1 – Qual a diferença entre o tempo subjetivo e o tempo objetivo?
R: O tempo subjetivo é interior e pessoal, já o tempo objetivo é exterior, cronológico,
mensurável. Muitas vezes ocorre um certo descompasso entre o tempo subjetivo e o cronológico pode ser tanto um fenômeno primário, uma legítima alteração da consciência do tempo, como um fenômeno secundário, decorrente de alterações da consciência, da memória, do pensamento, etc.
2 – Descreva as anormalidades da vivência do tempo e do ritmo psíquico: bradipsiquismo,
taquipsiquismo, ilusão sobre a duração do tempo, atomização do tempo e inibição da sensação de fluir do tempo.
R: Bradipsiquismo: Lentificação de todas as atividades mentais, geralmente ocorre nos
estados depressivos.
Taquipsiquismo: aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, psicomotricidade,
linguagem) geralmente ocorre no estado de mania.
Ilusão sobre a duração do tempo: Trata-se da deformação acentuada da percepção da
duração temporal. Ocorre, sobretudo, nas intoxicações por alucinógenos ou psicoestimulantes (cocaína, anfetamina, etc.), nas fases agudas e iniciais das psicoses e em situações emocionais especiais e intensas. Ocorre também quando são recebidas, por exemplo, muitas informações novas; o tempo pode parecer transcorrer de modo extremamente veloz ou comprimido, ou de forma muito lenta e dilatada.
Atomização do tempo: A alteração ou a falta da experiência subjetiva natural de fluir temporal,
decorrente da perda ou do enfraquecimento de ambas as margens do tempo (passado e futuro), produz uma redução quase puntiforme ou atomizada do tempo, fazendo-o parecer uma sucessão de pontos presentes que não se articulam entre si. O indivíduo não consegue inserir- se naturalmente na continuidade do devir, adere a momentos quase descontínuos. Esse fenômeno ocorre nos estados de exaltação e agitação maníaca, geralmente acompanhados da chamada fuga de ideias e de distraibilidade intensa.
Inibição da sensação do fluir do tempo: A anormalidade da sensação do fluir do tempo
corresponde à falta da sensação do avançar subjetivo do tempo, na qual o sujeito perde o sincronismo entre o passar do tempo objetivo, cronológico, e o fluir de seu tempo interno alguns pacientes depressivos graves expressam suas vivencias de tempo dizendo que o tempo encolheu, que não passa, que deixou de fluir.
Inibição da sensação do fluir do tempo II: Alguns pacientes esquizofrênicos experimentam
certa passividade em relação ao fluir do tempo; sentem que a sua percepção do tempo é controlada por uma instância exterior ao seu Eu. Outros pacientes esquizofrênicos, geralmente mais graves, sofrem verdadeira desintegração da sensação do tempo e do espaço. Pacientes muito ansiosos descrevem uma pressão do tempo, como se o tempo de que dispõem fosse sempre insuficiente; “sinto que nunca vou dar conta de fazer o que devo fazer em determinado período”. Pacientes obsessivo-compulsivos graves ocasionalmente experimentam uma lentificação enorme de todas as atividades, sobretudo quando devem completar alguma tarefa. 3 – Explique as anormalidades da vivência do espaço.
R: Anormalidades de vivência do espaço: No estado de êxtase (que também pode ser
classificado como transtorno da consciência do eu) há uma perda da fronteira entre o eu e o mundo exterior, esse caso o sujeito sente como se estivesse fundido ao mundo exterior, há uma sensação de dissolução do eu no todo. Está frequentemente associada a um contesto religioso ou místico, não sento considerados psicopatológicos mas cultural, entretanto o êxtase também pode estar presente em condições psicopatológicas como transe histéricos, na esquizofrenia e na mania.
Anormalidades de vivência do espaço II: O indivíduo em estado maníaco é a de um espaço
extremamente dilatado e amplo, que invade o das outras pessoas. O maníaco desconhece as fronteiras espaciais e vive como se todo o espaço exterior fosse seu. Esse espaço não oferece resistências ao seu eu. Nos quadros depressivos, o espaço exterior pode ser vivenciado como muito encolhido, contraído, escuro e pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros. O indivíduo com quadro paranoide vivencia o seu espaço interior como invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. O espaço exterior é, em princípio, invasivo, fonte de perigos e ameaças. No caso do indivíduo com agorafobia, o espaço exterior é percebido como sufocante, pesado, perigoso e potencialmente aniquilador.
4 – Descreva as alterações quantitativas da sensopercepção: hiperestesia, hiperpatia,
hipoestesia, anestesias táteis e analgesias, parestesias e disestesias.
R: Hiperestesia: As percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade
ou duração, os sons são ouvidos de forma muito amplificada, as cores tornam-se mais intensas. Ocorre nas intoxicações por alucinógenos, em algumas formas de epilepsia, na enxaqueca, no hipertireoidismo, na esquizofrenia aguda e em certos quadros maníacos. Hiperpatia: sensação desagradável e geralmente dolorosa causada por leve estímulo da pele. Ocorre nas síndromes talâmicas. Hipoestesia: É observada em pacientes depressivos, o mundo é percebido mais escuro, as cores mais pálidas, os alimentos com menos sabor. Já as hipoestesias táteis, no sentido neurológico, são alterações localizadas em territórios cutâneos de inervação anatomicamente determinadas, compondo as chamadas síndromes sensitivas de interesse à neurologia clínica. Anestesias táteis: perda da sensação tátil em determinada área da pele. Usa-se o termo anestesia para indicar também analgesias (perda das sensações dolorosas) de áreas da pele e partes do corpo. Ocorrem em pacientes com transtornos histéricos e em alguns casos depressivos e psicóticos graves. Parestesias e disestesias: alterações do sentido tátil e doloroso. Parestesias são sensações táteis desagradáveis como formigamentos, adormecimentos, picadas, agulhadas ou queimação. Já as disestesias táteis são sensações anômalas e dolorosas desencadeadas por estímulos externos, como sentir frio quando estimulado por calor, ou um leve roçar na pele causa dor (assemelhando-se à hiperpatia). Ocorrem em doenças como neuropatia diabética periférica, mononeurite diabética, neuropatia por carências nutricionais e outras de natureza alcóolica, amiloide ou carcinomatosa. Quando não são de origem neurológica, podem ocorrer em pacientes histéricos, hipocondríacos, somatizadores, ansiosos ou em estados emocionais intensos.
5 – Quais as diferenças entre ilusão, alucinação e alucinose.
R: Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão há sempre
um objeto externo real. Alucinações: percepção de um objeto sem que este esteja presente, sem o estímulos sensorial respectivo. É a percepção clara de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. Alucinose: é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. O característico das alucinoses é serem adequada e imediatamente criticadas pelo sujeito, reconhecendo seu caráter patológico. Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação. O indivíduo permanece consciente de que aquilo é um fenômeno estranho, patológico, não tem nada a ver com a sua pessoa, estabelecendo distanciamento entre si e o sintoma.
6 – Qual o valor diagnóstico das alucinações auditivas simples e complexas e das alucinações visuais?
R: Valor diagnóstico das alucinações auditivas: ocorrem com mais frequência na
esquizofrenia, existindo convicção marcante de sua realidade. Ocorrem também nos transtornos de humor, com vozes com conteúdo de ruína ou culpa na depressão e com conteúdo de grandeza ou místico-religioso na mania. Podem ocorrer ainda no alcoolismo crônico e transtornos de personalidade (histriônica, borderline e esquizotípica). Valor diagnóstico das alucinações visuais Simples: Podem ocorrer tanto em estados normais e fisiológicos como em estados de adormecimento (alucinações hipnagógicas) ou na fase de despertar do sono (alucinações hipnopômpicas) e em estados de fadiga e de emoção intensa. As alucinações visuais simples ocorrem em casos de enxaqueca, doenças oftalmológicas, sobretudo quando há perda total ou parcial da visão (10 a 30% dos indivíduos cegos têm alucinações visuais, simples ou complexas), epilepsia e, eventualmente, esquizofrenia. Valor diagnóstico das alucinações visuais Complexas: Manifestam-se na seguinte ordem de frequência: 1. Narcolepsia com cataplexia (transtorno do sono em que a atividade REM invade a consciência vígil) 2. Demência por corpos de Lewy (DCL) 3. Doença de Parkinson com demência 4. Delirium (sobretudo no delirium tremens dos alcoolistas) 5. Esquizofrenia 6. Demência vascular 7. Doença de Alzheimer 8. Doenças oftalmológicas 9. Intoxicação por alucinógenos