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MUNICÍPIO DE INHUMAS

PROCURADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO

Parecer Jurídico.
Processo: 5947/2022
Requerente: LUCIANA VASCONCELOS GASPAROTI
Assunto: Revisão Salarial devido a supressão do Adicional de Insalubridade dos Proventos
pelo período de afastamento por licença maternidade.

PARECER JURÍDICO

Trata-se de memorando do Departamento de Recurso Humanos


solicitando parecer jurídico referente ao pedido de Revisão Salarial realizado
pela servidora LUCIANA VASCONCELOS GASPAROTI, matrícula funcional
nº 63944, nomeada em 01/05/2007 para o Cargo de Agente Comunitário de
Saúde, lotada junto à Secretaria Municipal de Saúde, onde informa que foi
cessado o pagamento do adicional de insalubridade de seus proventos, no
período em que esteve de licença maternidade pelo período de 05/04/2022 a
01/10/2022.

Dessa forma, analisaremos a situação da servidora afastada do trabalho,


por motivo de licença-maternidade, para saber se é devido ou não o pagamento
do adicional de insalubridade; considerando-se que, em atividade e ao longo do
pacto laboral, a servidora recebe citado adicional que aponta a atividade por ela
desenvolvida como sendo insalubre.

É o relatório.

Antes de tecer qualquer análise acerca do adicional de insalubridade em


relação ao funcionário público, resta imperioso traçar um breve panorama do
direito constitucional que alberga o trabalhador em sentido ‘latu sensu’, seja
celetista ou estatutário, vez que a Carta Magna de 1988, no seu art.7º, elencou
dentre os direitos mínimos previstos para os trabalhadores urbanos e rurais "o
direito à percepção de um adicional de remuneração para as atividades
insalubres”.

Portanto, trata-se de matéria constitucional.

Dito isso, a princípio, cumpre esclarecer que o artigo 7º, XXIII, da


Constituição Federal preceitua que:

“Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros
1

que visem à melhoria de sua condição social:


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(…)

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas,


insalubres ou perigosas, na forma da lei;”

Isso significa nas lições do professor Wilson Steinmetz, “vinculação dos


particulares a direitos fundamentais”. [1] A partir deste raciocínio, é possível
concluir que qualquer negócio jurídico, por mais liberdade que enseje aos
contratantes no seu clausulamento, deverá observar os direitos fundamentais
mínimos estabelecidos.

A definição da insalubridade está prevista no Art.189 da CLT que diz


assim: “Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que,
por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados
a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos”

O adicional de insalubridade é um valor devido ao empregado exposto a


atividades insalubres na forma da regulamentação aprovada pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, Portaria n. 3.124/78 –NR-15.

De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, em seu


artigo 393;

Art. 393 - Durante o período a que se refere o art. 392 - A empregada


gestante tem direito à licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, sem prejuízo do emprego
e do salário- a mulher terá direito ao salário integral e, quando variável,
calculado de acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, bem
como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda facultado reverter à
função que anteriormente ocupava.

Examinando-se em particular o servidor público, tem que esta espécie de


servidor é o legalmente investido dos cargos da Administração Pública Direta e
sujeito às normas do Estatuto da entidade estatal a que pertencem. Leciona ainda
Hely Lopes Meirelles que o que caracteriza o funcionário público e o distingue
dos demais servidores é a titularidade de um cargo criado por lei, com
denominação própria, em número certo e pago pelos cofres da entidade estatal
em cuja a estrutura se enquadra [2]

___________
2

[1] STEINMETZ, Wilson. A vinculação dos particulares a direitos fundamentais. São Paulo:
Página

Malheiros, 2004.
[2] MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro.16ª ed. atual., São Paulo:
Revista dos Tribunais, 1991.

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Revista dos Tribunais, 1991.

Ressalte-se, conforme já mencionado acima, o adicional de insalubridade


possui natureza salarial, e integra a remuneração do trabalhador para todos os
fins, conforme dispõe a Súmula 139 do TST:

SUMULA 139 - ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. (incorporada a


Orientação Jurisprudencial nº 102 da SDI-1) Enquanto percebido, o adicional
de insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais. (ex-OJ nº
102 - Inserida em 01.10.1997)".

Por sua vez, o Estatuto dos Servidores Públicos Municipais de Inhumas


não há lei expressa determinando a sua exclusão, no entanto, o art. 25, assim
reza:

Art. 25 - Considera-se efetivo exercício, além dos dias feriados ou em que


o ponto for considerado facultativo, o afastamento motivado por:

(...)

VIII - licença à servidora gestante até 120 (cento e vinte) dias;

Conclui-se que mesmo pelo afastamento do servidor pelos motivos


elencados no art. 25, dentre eles, a licença à servidora gestante, considera-se o
período de afastamento como efetivo exercício, o que nos faz entender que
deve-se considerar o referido período como trabalhado, motivo pelo qual
não se pode excluir do período o adicional de insalubridade a qual faz jus a
servidora, por ser considerado de natureza remuneratória.

Entendimento este pacificados em nossos tribunais:

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR CIVIL. LICENÇA À GESTANTE.


ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. MANUTENÇÃO.A impetrante tem
direito à manutenção do recebimento da parcela relativa ao adicional de
insalubridade no período de licença à gestante por expressa determinação
constitucional e legal. (TRF4, Apelação Cível nº 5001389-
58.2016.4.04.7102/RS, Relator CÂNDIDO ALFREDO SILVA LEAL JUNIOR,
Data da decisão: 27/10/2016)
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O entendimento majoritário nesses casos é que a mulher deve receber


o adicional de insalubridade durante licença-maternidade, uma vez que o
pagamento é inerente ao exercício do cargo, sendo vantagem permanente,
enquanto exercer a atividade que lhe dá esse direito.

Partilha do mesmo entendimento a 4ª Turma do Tribunal Regional


Federal da 4ª Região, onde relator Desembargador Federal Cândido Alfredo
Silva Leal Junior, destacou que o Regime Jurídico Único dos servidores da
União diz que a “remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido
das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei, sendo
irredutível”. (Processo 5001389-58.2016.4.04.7102)

Por todo o exposto, diante das informações coletadas na legislação


vigente, a assessoria jurídica opina no sentido de que a servidora faz jus ao
direito pleiteado, ou seja, o pagamento do adicional de insalubridade pelo
período em que esteve afastada de licença maternidade, por ser considerado
vantagem permanente, de natureza remuneratória, inerente ao cargo.

É o parecer, salvo melhor juízo.

Inhumas-GO, 13 de julho de 2022.

JULIO CESAR MEIRELLES Assinado de forma digital por JULIO


CESAR MEIRELLES MENDONCA
MENDONCA RIBEIRO:76641678172
RIBEIRO:76641678172 Dados: 2022.07.14 12:05:14 -03'00'

JULIO CESAR MEIRELLES


OAB-GO 16.800

EVELYN MENDONÇA
OAB-PA 15.002
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