍVEL E QUASE SEMPRE


CONTROLÁVEL!!!

Hupp, 2009
Pós-operatório esperado X Complicação pós-operatória

X
ORIENTAR O PACIENTE: CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS

E PÓS-OPERATÓRIO ESPERADO – DE FORMA CLARA,VERBAL E ESCRITA.


PÓS-OPERATÓRIO ESPERADO

• DOR LEVE/MODERADA BEM CONTROLADA COM ANALGÉSICOS DE AÇÃO PERIFÉRICA;

• EDEMA LEVE/MODERADO E LIMITAÇÃO DE ABERTURA BUCAL NAS PRIMEIRAS 24-72


HORAS;

• SANGRAMENTO DISCRETO NAS PRIMEIRAS 24-48 HORAS – BEM CONTROLADO COM


COMPRESSÃO com GAZE E ORIENTAÇÕES DE DIETA;
• EQUIMOSE (MENOS COMUM) -> PACIENTE COM
PELE CLARA/IDOSOS (FRAGILIDADE CAPILAR);

Miloro, 2008
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

• Lesão dos tecidos moles:

➢ Laceração do retalho mucoso;

➢ Esgarçamento e abrasão;

➢ Lesões perfurantes;

Apoio correto dos afastadores;


Proteção dos tecidos ao usar a alta rotação;
Acessos/retalhos de dimensões adequadas;

Reposicionar e suturar cuidadosamente;


Abrasões na mucosa -> higiene – clorexidina aquosa 0,12%;
Abrasões na pele -> pomada ATB – evitar exposição solar
Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

• Acidentes/complicações durante a exodontia:

FRATURA DE DENTES/RESTAURAÇÕES/PRÓTESES
ADJACENTES
MANOBRAS INTEMPESTIVAS;
FORÇA EXCESSIVA;
APOIO ERRADO DOS
LUXAÇÃO DO DENTE ADJACENTE ELEVADORES

EXODONTIA DO DENTE ERRADO FALTA DE ATENÇÃO


ABSURDO MAS ACONTECE!

Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

• Acidentes/complicações durante a exodontia:

FRATURA RADICULAR

•Um dos acidentes mais comuns;

• Tentativas agressivas e destrutivas para remover pequenos fragmentos em


precárias posições podem ser mais danosas que benéficas;

• Raízes sem patologias deixadas no osso alveolar tem mostrado ficar no local
sem complicações – raízes incorporam-se ao tecido ósseo,
SEGUIR CORRETAMENTE OS PRÍNCIPIOS DE
EXODONTIA;
• Acompanhamento radiográfico; OSTECTOMIAS E ODONTOSECÇÕES CORRETAMENTE;
USO CORRETO DOS ELEVADORES;
• Caso haja sinal de infecção – remoção se faz necessária; Hupp, 2009
COMUNICAÇÕES BUCOSINUSAIS

• É resultante de um acidente cirúrgico,


comumente ocorre durante uma uma
exodontia.

• Relação entre os ápices dos dentes


posteriores e o assoalho do seio;
• Lesões periapicais;
PREVENÇÃO

• Observação cuidadosa e planejamento adequado da cirurgia;


• Avaliação de radiografias de boa qualidade, antes do início da cirurgia;
Confirmar se houve comunicação?
*Sensibilidade tátil*
• Odontosecção na maioria dos casos previne possíveis
*inspeçãocomunicações.
visual*
? Manobra de Valsalva ?
MANEJO IMEDIATO DAS COMUNICAÇÕES BUCOSINUSAIS

Pequenas exposições/rompimentos da membrana sinusal


(sem doença sinusal ativa/aguda) *alvéolos preservados*

• Curetar PAREDES LATERAIS do alvéolo para estimular


formação do coágulo e sutura oclusiva;

Antibióticoterapia + descongestionante nasal +


ORIENTAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

• Acompanhamento periódico até que ocorra reparo


total do alvéolo!
MANEJO IMEDIATO DAS COMUNICAÇÕES BUCOSINUSAIS

Exposições/rompimentos MAIORES da membrana sinusal


E/OU alvéolo não preservado*

• Lançar mão de retalhos/técnicas para obtenção de


fechamento primário sem tensão dos tecidos -> evitar que o
quadro evolua para formação de uma fístula oroantral e
possíveis quadros de infecção sinusal!

Antibióticoterapia + descongestionante nasal +


TÉCNICAS MAIS SIMPLES: RETALHO
ORIENTAÇÕES VESTIBULAR OU PALATINO
PÓS-OPERATÓRIAS
RETALHO VESTIBULAR
TRATAMENTO DAS COMUNICAÇÕES BUCO SINUSAIS

• Fechamento primário
• Retalho vestibular
• Retalho palatino
• Recomendações pós-operatórias importantes:
• 10 a 15 dias : espirrar com as boca aberta;
• Evitar de assoar o nariz e uso de canudo;
• Não Fumar;
• Evitar pressões entre o nariz e a boca;
• Antibiótico 10 a 14 dias:
• Antibiótico de amplo espectro;
• Amoxicilina + clavulanato (Clavulin);
FÍSTULAS BUCO SINUSAIS

• A sequela de uma comunicação buco-sinusal é a formação de


uma fístula (comunicação de caráter crônico).
• Tratamento :
• Técnicas para fechamento envolvendo mobilização e rotação de
retalhos de grandes retalhos de mucosa, para cobrir o defeito ósseo
com tecidos moles, cujas margens são suturadas sobre osso intacto.

• Se existe doença no seio pode ser necessário remover o tecido


alterado do seio maxilar utilizando a técnica de Caldwell-Luc na
parede lateral do seio maxilar acima dos dentes remanescentes.
TÉCNICAS DE FECHAMENTO DE FÍSTULAS BUCO SINUSAIS
CORPO ADIPOSO – BOLA DE BICHAT

ATB TERAPIA +
LAVAGEM SINUSAL
COM SF 0,9% POR
10 DIAS
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
• Acidentes/complicações durante a exodontia:

Deslocamento de dentes
e/ou raízes

Uso de força excessiva;


Uso incorreto dos elevadores;

Mais comum de ocorrer com dentes


superiores posteriores
*SEIO MAXILAR*
Remoção imediata sempre que possível!
FOSSA PTERIGOPALATINA

FOSSA INFRATEMPORAL ESPAÇO


BUCAL
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
• Acidentes/complicações durante a exodontia:
ESPAÇO
PTERIGOMANDIBULAR
DENTES
INFERIORES

ESPAÇO
PARAFARÍNGEO

• Remoção:
- Imediato (se possível);
- Segundo tempo cirúrgico ESPAÇO SUBMANDIBULAR
(fibrose) – localização tridimensional (TC);
*Proservar/acompanhar -> trauma cirúrgico para remoção
ESPAÇO SUBLINGUAL
não se justifique -> assintomáticos -> acompanhamento à longo prazo!!
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢* Trismo:

• Ocorre pela resposta inflamatória ao procedimento;

• Ligamento pterigomandibular;

• Músculos masseter e bucinador;

• Cirurgia traumática;

• Início 2º dia -> regressão espontânea na 1ª semana;

SABER DIFERENCIAR O TRISMO (TRAUMA OPERATÓRIO) E ASSOCIADO À INFECÇÕES


PÓS-OPERATÓRIAS

Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
➢ Infecção pós-operatória:

• Índice baixo – 1,7 a 2,7 %;

• 50% são localizadas (maior parte dos casos ocorrem após a 2ª semana de pós-
operatório):
- ex. abscessos sub-periósticos;
- resíduos (osso/tecido inflamatório/granulação) sob o retalho;
- tratadas com drenagem, debridamento local e ATB terapia V.O.;

Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢ Infecção pós-operatória:

• Outros 50% podem ser mais significantes;

• Infecção pode se disseminar para espaços fasciais


primários, secundários e cervicais*;

• Tratamento: Hospitalização -> exames de imagem mais


acurados (TC de face) -> cirurgia/drenagem agressiva,
antibioticoterapia EV;

Hupp, 2009
• Pacientes imuno-comprometidos (mas também
ocorre em pacientes hígidos);

• Quadros pré-existentes de pericoronarite aguda


(exodontia contra-indicada);

• Instrumental contaminado/não esterilizado;


PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢ Osteomielite:

• Complicação rara (grande maioria dos casos ocorre na


mandíbula);

• Inoculação de bactérias nos ossos maxilares – terapia


endodôntica, exodontias e fraturas;

• Características: dor, edema, febre, parestesia, trismo, mal-


estar, fístula.

• Mais comum em pacientes imuno-comprometidos;

Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢Osteíte alveolar/alveolíte seca:

• Incidência – 3 a 25%;

• Lise/degradação do coágulo antes que ele seja substituído por tecido de granulação;

• Fibrinólise ocorre entre 3 º e 4º dia de pós – operatório;

• Dor intensa, mau odor, exposição óssea alveolar;

• Fonte dos agentes fibrinolíticos (sangue, saliva ou bactéria);

• ATB após exodontia de 3º’s impactados - reduz índice em 50 a 75%;

Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢ Osteíte alveolar/alveolite seca:


• Tratamento:
• Fatores associados:
• tabagismo; • irrigação farta com SF 0,9%;
• uso de contraceptivos; • ATB terapia;
• pacientes com idade avançada; • curetagem não é consenso na
• trauma cirúrgico excessivo; literatura;
• aplicação de ATB local/curativos a
• má higiene;
base de eugenol;
• pericoronarite prévia;

Hupp, 2009
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢ Fratura de instrumentos:

• Brocas – fadiga do material, irrigação inadequada;


- broca pode soltar-se da alta rotação;
- * risco de aspiração/deslocamento para espaços
fasciais;

• Elevadores/fórceps: força excessiva nos movimentos de


luxação;
➢ Fratura do processo alveolar/túber:

• odontosecção e ostectomia insuficientes/incorretas;


• força excessiva;

Verificar a hemostasia
Realizar sutura oclusiva por primeira intenção -> comunicações bucosinusais
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES

➢ Fratura de mandíbula:

• Alling, C.C. et. al, 1993 – 0,0075%;


• Lisbersa, P. et. al, 2002 - 0,0049%;
• Perry, P.A. et. al, 2000- 0,0046%;

• Pacientes com mais de 40 anos, com dentição completa;


• Mandíbulas atróficas, manobras intempestivas, força excessiva;

• Fraturas imediatas (trans–operatória) 1/3 dos casos;


• Fraturas tardias são mais comuns;

• Tratamento: redução e contenção da fratura (imediata se possível);


• Bloqueio maxilo-mandibular por 45 a 60 dias (fraturas sem grandes deslocamento**);
• Redução aberta e fixação interna rígida;
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DOS ACIDENTES/COMPLICAÇÕES
• HEMORRAGIA trans e pós-operatóriA:

• Boa técnica cirúrgica;

• Evitar lacerações nos retalhos;

•Compressão com gaze – meio mais efetivos de hemostasia no pós-operatório;

• * Pacientes que possuam coagulopatias congênitas ou adquiridas – extensa preparação e


IDENTIFICAR NO TRANS-OPERATÓRIO A FONTE DO SANGRAMENTO
planejamento (COAGULOGRAMA/INR, reposição de fatores,
(ARTERIAL/VENOSO/TECIDO consulta hematológica).
ÓSSEO/MOLE);
COMPRESSÃO COM GAZE*
HEMOSTÁTICOS -> ESPONJA DE COLÁGENO, GELFOAN, CERA PARA OSSO,

EM HIPÓTESE ALGUMA FINALIZAR A CIRURGIA ANTES DE ATINGIDA HEMOSTASIA


TRANS-OP;
REAVALIAR O PACIENTE ANTES DE LIBERÁ-LO!
CONSIDERAÇÕES FINAIS

• realizar cirurgias que estejam dentro das limitações de suas habilidades;

• ter em mente que recomendar um especialista é uma opção que deve ser sempre
exercida se o plano cirúrgico estiver além de sua própria habilidade;

• Em algumas situações não é apenas uma obrigação moral, mas também uma prudente
administração do risco legal.
vitorprodrigues@usp.br

@vitorprodrigues

www.burimrodrigues.com.br

Você também pode gostar