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Discente: Ágatha Siegert de Siqueira

Docente: Prof. Mestre Alípio Rodrigues de Sousa Neto


Fundamentos Filosóficos e Sócio-históricos da Educação
Universidade Federal de Jataí – UFJ
02/02/2024

Pedagogia Progressista  FICHAMENTO

➔ Pedagogia progressista
• “(...) É usado aqui para designar as tendências que, partindo de uma análise crítica das
realidades sociais, sustentam implicitamente as finalidades sociopolíticas da educação.
(...)” (p. 63)

➔ A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendências:


- Libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo Freire;
- Libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagógica;
- Crítico-social dos conteúdos que, diferentemente das anteriores, acentua a primazia
dos conteúdos no seu confronto cor as realidades sociais.

➔ “As versões libertadora e libertária têm em comum o anti-autoritarismo, a


valorização da experiência vivida como base da relação educativa e a ideia de
autogestão pedagógica. Em função disso, dão mais valor ao processo de aprendizagem
grupal (participação em discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de
ensino. (...)” (p. 64)

➔ “A tendência da pedagogia critico-social de conteúdos propõe uma síntese


superadora das pedagogia tradicional e renovada, valorizando a ação pedagógica
enquanto inserida na prática social concreta. Entende a escola como mediação entre o
individual e o social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteúdos e a
assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido num contexto de relações
sociais)”. (p. 64)
Na tendência progressista libertadora, temos os seguintes tópicos:
- Papel da escola: A pedagogia libertadora geralmente não foca no ensino formal nas
escolas, mas muitos professores têm adotado seus princípios. A educação é vista como
uma atividade na qual professores e alunos aprendem e compartilham conhecimento,
visando entender e agir sobre a realidade para promover mudanças sociais. A educação
tradicional e renovada são consideradas domesticadoras, pois não revelam a opressão
social, ao contrário da abordagem libertadora, que busca transformações concretas nas
relações entre as pessoas, a natureza e a sociedade.
“Não é próprio da pedagogia libertadora falar em ensino escolar, já que sua marca é a
atuação "não-formal.”;
Os conteúdos de ensino: Os "temas geradores" são extraídos dos problemas reais dos
estudantes. Conteúdos tradicionais são rejeitados; o foco é incentivar uma nova relação
com experiências vividas. Transmitir conteúdos externos é considerado invasivo; textos
devem ser escritos pelos estudantes com orientação do educador.]
Os métodos de ensino: Estão pautados no diálogo. O ensino de adultos deve envolver
um diálogo genuíno entre educadores e alunos, garantindo uma interação direta com o
assunto a ser aprendido. Isso faz com que ambos desempenhem um papel ativo no
processo de aprendizagem.
 “O dialogo engaja ativamente a ambos os sujeitos do ato de conhecer: educador-
educando e educando-educador.";
O método educacional envolve um "grupo de discussão" onde os participantes
controlam sua própria aprendizagem. O professor atua como facilitador, ajustando-se às
necessidades do grupo e intervindo apenas quando necessário, fornecendo informações
mais estruturadas conforme necessário.
Os passos da aprendizagem: A troca de experiências sociais, a reflexão crítica e a
análise de situações ajudam os alunos a entender suas vidas e realidade de forma mais
profunda. Isso elimina a necessidade de um programa rígido, trabalhos escritos ou aulas
tradicionais. Mesmo assim, é possível avaliar o progresso através da reflexão sobre
experiências compartilhadas e, ocasionalmente, pela autoavaliação em relação aos
compromissos sociais assumidos.
Relacionamento professor-aluno: O diálogo é a base do ensino, com uma relação
igual entre educador e alunos. Um bom relacionamento é caracterizado pela empatia,
pois sem ela a educação perde eficácia. É crucial evitar autoritarismo, pois isso
prejudica a conscientização e a compreensão mútua.
Os pressupostos de aprendizagem: A motivação vem de resolver problemas e pensar
criticamente. Aprender é entender a própria realidade e analisá-la criticamente. O
conhecimento não é apenas memorizado, mas compreendido através da reflexão e
crítica. O aluno aprende ao se envolver em questões políticas e responder às injustiças
percebidas.
As manifestações na prática escolar: A pedagogia libertadora, difundida por Paulo
Freire, influencia movimentos populares e sindicatos, sendo associada à "educação
popular". Adotada por vários grupos, ela vai além da prática educacional, também
presente em publicações. Embora inicialmente voltada para adultos e a educação
popular, muitos professores a aplicam em todos os níveis de ensino formal.

Tendência progressista libertária


Nesse modo, a pedagogia libertária busca que a escola faça os alunos se tornarem
mais livres e capazes de se autogerenciar. Ela propõe mudanças nas regras da escola
desde as bases, para que essas mudanças se espalhem. A escola irá envolver os
alunos na criação de novas regras, como por meio de assembleias e eleições, para
que o que eles aprendem seja aplicado fora da escola também. Outra abordagem é
formar grupos que seguem princípios educacionais autogerenciados, como
associações ou escolas autogerenciadas. Isso tem um forte viés político, destacando
que as pessoas se desenvolvem melhor em grupos. O autogerenciamento é tanto o
objetivo quanto o método dessa pedagogia, que procura resistir à burocracia que
controla a escola, como professores, programas e avaliações, e tira a autonomia dos
envolvidos. Esse é o papel da escola.
Em relação aos conteúdos de ensinos, os alunos podem escolher os assuntos, que
não são obrigatórios, sendo apenas uma ferramenta extra. O foco está no
conhecimento adquirido através das experiências compartilhadas pelo grupo,
especialmente ao analisar criticamente. Aqui, o "conhecimento" não é apenas
entender o mundo, mas encontrar soluções para as necessidades sociais. Os
conteúdos reais são os que surgem das necessidades e interesses do grupo, não
apenas os temas tradicionais de estudo.
O método de ensino está voltado para o trabalho em grupo. Os alunos trabalham
juntos para criar uma escola que atenda às suas necessidades, sem hierarquia de
poder. Eles controlam muitos aspectos da vida escolar, mas não decidem sobre os
programas ou os exames. Os alunos têm a liberdade de escolher se querem participar
ou não, e o interesse pedagógico depende das necessidades individuais ou do grupo.
A autonomia cresce passo a passo, sem influência de fora. Inicialmente, os alunos se
conhecem informalmente. Depois, o grupo se organiza para que todos possam
participar em discussões e atividades cooperativas. Quem não quiser colaborar
precisa concordar com o grupo ou sair. Então, o grupo se organiza melhor, até
começar o trabalho planejado.
A Relação professor-aluno se forma na medida que a pedagogia institucional busca
mudar a relação entre professores e alunos para ser menos diretiva, reconhecendo
que métodos coercitivos são prejudiciais.
O professor deve ajudar os alunos sem impor suas ideias, integrando-se ao grupo
para facilitar a reflexão conjunta. Na pedagogia libertária, alunos e professores
podem escolher livremente. Se um aluno não participa, o grupo discute isso juntos.
Quando o professor fica em silêncio diante de uma pergunta, isso pode ajudar o
grupo a pensar por si mesmo.
O professor está lá para aconselhar e ajudar, não para impor regras, de acordo com os
princípios libertários que não gostam de autoritarismo.
Na questão do processo de aprendizagem, as regras complicadas das escolas e
empresas atrapalham as pessoas a crescerem, porque elas não se importam com os
indivíduos. Para nos sentirmos mais livres, é importante aprender em grupo e evitar
ser controlado. Achamos motivação em crescer juntos, confiando que o grupo pode
nos ajudar. Apenas as coisas que vivemos são realmente úteis. O valor do que
aprendemos na escola é medido pelo quanto podemos usar na vida real, então não faz
sentido julgar só pelo que estudamos.
A pedagogia libertária inclui várias abordagens que são contra o autoritarismo na
educação, como a anarquista, a psicanalítica, a sociológica e a dos professores
progressistas.

Tendência progressista "crítico-social dos conteúdos"


A educação visa transmitir conhecimento prático útil na vida real, reconhecendo a
importância da escola como um local de aprendizado fundamental para ajudar as
pessoas e promover a justiça social. A escola desempenha um papel vital na
mudança da sociedade. Uma abordagem educacional crítica reconhece o impacto da
sociedade na educação e busca melhorar a escola dentro das circunstâncias atuais.
É essencial garantir acesso a uma educação de qualidade e relevante para todos. A
educação auxilia os alunos a entender melhor o mundo, passando de uma visão
inicial confusa para uma compreensão mais clara e unificada.
A escola prepara os alunos para a vida adulta, fornecendo-lhes as ferramentas
necessárias por meio do aprendizado e da interação social para participarem de forma
organizada e ativa na democratização da sociedade.
Os conhecimentos culturais universais são importantes e estão sempre sendo
atualizados conforme a sociedade muda. Embora devamos aprender esses
conhecimentos, eles não são fixos e podem ser afetados pelo que está acontecendo na
sociedade. É crucial não só aprender esses conhecimentos, mas também entender
como eles se relacionam com a vida humana e social. Essa abordagem vê uma
ligação entre a cultura que é considerada mais erudita e a que é mais popular,
mostrando como nossa compreensão inicial das coisas vai se tornando mais
organizada com o tempo.
A primeira maneira como entendemos a realidade não é considerada errada, é apenas
uma etapa necessária para chegar a um entendimento mais profundo, que o professor
nos ajuda a alcançar.
Ao reconhecer a autonomia do conhecimento, admitimos sua objetividade, mas
também a possibilidade de revisão crítica.
O papel do professor, conforme Snyders, é:
 Conectar os conteúdos à experiência dos alunos (continuidade);
 Fornecer ferramentas para analisar criticamente, superando estereótipos e
influências ideológicas (ruptura).
Os métodos de ensino devem ser escolhidos pensando nos assuntos que queremos
ensinar e em como isso pode ser útil na vida dos alunos. Não devemos usar apenas
métodos tradicionais que só passam conhecimento sem considerar o que os alunos
gostam, nem focar só na descoberta ou na liberdade de expressão.
É importante que os alunos vejam como os conteúdos os ajudam a entender melhor o
mundo ao seu redor. Os métodos devem começar com as experiências diretas dos alunos
e conectar essas experiências ao conhecimento do professor, para que eles possam
refletir criticamente.
Uma aula deve começar com a observação da prática real, seguida pela compreensão
dessa prática em relação ao que está sendo ensinado, promovendo uma conversa entre a
experiência dos alunos e as explicações do professor. Isso significa passar da prática
para a compreensão e, então, da compreensão para a prática, para que haja uma união
entre o que é ensinado e o que é vivenciado.
O professor tem o papel de facilitar a interação dos alunos com o conhecimento,
incentivando sua contribuição para o processo de aprendizagem. É essencial que os
alunos participem ativamente, trazendo suas próprias experiências culturais para
confrontar com os conteúdos apresentados.
O professor deve reconhecer as diferenças culturais entre ele e os alunos, não apenas
atendendo às necessidades imediatas, mas também estimulando novos interesses,
melhorando os métodos de estudo, incentivando o esforço dos alunos e oferecendo
conteúdos relevantes para suas vidas, de modo a promover uma participação ativa na
aprendizagem.
É importante que os professores orientem os alunos na análise dos conteúdos de forma
mais direta, já que a relação entre adultos e alunos não é justa. Os adultos têm mais
experiência e conhecimento para conectar os conteúdos ao mundo real.
Deixar os alunos seguirem apenas seus próprios desejos, sem orientação, não funciona
bem, porque esses desejos não são sempre influenciados pelas circunstâncias da vida. O
amor e a aceitação não são suficientes para motivar os alunos; é essencial que os
professores intervenham para encorajá-los a confiar em si mesmos, a se esforçarem
e a ampliarem suas experiências.
Em relação a aprendizagem, o aluno se identifica com os conceitos e exemplos sociais
ensinados pelo professor e, dessa forma, consegue expandir o seu próprio entendimento.
O novo conhecimento se baseia no que o aluno já sabe, ou o professor fornece a
estrutura que ainda falta ao aluno. O quão envolvido o aluno está na aprendizagem
depende tanto da sua vontade e preparo quanto do apoio do professor e do ambiente da
sala de aula.
A pedagogia dos conteúdos defende que aprender envolve processar informações do
ambiente e organizar esses dados da experiência. Valoriza-se a aprendizagem
significativa, que começa compreendendo o conhecimento prévio do aluno. É crucial
que o professor entenda o que os alunos já sabem, e os alunos entendam o que o
professor está ensinando.
A transferência do aprendizado ocorre quando o aluno integra o novo conhecimento,
superando uma compreensão fragmentada para alcançar uma visão mais clara e
unificada.
O trabalho escolar deve ser avaliado não como uma decisão final e inflexível do
professor, mas sim como uma maneira de o aluno verificar seu próprio progresso em
direção a conceitos mais organizados.
O objetivo da pedagogia dos conteúdos é criar métodos de ensino que conectem os
conteúdos com as realidades sociais. Dessa forma, busca-se avançar na integração do
aspecto político e pedagógico, onde a educação serve para transformar as relações de
produção.

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