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Aplicações em títulos públicos

Esta aula tem por objetivo analisar as operações de aplicações de recursos em


títulos públicos.

NESTE TÓPICO

NESTE TÓPICO

Por que as instituições financeiras compram títulos públicos


Por que o governo vende títulos públicos
Classificação dos títulos públicos
Tesouro direto
Por que as pessoas compram títulos públicos
Características dos títulos públicos
Exemplo de cálculo do valor de compra de LTN
Dados do exercício
Cálculo da taxa efetiva no período
Cálculo da taxa over ao ano
Cálculo da taxa nominal ao ano
Cálculo do valor de compra da fração pelo investidor (20%)
Conclusão
Referências
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tópico

Esta aula é dedicada à sua educação financeira. Vamos estudar as aplicações em


títulos do tesouro brasileiro. Trata-se de um investimento coletivo. Os títulos
públicos são emitidos pelo tesouro nacional e a negociação a cargo do banco
Central do Brasil. Eles têm por objetivo financiar o déficit orçamentário do
Governo Federal (os governos estaduais e municipais estão proibidos de emitirem
títulos públicos em virtude de negociação da dívida pública dessas unidades
federativas). Ao renegociar suas dívidas, o Governo Federal assumiu o resgate dos
mesmos e para fins de política monetária. Assim, quando o governo quer diminuir
a liquidez do mercado (dinheiro em circulação), o Banco Central vende títulos
públicos, principalmente às instituições financeiras.
Por que as instituições financeiras
compram títulos públicos
Primeiro porque esses papéis são considerados sem risco; segundo, porque o Brasil
paga as taxas mais altas de juro de mundo. Por exemplo, enquanto o tesouro
americano paga taxa nominal em torno de 1,5% ao ano, o Brasil paga, em média,
por esses títulos, 12% ao ano (atualmente, outubro de 2011). Terceiro, as
instituições financeiras preferem comprar títulos públicos a emprestar aos
deficitários de poupança. Assim, por exemplo, as instituições financeiras
autorizadas a captar poupança tradicional do público remuneram esse título de
renda fixa em torno de 6,17% ao ano, mais a variação da Taxa Referencial (que é
uma percentagem do IPCA). São esses os motivos pelos quais as instituições
financeiras compram títulos públicos.
Por que o governo vende títulos públicos
O governo usa a emissão de títulos públicos para financiar seu déficit público
(despesas maiores do que as receitas), outra finalidade a regular a liquidez do
mercado, principalmente para controlar a inflação. Sabemos que a inflação é um
processo de aumento constante de preços. Uma das ferramentas que o Banco
Central do Brasil (guardião da moeda) usa para diminuir a oferta de crédito pelas
instituições financeiras é a venda de títulos públicos. Assim, diminui a oferta de
dinheiro no mercado de crédito, mas isso é possível com o aumento da taxa de juro
quando o país passa por processo de deflação (queda constante dos preços). Nesse
caso, o governo recompra os títulos das instituições financeiras a fim de aumentar
a oferta de crédito ao mercado para evitar um processo denominado recessão
(queda da oferta de crédito, queda na demanda por bens e serviços, e,
consequentemente, queda na atividade da economia: indústria, comércio e
serviços).
Classificação dos títulos públicos
A seguir, está o gráfico com os principais títulos ofertados atualmente pelo tesouro
nacional do Brasil.

 LTN (Letra do Tesouro Nacional) – são títulos de renda fixa com


rentabilidade definida no momento da compra (em geral, atrelada à
variação da taxa SELIC). Seu pagamento ocorre no momento de
maturidade (vencimento).
 LFT (Letra Financeira do Tesouro) – são títulos de renda fixa
vinculados à taxa básica de mercado – SELIC: média de negociação
dos títulos públicos. Tem rentabilidade diária, conforme média dos
títulos públicos. São pagos na maturidade.
 NTN-F (Nota do Tesouro Nacional – Série F) – títulos de renda fixa
com taxa prefixada mais juros definidos no momento da venda. Esse
papel paga juro semestral e na maturidade o principal.
 NTN-B (Nota do Tesouro Nacional – Série B) – título de renda fixa
com juro definido no momento da compra acrescido da variação do
IPCA. Paga juro mais o principal na maturidade.
 NTN-B Principal (Nota do Tesouro Nacional Série B – Principal) –
nesta série, paga juro semestral, e o principal na maturidade.
Tesouro direto
O Governo Federal criou uma forma específica para que as pessoas físicas
comprassem e vendessem títulos públicos. Esse programa é denominado de
Tesouro Direto. A CBLC é a depositária desses papéis. Entre as vantagens para as
pessoas físicas aplicarem nesses papéis, podemos citar:

 A taxa de administração é baixíssima. Em geral as


corretoras cobram taxas inferiores a 1% ao ano.
 Aplicação mínima de 20% do valor do título. Assim, se
o título tem valor de face de R$ 600,00, a pessoa pode
aplicar R$120,00.

 Baixíssimo risco. Os títulos públicos são considerados de baixo risco.


É recomendado para pessoas de perfil de risco conservador e
moderado.

 O governo os recompra todas às quartas-feiras (se você necessitar


vendê-los antes da maturidade).

 Há incidência de Imposto de Renda no momento do vencimento sobre


o juro.

Por que as pessoas compram títulos


públicos
As pessoas físicas devem aplicar em títulos públicos por vários motivos. Primeiro
para se educar financeiramente; segundo para fazer uma poupança para adquirir
bens de produtos e serviços à vista, em vez de financiá-los. Se financiassem esses
bens e/ou serviços, no fim do prazo teria pagado três ou quatro vezes o valor deles
em longo prazo. Terceiro como alternativa de fazer uma poupança para seu imóvel,
seu veículo, no médio prazo. E, por último, para formar um fundo de
aposentadoria, seja pelo acúmulo de poupança, seja pelo recebimento de rendas
periódicas oferecidas por alguns desses papéis (NTN-B Principal e NTN-F).
Características dos títulos públicos
A seguir estão as principais características dos títulos públicos.

Exemplo de cálculo do valor de compra de


LTN
Carlos Ferreira comprou uma fração de LTN negociada a R$ 885,63 a 284 dias
úteis do vencimento. Com base nessas informações, pede-se:
(a) a taxa efetiva de juro do título no período.
A fórmula de cálculo do PU (preço unitário de negociação) de um título público é
dada por:

O valor do título na data do vencimento é sempre um múltiplo de 1.000.


Dados do exercício
 Valor de face do título no vencimento: R$1.000,00.

 PU (preço unitário de negociação): R$ 885,63.

 Dias úteis no ano 252 (para o cálculo da taxa over).

 Dias úteis até o vencimento do título: 284 dias.

Cálculo da taxa efetiva no período

Cálculo da taxa over ao ano


iover = [(1,12914) 252/284 - 1] • 100 iover = 11,38% ao ano over.
Cálculo da taxa nominal ao ano
i = [(1,1138) 360/252 - 1] • 100 i = 16,64% ao ano.
Cálculo do valor de compra da fração pelo
investidor (20%)
PU = 885,63 • 0,20 PU = R$177,1
Portanto, o investidor comprará uma fração (cota) do título por R$177,13. No
vencimento, ele receberá R$ 211,25 [ FV = 177,13 • (1,1664) 412/360 FV = 211,45].
Conclusão
Nesta aula analisamos aspectos práticos de aplicações de recursos em títulos
públicos. Vimos que o Governo Federal emite títulos com objetivos orçamentários
(cobrir déficit) e regular a liquidez do mercado (por meio do Banco Central do
Brasil). Para as instituições financeiras, o objetivo é aplicar recursos de terceiros
sem correr risco. Para as pessoas físicas (por meio do Tesouro Direto) é uma forma
de dar acesso às pessoas físicas com poucos recursos para aplicar. São
recomendados para pessoas com perfis conservadores ou moderados.

Referências
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: produtos e Serviços. 18. ed. Rio de
Janeiro: QualityMark, 2011.
LIMA, Iran Siqueira (organizador) et al. Curso de Mercado Financeiro: tópicos
especiais. São Paulo: Atlas, 2010.
SECURATO, José Roberto (organizador); SECURATO, José Cláudio. Mercado
Financeiro: conceitos, cálculo e análise de investimentos. 3. ed. São Paulo:
Saint Paul, 2009.

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