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Assistência
pré-natal
PROGRAMADO
Aristoter,
Nesta apostila, cuidadosamente elaborada, você terá acesso a um conteúdo
de extrema qualidade seguindo a nossa metodologia, baseada no princípio de
Pareto. Isso significa que você estudará exatamente o que mais cai em provas.
Estamos confiantes de que você está prestes a conquistar grandes realizações
em sua carreira. Boa sorte!
Legenda da Aristo
Nossa lista de ícones foi cuidadosamente criada para oferecer uma experiência visual
intuitiva e informativa. Veja.
1. Diagnóstico de gravidez 5
Questão 01 13
4. Ultrassonografia na gestação 16
Marcadores biofísicos: 23
Marcadores bioquímicos: 24
Questão 02 25
5.1 Alterações gastrointestinais 26
5.2 Alterações hemodinâmicas 26
Assistência pré-natal - Sumário
6. A consulta de pré-natal 34
7. Exames laboratoriais 35
Questão 03 35
7.1 Glicemia de jejum 37
7.2 Urocultura e urina tipo I 38
7.3 Tipagem sanguínea e fator Rh 38
7.4 Hemograma 38
7.5 Sorologias 39
9. Vacinação 42
Ah, o pré-natal, esse queridinho das bancas de Obstetrícia! Vamos mergulhar de cabeça
nesse tema fascinante e cheio de detalhes. Mas, ó, não caia na armadilha de pensar
que é moleza no dia a dia do obstetra, hein? Tem muita coisa para pegar de jeito. Vamos
focar nos pontos-chave para você mandar bem nas provas. E não se esqueça de dar uma
olhada nos flashcards para aquele “plus” que pode fazer toda a diferença em uma questão
cabeluda. Vamos nessa?
1. Diagnóstico de gravidez
O diagnóstico precoce da gestação e a determinação correta da idade gestacional são
fundamentais para uma adequada assistência ao pré-natal. O diagnóstico de gravidez é
baseado em dados clínicos (anamnese e exame físico) e exames complementares.
Você já sabe a história clássica, né? Estaremos diante de uma mulher na menacme com
queixa de atraso menstrual. Na vida real, geralmente iremos solicitar um exame de gravidez,
a famosa dosagem de beta-hCG, seja urinário ou sanguíneo. No entanto, as provas adoram
cobrar os sinais de presunção, probabilidade e certeza de gestação.
Sinal de Hunter
Fonte: adaptado de Tratado de Obstetrícia. Febrasgo, 2019.
5 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Na tabela acima, você encontra um resumo abrangente dos sinais e sintomas associados à
gestação. Mas relaxe, não precisa se atolar nos epônimos! A seguir, vamos explorar cada um
desses sinais de forma mais aprofundada e clara.
6 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Tubérculos de Montgomery
Fonte: Aristo.
Sinal de Hunter
Fonte: Aristo.
7 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
• Linha nigra: linha vertical hipercrômica que pode surgir no abdome gravídico. O que
acontece é que a ação do estrogênio estimula os melanócitos, células produtoras de
melanina e em maior concentração nesta região.
Linha nigra
Fonte: Aristo.
Melasma gravídico
Fonte: Aristo.
8 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Sinal de Halban
Fonte: Aristo.
Sinal de Hegar
Fonte: Aristo.
9 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Sinal de Nobile-Budin
Fonte: Aristo.
Sinal de Piskacek
Fonte: Aristo.
10 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Aprofundando o Pareto
Fonte: Aristo.
11 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Sinal de Puzos
Fonte: Aristo.
Os batimentos cardíacos fetais podem ser ouvidos a partir da 12.ª semana de gestação com
o sonar Doppler e a partir da 20.ª semana de gestação com o Pinard.
12 1. Diagnóstico de gravidez
Assistência pré-natal
Teste de urina:
• Prático e rápido (1 a 5 minutos); não requer laboratório.
• Positivo para valores de hCG urinário de aproximadamente 20 a 50 mUI/mL.
• Pode dar negativo mesmo quando o hCG sanguíneo é positivo, devido à menor
concentração de hCG na urina.
• Uma amostra aleatória de urina é suficiente, já que a produção de hCG não varia ao longo
do dia.
Questão 01
Responder na plataforma
Aprofundando o Pareto
22/01/2021 22/01/2021
4. Ultrassonografia na gestação
Esse aqui é um tema que as gestantes adoram: ultrassonografia! Este exame tem
indicações específicas para cada fase da gestação, pois os objetivos variam conforme o
desenvolvimento do bebê.
A nova Lei n.º 14.598, de 14 de junho de 2023, traz atualizações importantes para
a assistência pré-natal na rede pública de saúde do Brasil. De acordo com esta lei,
desde que observada a disponibilidade orçamentária, os seguintes procedimentos
serão inclusos no protocolo de assistência às gestantes:
1. Realização do ecocardiograma fetal.
2. Pelo menos 2 (dois) exames de ultrassonografia transvaginal durante o primeiro
quadrimestre de gestação.
Além disso, a lei estabelece que, se for constatada qualquer alteração que possa
colocar a gestação em risco, o médico responsável deverá encaminhar a gestante
para tratamento médico adequado, visando salvaguardar a vida. Esta lei entrou em
vigor na data de sua publicação.
A Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) diverge das diretrizes
da nova lei quanto à realização de ultrassonografias no primeiro quadrimestre
da gestação. A Febrasgo recomenda a substituição das duas ultrassonografias
transvaginais rotineiras por um exame ultrassonográfico morfológico de primeiro
trimestre, sendo realizado entre 11 e 13 semanas e 6 dias (que pode ser abdominal
ou transvaginal), e um ultrassom morfológico de segundo trimestre entre 20
e 23 semanas e 6 dias (preferencialmente abdominal, com possibilidade de
complementação transvaginal).
Ademais, a Febrasgo ressalta que a prática de realizar ecocardiografias fetais de
forma sistemática, como a nova legislação propõe, não é suportada pelas melhores
evidências científicas disponíveis atualmente.
17 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
Via de
Período O que é avaliado
realização
Avaliação precoce Gestação tópica, única ou não, medidas
Transvaginal
(6 - 9 semanas) do saco gestacional e confirmação da IG
Medidas do embrião (CCN) e rastreio
1° trimestre
Abdominal de anomalias (translucência nucal,
(11 - 14 semanas)
osso nasal e ducto venoso)
Comprimento do colo
Transvaginal
2° trimestre (rastreia colo curto – predição de parto prematuro)
(18 - 24 semanas)
Abdominal Morfologia fetal (ver se tem malformações)
No início da gestação, entre seis a nove semanas, realiza-se a avaliação precoce por
ultrassonografia. O foco principal deste exame é confirmar se a gestação é tópica (no local
correto), verificar se é única ou múltipla, avaliar a vitalidade do embrião e medir o saco
gestacional. Essas medidas são fundamentais para estabelecer, com precisão, a idade
gestacional em semanas. A técnica preferencial para este exame é a via vaginal, devido à
maior riqueza de detalhes que proporciona.
Entre a 11.ª e a 14.ª semanas de gestação, deve-se realizar a ultrassonografia morfológica do
primeiro trimestre. Este exame é feito via abdominal, com a adição da dopplervelocimetria,
e tem como objetivo principal rastrear cromossomopatias, em particular a trissomia do 21.
Isso é feito por meio da medida da translucência nucal, análise do fluxo no ducto venoso,
identificação do ossículo nasal, entre outros marcadores ultrassonográficos. Estes achados
podem ser complementados pela avaliação do perfil bioquímico, incluindo PAPP-A e a
fração livre β-hCG.
No segundo trimestre, entre a 18.ª e a 24.ª semana – idealmente na 22.ª – realiza-se a
ultrassonografia morfológica. Este exame é crucial para a identificação detalhada da
anatomia fetal e deve incluir a medição do comprimento do colo uterino através de via
transvaginal. Essa medição é importante para avaliar o risco de trabalho de parto prematuro,
sendo considerado normal um comprimento igual ou superior a 2,5 cm.
18 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
Por fim, entre a 34.ª e a 36.ª semana, a ultrassonografia é direcionada para avaliar o
crescimento fetal, a vitalidade e o volume do líquido amniótico. O estudo dopplervelocimétrico
pode ser realizado se houver indicação clínica específica.
Vamos falar um pouco mais detalhadamente de cada exame a seguir.
19 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
A avaliação de risco para aneuploidias, combinando idade materna, translucência nucal (TN),
frequência cardíaca fetal e dosagem sérica da fração beta do hCG e PAPP-A, é precisa,
mas nem sempre essas dosagens estão amplamente disponíveis. Uma alternativa eficaz, que
economiza recursos e tempo, envolve usar outros marcadores ultrassonográficos, como o
osso nasal, Doppler do ducto venoso (DV) e regurgitação tricúspide, juntamente com a TN e
a idade materna.
20 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
• Identificação do osso nasal: a análise do osso nasal ocorre no mesmo corte sagital usado
para medir a translucência nucal. O osso é considerado visível quando é mais ecogênico
que a pele acima dele, e ausente se tiver a mesma ou menor ecogenicidade que a pele, ou
se não for visível.
• Medida do índice de pulsatilidade do ducto venoso: o ducto venoso, que liga a veia
umbilical ao átrio direito, deve ser avaliado com a TN e a presença do osso nasal.
• Pesquisa de regurgitação tricúspide: consiste em verificar se há fluxo reverso através da
válvula tricúspide.
Aprofundando o Pareto
Aqui estão algumas das principais malformações que podem ser identificadas nesse estágio:
• Acrania: caracterizada pela ausência parcial ou total dos ossos do crânio, enquanto
o tecido cerebral normal ou anormal está presente. É uma das primeiras anomalias
detectáveis.
• Holoprosencefalia: malformação do cérebro na qual os hemisférios cerebrais não se
separam adequadamente. É associada a defeitos faciais.
• Encefalocele: uma condição em que há uma protrusão do tecido cerebral e das
meninges através de um defeito no crânio. Pode ser identificada como uma massa na
cabeça ou na base do crânio do feto.
• Espinha bífida: malformação da coluna vertebral e da medula espinhal. Pode ser
identificada como uma abertura na coluna vertebral, onde o tecido da medula
espinhal e as meninges podem ou não estar expostos.
• Onfalocele: anomalia na qual os órgãos abdominais, como intestinos, fígado ou
outros, projetam-se para fora do abdômen do feto através do cordão umbilical. A
herniação fisiológica de alças intestinais para o cordão umbilical não deve ser mais
vista quando CCN for superior a 54 mm.
• Gastrosquise: condição na qual os intestinos do feto se desenvolvem fora do
abdômen, por meio de uma abertura na parede abdominal, geralmente ao lado do
cordão umbilical. Diferente da onfalocele, a gastrosquise não envolve uma cobertura
de membrana sobre os órgãos expostos. Na ultrassonografia, é possível detectar
órgãos intestinais flutuando livremente no líquido amniótico, fora do abdômen fetal.
• Megabexiga: distensão anormal da bexiga fetal que pode ser identificada como uma
grande bolsa de líquido na região pélvica do feto.
• Higroma cístico: formação de cistos geralmente na região do pescoço do feto. Está
associado a condições genéticas como a síndrome de Turner.
• Ectopia cordis: rara malformação na qual o coração do feto se desenvolve fora da
cavidade torácica, podendo ser visto na ultrassonografia como uma protrusão do
coração fora do tórax fetal.
21 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
22 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
Marcadores biofísicos:
• Translucência nucal (TN): o aumento da TN está associado a várias anomalias, incluindo
trissomia do cromossomo 21 e síndrome de Turner. TN elevada pode evoluir para edema
nucal ou higromas císticos. Em aproximadamente 75% dos fetos com higromas císticos há
uma anomalia cromossômica, e em 95% deles a anomalia é a síndrome de Turner.
23 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
8.0
15%
7.0
6.0 30%
Translucência nucal (mm)
Chance de RN saudável
5.0 50%
4.0 70%
P95
2.0
97%
P5
1.0
45 50 55 60 65 70 75 80 85
CCN (mm)
• Frequência cardíaca fetal (FCF): anormalidades na FCF entre a 11.ª e a 13.ª semana
podem indicar trissomias ou outras síndromes. A trissomia do cromossomo 13 e a síndrome
de Turner estão associadas à FCF acima do percentil 95 para a IG, e a trissomia do
cromossomo 18 e as triploidias estão associadas à FCF abaixo do percentil 5.
• Osso nasal (ON): a ausência do osso nasal no primeiro trimestre está altamente associada
com a síndrome de Down.
• Ducto venoso (DV): fluxo anormal no DV está relacionado a anomalias cromossômicas e
cardiopatias.
• Regurgitação tricúspide (RT): anormalidades na valva tricúspide no primeiro trimestre
também se associam a alterações cromossômicas.
Marcadores bioquímicos:
• β-hCG e PAPP-A: esses marcadores no plasma materno têm o melhor desempenho para
rastreio de aneuploidias no primeiro trimestre. Anomalias comuns apresentam padrões
específicos na concentração dessas substâncias.
O rastreamento combinado (idade materna, IG, FCF, TN e marcadores bioquímicos) pode
detectar cerca de 90% das aneuploidias com uma taxa de falso-positivo de 5%. Se o estudo
bioquímico não estiver disponível, a combinação de idade materna, IG, FCF e TN com
marcadores biofísicos adicionais aumenta a eficácia na detecção de aneuploidias.
24 4. Ultrassonografia na gestação
Assistência pré-natal
Em fetos com risco moderado após o teste combinado, outros marcadores biofísicos como
ON, DV ou RT podem ser adicionados para melhorar a detecção. Em casos de alto risco,
métodos diagnósticos invasivos são recomendados.
NIPT, do inglês Non-Invasive Prenatal Test:
O estudo do DNA fetal livre no plasma materno, conhecido como teste não invasivo de
aneuploidias (NIPT, do inglês Non-Invasive Prenatal Test), tem ganhado destaque nos
últimos anos. Este avanço permite a detecção de síndromes como a de Down e outras
cromossomopatias de forma não invasiva.
Existem duas abordagens principais para a utilização clínica do NIPT:
• Primária: o NPIT pode ser usado como substituto do rastreio combinado tradicional.
• Secundária: o NPIT é utilizado em casos em que o rastreio combinado indica um resultado
positivo, seguindo-se com um teste invasivo se o NIPT também for positivo.
Questão 02
Responder na plataforma
Aprofundando o Pareto
Hiperêmese gravídica
PA = DC x RVP DC = VS x FC
Legenda: PA - pressão arterial; DC - débito cardíaco; RVP - resistência vascular periférica;
VS - volume sistólico; FC - frequência cardíaca.
↑ Frequência cardíaca
↑ Débito cardíaco
↑ Volume sanguíneo e plasmático
↓ Resistência vascular periférica
↓ Pressão arterial
A gestante precisará dar conta de nutrir um feto em desenvolvimento constante e, para isso, a
chegada efetiva de sangue é primordial. A forma de melhorar essa irrigação fetal é justamente
aumentando o débito cardíaco, ou seja, teremos um aumento do volume plasmático (cerca de
50%) para elevar o volume sistólico, além de um acréscimo na frequência cardíaca.
Mas lembra que começamos esse assunto falando que a progesterona causa o relaxamento
da musculatura lisa? Pois é! Isso implicará em uma queda importante na resistência vascular
periférica, algo interessante para facilitar a chegada do sangue ao feto. Então, mesmo
havendo uma elevação do débito cardíaco, a queda da RVP é tão intensa que a PA tende a
ser mais baixa no fim das contas (principalmente da PAD).
Então, a hemoglobina dessa paciente vai subir, certo? Não! Lembra do aumento do volume
plasmático? Ele vai ser grande a ponto de conseguir diluir todas essas células, provocando
o que chamamos de anemia dilucional da gestação. Esse volume maior também será o
responsável pela diluição das plaquetas, então tenha atenção ao ver algum enunciado falando
de plaquetopenia na gestante. A contagem de plaquetas diminui à medida que a gravidez
progride, mas geralmente permanece na faixa normal fora da gestação.
Os leucócitos, por outro lado, são produzidos em maior quantidade, resultando em uma
leucocitose fisiológica sem desvio. Durante o parto e o puerpério, os leucócitos podem
chegar até 30 mil.
Além disso, para preparar a gestante para o parto e prevenir hemorragias, os fatores pró-
coagulantes, especialmente o fibrinogênio, estão em maior concentração. A estase
venosa, causada pela progesterona, contribui para o risco de trombose, tornando a gravidez
um estado de hipercoagulabilidade. Os fatores XI e XIII, contudo, não se alteram na gravidez.
Lesão
endotelial
Trombose
Fluxo Hipercoagulabilidade
sanguíneo anormal
Tríade de Virchow
Fonte: Aristo.
Mas tem mais! Para garantir que o feto sempre tenha sua fonte de energia, aumenta-se a
resistência à insulina, um fenômeno que podemos chamar de “modo diabetogênico”. É
como se a mãe dissesse: “Ok, eu posso lidar com um pouco menos de glicose para que
meu bebê tenha o suficiente”. Esse efeito é impulsionado por um time de hormônios e
substâncias - o hPL (hormônio lactogênio placentário), o hPGH (hormônio de crescimento
placentário humano) e um grupo de adipocinas - que entram em ação principalmente no
terceiro trimestre.
E sobre o armazenamento de gordura? Nos primeiros dois trimestres, é como se o corpo da
mãe estivesse estocando mantimentos, acumulando gordura para tempos mais exigentes;
mas no terceiro trimestre, a festa começa! É a hora da lipólise, o processo que quebra a
gordura armazenada, fornecendo energia extra para o bebê em crescimento. É a natureza
fazendo seu trabalho maravilhoso, garantindo que tudo esteja pronto para a chegada do novo
membro da família.
Ainda, com o avançar da gestação, rins, ureteres e bexiga sofrem compressão pelo útero
gravídico e pela dextrorrotação uterina, sendo a hidronefrose à direita mais pronunciada e
um achado comum. Estima-se que até 90% das mulheres apresentem algum grau de dilatação
assintomática dos cálices renais, das pelves renais e dos dois terços superiores dos ureteres
durante a gravidez.
A progesterona atua na musculatura lisa ureteral, causando dilatação e estase urinária, o
que explica uma maior predisposição às infecções urinárias. Na bexiga, ocorrem alterações
anatômicas que favorecem o refluxo vesicoureteral, aumentando o risco de cálculos,
infecções, incontinência urinária e hematúria.
Centro de gravidade na gestante - as setas mostram a tendência do seu deslocamento, compensado pela lordose
Fonte: adaptado de Obstetrics 13th ed., Saunders, 1966.
no 1.º trimestre.
Síncope
Hipotensão ou hipoglicemia. Repouso, alimentação adequada.
e tonturas
Sistema circulatório
6. A consulta de pré-natal
O Ministério da Saúde estabelece como padrão mínimo para um acompanhamento pré-natal
adequado a realização de, pelo menos, 6 consultas durante toda a gestação. Se a gestante
não alcançar esse número de consultas até a 37.ª semana, o pré-natal é classificado como
insuficiente. É importante frisar que o critério para considerar a insuficiência do pré-natal está
atrelado à quantidade de consultas, e não à ausência de exames específicos.
Ademais, é crucial entender que uma gestante com menos de 6 consultas, mas ainda
antes das 37 semanas de gestação, não se enquadra automaticamente como caso
de pré-natal insuficiente. É um conceito bem simples, mas que pode ser motivo de
pegadinha na sua prova!
Essas 6 consultas devem ser distribuídas da seguinte forma:
• 1 consulta no 1.º trimestre
• 2 consultas no 2.º trimestre
• 3 consultas no 3.º trimestre
Sentiu que é pouco, né? Mas realmente é! Só que isso é o mínimo para ser considerado um
pré-natal com consultas suficientes. Então, qual seria a periodicidade ideal de consultas?
• Até 28 semanas → mensalmente
• Da 28.ª até a 36.ª semana → quinzenalmente
• A partir da 36.ª semana → semanalmente
34 6. A consulta de pré-natal
Assistência pré-natal
Manobras de Leopold
Fonte: desconhecida.
7. Exames laboratoriais
Questão 03
Responder na plataforma
35 7. Exames laboratoriais
Assistência pré-natal
Mnemônico GUTHS
Glicemia de jejum
Urocultura e EAS
Tipagem sanguínea e fator Rh
Hemograma
Sorologias
Mnemônico “GUTHS” - exames laboratoriais de 1.° trimestre
Fonte: Aristo.
• Glicemia de jejum
• Urocultura e urina I/EAS
• Tipagem sanguínea e fator Rh (Rh negativo = solicitar Coombs indireto)
• Hemograma
• Sorologias
• Sífilis
• HIV
• Hepatite B (HbsAg)
• Hepatite C (anti-HCV)
• Toxoplasmose (IgM e IgG)
Além dos exames abrangidos pelo mnemônico “GUTHS”, existem outros testes que podem ser
solicitados de acordo com as necessidades clínicas e disponibilidade:
• Eletroforese de hemoglobina: recomendada especialmente para mulheres negras ou com
histórico de anemia falciforme ou talassemia.
• Citopatológico de colo do útero: indicado se houver atrasos nos exames regulares ou
conforme a necessidade.
• Parasitológico de fezes: se houver suspeita clínica.
36 7. Exames laboratoriais
Assistência pré-natal
Explicando melhor: você se lembra que durante a gestação nossa paciente enfrentará
um aumento da resistência insulínica? Então, é exatamente por isso que precisamos nos
preocupar em rastrear o diabetes durante esse período.
Quando a paciente inicia o pré-natal antes das 20 semanas de gestação, um simples exame
de glicemia de jejum é suficiente para avaliar seu estado glicêmico. Se a glicemia estiver entre
92 a 125 mg/dL nesse primeiro exame, já podemos diagnosticar diabetes gestacional. Já se a
glicemia de jejum for maior ou igual a 126 mg/dL, ou seja, se a paciente atender aos critérios
de diabetes fora do período gestacional, também diagnosticaremos diabetes gestacional.
Quando esse exame resulta em menos de 92 mg/dL, será necessário submeter a paciente a
um novo teste, o TOTG 75 g, entre 24 e 28 semanas de gestação. Qualquer medida alterada
no TOTG 75 g já é suficiente para confirmar o diagnóstico de diabetes gestacional.
37 7. Exames laboratoriais
Assistência pré-natal
Não se preocupe, falaremos mais sobre o diabetes na gestação nas próximas aulas! Isso é
apenas uma introdução ao assunto.
7.4 Hemograma
Sabemos que é esperada uma anemia fisiológica na gestação, porém, ao avaliar o
hemograma, entenderemos se essa paciente deverá receber apenas suplementação
profilática com sulfato ferroso (se valores de hemoglobina estiverem dentro da normalidade)
ou se ela deverá receber sulfato ferroso em dose terapêutica (se o valor da hemoglobina
estiver abaixo da normalidade), ou até mesmo um tratamento mais intenso e encaminhamento
para hematologista, se houver anemia grave.
Mas o que consideramos anemia na gestação? De acordo com o Ministério da Saúde,
“Conceitualmente, considera-se anemia a dosagem de hemoglobina (Hb) com valores
inferiores a 11,0 g/dL e hematócrito (Htc) abaixo de 33% no primeiro e terceiro trimestres; e
Hb inferior a 10,5 g/dL e Htc abaixo de 32% no segundo trimestre. Do ponto de vista prático,
pode-se considerar anemia materna, níveis de hemoglobina inferiores a 11,0 g/dL em qualquer
idade gestacional”.
38 7. Exames laboratoriais
Assistência pré-natal
A anemia ferropriva é a principal causa de anemia nas gestantes, e isso acontece porque
as necessidades de ferro na gestação suplantam a ingesta e reserva materna, mesmo em
pacientes sem história de carência prévia à gestação.
Perceba que existe divergência entre as referências de Obstetrícia sobre o valor de ferro
elementar utilizado no tratamento e até mesmo na suplementação; no entanto, existe
unanimidade em dizer que tanto a suplementação quanto o tratamento são essenciais para
evitar desfechos perinatais adversos.
< 8 g/dL
Encaminhar ao pré-natal de alto risco
(anemia grave)
Além do sulfato ferroso, a suplementação com ácido fólico é uma prática recomendada na
gestação. O Ministério da Saúde (MS) aconselha que a suplementação seja iniciada três
meses antes da concepção e continue até as primeiras 12 semanas de gestação. No entanto,
a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que a suplementação seja mantida até o
término da gestação. O objetivo principal dessa suplementação é prevenir defeitos do tubo
neural no desenvolvimento fetal.
A dose diária recomendada de ácido fólico é de 0,4 mg para a maioria das gestantes.
No entanto, em casos específicos, como gestantes que já tiveram filhos com defeito de
tubo neural ou aquelas que estão em uso de anticonvulsivantes, a dose recomendada
aumenta para 4 mg.
7.5 Sorologias
As infecções na gestação receberão uma abordagem separada para não deixarmos passar
nada, mas vamos discutir um pouquinho o assunto:
• Sífilis: as consequências da sífilis na gestação podem ser devastadoras, incluindo
abortamento, prematuridade, natimortalidade e diversas manifestações congênitas. Devido
à alta taxa de transmissão vertical, que pode chegar a 80%, é crucial realizar a sorologia
para sífilis logo na primeira consulta do pré-natal, repetindo no início do terceiro trimestre
e no momento do parto ou aborto, além de situações de exposição de risco.
39 7. Exames laboratoriais
Assistência pré-natal
Outros testes a serem realizados pela gestante para prevenir a transmissão vertical
de infecções e que podem aparecer na sua prova, mas que NÃO são recomendados de
rotina pelo MS, são:
• Gonorreia e clamídia: pode-se realizar a testagem para gonorreia e infecção por clamídia
na primeira consulta de pré-natal para gestantes jovens (idade ≤ 30 anos) em cenários
onde os testes estão disponíveis.
• Vaginose bacteriana: a US Preventive Services Task Force (USPSTF) não recomenda o
rastreamento rotineiro de vaginose bacteriana em gestantes sem risco aumentado de parto
prematuro. Para aquelas com risco aumentado, a USPSTF considera que não há evidências
suficientes para avaliar os benefícios e riscos desse rastreamento, indicando a necessidade
de mais pesquisas para guiar práticas clínicas nesse contexto.
• Rubéola: a sorologia para rubéola é frequentemente recomendada no primeiro trimestre de
gestação. Aproximadamente 15% das gestantes podem ser suscetíveis a essa infecção. O
rastreamento visa identificar essas mulheres para que possam ser vacinadas no puerpério,
prevenindo complicações em gestações futuras.
• Citomegalovírus (CMV): a infecção por CMV durante a gestação pode ter implicações
sérias, mas a utilidade do rastreio é debatida devido à ausência de imunidade duradoura
após a primeira infecção e à limitação de opções de tratamento específico. Por isso, a
sorologia de rotina para CMV não é amplamente adotada.
40 7. Exames laboratoriais
Assistência pré-natal
9. Vacinação
Vacina dTpa: a tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) está
recomendada em todas as gestações a partir da 20.ª semana. Essa medida visa proteger
a gestante e evitar que ela transmita a Bordetella pertussis (coqueluche) ao recém-nascido,
além de permitir a transferência de anticorpos maternos ao feto, protegendo-o nos primeiros
meses de vida, até que possa ser imunizado com a vacina penta. Para aquelas que não foram
vacinadas durante a gestação, é importante administrar uma dose de dTpa no puerpério, o
mais precocemente possível.
Vacina dupla adulto (dT): proteção da gestante e do bebê contra o tétano e a difteria.
• Gestante não vacinada previamente: administrar 3 (três) doses de vacina contendo
toxoide tetânico e diftérico, com intervalo de 60 dias entre as doses. Sendo 2 (duas) doses
de dT em qualquer momento da gestação e 1 (uma) dose de dTpa, a partir da vigésima
semana de gestação.
• Gestante vacinada com 1 (uma) dose de dT: administrar 1 (uma) dose de dT em qualquer
momento da gestação, seguida de 1 (uma) dose de dTpa a partir vigésima semana de
gestação, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.
• Gestante vacinada com 2 (duas) doses de dT: administrar 1 (uma) dose da dTpa a partir
da vigésima semana de gestação.
• Gestante vacinada com 3 (três) doses de dT: administrar 1 (uma) dose de dTpa a partir da
vigésima semana de gestação.
Mesmo com o esquema completo (três doses de dT ou dTpa) e/ou reforço com dT ou dTpa, a
gestante deverá receber sempre uma dose de dTpa a cada gestação. O tétano neonatal tem
alta taxa de letalidade devido à contaminação do cordão umbilical durante o parto. A difteria
pode causar obstrução respiratória, tendo alta taxa de mortalidade entre os recém-nascidos.
42 9. Vacinação
Assistência pré-natal
Vacina Influenza (gripe): é recomendada a vacinação contra a gripe para todas as gestantes
em qualquer período da gestação, assim como para mulheres até 42 dias pós-parto,
preferencialmente durante a campanha anual de vacinação.
Vacina covid-19: Não podemos nos esquecer, nesse mundo pós-pandemia, da vacina para
covid-19, sendo a AstraZeneca contraindicada na gestação.
Um ponto que deve ser observado aqui é que a vacina contra a febre amarela pode ser
recomendada caso a paciente resida em áreas onde a doença é endêmica. Caso a mulher
esteja amamentando, o ideal seria esperar os 6 meses de aleitamento materno exclusivo para
depois vacinar, mas, se for preciso, podemos vacinar e suspender a amamentação por 10 dias.
Além disso, guarde que as vacinas que possuem contraindicação são aquelas de vírus vivo
atenuado, sendo muito cobradas a tríplice viral e a varicela.
Alerta de atualização!
Em julho de 2021, a FDA atualizou as diretrizes sobre o uso de estatinas em
gestantes, removendo a contraindicação geral. Agora, a terapia com estatina
deve ser descontinuada para a maioria das gestantes, mas pode ser considerada
para aquelas em alto risco de eventos cardiovasculares, avaliando-se caso a
caso. A amamentação, enquanto se toma estatinas, ainda não é recomendada;
os profissionais de saúde devem decidir entre interromper a medicação durante a
amamentação ou cessar a amamentação, caso a terapia se torne indispensável.
Os anticonvulsivantes são frequentemente cobrados! E aí, qual medicação pode e qual não
pode ser usada na gestação? Os anticonvulsivantes são uma categoria de medicamentos
frequentemente abordados no contexto da gestação, dada a sua associação com efeitos
teratogênicos conhecidos e interações relevantes com métodos contraceptivos. A maioria
destes medicamentos pode aumentar o risco de malformações, como fendas orofaciais e
problemas cardíacos. Esses riscos se mostram consideravelmente mais altos do que na
população em geral.
Devido a esses riscos, é aconselhável que mulheres em idade fértil que utilizam
anticonvulsivantes façam suplementação de ácido fólico (4 mg/dia) antes da concepção, a
fim de reduzir o risco de defeitos no tubo neural. Entre os anticonvulsivantes, a lamotrigina
é frequentemente considerada a medicação de escolha durante a gestação, isso se dá pelo
seu perfil de risco relativamente mais favorável. Por outro lado, o ácido valproico ou valproato
é particularmente conhecido por seu alto risco teratogênico e deve ser evitado sempre que
possível em mulheres grávidas ou que planejam engravidar.
Valproato (mg/dia)
> 1450
> 650 a ≤ 1450
≤ 650
Fenobarbital (mg/dia)
> 130
> 80 a ≤130
≤ 80
Carbamazepina (mg/dia)
> 700
≤ 700
Lamotrigina (mg/dia)
> 325
≤ 325
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Taxa de malformação (%)
Durante a gestação, evitar a exposição a substâncias nocivas, como drogas ilícitas, tabaco
e álcool, é crucial devido aos sérios riscos que representam para o desenvolvimento e a
saúde do feto.
• Álcool: não existe uma quantidade segura de álcool que possa ser consumida durante
a gravidez. O consumo de álcool está diretamente associado à síndrome alcoólica
fetal, caracterizada por malformações faciais, cardíacas, e retardo no crescimento e
desenvolvimento do feto. O álcool atravessa facilmente a placenta e também é transferido
para o leite materno, podendo afetar negativamente a função hepática do feto, que é
incapaz de metabolizar o álcool eficientemente.
• Tabagismo: o tabagismo materno é uma causa conhecida e prevenível de problemas na
gravidez e no desenvolvimento fetal, incluindo baixo peso ao nascer e defeitos congênitos.
Também aumenta o risco de síndrome da morte súbita infantil, problemas placentários,
ruptura prematura das membranas, trabalho de parto prematuro, entre outros. Alterações
na oxigenação causadas pelo tabagismo podem levar a abortos espontâneos, natimortos
e mortalidade infantil.
• Cocaína: o uso de cocaína pode ocasionar graves consequências para a gravidez, incluindo
RCIU, ruptura prematura de membranas e complicações placentárias. As consequências
negativas para o feto e a mãe são muitas vezes dose-dependentes e podem ser severas.
• Maconha: o uso de maconha na gestação pode acarretar intoxicação materna, alterações
no comportamento do recém-nascido e potenciais efeitos a longo prazo ainda não
totalmente compreendidos. A maconha também atravessa a placenta, podendo afetar o
desenvolvimento fetal.
Além disso, outras drogas ilícitas, como anfetaminas, opiáceos e suas variantes, também
apresentam riscos significativos, incluindo a síndrome de abstinência neonatal, malformações
e complicações gestacionais.
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica - Atenção ao Pré-natal de Baixo Risco.
Brasília, 2012.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Gestação de Alto Risco. Brasília, 2022.
3. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Ultrassonografia no
primeiro trimestre de gestação. São Paulo: Febrasgo; 2021 (Protocolo Febrasgo de Obstetrícia, n. 63/
Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em GO).
4. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Ultrassonografia
morfológica do segundo trimestre. São Paulo: Febrasgo, 2021 (Protocolo Febrasgo de Obstetrícia, n. 62/
Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em GO).
5. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Ultrassonografia
obstétrica do terceiro trimestre de gestação. São Paulo: Febrasgo; 2021. (Protocolo Febrasgo de
Ginecologia, n.100/Comissão Nacional Especializada em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia).
6. FERNANDES, C. E.; SILVA DE SÁ, M. F. (eds). Tratado de Obstetrícia - Febrasgo. 1.ª ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2019.
7. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da
Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_hiv_sifilis_hepatites.pdf.
8. Sachdeva P, Patel BG, Patel BK. Drug use in pregnancy; a point to ponder! Indian J Pharm Sci. 2009
Jan;71(1):1-7. doi: 10.4103/0250-474X.51941. PMID: 20177448; PMCID: PMC2810038.
Assistência pré-natal
Questão 01
a) 11s3d.
b) 11s2d.
c) 11s4d.
d) 13s1d.
e) 13s0d.
Questão bem útil para nossa prática médica, referindo-se ao cálculo da idade gestacional.
Vamos juntos!
Durante o acompanhamento de pré-natal, podemos calcular a idade gestacional de três
formas possíveis: pela data da última menstruação (DUM), pela ecografia (USG) e pela
mensuração da altura uterina (AU).
De maneira geral, é recomendado preferirmos a idade calculada pela DUM, uma vez que essa
data geralmente é a que mais se aproxima do momento exato da fecundação. A DUM nada
mais é do que o último dia do último ciclo menstrual antes da mulher entrar em amenorreia
gravídica. O único problema é que nem sempre a gestante lembra exatamente de sua DUM,
e aí, acabamos preferindo datar usando USG...
Como calculamos a idade, então?
• Pela DUM: calculamos o total de dias entre a DUM e a data atual, dividindo esse resultado
por 7. Com isso, teremos a IG em semanas.
• Pela USG: calculamos o total de dias entre a data do exame e a data atual e também
dividimos esse valor por 7. Depois, precisamos somar esse valor com a idade gestacional
estimada na USG, e assim teremos a IG em semanas.
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Assistência pré-natal
Por isso, é sempre interessante calcularmos ambas as IGs e então avaliar qual será mais
confiável. Para facilitar seu aprendizado, se houver uma diferença inferior a 7 dias (1 semana)
entre a IG por DUM e a IG por USG (ou seja, ambas são similares, o que nos faz confiar no
relato de data trazido pela mãe) no ultrassom de primeiro trimestre, é recomendável usar a
IG por DUM. Por outro lado, se houver uma diferença superior a 1 semana, é recomendável
utilizar a IG por USG.
Então, vamos fazer isso: a data da questão é 05/03/2023. A paciente relata DUM em
15/12/2022 e traz uma USG de 15/02/2023 que estimou a IG em 9 semanas naquela data (não
vamos usar a USG com ausência de embrião se tivermos um segundo exame próximo com a
presença do mesmo). Vamos calcular abaixo:
• IG pela DUM: em dezembro, faltaram 16 dias para completar 31 dias. Em janeiro, há 31 dias;
em fevereiro, há 28 dias. Em março, passaram-se 5 dias. Ou seja: (16 + 31 + 28 + 5) = 80
dias, divididos por 7 (para obter a IG em semanas), o que dá 11 semanas, sobrando 3 dias
nas subtrações entre os múltiplos de 7 e o número 80. Por isso, vamos usar o valor inteiro
de 11 semanas e incluir os 3 dias que restaram das subtrações. Teremos uma IG por DUM
de 11 semanas e 3 dias.
• IG pela USG: o exame foi feito em 15/02/2023. Ou seja, faltaram 13 dias para encerrar
fevereiro e se passaram 5 dias em março. Somando esses períodos (13 + 5 = 18 dias) e
dividindo o resultado por 7, obtemos 2 semanas e 4 dias. Essa contagem considera as
subtrações entre os múltiplos de 7 e o número 18. Dessa forma, optaremos por utilizar
o valor inteiro de 2 semanas e, em seguida, somaremos os 4 dias remanescentes das
subtrações. Entretanto, neste ponto, é necessário acrescentar esse resultado ao valor
previamente estimado de 9 semanas (IG estimada na USG da época). Assim, teremos uma
IG por USG de 11 semanas e 4 dias.
Perceba, portanto, que a diferença entre 11 semanas e 3 dias e 11 semanas e 4 dias é de
apenas 1 dia. Como essa diferença é inferior a 7 dias, então podemos confiar na memória
materna sobre sua DUM, e vamos preferir usar a IG calculada desta forma. Com isso, já
sabemos nosso gabarito!
Alternativa A - Correta: Como explicamos, já que há uma diferença menor de 1 semana entre
as IGs, vamos preferir a calculada pela DUM, que é esta aqui.
Alternativas B, D e E - Incorretas: Nenhuma das nossas IGs chega nesse valor.
Alternativa C - Incorreta: Esta seria a IG calculada por USG. No entanto, como há pouca
diferença entre a IG por DUM e a IG por USG, preferiremos usar a IG calculada por DUM.
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Assistência pré-natal
Questão 02
b) Trata-se de anemia ferropriva; prescrever 200 mg de ferro elementar ao dia, por três meses.
CCQ: CCQ: Na gestação, há anemia quando Hb < 11; pacientes sem anemia têm
indicação de suplementação com sulfato ferroso a partir de 20 semanas
Durante a gestação, a mulher passa por modificações fisiológicas, entre elas o aumento do
volume do plasma, principalmente a partir da sexta semana gestacional e apresentando seu
pico com 30 a 34 semanas - a anemia fisiológica gestacional.
Além disso, a demanda de ferro aumenta como medida compensatória para a elevada
produção de eritrócitos. Sendo assim, durante o pré-natal deverá ser suplementado o ferro
a partir da vigésima semana de gestação. O rastreio de anemia é mandatório no pré-natal.
Quadros leves de anemia podem apresentar sintomas como astenia, cansaço e fadiga, que
podem ser confundidos com achados gestacionais.
Veja na tabela a seguir a conduta de acordo com os valores de hemoglobina:
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Assistência pré-natal
< 8 g/dL
Encaminhar ao pré-natal de alto risco
(anemia grave)
Fonte: Aristo.
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Assistência pré-natal
Questão 03
a) Tipagem sanguínea, Hb/Ht, VDRL, glicemia em jejum, urina rotina e urocultura, anti-HIV 1
e 2, HBsAg, toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para rubéola, sorologia citomegalovírus,
colpocitologia oncótica caso não tenha realizado no ano anterior.
e) Tipagem anti-HIV 1 e 2, HBsAg, toxoplasmose IgM e IgG, colpocitologia oncótica caso não
tenha realizado no ano anterior.
O acompanhamento pré-natal é essencial para prevenirmos o que deve e pode ser prevenido,
além de tratarmos de forma precoce o que encontrarmos. Você já sabe que algumas
sorologias são fundamentais e recomendadas para todas as gestantes, tais como: sífilis, HIV,
toxoplasmose, hepatite B e hepatite C.
E por que não devemos solicitar sorologia para CMV? Porque a soroprevalência da infecção
pelo CMV pode chegar a até 90%, sendo que nem todos os fetos de gestantes com sorologia
positiva serão acometidos. A pesquisa de CMV está indicada quando uma anomalia fetal
sugestiva de infecção congênita por CMV é detectada no exame de ultrassonografia pré-natal.
A sorologia para rubéola até pode ser solicitada, pensando em identificar gestantes
suscetíveis para vacinação no puerpério, mas não caia na pegadinha: ela não faz parte da
rotina recomendada pelo Ministério da Saúde!
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Assistência pré-natal
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Assistência pré-natal
Assistência pré-natal
Assistência pré-natal
Valproato (mg/dia)
> 1450
> 650 a ≤ 1450
≤ 650
Fenobarbital (mg/dia)
> 130
> 80 a ≤130
≤ 80
Carbamazepina (mg/dia)
> 700
≤ 700
Lamotrigina (mg/dia)
> 325
≤ 325
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Taxa de malformação (%)