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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

O Impacto de Abandono de Tratamento Antirretroviral em Doentes


Vivendo Com HIV-SIDA

Julieta Afonso Nipero, 708226595

Pemba, Setembro de 2023


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

O IMPACTO DE ABANDONO DE TRATAMENTO


ANTIRRETROVIRAL EM DOENTES VIVENDO COM HIV-SIDA

Julieta Afonso Nipero, 708226595

Trabalho de carácter científico a ser


submetido na cadeira de Habilidades de
Vida, Saúde Sexual Reprodutiva, Género e
HIV-SIDA, do curso de Licenciatura em
Administração Pública, 2º ano, primeiro
semestre, para fins avaliativos.

O Tutor: Msc. Isaque Eugénio Mangala

Pemba, Setembro de 2023


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 Capa 0.5
 Índice 0.5
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Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico 2.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência
/ coesão textual)
Análise e
 Revisão
discussão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação parágrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referências 6ª edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referência
bibliografia s bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice

I. Introdução............................................................................................................................ 4

1. Contextualização do Tratamento Anti-retroviral (TARV) .................................................. 5

1.1. Conceito de abandono ..................................................................................................... 5

1.2. Conceito de tratamento de antirretroviral ........................................................................ 6

2. Implicações socioeconómicas do abandono do tratamento antirretroviral ......................... 6

3. Causas e consequências de abandono de tratamento antirretroviral pelos doentes vivendo


com HIV-SIDA .......................................................................................................................... 7

4. Conclusão .......................................................................................................................... 10

5. Referências Bibliográficas ................................................................................................ 11


I. Introdução

O trabalho em posse é da autoria da estudante Julieta Afonso Nipero, estudante do segundo


ano do curso de Licenciatura em Administração Pública. Este tem como tema “o impacto de
abandono ao tratamento antirretroviral em doentes vivendo com HIV-SIDA nas unidades
sanitárias”, no qual procurar-se-á de uma forma sucinta debruçar-se acerca dos conceitos,
impactos socioeconómicos, causas e consequências dos mesmos.

Quanto à estrutura, o trabalho compreende a presente introdução, que será seguida do seu
desenvolvimento onde de maneira breve far-se-á a abordagem dos assuntos atinentes ao tema,
depois do desenvolvimento seguirá a conclusão onde far-se-á uma breve súmula referente aos
assuntos tratados no desenvolvimento e por fim as respectivas referências bibliográficas das
obras que tornaram possível a realização deste trabalho, que, passarão, devidamente, a ser
citadas ao longo do desenvolvimento.

Objectivo geral

 Compreender o impacto de abandono de tratamento antirretroviral em doentes vivendo


com HIV-SIDA.

Objectivos específicos

 Explicar os diferentes conceitos de abandono de tratamento antirretroviral;


 Compreender os impactos de abandono de tratamento antirretroviral;
 Identificar as causas e consequências de abandono de tratamento antirretroviral em
doentes vivendo com HIV-SIDA.

Metodologia: para o desenvolvimento do presente trabalho, a recolha de informação ou de


dados recorreu à consulta bibliográfica e as páginas na internet relacionados com a matéria
seguida da análise da informação para a sua harmonização e posteriormente compilação. Ou
seja a recolha de informações baseou-se na utilização de informação já existente em
documentos anteriormente elaborados, com o objectivo de obter dados relevantes para
responder às questões de investigação do conteúdo.

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1. Contextualização do Tratamento Anti-retroviral (TARV)

O tratamento anti-retroviral na África Subsaariana começou a ser implementado a partir de


2002, na África do Sul, Botswana, Uganda e Moçambique (Barroso, 2006 apud Comissar,
2015).

Entre o final de 2002 até Junho de 2006 o número de pessoas que recebeu o TARV na África
Sub-Sahariana aumentou de 50 mil para 11 milhões de pacientes. Em 2009 o número de
pessoas elegíveis para o TARV em países com recursos limitados foi de 14,6 milhões
comparado com a estimativa de 10,1 milhões de pessoas que necessitavam do TARV em
2006 (Brambatti, 2010 apud Comissar, 2015).

Até 2001 Moçambique manteve uma posição contrária sobre a inclusão da terapia
antiretroviral (TARV) como estratégia no combate ao HIV e SIDA, com o argumento do
custo elevado, associado as limitações de recursos financeiros, de infra-estruturas e de
recursos humanos. Além disso, havia dúvidas sobre pessoas infectadas aderirem de forma
integral, a um programa de tratamento complexo. Entretanto, mesmo com a estratégia oficial
focalizada apenas na prevenção, algumas ONG internacionais, começaram a oferecer o
TARV, nos centros de saúde públicos (Matsinhe, 2005 apud Brambatti, 2007).

Em 2002 foi introduzido o TARV no país. Em 2006, o MISAU deu início à descentralização e
à expansão do acesso aos serviços de saúde para os 128 distritos do país. Enquanto isso,
verificava-se a subida de 211 unidades sanitárias oferecendo o TARV para 563 de 2007 à
2013 e, o número de pacientes em tratamento que em 2008 eram quase cento e vinte nove mil
aumentaram para cerca de quinhentos mil em 2013 (Comissar, 2015).

Em 2017, existiam 1.292 Unidades Sanitárias TARV no país, e 80% das Unidades Sanitárias
do Serviço Nacional de Saúde estavam a oferecer serviços TARV (MISAU, SNS, 2017).

De acordo com o Relatório do (MISAU, SNS, 2018) até Junho 2018, cerca de 1.407 Unidades
Sanitárias estavam a oferecer o TARV a nível nacional.

Alguns estudos nacionais e internacionais fazem menção de cinco factores que influenciam
para o abandono do tratamento antirretroviral, nomeadamente: factores sociodemográficos,
factores estruturais, factores socioeconómicos, factores culturais, e factores individuais.

1.1. Conceito de abandono

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O abandono do tratamento antirretroviral, consiste em acto de “abandonar o TARV em
paralelo ao acompanhamento clínico, incluindo o comparecimento às consultas, a realização
de exames e de qualquer outra acção relacionada ao auto-cuidado (Obed, 2015).

Neste estudo pretendemos utilizar o conceito de abandono de acordo com a definição acima
exposta.

1.2. Conceito de tratamento de antirretroviral

O Tratamento antirretroviral ou TARV é uma combinação de medicamentos (geralmente 3)


chamados antirretrovirais (ARVs), cuja função é inibir a réplica do vírus no corpo da pessoa
infectada.
2. Implicações socioeconómicas do abandono do tratamento
antirretroviral
O abandono do tratamento antirretroviral pode ter implicações socioeconómicas
significativas, tanto para o paciente quanto para a sociedade em geral.

O abandono do tratamento antirretroviral por pessoas vivendo com HIV/SIDA pode ter
implicações sociais significativas, tais como:

 Aumento do risco de transmissão do vírus, o que pode contribuir para o aumento do


número de pessoas infectadas;

 Piora na saúde do paciente, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças


oportunistas e resistência aos medicamentos;

 Dificuldades socioeconómicas, culturais e psicológicas, além de institucionais e


relacionadas ao próprio tratamento, que podem levar ao abandono do tratamento.

O abandono do tratamento antirretroviral por pessoas vivendo com HIV/SIDA pode ter
implicações económicas significativas, tais como:

 Aumento dos custos de saúde, tanto para o paciente quanto para a sociedade em geral,
devido a internações hospitalares e tratamentos mais intensivos;

 Redução da produtividade do paciente, devido à piora na saúde e à necessidade de


afastamento do trabalho;
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 Aumento dos custos de seguro de saúde, devido à maior probabilidade de
complicações de saúde;

 Aumento dos custos de programas de prevenção e tratamento do HIV/SIDA, devido


ao aumento do número de pessoas infectadas.

3. Causas e consequências de abandono de tratamento antirretroviral

pelos doentes vivendo com HIV-SIDA

3.1. As Causas

O abandono do tratamento antirretroviral pode ser influenciado por vários factores


nomeadamente: Factores socio-demográficos; individuais; estruturais; socioeconómicos e
culturais.

3.1.1. Factores sociodemográficos

Os factores sociodemográficos tais como: idade, baixos níveis de escolaridade, e a falta de


capacidade para compreender e assimilar as informações fornecidas pela equipe de saúde,
influenciam o abandono do tratamento antirretroviral, Baptista (2016). Estudos como os de
Faustino (2006), e Santos (2011) afirmam que os baixos níveis de escolaridade, a restrita
capacidade de assimilar e compreender as informações pertinentes, que são fornecidas pela
equipe de saúde, sobre o tratamento antirretroviral e a doença HIV pode influenciar no
abandono do tratamento antirretroviral.

Pessoas idosas tendem a abandonar mais o TARV devido ao desenvolvimento de patologias


mentais, Baptista (2016). Estudos como o do Moreno (2016), refere que os indivíduos com
idade igual ou superior a 40 anos tendem a aderir mais ao tratamento antirretroviral, em
relação aos de idade inferior a 40 anos.

3.1.2. Factores individuais

Os factores individuais como: as atitudes que o indivíduo adopta perante a doença e o


tratamento, como a não-aceitação do seu estado serológico, a forma como esse indivíduo
contraiu a doença, bem como o conhecimento que o indivíduo tem sobre a doença, as crenças
sobre o tratamento, o pessimismo na eficácia do tratamento, e a desistência no mesmo,
favorecem para que este abandone o tratamento antirretroviral (Brambatti, 2007). Esta mesma
autora, refere que o tratamento pode gerar uma série de efeitos emocionais negativos, desde o

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medo, a ansiedade, a depressão, o que contribui para o abandono e não para adesão. Mas
também pode gerar um entendimento sobre a própria vida e um sentimento de confiança e
habilidade em lidar com o HIV e SIDA, o que é muito positivo para o não abandono e para a
forma de perceber a vida e enfrentar a doença.

O tratamento pode lembrar ao indivíduo a sua condição serológica, que este está infectado e
com isso, o mesmo pode desistir de tomar os medicamentos como forma de negar a sua
condição, e por medo que os outros saibam da sua doença (Brambatti, 2007).

Faustino (2006) sublinha que o paciente pode abandonar o tratamento pelo medo de enfrentar
a doença, por medo de lidar com as dificuldades que surgirão ao longo da doença e do
tratamento, aparecimento de transtornos mentais, como a depressão e ansiedade, falta de
organização por parte do paciente, dificuldades de se adequar as exigência do tratamento, bem
como, cumprir com os horários para a ingestão dos medicamentos, o esquecer de tomar os
remédios, o abuso de álcool e outras drogas.

3.1.3. Factores estruturais

Os factores estruturais como: o acompanhamento médico, o monitoramento médico


sistemático ao longo do curso da doença, a falta de medicamentos nos hospitais, as filas
enormes para o levantamento dos medicamentos influenciam no abandono do tratamento
antirretroviral, o acesso aos serviços de saúde, e a estrutura que o paciente encontra, as
condições que o paciente encontra no centro de saúde, contribuem para que o paciente
abandone o tratamento antirretroviral (Brambatti, 2007). Nesta mesma linha de pensamento,
Moreno (2015) faz referência a disponibilidade do acompanhamento médico, o facto de os
pacientes terem que enfrentar longas filas de espera do medicamento, (quando os
medicamentos não se encontram disponíveis na farmácia e nos centros de TARV).

3.1.4. Factores socioeconómicos

A falta de uma habitação adequada, de uma alimentação adequada e disponível, aliado a falta
de dinheiro de transporte para se fazer ao centro de saúde, são factores socioeconómicos que
influenciam o abandono do tratamento antirretroviral (Brambatti, 2007). A autora citada
refere que, muitas vezes o paciente pode estar motivado a fazer e a seguir o tratamento mas
por causa de morar longe do centro de saúde, aliado com a falta de dinheiro para o transporte,
e a falta de alimentação, faz com que este abandone o tratamento. Faustino (2006) faz menção
do suporte social e material, referindo que a falta de dinheiro, alimentação, transporte tudo
isso pode levar o paciente a abandonar o tratamento antiretroviral.
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Moane (2018) partilha da mesma opinião que Faustino (2006) ao referir que o desemprego, a
falta de dinheiro para alimentação e transporte, bem como, a falta de habitação contribuem
para o abandono do tratamento antirretroviral. Moane (2018) considerou os factores
socioeconómicos, o desemprego, a falta de dinheiro para alimentação e transporte, a falta de
habitação como sendo influenciadores do abandono do tratamento antirretroviral. Ele refere
que os pacientes não têm respeitado as horas e as doses da toma dos medicamentos quando
consideram o momento inoportuno devido ao momento social que se encontram como festas,
convívios, o que tem impacto no abandono do tratamento antirretroviral.

3.1.5. Factores culturais

O tratamento do HIV e SIDA está ligado de forma profunda em aspectos socioculturais que
consistem nas diversas maneiras de se conceber a doença, a busca da cura, e a crença na
medicina tradicional (Da Costa, 2003 apud Obed, 2015). Faustino (2006) sublinha que, as
crenças desfavoráveis e informações inadequadas sobre o tratamento e a doença podem levar
ao abandono do tratamento antirretroviral.

Moreno (2015) afirma que as crenças, os conhecimentos, as percepções, as atitudes e as


expectativas sobre a doença HIV e o tratamento antirretroviral influenciam no abandono do
tratamento antirretroviral.

Os factores culturais tais como as normas, os valores, as tradições e ambiente cultural


influenciam no abandono do tratamento antirretroviral, na medida em que, as pessoas
pertencentes a determinado meio social e cultural se organizam, legitimam, encaram,
descrevem e dão justificação às práticas que originam e orientam a vida em grupo, pelo
intermédio de regras, normas, conhecimentos e crenças (Kula, 2008 apud Moreno, 2015).

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4. Conclusão
Chegando-se nesta fase conclui-se que, o abandono do tratamento antirretroviral, consiste em
acto de “abandonar o TARV em paralelo ao acompanhamento clínico, incluindo o
comparecimento às consultas, a realização de exames e de qualquer outra acção relacionada
ao auto-cuidado.

O abandono ao TARV representa um risco para a saúde ao paciente e outros actores sociais,
na medida em que, pacientes que abandonam o tratamento TARV, com dificuldades na
ingestão correcta dos medicamentos e na adopção de práticas de sexo seguro podem infectar
outras pessoas com cepas de HIV já resistentes aos medicamentos de primeiro tratamento
(Santos, 2011). Desta forma, ficam reduzidas as chances de sucesso da terapia com os
antirretrovirais (Santos, 2011).

O abandono do tratamento antirretroviral pode ter implicações socioeconómicas


significativas, tanto para o paciente quanto para a sociedade em geral. Alguns dos factores
associados ao abandono do tratamento incluem dificuldades socioeconómicas, culturais e
psicológicas, além de institucionais e relacionadas ao próprio tratamento. O abandono do
tratamento pode levar a uma piora na saúde do paciente, aumentando o risco de
desenvolvimento de doenças oportunistas e resistência aos medicamentos. Além disso, o
abandono do tratamento pode levar a um aumento nos custos de saúde, tanto para o paciente
quanto para a sociedade em geral, devido a internações hospitalares e tratamentos mais
intensivos. Durante a pandemia de COVID-19, o abandono do tratamento antirretroviral entre
adolescentes e jovens com HIV/SIDA aumentou, o que pode ter implicações significativas
para a saúde desses pacientes.

Portanto, é importante que os pacientes recebam apoio e orientação adequados para garantir a
adesão ao tratamento antirretroviral e evitar o abandono do tratamento.

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5. Referências Bibliográficas

1. BARLETTA, J B; GENNARI, M de S; CIPOLOTTI, R. A perspectiva cognitivo-


comportamental dos aspectos psicossociais que interferem na qualidade da relação
médico-paciente. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 17, n. 3, p. 396-413, dez.
2011.

2. Smith, R. (2006). Adherence to antiretroviral HIV drugs: how many doses can you
miss before resistance emerges? Proceedings of the Royal Society, B. 273, 617-624.

3. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Serviço Nacional de Saúde, Relatório Anual das


Actividades Relacionadas ao HIV/SIDA. Abril, 2016.

4. SITOE, Alda Obed. Experiência de Adesão e Abandono ao Tratamento


Antirretroviral. Monografia (Licenciatura em Antropologia) - Universidade Eduardo
Mondlane, Maputo, 2015.

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