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BRONQUIECTASIAS

Desordem adquirida, caracterizada por uma dilatação anormal e permanente dos brônquios, podendo focal
ou difusa.

Patogênese envolve processo inflamatório persistente e intenso na parede brônquica, levando à destruição
das estruturas de sustentação, com substituição por tecido fibroso. Muco hiperconcentrado nas vias
respiratórias é uma anormalidade patogênica característica.

Causas são diversas, geralmente envolvendo algo infeccioso tanto diretamente quanto através de uma
desordem que proporcione a ocorrência de infecções recorrentes ou persistentes. Pode ser mediado por
reposta imune inflamatória e na deficiência de alfa-tripsina. 50% dos casos não é encontrado a causa.

Manifestação clínica predominante é a tosse persistente com grande produção de expectoração purulenta.
Hemoptise ocorre 50-70%, podendo ser de grande monta. Podem ocorrer perda de peso, mal-estar e fadiga.

Apresenta-se com infecções respiratórias repetidas, quando há uma exacerbação do quadro clínico, com
piora da tosse e surgimento de dispneia. Quando apresentam exacerbações infecciosas, eles podem
desenvolver febre.

RX de tórax pode mostrar sinais sugestivos, mas o padrão-ouro é a TC de tórax de alta resolução.

Achados na TC: dilatação da VA (relação lux brônquica/vaso adjacente > 1,5) e não estreitamento da VA em
direção à periferia; espessamento da parede brônquica; presença de plugs mucopurulentos nas VA, com
aprisionamento de ar e formação de cistos. Cistos na extremidade de um brônquio, linhas ramificadas
irregulares em árvore em brotamento indicando impactação de muco; perda de volume e, ocasionalmente,
consolidação associada. Quando a bronquiectasia é de padrão focal, deve-se realizar broncoscopia para
avaliação de uma possível obstrução das VAs.

A localização pode sugerir a causa: predominância no lobo superior é observada na fibrose cística; lobo
inferior nas síndromes de aspiração; lobo médio direito e da língula sugere infecção por micobactérias
atípicas; bronquiectasia central é observada na aspergilose broncopulmonar alérgica.

As provas de função pulmonar estão sempre indicados para quantificação da repercussão funcional da
doença geralmente apresentando um padrão obstrutivo.

Todos os pacientes devem ser submetidos a culturas de escarro para bactérias, fungos e micobactérias.

Exacerbações são tratadas com ATB. Principais germes são H. influenzae, P. aeruginosa e o S. pneumoniae.
Escolha são as quinolonas respiratórias por 7-14 dias. No paciente críticos, pode-se optar por uso parenteral
de drogas antipseudomonas (ceftazidime e amicacina). Cultura de escarro pode auxiliar na decisão
terapêutica, com coleta indicada nos casos graves.

O achado de P. aeruginosa pressagia pior prognóstico e exacerbações mais frequentes. Ausência de


patógenos identificáveis apresentam doença mais branda. O achado de S. aureus pode indicar a FC.

Uso de ATB profilático não é consenso. Recomendação atual é utilização nos pacientes com exacerbações
frequentes (>3-4x por ano), sendo geralmente administrado macrolídeo (azitromicina), mas a limitação é a
resistência da Pseudomonas. Se detectado essa bactéria em alguma cultura de escarro e tiver resposta
inadequada ao ATB profilático VO, pode-se optar pelo uso crônico de ATB inalatório (tobramicina;
gentamicina).

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Prevenção de exacerbações: pneumo23 é recomendada. A vacinação de rotina contra influenza sazonal
também é padrão.

Medidas de higiene brônquica: fisioterapia respiratória; hidratação adequada; uso de mucolíticos


(principalmente pela via inalatória). Não se mostrou eficaz em estudos, mas é recomendada.

A terapia inalatória com solução salina hipertônica nebulizada (3 a 7%) pode aumentar a desobstrução das
vias respiratórias, diminuir as exacerbações e melhorar a função pulmonar, bem como a qualidade de vida.

Deficiência de imunoglobulina ou deficiência de α1-antitripsina, deve-se considerar a terapia de reposição.

Aspergilose broncopulmonar alérgica devem ser tratados com esteroides para mitigar o processo
inflamatório que leva à bronquiectasia.

Uso de broncodilatadores é benéfico nos com doença obstrutiva com padrão de reversibilidade à
espirometria. Corticoide inalatório pode ser útil.

Brensocatibe (10 a 25 mg/dia VO), que é um inibidor reversível da dipeptidil peptidase 1 (enzima que ativa as
serina proteases dos neutrófilos), reduziu significativamente as exacerbações nos com bronquiectasia não
relacionada a FC.

Budesonida inalada em dose média, quando combinada com o formoterol, é segura e mais efetiva do que a
budesonida em altas doses no tratamento de bronquiectasia não decorrente de FC.

Nos com doença localizada e com controle sintomático ruim, a cirurgia com ressecção do segmento
acometido é uma opção. O transplante pulmonar pode ser indicado nos com doença difusa com falha da
terapia medicamentosa.

Os casos de hemoptise devem ser manejados inicialmente com a localização da lesão sangrante através de TC
de tórax e de broncoscopia, com posterior embolização arterial brônquica do segmento acometido. Nos
casos não responsivos, procede-se à ressecção cirúrgica do segmento que contém a lesão hemorrágica.

MEDCURSO PNEUMO 1, 2019

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