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Desenvolvimento do Autoconceito

Autoconceito - Como nos descrevemos, utilizando as


características e atributos.

 Aos 10 anos, a criança já apresenta uma autodescrição mais


abstrata e um autoconceito mais elaborado e com base nos
próprios juízos.

 As mudanças físicas da puberdade provocam uma mudança na


imagem que o adolescente possui de si mesmo.
A definição de si mesmo inclui referências a características
corporais.

Características atribuídas a seu sistema de


crenças, a sua filosofia de vida ou suas expectativas de futuro.
Os responsáveis pela mudança do autoconceito

• Maior capacidade de abstração;


• Tendência a introspecção;
• Importância das relações sociais;

 A partir da adolescência média, o jovem se define a partir de


seu interior psicológico, com referências a pensamentos,
sentimentos, aspirações e desejos.
Estrutura e Conteúdos Exemplos
Organização destacados
Primeiras abstrações que Características ou « Sou tímido, me
integram características habilidades sociais que envergonho diante dos
relacionadas; abstrações influem sobre as adultos, mas também
compartimentalizadas relaçãoes com os demais diante de meus
Adolescência de forma que não se ou determinam a companheiros. »
inicial detectam nem integram imagem que os demais « Em minha casa me
as incompatibilidades. têm do sujeito. acontecem muitas coisas
Características de divertidas, mas com
atrativo físico. meus amigos não. »
Primeiras conexões entre « Sou muito inteligente
as abstrações e entre Diferenciação de para algumas coisas e
traços opostos; confusão atributos em função de tonto para outras. »
Adolescência diante da existência de situações e papéis « Não entendo como me
características diferentes. dou tão bem com meus
média contraditórias. companheiros e tão mal
com meus irmãos. »
Abstrações de ordem Características e « Sou uma menina
superior que integram atributos relacionados flexível, séria e formal
Adolescência abstrações mais com os papéis que se para trabalhar, porém
elementares e que desempenham; os brincalhona para me
final resolvem as atributos se referem a divertir. »
contraditórias. valores e crenças « Muitas coisas me
pessoais, assim como a interessam, porém sou
convicções morais. um pouco indeciso. »
A Auto-estima durante a Adolescência
Auto-estima - Julgamento que fazemos das características e
atributos, ou seja do autoconceito.

 O jovem se avalia de forma diferente em vários domínios:


• No aspecto físico;
• No rendimento escolar;
• Nas relações com os pais e iguais;
• Nas relações afetivo-sexuais;
• Nas capacidades relacionadas com a orientação
profissional;

 Vai depender tanto das capacidades do jovem , como da


importância atribuída a cada domínio.
 Percebe-se diferenças em função do gênero:
Meninas – atração física e habilidades interpessoais
Meninos – habilidades esportivas ou sentimento de
eficácia

O que pode influenciar no nível da auto-estima?

• Relações com os iguais;


• Relações com os pais;
• Doença crônica ou deficiência física;
• Pertencer a alguma minoria étnica;

Mudanças nos níveis de auto-estima

 Queda da auto-estima no início da adolescência, por que?


1. Mudanças físicas;

2. Mudanças no contexto escolar;

3. Início das relações heterosexuais;

 Meninos – clara ascendência dos níveis da auto-estima

 Meninas – os níveis irão se manter baixos e podem descer

Processos de socialização

Restrição de possibilidades Expansão de possibilidades


para meninas para meninos
A busca da identidade pessoal
 O conceito de identidade está estritamente ligado ao
autoconceito.

Identidade – fenômeno psicológico, complexo e de natureza


psicossocial.
Autoconceito – depende em grande parte do desenvolvimento
cognitivo.

 Experimentar um sentimento de integridade pessoal, com


ações e decisões coerentes entre si;
Formar um estilo próprio com estabilidade ao longo do tempo
e através de diferentes situações.

 A Identidade é experimentada em um contexto social


determinado.
 Estabelece várias relações e experimenta diversos papéis.
 A identidade vai apresentar:
• Normas dos grupos nos quais o adolescente está inserido;
• Valores que interioriza;
• Sua ideologia pessoal;
• Os compromissos que assume;
• As experiências do passado para dar significado ao
presente e dirigir sua conduta futura;

Identidade é uma estrutura ou organização interna


constituída pelo sujeito que agrupa todas aquelas
características que definem sua forma de ser.

 A identidade se forma à medida que as pessoas resolvem 3


questões importantes: 1- a escolha da ocupação,
2- a adoção de valores que acredita
3- o desenvolvimento de uma identidade sexual satisfatória.
Para Erickson, a principal tarefa da adolescência é
confrontar a crise de identidade X confusão de papéis,
para tornar-se um adulto único com um senso de
identidade coerente e um papel valorizado na sociedade.

 Esse estado de crise , proporcionará o empurrão necessário


para o desenvolvimento da identidade.

 Os adolescentes explorarão diferentes opções e


experimentarão diversos papéis para começarem a adotar
alguns compromissos.

 A crise da identidade raramente se resolve completamente


na adolescência.

 Questões relativas à identidade podem aparecer repetidas


vezes durante a vida adulta.
 Principal perigo dessa fase:

Confusão ou Difusão de identidade.


• As tomadas de decisões são vividas como ameaçadoras e
conflituosas;
• Incapacidade de se definir psicossocialmente;
• Ficar preso em uma situação de isolamento e alienação;

« As panelinhas » e a intolerância para com as diferenças, são


defesas contra a confusão de identidade.

A regressão à infantilidade para não ter que resolver conflitos


pode ser uma demostração de confusão.
Status de Identidade

Entrevista semi-estruturada, sobre as decisões e os


compromissos que os adolescentes haviam adotado em relação a
temas vocacionais e ideológicos. (Psicólogo James Marcia)
• Ter passado ou não por uma crise de identidade;
• Ter adotado ou não compromissos pessoais no nível
ideológico ou vocacional.

1. Identidade difusa ou Difusão de identidade


 Não adota nenhum compromisso firme no campo vocacional
e ideológico e não está explorando alternativas para adotá-lo
no futuro.
São jovens que tendem a ser infelizes e muitas vezes solitários,
pois têm apenas relacionamentos superficiais.
2. Identidade hipotecada
 Já adotou um compromisso social, mas o fez sem ter passado
por nenhum processo de busca ou exploração.
Provavelmente se prendeu em valores ou crenças sugeridas por
outras pessoas sem ter considerado outras alternativas.

3. Identidade em moratória
 Está em pleno processo de busca e experimentação, sem ter
ainda chegado a se decidir por uma opção ou outra.
Considera várias possibilidades, examina os prós e contras, mas
apresenta dificuldades para tomar decisões.
Imerso em plena crise de identidade.
4. Identidade conquistada ou Conquista de identidade
 Apresenta um compromisso firme e duradouro após ter
passado por uma crise ou moratória.
São pessoas mais maduras e mais competentes nos
relacionamentos do que as pessoas nas outras três categorias.

Evolução do status de Identidade

 Modelo Progressivo
Difusão (pouco interesse com questões relacionadas com a
identidade) Moratória (surgem as primeiras dúvidas e as
primeiras buscas) Conquista da Identidade Pessoal.
A tragetória mais frequente seria: Identidade Hipotecada
Moratória Conquista de identidade
 Modelo Regressivo

Identidade Conquistada ou Hipotecada Difusão


Situação de crise ou Moratória (o jovem cessa sua busca, sem
que tenha adotado um compromisso satisfatório)
Difusão

 Modelo de Paralisação

Difusão ou Hipotecada (jovens que permanecem de forma


indefinida na difusão ou que realizam escolhas que os situam
de forma permanente na identidade hipotecada)

« As condições sociais atuais favorecem a conquista da


identidade no final da adolescência? »
Defasagens na conquista da identidade

 Para Erickson, a conquista da identidade ocorre de forma


homogênea e global.

« Um jovem pode saber com clareza suas preferências nas


relações interpessoais (Conquista), porém dúvidas com relação
a carreira profissional que pretende seguir (Moratória) e nem
sequer ter se perguntado quais são suas preferências políticas.

 Componentes que os adolescentes consideram mais


relevantes para a conquista da identidade são os conteúdos
relacionados com os estudos e com a profissão. (Bosma)
Fatores que influem na conquista da identidade

 Contexto familiar – O tipo das relações familiares e os


estilos parentais.
•Famílias democratas – Conquista da Identidade
• Famílias autoritárias – Identidade Hipotecada
• Famílias permissivas – Identidade Hipotecada ou Difusão

 Contexto social e cultural


• Culturas muito tradicionais com normas e modelos
educativos muito rígidos - Identidade Hipotecada
• Cultura ocidental – Conquista da Identidade
• Grupos minoritários: Poucas alternativas a explorar e entre as
quais escolher. Pressão para preservar suas próprias
características de identidade – Identidade Hipotecada
 Gênero

Meninas Meninos
Aspectos interpessoais Componentes ideológicos e
intrapessoais

Identidade e ajustamento psicológico

 O status de identidade influenciará o comportamento do


sujeito.

• Difusão – Transtornos psicológicos.


- Altos níveis de ansiedade e de sintomas depressivos;
- Baixa auto-estima;
- Conformistas e influenciáveis;
- Dificuldade nas relações de cooperação e de intimidade;
- Alto consumo de drogas.
• Identidade Hipotecada
Traços positivos
- Alta auto-estima;
- Baixa ansiedade;
- Pouca incidência do consumo de drogas;
- Bem-estar emocional;

Traços negativos
- Excessivamente obedientes e dependentes dos pais;
- Atitudes conformistas, rígidas e autoritárias;
- Relações estereotipadas, dificuldades para estabelecer
relações íntimas;

• Moratória
Traços positivos
- Atitudes sociais flexíveis;
- Conduta pró-social e orientação para a informação;
Traços negativos
- Baixa auto-estima;
- Alto nível de ansiedade e indecisão:

• Conquista da Identidade – Maduros e autônomos;


Boa auto-estima; Confiança em si mesmos;
Pouca ansiedade; Estado emocional favorável;
Relações sociais caracterizadas pela cooperação e pelo apoio
aos demais; Facilidade para estabelecer relações íntimas.

Papéis e estereótipos de Gênero

 Os adolescentes mostram-se muito esteriotipados e evitam


atividades ou comportamentos que possam ser considerados
próprios de outro sexo.

 Com a transição para o ensino médio, observa-se uma


flexibilidade nos papéis de gênero.
 As mudanças cognitivas tendem a facilitar uma visão mais
relativista e flexível dos papéis de gênero.

Resultado dos esforços que o adolescente realiza para se


adaptar a um novo contexto social.

 Estudo realizado sobre papéis de gênero, permite classificar


os sujeitos em 4 tipos.
Bem Sex Roles Inventory (Sandra Bem)

Masculino – pontuação alta no masculino


Feminino – pontuação alta no feminino
Andrógino – pontuação alta nos dois
Indiferenciado – pontuação baixa nos dois

Maior ajustamento psicológico Andrógino


Desenvolvimento Moral

Moralidade Convencional (maioria de adolescentes e adultos


permanecem nesse nível)
Estágio 3 – Expectativas interpessoais mútuas, relações e
conformismo interpessoal
 Os adolescentes elaboram suas opiniões baseando-se nas
expectativas do grupo social para conseguir a aprovação dos
demais: Ser bom para agradar.
 Valorizam a confiança, a lealdade, o respeito, a gratidão e a
manutenção das relações mútuas.

Estágio 4 – Sistema social e consciência


 Os adolescentes estão voltados para o cumprir seu dever, o
respeitar a autoridade e o seguir as leis e regras: Maior
orientação pela lei e pela ordem.
 Valorizam o respeito a um conjunto complexo de regulamentos.
Moralidade Pós – Convencional

Estágio 5 - Contrato social


 Os valores morais são aceitos conscientemente. As leis e as
regras são maneiras importantes de se garantir o que é justo.
 A pessoa sente a obrigação de obedecer à lei, mas entende
que as leis não são absolutas.

Estágio 6 – Princípios éticos universais


 Os comportamentos são julgados a partir de princípios ou
de direitos humanos universais que estão acima das normas
sociais.

 O nível pós – convencional é, relativamente, raro mesmo na


idade adulta.
 O que determina o estágio ou nível de julgamento moral de
uma pessoa não é a escolha específica moral que ela faz, mas
o tipo de lógica e as fontes de autoridade que o indivíduo
utiliza para justificar aquela escolha.

Críticas à teoria de Kolberg

 Escasso número de sujeitos que ascendem ao nível pós-


convencional;
 O viés masculino da teoria;

 Carol Gilligan propõe um modelo que explica o


desenvolvimento do raciocínio moral entre o sexo feminino,
porém seu modelo não ganhou força empírica.
Nível 1 – Preocupação das mulheres com a sobrevivência e seus
próprios interesses.
Nível 2 – A necessidade de agradar às outras pessoas tem
prioridade sobre os interesses próprios. (característico da
adolescência)

Nível 3 – Equilíbrio entre a satisfação das necessidades próprias e


das dos demais.

Comportamento moral: conduta pró-social e atos anti-


sociais

 Paradoxo: avanço no raciocínio moral, aumento do


comportamento de caráter pró-social e aumento da conduta
anti-social e delituosa.
 Meninos se envolvem em ações de ajuda, intervindo em
situações perigosas ou arriscadas.
 Meninas proporcionam apoio verbal e emocional.
 Diferença de gênero em relação às condutas anti-sociais:
• Meninos – atividades mais graves e violentas como
roubo de carro, furtos ou assaltos;
• Meninas – cleptomania, fugas de casa ou delitos de
caráter sexual;

O que pode influenciar a conduta anti-social do


adolescente?

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